Sangue de Dragão

Rhaenerys Targaryen - capítulo 1


Mas, afinal, será que é covardia reconhecer o medo?

–A menina que roubava livros

(...)

O sol apontava no céu aquecendo a manhã em Porto Real e acordando a população para mais um dia de trabalho, o castelo erguia-se perto do porto, onde pescadores com enormes olheiras devido as poucas horas de sono jogavam suas redes. Na cozinha do castelo Mestre Chubb preparava uma de suas misteriosas tortas, ele nunca revelava suas receitas, nem mesmo ao Rei. Peter e Mike os ajudantes do cozinheiro preparavam pães e assado leves, Jeny sua outra ajudante selecionava um vinho da Arvore que havia chegado está manhã. Os outros ajudantes corriam para deixar tudo perfeito para o desjejum da família real. Nos corredores três jovens corriam animadas cochichando sobre algo e logo foram repreendidas por uma mulher roliça e ruiva, Septã Diana. Na sala do trono, onde um grande trono feito com as espadas dos inimigos de Aegon, o conquistador estava no alto, um homem redondo, com a cabeça tão redonda e sem cabelos quanto um ovo, lorde Varys, era chamado assim por consideração apenas pois Varys não era senhor de nada a não ser de seus segredos e dos seus passarinhos, ele andava ao lado de um senhor de idade avançada, este tinha os poucos cabelos brancos e era pequeno, Meistre Malcon, ninguém sabia sua história e como teria chegado no castelo, era um segredo do Meistre e do Rei. No maior dos quartos do castelo, um homem de cabelos prateados vestia um gibão negro com um dragão de três cabeças vermelho costurado, colocou uma túnica carmesim que fazia sua face parecer mais pálida, ele tinha olhos violetas que brilham enquanto sorria para a mulher que estava deitada na cama, sua Rainha lhe retribuía um belo sorriso, esta tinha a pele cobreada, e cabelos negros que caiam cobrindo seus seios nus. As garotas que outrora estavam correndo pelos corredores, se depararam com um homem de cabelos dourados como o sol e olhos profundas e verdes que fazia guarda na porta, ele trajava uma armadora dourada que brilhava como seus cabelos, a capa branca da guarda real pendia em seus ombros largos. As garotas cochicharam e soltaram risinhos, o homem sorriu e bateu levemente na porta de madeira clara.
– Entre- disse uma voz feminina do outro lado.
Jamie a abriu e colocou a cabeça para dentro permitindo-se apreciar a exótica beleza da Princesa Targaryen. A garota havia banhado-se e trajava um vestido leve, com um decote avantajado que se estendia até quatro dedos acima da barriga, o tecido era da cor azul com estrelas que representavam o sol da casa Dorne costuras a fio de ouro e tinha detalhes feitos com renda de Myr. Os cabelos estavam presos apenas dos lados formando pequenas tranças e permitindo que uma cascata de cachos prateados caísse pelas suas costas, seus olhos eram de um azul tão vivo quanto o céu naquela manhã, possuía os lábios carnudos de sua mãe que se encaixavam perfeitamente em seu rosto fino.

– Princesa Rhaenerys, suas aias chegaram, devo deixa-las entrar? – perguntou Sor Jamie.

– Não, diga que não serão necessárias por ora mais agradeço por terem vindo – falou a jovem.

Jamie concordou com a cabeça e quando saia ouviu a voz da Princesa.

– Sor Jamie, onde estão Rebecca e Trisha? - disse Rhaenerys referindo-se a suas damas de companhia.

– Ambas ainda dormem vossa Alteza.

