Misao voltava para o Aoi-ya para contar a Shinsei o que acabava de ouvir. A garota estava animada depois de descobrir que ainda podia contar com dois valiosos amigos. Ela abre a porta destrambelhadamente, tropeçando na entrada, passando quase que voando pelo restaurante, atravessando a cozinha correndo para procurar por ele. Depois de procurar pelo Aoi-ya todo sem encontrá-lo, ela retorna para a cozinha e pergunta para Omasu para onde Kenshin, Shinsei e Aoshi haviam ido. Omasu responde-lhe que Saitou havia estado lá mais cedo e os quatro haviam partido juntos em uma carruagem.

Misao fica um pouco apreensiva, mas resolve esperar ali mesmo. Mas passadas algumas horas sem o retorno deles ela passa a ficar nervosa.

- Tsc! Para onde eles foram? Eu preciso falar com o Shin-chan!

- Precisa falar com ele é Misao? – diz Omasu em um tom de sarcasmo.

- N-não é nada disso Omasu! É algo importante! – responde Misao ficando vermelha.

- Ora e existe algo mais importante que o coração de uma jovem dama? – Okina se intromete na conversa.

- Vô!

Enquanto isso, Saitou, Shinsei, Aoshi e Kenshin ainda se encontravam com Enishi.

- E então? Ainda não acabaram suas perguntas? – questiona Enishi.

- Seria bom se o senhor colaborasse com mais vontade, assim nos pouparia trabalho e tempo.

- Eu já lhe contei tudo que sabia sobre esse homem.

- Eu gostaria de saber se o senhor possui alguma maneira de contactar rapidamente uma pessoa que pode estar em qualquer lugar do continente.

- E por que eu deveria ajudá-los? Eu já lhes respondi o que desejavam, ainda querem que eu preste serviços ao meu maior inimigo?

- O senhor tem razão em nutrir rancores contra este servo. Contudo esta é uma questão que põe em risco todo o país. O senhor também cometeu crimes no passado, negociando armas. Portanto eu acredito que o senhor pode começar a se redimir de seus pecados ajudando-nos agora!

- Interessante, mas alguém lhe disse que eu tenho interesse em expiar meus crimes? Tudo que eu fiz foi visando minha vingança, diferente de você, eu não possuo arrependimentos. Ter matado a família que me acolheu, ter vendido armas que possivelmente tiraram vidas de pessoas inocentes, nada disso me interessa. Só o que me...

- Então me diga Enishi, depois de nossa luta, por alguma vez, a Tomoe dentro de você chegou a sorrir?

- Você quer lutar aqui, Battousai?

- Este servo não deseja lutar, não aqui nem em qualquer outro lugar. Contudo, se para convencê-lo de que o senhor também possui a necessidade de expiar seus crimes, então este servo irá lutar para clarear sua mente.

- Pff. Sempre com seus discursos cheios de floreios, não é, Battousai? – intervém Saitou. – Pelo que vejo você não recebeu tratamentos adequados desde sua luta contra Battousai. Que tal este trato, nós lhe fornecemos um tratamento médico e você nos ajuda a entrar em contato com o crista de galo?

- Pelo jeito o policial é mais sensato que você Battousai. – diz Enishi – É verdade que eu ainda possuo contatos pelo continente graças à organização. Existem muitas pessoas que me devem favores e outras que fariam isso de bom grado, apesar de ter perdido a organização, eu tenho certa influência no submundo da China.

- Feh! Então, temos um trato? Nós providenciaremos o tratamento médico e o que for necessário para que você localize as pessoas necessárias no continente e no Japão.

- Certo. Mas eu não garanto que localizar seu amigo vá ser fácil, Battousai. Ele pode estar em qualquer lugar do continente agora.

- Muito bem! Agora iremos levá-lo para um hospital para cuidar de suas feridas. Nada de gracinhas. Se for necessário eu posso me encarregar de matá-lo pessoalmente, moleque.

