No final do século 19, quando Kyoto estava no turbilhão caótico chamado "Bakumatsu", criado com a chegada dos navios negros, havia um samurai real chamado Battousai, o retalhador.

Battousai era o espadachim mais poderoso e retalhava as pessoas promovendo verdadeiras carnificinas e limpando o caminho para uma nova era, a era Meiji. Mas logo depois do tumulto ele sumiu repentinamente.

No décimo primeiro ano desta nova era, o paradeiro do retalhador fora revelado. Ele havia se instalado em um dojo de Kenjutsu situado em Shitamachi, Tokyo. Dojo este que era ministrado pela filha do fundador do estilo, Kaoru Kamiya.

Após a chegada de Himura, muitos novos amigos passam a se reunir naquele lugar, como Sanosuke Sagara, Yahiko Miyoujin e Megumi Takani. Por outro lado, inimigos como Kanryuu Takeda, Isurugi Raijuuta, Aoshi Shinomori, passam a visar o dojo, atraídos pela fama do retalhador.

Meses depois, Himura retorna a Kyoto, para enfrentar a batalha que criara em seu passado, enfrentando seu sucessor. A batalha chega ao final, e a era escolhe o homem para ser seu futuro. Porém é difícil dizer realmente quem possuía a razão, pois todos os envolvidos possuíam uma história que justificava suas ações. Esta batalha jamais seria registrada nos livros, uma vez que mostraria a instabilidade do governo Meiji.

Retornando a Tokyo, Himura acreditava que seu passado finalmente havia ficado para trás, mas sua breve ilusão apagou-se rapidamente, como uma pequena chama enfrentando os ventos do continente.

Novamente estava envolto por batalhas em que precisaria por sua vida em jogo. Mas desta vez aqueles ao seu redor estavam envolvidos diretamente nos conflitos e, o passado que havia guardado, veio à tona querendo vingança.

Felizmente, os conflitos novamente terminam bem e parece que finalmente a era de paz veio para ficar. Ou talvez, dizer que um espadachim deve "viver pela espada e morrer pela espada", não seja apenas uma filosofia, mas sim um destino. Quem descobrirá isso agora é Kenshin Himura, no ano 13 da era Meiji (1880), em um pequeno restaurante-hospedaria em Kyoto, estas crônicas se reiniciam.

Em um pequeno quarto no fundo da hospedaria Aoi-ya, um jovem de cabelos rubros conversa com um senhor de certa idade, são eles Kenshin Himura e Kashiwazaki Nenji, ou Okina, respectivamente, Himura sorri e diz:

- Obrigado por nos receber novamente, Okina.

- É sempre um prazer recebê-los Himura, além do mais, vocês cuidaram da Misao por quase dois meses. – responde-lhe Okina, entre risadas de felicidade.

Uma jovem presente na sala toma a palavra, seu nome é Kaoru Kamiya, a mestra assistente do dojo Kamiya em Tokyo:

- É sempre bom recebê-la no dojo, ela traz mais vida ao ambiente e é bom para os alunos verem uma jovem forte e alegre como a Misao de vez em quando.

A garota é interrompida pelos dois rapazes que ali se encontravam, quietos até o momento. Primeiramente, um garoto de cabelos espetados, chamado Yahiko Miyoujin, de uma família de ex-samurais de Tokyo reclama:

- É, especialmente para o playboyzinho dar em cima...

Então, o "playboyzinho", um rapaz que voltara da Alemanha após concluir um tratamento médico, chamado Yuutarou Tsukayama, responde:

- Pare de falar mal de mim!

- Você é mesmo um playboyzinho, nem consegue manejar a espada ainda e fica fazendo pose de Kenshin! – retruca Yahiko

- Eu posso não ter ficado bom no Kenjutsu ainda, mas eu posso manejar a espada melhor que você, seu descabelado!

- Ora seu!

- PAREM JÁ OS DOIS! – Interrompe Kaoru com uma shinaizada em cada um para acalmar os ânimos.

Feliz com a agitação, Okina solta uma longa gargalhada. Com tanta energia assim, certamente Misao não se sentiria deslocada. E apenas em mencionar o nome da garota, ela, Misao Makimachi, uma garota com cara de doninha e profundos olhos azuis, entra no quarto gritando:

- Vô! Chegou mais gente no restaurante e isso aqui tá um caos!

Okina, meio desapontado por ter que cuidar de afazeres tão urgentes quando visitas muito bem-vindas acabaram de chegar, levanta e diz:

- Peço desculpas, eu tenho que ajudar esses jovens...

