Já passava das dez da noite, Victor chegou exausto em sua casa, mas seus pensamentos estavam ligados em todo o diálogo que ocorrerá naquela noite. Ele tirou cópia de toda aquela investigação, inclusive das mídias, mas um medo pairava sobre o seu coração. Sem delongas começou a ver o conteúdo das mídias e havia alguns áudios, todos com datas e locais de onde foram gravados.

Começou a ouvir um por um. A cada áudio que Stone ouvia, seu estômago embrulhava e um pavor tomava conta de si, nunca pensou que Diana se aliaria a um dos piores criminosos da face da terra apenas para satisfazer um desejo pérfido. E se Superman souber, o que ele vai fazer com Diana? Pensou. Depois que ouviu todos os áudios, que duraram aproximadamente uma hora e meia, Victor olhou para o relógio e faltavam quinze minutos para a meia-noite. Olhou para todas aquelas cópias em suas mãos e disse para si mesmo:

— Agora nós temos uma grande arma contra a Diana.

Fez discagem rápida para o computador da insurgência.

(...)

Bruce era o único acordado naquela cabana no meio da floresta amazônica, ele bebericava um chá de erva cidreira com camomila e aproveitava para apreciar as estrelas que flutuavam naquele céu azul anil. O tempo estava fresco e o herói de Gotham ficou sentado em uma cadeira de madeira para apreciar aquela paisagem. Pouco antes de tomar um gole de chá ouviu um apito baixo vindo do computador que Harley conseguira instalar, foi até lá a passos lentos e logo reconheceu o sistema bem semelhante ao do irmão-olho. Cyborg ainda não reconstruir o Irmão-olho, preciso dar umas aulinhas para ele, ele riu colocando a xícara com chá do lado do computador. Clicou na barrinha de chamada de vídeo e era o próprio Cyborg.

— Não esperava te ver aí, Bruce! — disse Victor com um sorriso cansado.

Wayne soltou uma risada e falou:

— Você precisa tirar férias.

— Só vou tirar férias quando tirarmos Superman do poder de uma vez por todas — murmurou Victor aproximando-se da câmera

Tirando o sorriso do rosto Bruce perguntou:

— E quais são as novidades?

Victor se endireitou na cadeira onde estava sentado, arrumou os papéis que estavam em suas mãos e disse:

— As coisas estão feias para nossa querida Mulher-Maravilha.

Bruce deu um olhar desconfiado e perguntou:

— Do que você está falando?

— Coringa e Harley não mataram a Lois sozinhos! — Respondeu aproximando o rosto mais da câmera.

Bruce associou o que Victor falara sobre Diana com essa última indagação. Tomou o último gole do chá e tentou digerir tudo o que acabara de ouvir, franziu a testa e perguntou:

— Diana está envolvida no assassinato de Lois?

Victor apenas anuiu com a cabeça e mordeu o lábio inferior. Wayne deixou a xícara sobre a mesa e se recostou na cadeira, ficou pensativo por alguns instantes, tentava lembrar se em algum momento Clark e Diana tiveram algo além da amizade, mas não conseguia lembrar. Por mais que Wayne e Kent tivessem personalidades bem diferentes Clark fazia questão de contar seus segredos ao homem morcego, Bruce não se recordava de nada sobre Superman ter um caso com a Mulher Maravilha. Wayne respirou fundo e disse:

— Sinceramente, isso não faz o menor sentido. Clark amava Lois com todas as forças e jamais a trairia com Diana. Quando descobriu que Lane estava grávida ficou tão feliz que quase deu uma festa na sede da Liga da Justiça. Ele ficou perverso por causa da morte da Lois...

— Provavelmente Diana e Clark não tiveram nada até a morte de Lois – disse Stone enquanto desembrulhava uma bala de menta – Nós nunca conheceremos nossos amigos por completo. Até hoje me surpreendo pelas coisas que ela faz, coisas que há sete anos eu nunca imaginaria que ela fizesse.

