Carol Ferris chegou a casa exausta, depois de colocar o seu Mini Cooper na garagem ela foi para o elevador. Enquanto subia os treze andares começou a sentir uma leve inquietação, como se algo de ruim estivesse prestes a acontecer. Quando chegou à porta de seu apartamento percebeu que a porta estava entreaberta com sinais de arrombamento. Carol se aproximou, empurrou a porta e viu a sala revirada, entrou em pânico ao ver Diana saindo de sua cozinha e dois guardas das Forças do Regime saindo do quarto.

— O que você está fazendo aqui, Diana? – perguntou Carol se arrependendo em seguida de fazer tal pergunta.

Diana deu um sorriso mordaz, aproximou-se de Ferris com um olhar ameaçador, aproximou sua espada no pescoço da moça fazendo-a sentar-se a força no sofá e perguntou:

— Onde está?

— O que? – perguntou Carol ofegante – Do que você está falando?

A amazona prensou mais o gume da espada sobre o pescoço de Carol e respondeu:

— A pasta que você pegou no arquivo morto.

Carol estremeceu com a resposta da amazona, não sabia que havia câmeras naquele local e seu medo foi aumentando a medida em que o tempo passava com a equipe tática do regime dentro de sua casa. Mas decidiu não se entregar fácil e se fez de desentendida:

— Não sei do que está falando.

— Não se faça de tola! As câmeras registraram você pegando uma pasta nos arquivos.

Ferris desviou o seu olhar de Diana e parou em seus livros na estante, fez uma pausa e disse em seguida:

— Não está comigo!

Damian saiu do banheiro do apartamento, aproximou-se das duas e disse com um leve cansaço na voz:

— Realmente não tem nada aqui.

Diana tirou a espada do pescoço de Carol e disse incisivamente:

— Não está com você, mas você bem sabe onde está.

Ferris permaneceu sentada e ficou calada sem encarar os dois inquisidores. Diana insistiu:

— Onde está?

— Diana – Damian pousou a mão em um dos ombros da amazona — ela está cansada. Ela não irá falar tão cedo.

Os guardas, Damian e a amazona já estavam de saída do apartamento. Carol olhou em direção deles e perguntou:

— Superman sabe que você invadiu minha casa dessa forma?

Diana se virou e respondeu:

— Ele não precisa saber.

— Por que não? – perguntou Carol se levantando – Ele tem que saber. Sou funcionária do governo e tenho que entrega-la ao alto conselheiro por invasão de domicílio.

— Você não se atreveria... – murmurou Diana dando um passo a frente.

— Não duvide de mim, amazona! Não é por você ter poderes sobre-humanos que lhe dá o direito de invadir a casa dos outros quando lhe dá vontade.

— Você vai se arrepender de ter me enfrentado, garota estúpida!

Dizendo isso, Diana se retirou junto com os outros do apartamento de Ferris deixando a porta aberta. Carol foi até a porta trancando-a. Foi em direção a janela e vendo que já haviam partido ela pegou o celular e ligou para Victor.

— Carol?

— Victor – disse Carol com a voz embargada – Diana e Damian invadiram minha casa.

— Como assim? – perguntou Cyborg assustado – E acharam alguma coisa?

— Não tinha – continuou Ferris secando as lágrimas com as costas das mãos – Eu deixei na casa de uma amiga essa pasta. Estou desesperada, Victor.

— Calma Carol! Você já pensou no que vai fazer?

— Estou pensando... Em... Pedir demissão e ir para bem longe. Mas estou tão confusa.

— Tente se acalmar, Carol. Vou ver o que posso fazer por você. Diana está passando dos limites.

(...)

Já havia amanhecido na floresta amazônica, Kara Zor-El já estava fadigada de estar naquele exílio, pois já fazia dois meses que não saia dali desde a sua fuga. Mas sabia que seu primo não havia desistido de captura-la ainda mais suspeitando que Batman pudesse estar com ela. O seu maior desejo era poder ter um diálogo com Kal e convencê-lo a colocar um fim no regime, mas sabia que isso era impossível.

Foi até a sala da cabana e ligou o pequeno televisor que havia ali disponível. Estava passando uma reportagem com o tema: Onde Carol Ferris está? Aquilo chamou a atenção de Kara e ela sentou-se em uma cadeira próxima, Lawton estava passando por ali e também parou para assistir. A reportagem fez um resumo da história da vida dela, falando também do seu relacionamento com Hal Jordan e como ela foi parar na sede do regime, daí começaram a questionar o motivo de ela ter desaparecido da mídia.

— Procuramos à senhorita Ferris — dizia uma repórter — via telefone, via email, mas não obtivemos resposta. Esperamos que ela esteja bem.

Kara desligou a televisão com o controle remoto e se levantou, olhou para trás e se assustou ao ver Lawton.

— Sou tão feio assim? — perguntou ele com jocosidade.

— Não — Kara deixou escapar um sorriso — não percebi que você estava aí.

— Ainda bem que Hal não viu essa reportagem. — disse Lawton pegando uma garrafa de café que estava ao lado do computador.

— Por quê?

— Com certeza ele iria atrás dela ou procurar informações. E do jeito que ele é impulsivo não duvido que ele acabe na toca do lobo.

Kara olhou pela janela e não viu Jordan lá fora, e perguntou se referindo a ele:

— Onde ele está?

— Foi dar um pulo em OA, os guardiões o chamaram, mas não sei o motivo. — respondeu Lawton após tomar um gole de café.

(...)

Southwold – Inglaterra

Dinah Lance sentiu um pouco de dificuldade em chegar ao endereço na periferia da pequena cidade inglesa de Southwold, que o seu novo amigo lhe indicara para conversar. Ela viu um pequeno sobrado com a pintura da faixada bem gasta, o clima litorâneo contribua um pouco para a tintura ficar naquele estado. A passos lentos ela se aproximou da porta e deu apenas duas batidas. Do interior da casa ouviu—se uma rouca voz masculina dizer:

— Pode entrar Dinah.

Lance entrou, o ambiente estava com a iluminação escassa, as janelas estavam fechadas e apenas uma lamparina e duas velas clareava o ambiente. Ela ficou em silêncio e viu dois luzeiros avermelhados saindo da escuridão, ela deu uma risada e disse:

— Pode confiar David, sou eu.

Um homem de tez negra saiu de onde estava segurando o seu capacete nas mãos e disse:

— Só quis ter certeza!

— Quem diria que eu me aliaria ao maior vilão de Atlantis. – disse Dinah colocando a mão sobre um dos ombros largos de Arraia Negra.

— Certo – disse ele colocando o capacete sobre uma mesinha próxima – e o que conseguiu em Atlantis.

Dinah olhou de um lado e de outro e perguntou:

— Não tem nada para beber?

— Você está querendo demais, Canário!

— Ok! Vamos ao que interessa. – disse ela cruzando os braços – Arthur trancafiou a mando do alto conselheiro sua própria esposa numa cela fétida e suja, a mantém sem seus poderes com uma pílula confeccionada pelo laboratório medicinal do próprio regime.

— Você trouxe uma amostra?

— Ontem só foi uma apresentação do novo emprego. Hoje que irei começar.

— Tente pegar uma amostra! Preciso saber o seu componente.

— Certo! E quanto ao Batman? Descobriu onde está?

— Meu amigo está procurando, creio que teremos a resposta hoje.