Ao pronunciar tais palavras, o senhor se dirige para a porta. A jovem mestra de Kenjutsu, tentando animar Okina, diz:

- Não se preocupe, nós também iremos ajudar.

Finalmente encontrando uma brecha para falar, Kenshin pergunta por Aoshi Shinomori, o ex-okashira da Oniwabanshuu, um rapaz alto, silencioso, porém alguém que as pessoas ali presentes sabem que podem confiar. Okina menciona que ele ainda vai meditar num quarto dos fundos sempre que pode.

Todos se levantam e deixam do aposento. Okina, Kaoru, Yahiko e Yutarou se dirigem para a cozinha do restaurante para ajudar, enquanto Kenshin olha para o céu pensativo e indaga se ainda havia algo que preocupava Aoshi.

Enquanto isso, na cozinha, Misao grita quase desesperadamente:

- Não! Precisamos de dois sobas na mesa quatro!

Okon, meio perdida na confusão, tinha certeza que eram dois lamens, mas Omasu desmente:

- Não, não, isso é para a mesa oito!

Os dois rapazes, Shiro e Kuro, meio zonzos pela agitação, corriam de um lado para o outro. Parece que o restaurante é realmente popular em Kyoto. Fugindo de chamas saindo de uma das panelas, Kuro grita:

- Caramba! O Yakisoba está pegando fogo!

Shiro volta à cozinha, com mais pedidos:

- Mais um Sukiyaki na mesa cinco!

- Gyudon! Cadê o Gyudon?

Okina e os outros chegam ao cenário caótico, quase atropelados por aqueles que corriam para dar conta de tudo. Ao se posicionar melhor, Okina fala espantado:

- Meu Deus! Isso está uma bagunça!

Misao tenta apagar as chamas da panela, ele não precisa dizer o óbvio. Kaoru, observando a situação do restaurante se espanta e comenta:

- Tanta gente... Vocês são bem populares em Kyoto hein?

Okina se gaba em meio a gargalhadas, afinal, ter popularidade é importante para um bom negócio prosperar.

Aoshi que saíra da meditação, estava a caminhar no jardim quando é abordado por Kenshin, com seu habitual sorriso:

- Olá senhor Aoshi.

- É bom revê-lo Himura. – Aoshi responde sem esboçar expressão alguma.

Kenshin devolve-lhe a cortesia e é surpreendido pela afirmação de seu amigo recém-chegado:

- A sua cicatriz está sumindo.

- Oro? Ah sim, a Misao disse a mesma coisa. Mas eu não noto muita diferença. – Diz Himura como quem não sabe de nada.

Aoshi pergunta se ele tem recebido notícias de seus velhos amigos e Kenshin responde:

- O Sano nos escreve de tempos em tempos e a Megumi vem nos visitar sempre que pode

- É bom mantermos contato com os amigos. – Diz Aoshi e Himura confirma.

Kenshin não diz nada, mas nota que ao dizer isso, Aoshi soa nostálgico. Este se prepara para dizer algo, mas é interrompido por Misao, que saindo da cozinha correndo, grita:

- Vôôôôô! Eu disse que o sakê não ia ajudar a apagar o fogo!

Kuro fica gritando por ajuda, pois aquilo estava piorando.

Depois de apagarem o fogo, já no fim da tarde, Kenshin alivia-se após tanta tensão:

- Ufa, conseguimos apagar...

Misao concorda, mas não gosta da bagunça que se instalou. Aoshi vira-se para Okina e diz para que ele tenha mais cuidado. Este apenas se desculpa a todos, Kaoru intervem e diz:

- Que bom que ninguém se machucou.

Yahiko meio revoltado reclama:

- Mas que idéia... Jogar uma garrafa de sakê no fogo...

Okina defende-se dizendo pensar que era água e que fora Shiro quem lhe passara aquela garrafa. Contudo, Shiro afirma que não estava na cozinha naquele momento e sim no restaurante, atendendo. Mas Okina está certo de que fora Shiro quem lhe dera a garrafa.

Todos estão confusos após o incidente. Aquela discussão não ia chegar a lugar nenhum. Aoshi interrompe a euforia geral em um tom sarcástico:

- Eu imagino que quem passou a garrafa na verdade seja o nosso convidado secreto.

Kenshin convida quem quer que fosse a se juntar à conversa. Todos ficam olhando espantados para encontrar alguém, mas aparentemente havia apenas aqueles que discutiam até a pouco.

