Todos dormiam na sede da insurgência, exceto Kara que continuava na vigilância das câmeras da sede do Regime. Ela conseguiu ver que Superman e seus lacaios saiam de uma sala, Cyborg deu uma olhada rápida na câmera e depois voltou seu olhar a Kal. Kara olhava seu primo e lembrou-se da primeira vez que o viu, sentia uma esperança florescer em seu coração, havia criado uma imagem de seu primo de alguém de que trazia a paz, amor e esperança para as pessoas. Mas toda essa imagem ruiu ao ver quem Kal realmente era. Começou a pensar no que sua mãe falaria dele ao vê-lo nessa situação. Ele é uma vergonha para casa El.

Kara olhou para o brasão que havia no peito de seu primo e viu que sua função ali era limpar o nome da sua família, custe o que custar.

— Não consegue dormir, Kara? – perguntou Hal se aproximando da kryptoniana.

Hal Jordan estava com uma roupa confortável: calça moletom e camisa de algodão. Seus músculos do tórax e dos braços ficavam muito evidentes fazendo Kara ficar um pouco embaraçada. Seu perfume inebriava seu olfato fazendo a menina de aço sentir um bem-estar diferente, seu coração começou a disparar. Ela se sentiu um pouco ofegante, olhou para os dois copos que Hal segurava e perguntou:

— O que é isso?

— É chá! – respondeu Jordan oferecendo para a ela que logo arrebatou das mãos dele.

Kara logo deixou o copo em cima de uma bancada rapidamente assim que percebeu que estava muito quente. Ela sacudiu as mãos até elas esfriarem, assoprou um pouco nas suas palmas, e disse um pouco sem graça:

— É melhor deixar o chá esfriar.

Hal deixou um sorriso formar em seus lábios. Levantou-se e foi até uma cômoda onde havia três gavetas, abriu uma delas e tirou algo de lá como se fosse um pequeno livro. Kara curiosa perguntou:

— O que é isso?

Jordan voltou a se sentar onde estava e respondeu:

— É um álbum de fotos. Quero que você saiba quem são os heróis que você não conheceu.

Kara sentiu um pequeno aperto em seu coração, engoliu seco, ficou ao lado de Hal para ver as fotografias. Hal abriu o álbum e a primeira era a Liga da Justiça inteira, todos sorriam.

— Vocês pareciam tão felizes, tão unidos... – Kara acariciava a foto.

Jordan sentiu uma pequena comoção, mas engoliu seco, ficou em silêncio e virou a foto. Lá havia uma do casamento de Oliver Queen e Dinah Lance, Superman estava ao lado deles com roupa de gala.

— Esses são Oliver e Dinah, Arqueiro Verde e Canário Negro – disse Hal – junto com seu primo. Foi uma festa muito grande. Divertimo-nos muito lá.

— Onde eles estão agora? – perguntou Kara

Hal engoliu seco e respondeu:

— Dinah... Eu não faço a mínima ideia de onde ela possa estar, mas Oliver...

Os olhos de Hal se encheram de lágrimas, secando rapidamente, respirou fundo e respondeu:

— Oliver tentou dialogar com Kal, mas não conseguiu Kal o espancou até morte. Lembro como se fosse ontem e eu ainda estava do lado do Regime. Foi horrível

Kara pousou a mão sobre o ombro de Hal que estava de cabeça baixa. Ela olhou para foto acariciou o seu primo e disse:

— Por que você fez isso, Kal?

Hal olhou para Kara e virou a página e assim foi mostrando todos os heróis e anti-heróis que já partiram. Depois disso, Kara olhou para Hal e disse:

— Quantas mentiras me disseram... Sinto—me envergonhada por Kal. Lembro que minha mãe sempre me dizia que a função da casa El é de trazer esperança aos que mais precisam. Mas olha o que meu primo está fazendo, olha o que fez? Manchou nossa família de tal forma que as pessoas ao invés de sentir esperança ao ver nosso brasão, sentem desespero, medo.

— Mas você pode reverter isso e já está dando o primeiro passo – disse Hal tentando tirar o desengano que Kara sentia.

De repente algo começou a tocar onde eles estavam como se fosse um telefone. O som vinha do computador fornecido por Cyborg. Jordan apertou um botão verde e logo apareceu a imagem do Victor frente a uma câmera.

— Victor! – exclamou Kara com um sorriso no rosto.

