Jéssica Kim acabara de jantar junto com seus irmãos da comunidade cristã. Todos os dias ela se lembrava do feito que fizera de ter tirado Batman das garras de Superman. Ela não esperava que ele agradecesse. Apenas o fato de ela conseguir tirá-lo daquele torpor seria mais que o suficiente.

Jenny se aproximou de Jéssica e disse:

— Vamos começar a nossa reunião na sala do fundo.

— Não vou demorar a ir lá! – respondeu Kim se levantando da mesa – Vou checar a caixa de mensagem, pode ter uma mensagem do Cyborg lá.

Jenny anuiu com a cabeça e foi em direção onde começaria a reunião. Jéssica foi ao seu quarto, um cômodo pequeno com uma cama, criado—mudo, um pequeno guarda—roupa e uma mesa onde estava o seu laptop. Assim que conseguiu iniciar o sistema operacional checou as mensagens na sua caixa de e—mail, não havia novidades relevantes, ela deixou o laptop em stand—by e o fechou. Pegou um casaco no guarda-roupa e o colocou, pois fazia muito frio onde estava.

Quando estava próxima da sala, uma moça de tez branca e cabelos avermelhados lhe disse:

— Jess, uma moça acabou de chegar quer falar com você!

— Quem é? – perguntou Kim

— Ela veio apenas com os olhos a mostra, me parece familiar.

— Onde ela está?

— Jenny a levou próximo ao pátio de entrada.

Sem pestanejar foi até o local indicado pela sua irmã de comunidade. Ao chegar ao local, Kim viu Jenny e a moça que vestia calça jeans, um casaco de lã, um cachecol cobrindo-lhe a cabeça e um lenço cobrindo parte do rosto deixando os olhos a mostra. Jessica se aproximou e percebeu que Jenny estava tensa, perguntou:

— Quem é ela, Jenny?

Jenny engoliu seco e perguntou a mulher:

— Não vai dizer senhorita?

Jessica olhou para a moça desconfiada, logo reconheceu aquele olhar, engoliu seco e murmurou:

— Carol Ferris.

Sem demora Ferris tirou o lenço do rosto e disse:

— Eu preciso de sua ajuda – virou—se para Jenny – preciso da ajuda de vocês!

(...)

A sala de visitas era pequena, o que não importava para o que Carol veio fazer ali. As duas sentaram em um sofá de três lugares bem confortável, o ambiente exalava uma leve fragrância de lavanda o que deixava o lugar mais agradável. Jéssica percebeu que Carol estava um pouco nervosa diante de toda a situação, mas disse:

— E então, veio nos espionar e nos entregar ao Superman?

Carol se sentiu um pouco ofendida com aquela indagação, mas não culpava Jéssica por isso. Por ser a garota propaganda do regime, era o mínimo que ela poderia pensar. Respirou fundo, tirou o cachecol que cobria sua cabeça e colocou sobre o colo, olhou para o chão por alguns instantes e disse:

— Eu não vou entregar vocês.

— Como nos encontrou? – perguntou Jéssica.

Carol tirou um cartão guardado em sua carteira e disse mostrando-o para Kim:

— Eu recebi esse cartão há alguns anos atrás de uma jovem e ela me disse que se eu precisasse de ajuda em qualquer área da minha vida eu poderia vir aqui – ela olhou em volta e vendo a precariedade do prédio – mas acho que vim tarde.

Jéssica logo se lembrou desse fato, ela mesmo tinha lhe entregado esse cartão em uma ação de evangelismo no centro de Coast City e escrito seu nome atrás. Pegou o cartão da mão de Ferris e confirmou o fato. Segurou as mãos de Carol e disse com uma ponta de arrependimento:

— Você não veio tarde.

Carol limpou as lágrimas que ameaçavam rolar pelo seu rosto, foi até sua bolsa e pegou a pasta da investigação, enquanto isso dizia:

— Minha intuição dizia que eu ia te encontrar aqui. E fui feliz em segui-la.

Jéssica olhou a pasta em que Carol tinha nas mãos e perguntou:

— O que é isso?

