Sangue de Dragão

Rhaenerys Targaryen - capítulo 2


O desjejum continuou seguido por risadas alegres vindas da família. Enquanto Viserys contava as crianças sobre Balerion, o Terror negro, lorde Varys entrou pelas cortinas de seda branca, curvou-se diante da família real e aproximou-se do Rei, Rhaegar ergueu os olhos da deliciosa refeição e os cravou no homem redondo como um barril. Varys vestia-se com uma túnica purpura com mangas longas que cobriam-lhe as mãos.

– Vossa Graça, perdoe-me por interromper seu desjejum – disse Varys, seu tom de voz era calmo.

– está tudo bem, trouxe novas? – perguntou o Rei limpando a boca em um lenço

– sim meu Rei, um de meus passarinhos voltou de Céltica, peço uma reunião com o pequeno conselho o mais rápido possível... – disse Varys, sua expressão indicava que tratava-se de um assunto urgente

– sim... certo... hoje a tarde? – disse Rhaegar, mesmo como Rei de Westeros ele insistia em ser o mais modesto possível, quase nunca dava ordens e mesmo quando o fazia tentava ser delicado. Seus bons anos de simpatia para como reino o fez o rei mais adorado em séculos.

– Vossa graça, com todo o respeito... Creio eu que seja mais sensato nos reunimos agora...

– enquanto as informações estão frescas, certo Varys.- disse Rhaegar completando a frase- Avise que estou convocando todos os membros do pequeno conselho para uma reunião urgente - Rhaegar disse e em seguida se levantou.

Lorde Varys fez uma reverencia e se retirou. Oberyn Martell soltou um longo suspiro e limpou a boca em um lenço branco.

– isso de ser Mão do Rei é cansativo – falou espreguiçando-se

Viserys soltou uma gargalhada enquanto levantava-se. Era jovem e de fato muito bonito, tinha a estatura magra e já era um homem formado.

– ser Mestre da Moeda também não é divertido – disse Viserys

Aegon levantou- se e pela primeira vez falou alguma coisa desde que o desjejum havia começado

– Pai, eu sou seu filho, sou herdeiro do trono de ferro, quero ir a uma reunião do pequeno conselho, deixe-me saber o que acontece em meu reino! – disse com uma voz firme

Aegon herdara de seu pai todas as características de um Targaryen, desde os cabelos platinados aos olhos violetas. Tinha ombros largos e um corpo desenvolvido para um garoto de dezesseis anos.

– Aegon... você esta certo em querer aprender sobre o reino, mas eu ainda não morri então eu sou o rei, não participara dessa reunião do conselho mas prometo-lhe que o convocarei para a próxima – disse Rhaegar com suavidade encostando a mão em seu ombro

Aegon permaneceu imóvel, Rhaenerys olhou para seu irmão e percebeu um brilho de fúria arder nos olhos purpura. Rhaegar se aproximou da esposa e beijou-lhe os lábios, ele, Viserys e Oberyn saíram da varanda em direção a torre onde aconteciam as reuniões.

– não é justo! – declarou Aegon – não é justo que eu fique aqui com mulheres enquanto deveria estar treinando para ser um Grande rei

–meu filho, acalme-se – disse Elia acariciando seus cabelos

– eu quero ser grandioso! Quero que as pessoas falem sobre mim – disse ainda exaltado

– Aerys Targaryen era muito falado, isso não fazia dele um grande rei – disse Rhaenerys olhando para o prato – não queíra ser grandioso Aegon, um rei sábio é o que deveria querer ser.

– Rainha Elia, quando poderemos visitar o Fosso do Dragão? – perguntou Daenerys

– criança, já pedi-lhe tanto para me tratar por tia – disse Elia sorrindo – fale com sua mãe, a antiga rainha, Rhaella disse-me que pretendia leva-los amanhã ao entardecer.

– a vovó está louca como era seu marido ou vocês estão enlouquecendo ela? – disse Rhaenys – é so um monte de lixo! O que acham que vão encontrar la? O Balerion vivo? Ou o Vyagar?

– é Vhagar e não Vyagar! E não tem so isso pode ter o.... – dizia Rhaenerys, mas preferiu calar-se.

– o que? Ovos de dragão? – Rhaenys soltou uma risada alta – sua tolinha, não existem mais dragões!

– Rhaenys pare – disse Elia em tom autoritário

– cale a boca você não sabe de nada! Dragões existem e eu sei disso! – gritou Rhaenerys

– não existem sua tola, morreram todos! Cresça! – Rhaenys gritou de volta

Rhaenerys levantou-se da cadeira e correu em direção ao seu quarto.

As lagrimas escorriam pelas suas bochechas rosadas, no meio do caminho Jaime tentara intercepta-la mas ela não permitiu e voltou a correr. O cavalheiro correu as suas costas e finalmente a alcançou e segurou-lhe os dois braços, Rhay tentou soltar-se mas não conseguiu, o homem era demasiado forte para ela. As lagrimas ainda escorriam e ela rendeu-se por fim. Abraçou sor Jaime e soluçara em seu peito por algum tempo. Ela só largou o cavalheiro quando sua mãe Elia chegara

– minha filha, não chore – disse a Rainha aproximando-se da garota que ainda segurava a mão de Jaime

– ouviu o que ela disse mãe – disse Rhaenerys soluçante

– meu amor, a Rhaenys já não tem mais a sua imaginação, não tem sua fé

– não é imaginação mãe! A vovó Rhaella contou, Balerion foi o único dos cinco dragões que Aenar Targaryen trouxe com ele quando fugiu para Pedra do Dragão, então os outros quatro estão perdidos, e eu vou encontra-los – disse Rhaenerys agora um pouco menos chorosa – vou traze-los de volta, treina-los e eles serão meus!