— Como vai, Victor? – perguntou Hal se aproximando da tela da câmera.

— Ah eu pedi tanto a Deus para vocês estarem acordados. – disse Stone levantando as mãos para o alto.

— O que está havendo? – perguntou Kara preocupada.

— Vocês precisam ficar atentos, Superman está preparando uma mega operação na caça do Batman. Teve reunião hoje e eles faram isso às escondidas para ninguém alertar vocês. E eles começaram a sondar os cristãos. Kal desconfia que os cristãos estão trabalhando para nós

— Temos que fazer alguma coisa? – disse Hal com um jeito impetuoso.

— Não façam nada sem minha orientação. Se fizerem algo vão desconfiar que um de nós pode ser um infiltrado. Por enquanto vocês precisam ficar na defensiva.

— E os cristãos? – perguntou Kara.

— Temo que muitos sejam presos. Amanhã de manha vou alertar a Jéssica e os seus companheiros.

— O que temos que fazer então é esperar uma orientação sua. Certo? –perguntou Hal.

— Isso mesmo. Mas sinto que isso não é tudo. Algo muito pior está prestes a acontecer.

Atlantis

Era madrugada, Mera não conseguia dormir e resolveu andar pelo palácio. Passando frente a uma sala ela viu uma luz saindo de lá, desconfiada entrou na sala e foi até a mesa de onde vinha aquele brilho. Ao chegar lá era um celular ultramoderno e lá tinha várias mensagens, Mera foi ler e ao terminar a leitura percebeu que seu esposo ia se aliar novamente ao Regime.

— Arthur é mesmo um bunda mole – disse Mera perplexa

A rainha não conseguia imaginar Atlantis submetida ao Superman e pretendia não deixar aquilo barato. Sabia que vários habitantes de Atlantis não aceitariam essa nova submissão, foi a até a porta olhou do lado e do outro do corredor e saiu da sala. Foi até onde os servos costumavam ficar, ao verem a rainha todos se curvaram e um deles perguntou :

— Por que não mandou chamar um de nós?

— Eu precisava vir até aqui – respondeu Mera se abaixando – preciso de um mensageiro urgente.

Uma das servas se levantou e disse:

— Vou chamar o meu marido, ele é um dos mensageiros oficiais.

Mera se levantou e disse:

— Diga para ele me encontrar na sala do trono.

A serva anuiu com a cabeça e foi chamar o marido. Mera adentrou no palácio, foi para a sua sala e escreveu num papel um aviso para chamarem todo o povo para uma reunião de frente ao palácio. Em seguida entregou a mensagem ao mensageiro para ser reproduzida em toda Atlantis.

A manhã logo veio e grande parte do povo estava reunida em frente ao palácio. Arthur acordou com o barulho da multidão, ele se levantou e se assustou ao ver todas aquelas pessoas. Um ruído de salto batendo no chão chamou a atenção de Arthur e ao olhar em direção ao ruído era Mera que estava se olhando no espelho ajeitando a coroa em sua cabeça.

— O que está havendo?

— Atlantis não irá se aliar de novo ao Superman. Preciso dizer a eles o que você está tramando.

— Como você ficou sabendo? – perguntou Curry confuso.

— Vi a mensagem no seu celular. Várias mensagens de Superman.

Arthur voltou a janela, respirou fundo e se justificou sem olhar para ela:

— Faço isso pelo bem de Atlantis. Para que Superman e os outros não nos ataquem.

Mera se aproximou de Arthur, o virou para ela e perguntou:

— Você tem medo do Superman?

— Claro que não. Só temo pelo nosso povo. Para que fiquemos em paz.

— Paz? – Mera perguntou perplexa – Matar pessoas é paz para você? Olha o que ele fez com o Nuclear, como outros que se opuseram a ele.

— Ele mata os bandidos.

— Nuclear era um bandido? Arqueiro Verde era um bandido? A Caçadora era bandida? Qual é Arthur?

— Iremos nos aliar ao regime você querendo ou não.

— Atlantis não será território do regime – afirmou mera pegando o seu tridente

— Você irá colocar Atlantis contra mim?

— Se for preciso sim.

Arthur colocou seu uniforme, pegou seu tridente e foi saindo do quarto. Mera olhou para ele e falou com tom de deboche fazendo-o parar:

— Vai lá chorar para o Superman. Eu e Atlantis lutaremos contra você e o regime.