— Mas como você descobriu isso? – perguntou Bruce.

Victor contou como toda a investigação fora parar em suas mãos e Bruce ouviu atentamente. Ao término da explanação, Wayne disse:

— Se Diana descobrir, Carol correrá risco de vida.

— É nisso que penso, Bruce – disse Victor colocando a mão sobre a mesa – ela está muito confusa depois de toda essa descoberta. Até pensei em falar sobre a insurgência.

Bruce de sobressalto asseverou:

— De maneira alguma você deve se expor! Você não sabe se ela é de confiança ou está fazendo um jogo para descobrir algo sobre que lado você realmente está. As coisas devem acontecer vagarosamente.

— O que devo fazer? – indagou Stone.

— Espere ela descobrir tudo por conta própria. Carol irá decidir em que lado ficar no final de tudo isso.

(...)

Uma semana se passou desde a invasão de Atlantis. Carol Ferris não conseguia trabalhar como antes desde que encontrou aquela pasta no arquivo morto, queria simplesmente esquecer tudo o que ouviu e leu daquele conteúdo. Nas reuniões com a cúpula do Regime, Carol não conseguia participar cem por cento, se distraindo várias durante as colocações que eram feitas e deixava de anotar pontos importantes na ata.

Era uma tarde de quarta-feira, a mente de Ferris vagueava pelas lembranças das conversas que tivera com Stone sobre a morte de Lois, enquanto redigia um texto para uma coluna do Diário Oficial do Regime (DOR). Ouviu alguém bater na porta de sua sala, ela se levantou e se assustou ao abrir a porta: era Superman.

— Superman – disse Carol com a voz trêmula.

Kal olhou a redor do interior da sala de Carol, trajava um terno preto, camisa branca e gravata azul turquesa. Perguntou:

— Podemos conversar?

Carol deu um suspiro e abriu caminho para que ele entrasse na sua sala. Ela fechou a porta atrás de si e perguntou:

— O que o alto conselheiro deseja?

Kal virou para ela dando um sorriso e disse:

— Já disse que pode me chamar pelo nome.

— Perdoe—me, mas prefiro ser formal.

— O que aconteceu com você, Carol? – disse Kent se aproximando mais de Ferris – Percebo que anda me evitando nesses últimos dias.

Carol de um sorriso amarelo e respondeu:

— Bem, é que eu percebo que Diana não se agrada muito da nossa aproximação e... e eu não quero confusão com ela, se é que o senhor me entende.

— Diana lhe ameaçou?

— Não! É que pelo olhar dela...

— Não se preocupe – disse Kal sentando-se em uma das poltronas almofadas que estava disponível próxima a mesa de Ferris – Vou conversar com ela sobre eu e você...

— Peço que não faça nada...

A fala de Carol foi interrompida por uma forte batida na porta. Kal olhou em direção a batida e foi ver quem era enquanto Carol foi para a sua mesa e sentou frente ao seu computador. A porta foi aberta e Diana franziu a testa e deu um sorriso sarcástico dizendo:

— Você por aqui, Kal?

Carol continuou navegando em sites aleatórios disfarçando o seu nervosismo. Kal respondeu:

— Vim conversar com a senhorita Ferris.

Diana ficou na porta, olhou sobre os ombros de Superman e cumprimentou Carol:

— Como vai, Ferris?

Carol olhou de relance em direção à amazona e respondeu:

— Estou bem! Obrigada.

Diana continuou conversando com Superman, Carol conseguiu ouviu o diálogo deles.

— Preciso de sua ajuda – disse a amazona segurando um dos braços do kryptoniano.

— O que é?

— Sumiu um documento do arquivo morto depois da invasão de Atlantis. Eu preciso dele.

Ao ouvir isso Carol sentiu como uma gota gelada percorrendo sua espinha dorsal fechou os punhos e continuou ficar com seus olhos vidrados no monitor. Diana já havia dado falta da pasta sobre a morte de Lois.