Sangue de Dragão

Rhaenerys Targaryen - Capítulo 4


Rhaenerys caminhava ao lado de sor Jaime pelos jardins do castelo, o homem era alto e forte, possuía cabelos loiros e olhos esmeralda, sua pele era de um cobreado leve quase impercebível. A armadura era dourada e reluzia a luz do sol, a capa branca da guarda real pendia em seus ombros e sua espada estava guardada na bainha de couro a sua esquerda. Rhaenerys sentia-se bem na presença do guerreiro, ele dizia palavras engraçadas e por vezes doces a ponto de fazê-la corar. O jardim estava especialmente belo naquela manhã, as flores pareciam mais vivas e as folhas mais verdes. As colunas de mármore branco se erguiam no centro, e Jamie percebeu que ramos de plantas cresciam e se enrolavam nas colunas tornando tudo mais natural e maravilhoso. No centro uma construção de vidro fora feita para proteger algumas plantas do sol forte do Sul, Jamie não lembrava-se bem o nome da construção mas era algo como estumbra ou seria estufa?

– sor Jamie, a muito sua irmã Lady Cersei não vem aqui no castelo, sinto falta de sua companhia e creio que a Senhora minha Mãe também - disse Rhaenerys enquanto sentava-se em uma das pequenas mesas da estufa

– Cersei anda ocupada tentando convencer o Senhor meu Pai a não casa-la com Lorde Willas Tyrell - explicou Jamie sentando-se também.

Ao lado da Princesa uma enorme planta estava plantada em um vaso vermelho, era uma espécie desconhecida trazida de Braavos por Rhaenerys, a planta tinha enormes pétalas roxas e um miolo azul.

– Uma aliança? Lannisters e Tyrell – refletiu Rhay - parece uma ideia estupenda

– Sim, provavelmente

– E quanto a lorde Tyrion? Teve novas dele ultimamente?

– Meu irmãozinho? Sim, ele está a caminho de Porto Real, deve estar na estrada do Rei nesse exato momento

Oh que maravilha! Sinto falta do tio... Quer dizer do Lorde Tyrion

Eles ficaram em silêncio por um momento e Rhaenerys observou novamente naquele dia o mar, sua cabeça dizia para ficar em Kings Landing ao lado de sua família, porém algo forte dentro dela dizia pra ir até o porto, entrar em um barco e dizer Valar Morghullis como Joqen Hagar a disse para fazer caso deseje voltar a Braavos.

– Ah, sim, tenho algo para você Princesa - sor Jamie quebrou o silêncio

– Um presente? - perguntou Rhaenerys sorridente

– Duas coisas na verdade

Ele pegou de algum lugar uma pequena caixa vermelha e estendeu para a Princesa, a garota de cabelos esbranquiçados a pegou e abriu entusiasmada. Dentro havia um colar lindo, sua corrente era de ouro puro e no centro possuía uma pedra negra com um dragão de três cabeças feito com pedras menores e vermelhas. Rubis, pensou extasiada.

– O estandarte da casa Targaryen.... Como conseguiu? - perguntou Rhaenerys examinando o colar, ainda maravilhada com a beleza da joia.

– Essa não foi a parte mais difícil, isso foi - ele virou a pedra e atrás dela tinha um leão feito com pedras douradas rugindo em desafio, o leão Lannister.

– Casa Lannister... E Targaryen... - ela olhou nos olhos do homem - o que isso quer dizer?

– Que vou lhe proteger de qualquer coisa, tem minha vida a seu favor Princesa.

Rhaenerys se preparava para responder, porém Daenerys apareceu nesse exato momento. Os cabelos platinados da jovem estavam presos a uma trança que caia por suas costas, trajava um vestido de seda carmesim feito por Pauline, a costureira do castelo. Dany, como costumava ser chamada, puxou a mão de sua sobrinha a lembrando seriamente das aulas de costura com Septã Diane, e que provavelmente a mulher ficaria louca ao perceber a falta das duas jovens. Rhaenerys conseguiu acenar para Sor Jamie antes de ser arrastada. Elas correram pelo corredor a toda velocidade, derrubando alguns trabalhadores inocentes pelo caminho. O caminho a sala era bem iluminado, o sol de Porto Real aquecia em qualquer lugar que estivessem. Finalmente chegaram a sala. Septã Diane era uma mulher roliça com poucos cabelos ruivos que estavam presos a uma fina trança, ela era uma senhora de meia idade, provavelmente com 50 ou 55 anos, as rugas ao redor de seus olhos não eram muito marcadas, talvez por que Diane não sorrisse muito. Ela trajava um vestido pesado e negro que fazia com que Dany e Rhay se perguntassem como a mulher não derretia devido ao calor absurdo de Porto Real. Rhaenys estava sentada em uma banca próxima, ela bordava um longo vestido carmesim, parecia um dragão, mas este tinha três cabeças. Viserys contou uma vez ao entardecer uma a história do estandarte de vossa casa. A casa Targaryen. A história contava as aventuras de Aegon, O conquistador e de suas irmãs Visenya e Rhaenys. As três cabeças do dragão simbolizavam a cabeça dos três irmãos que estranhamente se casaram. Aquilo era um pouco bizarro na opinião de Rhaenerys porém o Senhor seu Pai explicou que no passado os Targaryen acreditavam que eram a raça pura e que não poderiam se misturar com outros povos. Ainda assim, era perturbador imaginar um casamento entre dois irmãos. Imaginou a si mesma em um belo altar, com seu irmão Aegon do lado. Ela balançou a cabeça para afastar o pensamento horrível.