Aoshi pede a Misao, por meio de sinais, uma de suas kunais. Esta lhe entrega meio confusa por não saber o que aquele pensava. Assim que recebe a kunai, Aoshi a joga contra uma das árvores de onde uma voz diz:

- Perspicaz como sempre... Okashira.

Os presentes se espantam com a fala, pois só apenas os membros da Oniwabanshuu tratavam Aoshi por "Okashira". Okina toma a palavra, meio nervoso.

- Quem está aí?

A voz, desta vez vindo de outra árvore responde:

- Ora, Okina meu velho, o senhor já se esqueceu de mim?

Yahiko pega no ar, uma Kunai que veio de outro lado. Haveriam mais deles? Talvez fosse alguém extremamente ágil. Okina repete a pergunta:

- Quem são vocês?

Desta vez, uma voz feminina começa a falar:

- Ora, nós treinamos juntos, Okashira, quer dizer que o senhor se esquece tão fácil dos companheiros? Estou decepcionada...

Aoshi reconhece a voz e apenas diz "Então são vocês". Os dois ninjas saltam de suas posições, e pousam à frente de todos. Eram Nekohime Amai, uma jovem de 23 anos, de aspectos felinos, longos cabelos negros, com a franja cobrindo a sua face direita, lábios carnudos, usando batom preto, e Kobotoke Natsu, um rapaz musculoso, de cabelos rebeldes com 28 anos, usa uma máscara, cobrindo a parte inferior de sua face. Ambos trajam o uniforme ninja da Oniwabanshuu, o que espanta a Kenshin, Kaoru, Yahiko e Yutarou. Natsu nota o espanto dos forasteiros e comenta:

- As suas boas-vindas são sempre festivas, não é Okashira?

- O que vocês querem? - Aoshi apenas indaga:

- Ora, Okashira, porque tanta hostilidade em suas palavras? Nós viemos de tão longe lhes fazer uma visita...

Okina desculpa-se por ter se esquecido de apresentar os presentes:

- Kenshin, Kaoru, Yahiko, Yutarou... Estes são Kobotoke Natsu e Nekohime Amai, são membros da Oniwabanshuu.

Yahiko estranha, a Oniwabanshuu não era eles? Misao, toda cheia de si, se gaba:

- Ora, ora, sempre nos subestimando, não é? A Oniwabanshuu possui divisões por todo o Japão!

Aoshi pergunta:

- À que devemos tão ilustre visita?

Amai revela que vieram pedir ajuda ao Okashira. Pediam que mais uma vez os liderasse. Aoshi pergunta:

- E por que isso é necessário? Estamos em uma era de paz e vocês já possuem um Okashira para guiá-los.

Okina acreditava piamente que este Okashira era de máxima confiança, pois os veteranos escolheram os líderes de cada divisão à dedo. Porém Amai adiciona:

- Eu também acreditava, mas o traidor nos atacou e fugiu.

Natsu apenas confirma e acrescenta:

- Ele resolveu trair a Oniwabanshuu e... – Então nota Kenshin e diz - Este ruivo, eu tenho a impressão de já tê-lo visto.

Okina toma a palavra, impaciente:

- Talvez tenha sido hoje à tarde, quando você me deu aquela garrafa de sakê para jogar no fogo.

Natsu indaga, por que o acusam de tal atrocidade. Okina com um ar de certeza reafirma:

- Porque você é um mestre dos disfarces, melhor até mesmo que o falecido Hannya.

- Ora, temos muitos bons espiões na Oniwabanshuu e em outras facções de infiltração.

Aoshi afirma que poucos seriam capazes de enganar os olhos de um expert nas artes ninjas como Okina e indaga o real propósito deles. Amai repete que precisam de ajuda. Contudo, Aoshi deseja saber os motivos da traição do Okashira deles. Natsu revela que o Okashira discutira com Jin Chen, a respeito de um tal de Abayama Renji. Ao ouvir, Aoshi tenta se lembrar aonde já ouvira este nome. Contudo, antes que conseguisse Amai se prepara para partir e diz:

- Nós lhe daremos um tempo para pensar, senhor Aoshi. Retornaremos logo.

Natsu e Amai deixam o local saltando pelos muros. Kenshin, preocupado, olha para o Aoshi, que não mudara sua expressão nenhuma vez durante a discussão e pergunta:

- O que o senhor pretende fazer?

Aoshi diz não saber, mas ele não podia abandonar seus companheiros de novo.

Misao olha para as costas de Aoshi e fala para si mesma o nome de seu amado, preocupada.