Dinah Drake olhou o relógio, fazia mais de quinze minutos que estava naquele casebre com David, alguém que antes tinha repugnância, mas por motivos maiores teve que se aliar a ele. Ela estava sentada em uma cadeira de madeira maciça e tamborilava seus dedos em sua coxa, olhou para David que digitava algo em seu notebook e perguntou:

— Você não vai dizer quem é esse amigo?

— Ah sim – respondeu ele – e estou aliado a mais dois.

— Eles virão?

— Apenas dois deles, o outro trabalha na biblioteca do palácio, acho que hoje você vai conhecê-lo.

David mal terminou de falar, alguém bateu na porta com força fazendo os que estavam dentro da casa se assustar e olharem em direção a porta. Dinah ia se levantar para atender quando David a interceptou e disse segurando um punhal:

— Pode ser um inimigo.

Ele se aproximou um pouco mais, sentiu uma brisa gélida.

Abriu a porta vagarosamente, certificando-se se era mesmo a pessoa que esperava ou não. Ao vê-lo abriu mais a porta e permitiu sua entrada no sobrado, em seguida David a fechou e trancando rapidamente. Dinah não conseguia parar de olhar para aquele forasteiro, suas vestes lembravam a de um ninja, em detalhes azuis, suas caneleiras tinham detalhes prateados e usava também um cinto com um símbolo bem diferente do que já vira antes. Tinha a cabeça coberta e parte do rosto também permitindo que vissem apenas seus olhos amendoados e brancos. Mesmo nesse traje podia se notar que tanto os braços, as pernas, tórax e abdômen eram musculosos.

David percebeu que Dinah não parava de encarar o visitante.

— Dinah este é Sub Zero. Ele veio de outra dimensão junto com outro amigo para nos ajudar.

Ela estendeu a mão para cumprimenta-lo

— Sou Dinah Lance, mas sou conhecida como Canário Negro. Sub Zero é o seu nome mesmo ou é apenas de guerra?

Sub Zero deu um sorriso por detrás de máscara e apertou levemente a mão de Dinah respondendo:

— Meu nome verdadeiro é Kuai Liang. Sou do extremo norte da China do meu mundo.

Os dois soltaram as mãos enquanto David veio com uma garrafa de água e três copos de vidro.

— Percebi que vocês tem uma boa afinidade. Isto será importante para o nosso plano. Kuai também começará hoje na guarda do palácio. Será mais fácil agora.

— Me fale mais sobre o cara que está na biblioteca do palácio que também estará conosco. – perguntou Dinah curiosa.

— Já falei com ele. Ele irá se apresentar hoje a você.

Um grande raio de luz branco surgiu no meio do cômodo onde eles estavam e de lá surgiu um homem, vestia trajes de honra orientais e usava um chapéu cônico feito de um bambu especial. Ao vê-lo Sub Zero fez uma vênia e disse:

— Bem vindo Raiden.

— Este é o cara que foi atrás do Batman para mim. – disse David

— Que bom vê-la Canário Negro, Sub Zero e Arraia– disse Raiden cumprimentou-os.

— Quais são as novidades, Raiden? – perguntou David.

Raiden respirou fundo e respondeu olhando para cada um:

— Tenho uma notícia má.

Ele voltou-se para Canário e continuou:

— Nesta manhã a senhorita Carol Ferris foi assassinada na estrada para Illinois.

Dinah ficou sem palavras naqueles primeiros instantes após ouvir a notícia. Colocou a mão na boca e lembrou-se da morte de Oliver, procurou uma cadeira e achando-a sentou-se e tentou processar a notícia. Engoliu seco e ficou calada por alguns instantes. Em seguida, deixando escapar algumas tímidas lágrimas de seus olhos disse:

— Nunca desejei isso a ele, mas agora ele sente o mesmo que senti há seis anos atrás.

(...)