– Princesa Rhaenerys – chamou Septã Diane a tirando de seus devaneios - sente-se por gentileza.

A velha ruiva era responsável por educar as filhas e a irmã mais nova do Rei. Elia acreditava ser desnecessário. Ela mesma poderia cuidar desses assuntos. Mas no fundo Rhaegar sabia que o que a Rainha queria era apenas um pouco de tempo para estar com sua filha.

Rhaenerys fez o que lhe foi pedido, sentou o mais longe possível de sua irmã mais velha para garantir que a mesma não a provocaria com insinuações de Bastardos novamente. Cometera o erro em contar a Daenerys um segredo e não se certificar se alguma bisbilhoteira chamada Rhaenys estava escutando. A Princesa mais velha trajava um longo vestido coral, com detalhes costurados a fio de ouro. Um vestido lindo na opinião de Daenerys.

A sala era bem iluminada, as paredes eram de um tom claro e o piso também, o teto era branco e ao fundo podia-se ouvir o leve som de uma pequena cascata. Era impressionante como apenas o som da água podia fazer com que as pessoas se sintam mais refrescadas. Infelizmente por mais bonito que seja observar toda a beleza em Porto Real, Rhaenerys não conseguia afastar o pensamento que uma ameaça se aproximava cada vez mais e ela teria de ser corajosa o bastante para confrontar seu Pai em busca de respostas. Esforçou-se ao máximo tentando recordar-se do mapa de Araluen que viu durante a reunião do Pequeno Conselho. Mas, não teve muito sucesso. Sua cabeça doía e ela mal prestava atenção ao que fazia em seus bordados, provavelmente quando acabasse estaria parecendo um ninho de ratos.

– Seus pontos são tão tortos quanto você - Rhaenys riu da própria piadinha sem graça e suas damas a acompanharam.

Porque você não costura essa sua boca? - Rhaenerys fala um pouco alto demais

– Rhaeneyrs! Vá para o seu quarto, e direi a Rainha Elia sobre seu mal comportamento -berrou Septã Diane

– maravilha- murmurou Rhaenerys enquanto caminhava ate a porta

Ela a fechou com força e caminhou com passos largos pelo corredor, realmente queria ter saído daquele lugar, mas não daquela forma, a senhora sua mãe deveria estar farta de tantas reclamações de sua filha mais nova. “Rainha Elia, a Princesa roubou meu barco de pesca” dissera um pescador, “Rainha Elia, a princesa roubou minhas maçãs”, dissera um vendedor, “Rainha Elia, a princesa foi pega outra vez dentro dos bordeis” dissera um estranho. Mas Rhaenerys gostava das histórias de guerra e cama dos homens que viviam além dos muros de Porto Real e sempre que roubava, devolvia uma metade e a outra metade doava para o orfanato na Baixada das Pulgas. Claro! O Orfanato, Rhaenerys precisava ir novamente aquele lugar, precisava relaxar e conversar com as crianças, provavelmente levaria os velhos brinquedos seus e de seu irmão para doar. Afinal elas precisavam mais. Continuou andando pelo corredor olhando para os lados, o corredor era ao ar livre o que o deixava mais bonito pois de um lado a vista era o mar e o porto e do outro as pessoas correndo para cumprirem suas tarefas. Rhaenerys se perguntava se ela também teria alguma utilidade nessa vida, se faria algo importante, se deixaria sua marca no mundo. O corredor levava para a sala do trono porem tinha atalhos para outros corredores e escadarias que a levariam para o seu quarto. O dia já estava escurecendo e a Princesa sentia-se cansada e sonolenta, mas ainda teria de falar com o Senhor Seu Pai. Ao se aproximar da sala do trono começou a ouvir vozes e ela sabia bem que eram de seu irmão Aegon e de seu pai Rhaegar. Pensou em dar a volta pois sua mãe sempre ensino-lhe que uma princesa não deve nunca escutar conversas ao qual não fora convidada a participar, porém Rhaenerys sempre fora muito mais do que uma princesa e por fim sua curiosidade a venceu e ela se aproximou com cautela da sala, se esgueirando pelas sombras com o proposito de entrar sem ser notada.