Elia forçou um sorriso, a ideia de dragões em casa não lhe agradava. Sabia que logo Rhaenerys se casaria com algum lorde poderoso para unir as casas, teria filhos e ela precisava amadurecer, precisava deixar de ser uma garotinha cheia de sonhos e tornar-se uma mulher. Rhaenys compreendia isso e Daenerys mesmo não sendo sua filha também compreendia, então por que sua pequena não? Elia não queria vela crescer mas sabia que era necessário. A anos quando aquela menina finalmente saíra de seu ventre ela foi arrancada de seus braços e enviada a Forte do Pavor, Elia aguentou aquele sacrifício pois manteria sua filha a salvo. Depois de quase seis anos quando a garota voltou para casa, ela não era muito amorosa, no começo chamava a própria mãe pelo nome mas com o tempo se adaptou, no decimo primeiro dia de seu nome pediu ao pai que a deixasse ir a Braavos e ele concebeu e ela também, dois anos depois a garota voltara mais mudada que nunca. Rhaenerys sabe lutar melhor que muitos espadachins, não é de falar muito e poucas vezes deixa que percebam suas fraquezas, pior Rhaenerys dizia acreditar em um deus de muitas faces, o deus da morte.

Essa era uma das raras vezes que via sua filha chorar e isso deixava seu coração em pedaços

– se acredita em Dragões, não deve mudar por sua irmã – disse Elia sorrindo carinhosamente – deixe nos o sós sor Jamie

O homem fez uma reverencia e virou-se mas Rhay puxou seu braço

– obrigado sor Jamie – disse por fim

Ele sorriu e caminhou pelo corredor ate desaparecer de vista.

– esta melhor? – perguntou sua mãe

– sim, fui tola em chorar por isso, sou mais que uma criança muito mais! Por um momento esqueci de meus ensinamentos – disse a garota suspirando

– refere-se aos que teve em Braavos? – perguntou Elia cautelosa

– a senhora nunca entenderia... é muito complexo - disse afastando o assunto

Seu irmão Aegon veio correndo seguido por Daenerys com os longos cabelos presos a uma trança. Rhaenerys se despediu da mãe e acompanhou os dois que seguiam para o Jardim. Ela era uma criança inteligente e astuta, os anos em Braavos lhe fizeram bem, mesmo jovem, a garota aprendera que a vida é dura e que cedo ou tarde deveria crescer e enfrentar seus deveres. Rhaenerys não queria ter chorado ali na frente de todos, queria ter guardado a mágoa para si e ter sido forte na frente dos outros, mas ela estava errada e então lembrou-se da voz de seu amigo Joqen H’agar, um homem sem face. “de que adianta ser forte aos olhos dos outros e fraco aos próprios olhos? ”. Rhay suspirou ao sentar-se na mesa de madeira polida que ficava dentro de uma construção que permitia a entrada de fracos raios solares e tinha ramos de flores por todos os lados.

– A Rhaenys estava errada não estava? – perguntou Aegon embora seu tom de voz fosse evidente que não acreditava no que a irmã havia dito

– claro que estava, mesmo que não estejam no fosso do Dragão devem estar em algum lugar – disse Dany

– mais onde? Pode estar nas cidades livres de Essos, ou em algum lugar distante. Como encontraríamos? Talvez... talvez seja so mais um sonho de criança – disse Aegon cabisbaixo

– não sei onde irmão, mas eu não acreditaria em dragões se não tivesse certeza, eu sinto dentro de mim isso, sei que estão esperando pelos verdadeiros sangue de dragão – disse rhaenerys – mas terão que esperar, quero falar de algo ainda mais importante

– o que? – perguntou Dany

– sei que é errado mas ultimamente tenho me sentido tentada a isso, consegui me esconder em um dos cômodos da torre e escutei uma das reuniões – disse Rhay – Crowley contou sobre as planícies de Utah em Araluen, disse que Morgarath o líder, utiliza magia negra para conseguir o que quer, e para realizar o que chamam de Ceita negra precisavam de um Targaryen, de um sangue de dragão verdadeiro, com fogo nas veias. Como Visenya e Aegon eram.

– calma – disse Dany confusa – quem é Crowley? O que é Araluen e as planícies de Utah?

–Crowley é o comandante da corporação de arqueiros, e Araluen é um reino como Westeros, é composto de feudos e também tem um rei – explicou Rhaenerys

– com tantos arqueiros, por que não são visto pelo reino? – perguntou Aegon a quem quisesse responder

– eles tem essa função, conseguem mover-se sem serem vistos e fazer coisas que nunca conseguiríamos – contou Rhay

– como sabe? – perguntou dany

Rhaenerys lembrou-se dos seus ensinamentos em braavos aprendera tudo isso lá, o que a fez mais esperta pois tem informações preciosas. Ela ergueu os olhos para o mar, ouviu o barulho das ondas batendo nas rochas e olhou mais a frente, viu um barco pequeno partindo. Tocou no vestido em uma abertura feita por ela mesma especialmente para isso e tirou de la uma moeda diferente de todas as outras, esta era de ferro. Pensou em todos os que morreriam caso acontecece uma guerra, imaginou a si mesma montando um dragão negro e voando pelos campos de batalha queimando todos aqueles que ousassem pensar em machucar sua família, imaginou os homens sem face se unindo a eles e Joqen H'agar matando alguns inimigos em campo aberto.
– Valar Morghullis - disse para si mesma
Uma voz respondeu em seus pensamentos "Valar Dohaeris"