Rurouni Kenshin Hokkaidos Arc
Mestres e Discípulos
Nos arredores de Kyoto, um senhor de cabelos longos, trajando uma capa branca com detalhes vermelhos, está a comprar sakê. Seu nome é Seijuurou Hiko, conhecido como Kakunoshin Niitsu, um artesão local. Ele conversa com o vendedor de sakê:
- Finalmente, este sakê é incomparável, é um erro deixar que falte.
O vendedor pede mil perdões, mas parece que a estrada por onde o produto chega havia sido interditada até dois dias antes. Hiko indaga qual seria o problema naquela estrada, talvez houvesse algum acontecimento especial ou algo parecido. O vendedor responde em um tom preocupado:
- Parece que alguns rebeldes de Hokkaido estavam por estes lados.
- Pessoas descontentes com a época atual, fazem uma enorme revolução, criam uma nova era e novas pessoas descontentes. Isso é sempre um ciclo. – Diz Hiko, após uma leve risada.
Hiko retorna para sua pequena casa bem adentro a montanha e, ao chegar, pára na porta e diz com um sorriso confiante:
- Muito bem, pode parar de se esconder.
Um jovem encoberto por uma capa que impede Hiko de ver seu rosto sai das árvores se desculpando:
- Ah, mil perdões, não era minha intenção parecer que estou seguindo o senhor.
Hiko dá uma risada e diz que não é comum receber visitas ali, por causa da trilha difícil, e pergunta se o rapaz desejava algo. Este lhe responde:
- Um local para ficar a noite. As hospedarias exigem dinheiro e eu estou sem nenhum no momento...
Hiko respira fundo, e diz:
- Então relaxe e beba um bom sakê.
O garoto agradece, mas diz que não bebe. Hiko lhe pergunta o seu nome, após hesitar um momento, o rapaz responde:
- Shinsei Koiti
- Você... O que faz por aqui?
Shinsei retira o capuz e lhe diz que voltou para cumprir uma promessa. Hiko responde:
- Heh... Parece que os discípulos tolos estão vindo me incomodar um atrás do outro.
Shinsei pede desculpas, dando uma risada leve e com um gentil sorriso, como quem não liga em ser um tolo. Hiko soa meio nostálgico, mas não perde a pose, ao dizer:
- Realmente, vocês dois se parecem.
Ao amanhecer no Aoi-ya, Misao se espreguiça num enorme bocejo.
- Fazia tempo que não dormia na minha caminha!
Kaoru que passava por ali, vê a garota de pé e cumprimenta:
- Bom dia Misao!
Misao, saindo do quarto, pergunta onde estão todos. Kaoru responde-lhe prontamente, como se já esperasse a pergunta:
- Kenshin foi visitar o Hiko-san, Aoshi creio que foi resolver algum assunto no centro, Yahiko foi visitar o monte Hiei, Yutarou paquerar garotas...
Misao murcha um pouco e diz, desanimada:
- Que chato, ninguém quis passear comigo...
- Creio que todos têm interesses a que dão prioridade né? – responde Kaoru.
Kenshin, que retornara, se dirige às duas e diz:
- Kaoru! Eu me esqueci de avisar que...
- KENSHIN! Você! Eu vou passear com você! – Interrompe Misao
Kenshin sem entender apenas diz "ORO". Ao ver que a Misao já se acalmou um pouco, Kaoru pergunta:
- O que ia dizer Kenshin?
- Avise ao senhor Okina que o senhor Aoshi mandou entregar isto. Kenshin estende um bilhete a Kaoru, que o apanha e pergunta:
- Mas o que é isto?
Kenshin parece não saber, mas Aoshi havia dito que era urgente para Okina. Misao puxa Kenshin apressando-o, este por sua vez diz:
- Oro!
Kaoru observa os dois se afastarem e, passados alguns instantes, passa seu olhar para a carta e fica apreensiva por causa dos acontecimentos da noite passada.
Yahiko está no local onde fora a última batalha entre Shishio e Kenshin, no monte Hiei, ao que parece, os destroços de onde uma vez estava o quartel-general de Makoto Shishio ainda existiam. Yahiko andando em meio aos escombros reclama:
- Putz, eles nem se deram ao trabalho de arrumar isto aqui...
Então ele ouve uma voz vindo de trás dele. O garoto se vira espantado e fala:
- Sano!
Contudo, era Yutarou que o havia encontrado. Este então, sem notar o que Yahiko havia dito, fala:
- A explosão da arena estragou tudo mesmo...
- Não fale como se fosse um gostosão, parece até um certo crista de galo que eu conheço...
- E tem outro além de você?
Yahiko se irrita e eles começam a brigar ali mesmo.
Kenshin e Misao caminham em direção à cabana de Hiko, que fica afastada da cidade. Misao reclama que mesmo morando em Kyoto ela raramente vai para aqueles lados, Kenshin responde:
- Creio que não só a senhorita Misao, como a maioria das pessoas. Por isso Hiko escolheu este lugar.
- Ele podia ser mais sociável...
Eles haviam chegado ao destino e, ao que parece, Hiko havia escutado a conversa, pois assim que eles se aproximam ele diz:
- Falando mal da minha pessoa?