Hal Jordan sentiu uma grande raiva invadir o seu interior, podia ver-se refletido em uma vidraça e percebeu que seus olhos estavam ficando avermelhados. Olhou para fora e não vendo Atrocitus sentiu-se aliviado, mas aquela raiva estava crescendo dentro dele a cada segundo. As lágrimas começaram a deixar sua visão turva, olhou para Adão Negro, formou um constructo em forma de martelo, em seguida jogou Adão na parede com o martelo, foi em cima dele e desferiu vários socos em seu rosto fazendo o desmaiar. Diana foi em direção a Hal, estava prestes a atingi-lo num golpe de espada, mas ele bloqueou segurando no braço da amazona, em seguida ele a lançou para o outro lado da lanchonete quebrando mesas e cadeiras.

A se ver livre dos dois ele foi em direção ao corpo sem vida de Carol, fechou os olhos dela e com as mãos cheias de sangue disse:

— Me perdoe por não te salvar, Carol.

Em seguida chorou amargamente deixando seus joelhos dobrarem e sua cabeça se curvar.

Enquanto ele chorava vários guardas do regime entraram no estabelecimento, Diana conseguiu se levantar e ordenou:

— Prendam Hal Jordan pelo assassinato de Carol Ferris.

Hal enxugou as lágrimas e perguntou meio desorientado:

— O que?

Diana acusou com voz imponente:

— Você a matou por revolta.

— Isso é uma mentira! Eu não a matei!

Mesmo sob protestos do Lanterna, ela ordenou que a prisão fosse executada. Antes de Hal ser algemado, Diana lhe tirou o anel e sussurrou no ouvido dele:

— Você será a nossa isca.

Em seguida chamou o comandante da operação, entregou o anel e pediu para que fosse entregue ao Cyborg.

Não demorou muito para as equipes médica e legista chegassem, os legistas e peritos isolaram a área do crime enquanto os paramédicos auxiliavam Adão Negro.

Fora do estabelecimento, às pessoas que ficaram do lado de fora haviam percebido o que havia acontecido. Tentavam visualizar o suspeito do homicídio, mas os policiais não deixavam. Eles já tinham ouvido a versão que a amazona dera de que fora Hal o autor da morte de Ferris, um deles disse:

— Tinha que ser a insurgência. Que morram todos eles!

E mais insultos eram ouvidos vindos daquela pequena multidão. Enquanto um canal de TV tentava fazer a cobertura do crime, Hal caminhava para o camburão de cabeça baixa e escoltado pelos policiais do governo. Sabia que seria submetido a perguntas sobre o esconderijo da insurgência e fez uma promessa para si mesmo que preferia morrer ao entregar seus amigos.

(...)

A casa da sede da insurgência estava agitada, estavam na sala discutindo entre si se Carol Ferris deveria entrar na insurgência para ajudar na derrota do Superman e da sua gangue – era assim que Snart chamava os aliados do regime. A discussão estava acalorada, um tentava ouvir o outro, mas não conseguia.

Bruce apenas os observava e procurava um motivo para admitir Carol na insurgência. Olhou ao redor e não encontrou Hal, chamou Kara, que também queria ficar longe da discussão, e perguntou:

— Onde está Jordan?

— Foi para OA e até agora não voltou.

Já era por volta de uma da tarde. Bruce olhou em volta entediado desceu para o seu quarto e foi assistir TV, algo que era muito difícil de fazer. Ao ligar o aparelho se surpreendeu com uma notícia do assassinato de Carol Ferris e a prisão de Hal Jordan como suspeito de ter cometido o crime. A repórter estava em frente do local do crime, o sol batia forte no local e ela dizia ofegante:

— Todos estão surpresos pelo que aconteceu. Hal Jordan, que desde o retorno do governo de Superman, estava foragido agora apareceu cometendo um crime bárbaro que chocou a todos.

Bruce engoliu seco, abaixou a cabeça e ficou pensando por alguns instantes. Ele não a matou, Kal vai colocar Jordan como uma isca para um de nós mordermos, Wayne pensou. Em seguida desligou a TV e subiu para a sala as pressas. E se irritou ao ver que eles ainda estavam discutindo. Wayne tentou dar a notícia através de sinais, falando com seu tom de voz normal, mas não adiantou, então estrondou:

— Carol Ferris está morta!

Todos pararam de falar imediatamente e Bruce continuou:

— E Hal Jordan foi preso acusado de assassiná-la.

Kara sentiu faltar o ar, colocou a mão na boca e ficou em choque, sem conseguir proferir uma palavra.