— Preciso que você esconda esse material para mim.

Kim olhou a pasta, abriu—a e logo a reconheceu, este fora o motivo pelo qual seu amigo havia morrido. No final da pasta estavam lá as mídias com todos os áudios e exclamou observando-as:

— Elas estão intactas!

Carol desconfiada perguntou:

— Você conhece esse material?

Jéssica hesitou um pouco e disse:

— Eu e meu amigo, John Lee, fizemos esse trabalho. Diana o matou e em seguida pegou esse material dele.

Carol respirou fundo e disse apoiando uma de suas mãos no ombro da coreana:

— Eu sinto muito.

— Trabalhamos duro nisso. Eu pensei que já havia virado cinzas. Onde o encontrou?

— Durante o ataque de Mera eu fiquei no arquivo morto e acabei encontrando e peguei por curiosidade. Mas Diana deu falta, não sei o motivo e agora está atrás dele. Por isso quero deixar com você.

— Mas se ela descobrir que você pegou? Com certeza tem câmeras lá, deve haver algum registro.

— Eu não sei – respondeu Carol esfregando as mãos uma nas outras – só sei que não consigo mais trabalhar direito. Toda hora me vem a mente de contar tudo ao Superman e...

— Se fizer isso será muito pior!

Carol olhou para o alto e se lembrou de Hal, queria pedir ajuda a ele, mas não sabia o seu paradeiro. O medo já havia eliminado o anseio por Superman.

— Se eu ao menos soubesse onde está você Jordan... – disse Carol deixando escorrer as lágrimas pelo rosto.

Jéssica mordeu o lábio inferior, queria dizer a ela onde Hal estava, mas não queria coloca-lo em risco. Sabia que a partir daquele momento correria um grande risco em ter aquele material em suas mãos, mas não se importava.

(...)

Arthur Curry passeava pelo palácio de Atlantis e todas as vezes se deparava pensando em Mera, queria que tudo o que havia acontecido há alguns dias atrás fosse apenas um simples pesadelo. Todos os dias ele ia visita-la no cárcere, mas ela não o aceitava. Desde o dia que ela foi presa, Arthur procurava uma enfermeira para dar os remédios para que Mera ficasse com seus poderes anulados, mas não encontrava. Apesar de ter servos leais, não confiava muito para dar as medicações na hora certa.

Quando Arthur chegou à varanda de seu quarto, uma das servas se aproximou junto com outra moça e disse:

— Majestade, encontramos alguém para cuidar da rainha Mera.

Arthur virou para trás e viu a moça. Ela aparentava ter por volta de trinta e cinco anos, tez branca, altura mediana, olhos e cabelos escuros e usava óculos. O rei a estudou e perguntou:

— Ela é de Atlantis?

— Não, majestade, ela é da superfície. Mas ela é uma excelente enfermeira lá. Tem muitas recomendações.

— Seria uma honra trabalhar com rei de Atlantis – disse a moça fazendo reverência.

Arthur esboçou um sorriso e perguntou a ela:

— Como se chama?

— Laura Oliver.

— Sua voz me lembra de alguém – disse Curry desconfiado.

— Quem majestade? – perguntou Laura com segurança.

Arthur respirou fundo e disse sorrindo:

— Esqueça. Eu gostei de você, nem vou precisar ver as recomendações – se dirigiu a serva – leve-a para Mera.

— Como quiser majestade.

As duas saíram da presença do rei e foram direto ao cárcere.

(...)

Descendo quatro lances de escada elas lá estavam. A cela de Mera era logo ao final ao corredor central. A serva bateu na cela levemente e disse:

— Majestade, esta á Laura Oliver! Ela irá cuidar de você.

Mera estava de cabeça baixa sentada em uma cama da cela. Quando olhou em direção a enfermeira se levantou, estudou-a e pediu a serva que se retirasse, ela o fez. A rainha se aproximou mais de Laura e logo a reconheceu e disse murmurando e com lágrimas nos olhos:

— Dinah!

A enfermeira sorriu e anuiu com a cabeça. Disse segurando uma das grades:

— Você vai sair dessa.