Kenshin assim que o avista diz "Mestre", contudo Hiko o repreende:
- Eu já disse que, no momento em que você recusou a continuar com as tradições do Hiten Mitsurugi, nós deixamos de ser Mestre e Discípulo.
Kenshin tenta argumentar, mas pára quando vê o jovem Shinsei sair da cabana.
- Me desculpe senhor Hiko, mas... – Diz Shinsei.
Ele repara em Misao e Kenshin que chegaram e os recepciona com um sorriso. Misao ao vê-lo parece não saber o que dizer, apenas balbucia algumas coisas sem nenhum sentido. Kenshin nota e diz meio preocupado:
- Algum problema, senhorita Misao?
- Não... Nada... Eu preciso ir! – diz Misao antes de sair correndo em disparada.
A garota deixa os três sem entender nada, então Hiko comenta:
- Você precisa andar com pessoas mais normais...
Aoshi que andava nos jardins de um templo tem sua paz perturbada pelos gritos de socorro de assaltantes ao mesmo tempo em que o som de corpos cortados e caindo em pedaços no chão chega a seus ouvidos. Então, o rapaz que havia sido atacado pelos assaltantes, completamente aterrorizado pelo ocorrido passa, esbarrando em Aoshi.
- Socorro! Ele quer me matar!
Aoshi o pára e pede para que ele permanecesse ali, pois ele iria verificar. O rapaz diz que é perigoso, mas Aoshi certamente daria conta do que quer que estivesse lá. Ao chegar, ele vê o cenário e espanta-se, pois logo reconhece o feitor. Ao sacar uma adaga, diz:
- Matsuri?
Um jovem de 26 anos, com um porte físico semelhante ao de Seijuurou Hiko e um penteado digno do Saitou, ao terminar de matar o último assaltante ali presente, vira-se para Aoshi e diz:
- Ora, ora, bom dia Okashira. Eu vim entregar-lhe o seguinte recado: "Decida-se até a meia-noite de hoje ou o Aoi-ya irá tornar-se um cenário semelhante a este".
Aoshi numa tentativa de conseguir novas informações pergunta o que eles pretendiam. Matsuri apenas ignora a pergunta e acrescenta:
- Esteja no pé do Monte Hiei à meia-noite e descobrirá.
Matsuri deixa o templo desaparecendo pelas sombras no momento em que Misao chega gritando. Mas assim que ela se depara com a cena de vários corpos retalhados e um Aoshi sujo de sangue, segurando uma adaga, fica paralisada. Aoshi, para acalmar a garota, diz:
- Não se preocupe. Não fui eu
Misao tenta perguntar o que havia ocorrido, mas Aoshi pergunta antes:
- Por que você está aqui?
Misao se lembra de quem vira momentos antes e avisa Aoshi:
- Ah! É o Shinsei! Ele está em Kyoto!
Aoshi parece contente, apesar de não esboçar um sorriso sequer, pois finalmente eles teriam respostas. Nas árvores do templo duas sombras conversam:
- Shinsei? Eu achei que você tinha dado cabo dele
- Não sei como ele sobreviveu àquela emboscada...
- Tsc... Pouco importa agora.
- Mas se ele contar ao Okashira...
- Isso será irrelevante para os planos do novo Okashira, afinal ele é mais forte que Aoshi...
- Tem razão.
Kenshin e Hiko conversam na floresta, enquanto Shinsei foi buscar lenha.
- Mestre, quem é aquele rapaz?
- Apenas um andarilho, como um tolo que eu conheço.
Kenshin não fala nada, apenas faz uma cara de irritado. Hiko ignora a irritação do ruivo e pergunta:
- À que devo esta visita?
- Este servo estava em Kyoto, então achei que deveria visitá-lo.
- Seu idiota, quando for para me visitar, que venha com esse propósito, não porque está de passagem na cidade.
Kenshin se desculpa e Hiko apenas caçoa dele. Shinsei volta com a lenha e diz
- Estou de volta Hiko-sensei
Kenshin nota que Shinsei se referiu a Hiko por "sensei" e se surpreende.
- Sensei? Por acaso você...
- Algum tempo depois que um certo discípulo tolo abandonou os treinamentos aqui na montanha, eu encontrei este rapaz com mais ou menos a mesma idade que você tinha quando eu o conheci. Apesar de estar meio decepcionado com o discípulo anterior, eu resolvi apostar neste garoto uma vez que ele não tinha mais para onde ir, eu decidi acolhê-lo.
- Então o senhor veio visitar o mestre Hiko? – pergunta Kenshin.
- Também, mas existem diversos assuntos que eu preciso tratar aqui em Kyoto...
- Algum que você possa contar a este servo?
Ele diz ter vindo rever velhos amigos, bem quando Aoshi e Misao chegam, ao ouvir o comentário, este questiona:
- Velhos amigos, Shinsei?
- Ora, Okashira, não esperava encontrá-lo aqui.
- Achou que eu não o reconheceria Shin-chan? – diz Misao.
- Ahn? Você é... Misao?
- É! Esqueceu-se de mim é?
O rapaz nega, dizendo que não a reconheceu porque ela havia crescido. Hiko caçoa dizendo:
- Mas essa cara de doninha não deve ter crescido desde os sete anos...
- Eu não sou Cara de Doninha, nem sou baixinha!
Aoshi vira-se para Shinsei num tom mais sério e diz ter assuntos a tratar com ele.
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