A garota se aproximou do cavalheiro dourado e este abriu a porta e em seguida fez uma leve reverencia, afinal embora jovem com apenas 14 anos, Rhaenerys era a Princesa de Porto Real a caçula de Rhaegar Targaryen e Elia Martell. Ao caminhar pelos corredores a Princesa sentiu o doce cheiro de bolo de limão, seus preferidos, apressou-se para chegar a varanda onde seus pais, tios e irmãos estavam apreciando o desjejum enquanto tomavam um pouco de ar e sol. Finalmente chegaram no lugar, as cortinas brancas esvoaçavam ao vento, as colunas eram feitas de mármore branco com detalhes dourados, havia também varias vasos com flores silvestres vindas de Jardim de Cima dando uma harmonia ao lugar, uma grande mesa de madeira polida se estendia no centro, em sua superfície havia um banquete maravilhoso composto de pães quentes, mel, manteiga, conservas com amoras silvestres, bacon e ovos cozidos, bolinhos de limão e delicadas tortas doces vindas de Pentos. Em volta da mesa estavam sentadas varias pessoas, na ponta direita estava Rhaegar, o Senhor seu pai, seus cabelos esbranquiçados como os dela estavam amarrados com uma presilha de osso de dragão fazendo com que seus olhos violetas e amistosos ganhassem destaque, ao lado dele estava um homem que poderia ser facilmente confundido com o Rei, mas com traços mais joviais, usava uma túnica violeta da cor de seus olhos e seus curtos cabelos estavam um tanto bagunçados, era seu tio Viserys, ao seu lado uma garota de cabelos iguais comia um pedaço de pão com mel, ela tinha olhos violetas assim como seus irmãos mais velhos e usava um vestido de seda rosada trazidos de Lys, sua tia Daenerys, na ponta esquerda estava uma mulher de pele morena, olhos cor de âmbar e cabelos longos e negros, ela mordia um pedaço de romã trazidas de Dorne pela manhã, era sua mãe Elia Martell, o homem ao seu lado era bastante parecido com ela, tinha uma barba por fazer e bebia em um copo de prata o vinho especial também vindo de Dorne, Oberyn Martell seu tio favorito, ao seu lado estava uma jovem que de fato muito de parecia a Elia, era Rhaenys sua irmã que sempre arrumava uma forma de irritar-lhe e chamar o garoto que ainda perturbava seu sono de Bastardo, e ao seu lado o príncipe herdeiro, Aegon, seu irmão de cabelos prateados e olhos violetas.

Rhaenerys se aproximou e beijou a face de seu pai e de seu tio Viserys, e fez o mesmo com todos os outros sentados na mesa, Rhay sentou-se e pegou um bolo de limão

– Pedi que Mestre Chubb os fizesse, sei o quanto gosta deles – disse Elia carinhosamente.

– Obrigado mamãe – ela disse e mordeu um pedaço – Estão uma delicia – falou de boca cheia fazendo seu tio Oberyn soltar gargalhadas seguidas pelo Senhor seu pai.

– Seu vestido é belíssimo Rhay – disse Daenerys usando o apelido da garota.

– Pena que seu bastardo não esta aqui para ver não é irmãzinha? – disse Rhaenys com um sorriso debochado. Mesmo com já dezoito anos ela conseguia ser tão infantil quanto algumas crianças.

– Do que sua irmã esta falando Rhaenerys? – disse o Senhor seu pai seriamente.

– De... de nada papai, a Rhaenys apenas gosta de irritar-me em plena luz do dia – justificou a jovem olhando para seu pai.

Um silencio se estalou no lugar mais logo fora quebrado pela voz de Viserys.

– E então Rhaegar, decidiu sobre aquele assunto? Precisa ser feito rápido.

– Na verdade não, nos reuniremos a tarde, Crowley disse-me que tem novas – respondeu-lhe o Rei, mais em seguida lançou um olhar para encerrarem aquele assunto

Sabia bem todo o terror que a família sofrera, sabia como doía em sua esposa ter perdido a infância de sua filha mais nova e em seguida a perdera de novo quando ela pediu em seu decimo primeiro aniversario para ir a Braavos e eles não recusaram, sabia como doía em Elia ver seu passarinho crescer e querer abandonar o ninho e se aventurar, sabia pois doía nele também. E não queria que sua família soubesse que estavam em perigo novamente.