- Não se preocupe, eu não possuo mais nenhum motivo para tentar contrabandear armas. Muito menos para tentar desestabilizar o governo do Japão.

No hospital, Yahiko acordava. Ele levanta em um susto. Quanto tempo havia se passado? Ele estava realmente vivo? O garoto olha ao seu redor e vê Shinichi e Yutarou deitados ao seu lado e nota que o local está cheio de policiais feridos.

- Caramba. Será que foi a Oniwabanshuu quem fez isso? Afinal, quem mais teria força para causar tantos problemas para a polícia?

- Ah! Você acordou garoto! Sua amiga veio aqui mais cedo, mas ela já foi embora. – diz uma enfermeira que entrava no quarto.

- Me diga, de onde estão surgindo tantos policiais feridos?

- Parece que eles estavam tentando prender alguém que estava num vilarejo de parias aqui em Kyoto. Eu acho que eles já conseguiram contê-lo, pois já faz algum tempo que não chegam mais policiais feridos. Ou talvez o criminoso tenha conseguido fugir. Tudo que sei é que não estão mais chegando feridos e isso é um alívio. É horrível ver tanta gente machucada. Apesar de eu estar acostumada com pessoas feridas, eu nunca vi tanta gente de uma vez. Seja lá quem for deve ser alguém realmente monstruoso.

- Hunf! Pelo jeito eles precisam de...

Yahiko nem conseguiu se mover do lugar quando Kenshin e os outros passam pela porta.

- KENSHIN! – grita Yahiko.

- Oro?

- Que "oro" que o que! – diz Yahiko jogando uma shinai em Kenshin.

- Oro?

- Se você está aqui, está explicado o porque de a situação estar resolvida.

- Na verdade quem resolveu tudo desta vez foi o senhor Saitou.

- O que? Então ele também está aqui em Kyoto? Mas eu pensei que ele estivesse em Hokkaido!

- Feh! Parece que eu não sou bem-vindo aqui.

- Não mesmo! – grita Yahiko.

- Ao contrário das minhas expectativas você não cresceu nada além do tamanho.

Após um segundo de observação Saitou completa:

- E ainda por cima ficou parecido com um crista de galo.

- O que? Não me insulte!

Nesse momento, em algum lugar no norte da China.

- ATCHIM! Caramba! Eu acho que estou mesmo pegando um resfriado! Bom, quando eu chegar à Mongólia eu me preocupo com isso! – diz Sanosuke sem saber o que falavam dele.

De volta ao Japão. Sakuya e Kenichi acabavam de retornar ao esconderijo, quando Abayama os intercepta.

- Onde estavam? Nós estamos nos preparando para voltar!

- O que houve Abayama? Há alguns dias você falava que não iria retornar para Hokkaido sem antes cortar pessoalmente a cabeça de Shinsei. – diz Sakuya - Talvez você queira deixar esse mérito para mim.

- De jeito nenhum garota! Contudo assuntos urgentes necessitam de minha presença em Hokkaido. Parece que um monge anda causando problemas por lá.

- Um monge?

- Sim, parece que esse monge conseguiu derrotar mais de trinta homens sozinho! E, além disso, ele está protegendo aqueles que se recusam a se juntar a nós! E por causa disso, teremos que adiantar nossa volta para imediatamente! Aquele Shinsen não conseguiu dar conta sozinho.

Em Hokkaido, um cerco é feito em uma cabana, onde um monge abriga por volta de dez pessoas.

- S-senhor monge! O senhor pode nos entregar! Nós já lhe causamos muitos problemas!

- Não se preocupe com isso. Eu irei protegê-los mesmo que custe minha vida. Aquelas pessoas pretendem forçá-los a se juntarem a eles. Mas eu ouvi dizer que eles são opressores e todas as vilas que se subordinaram a eles agora estão vivendo em miséria. Como maneira de expiar meus crimes eu decidi que iria dedicar minha vida para proteger os inocentes. Pelo menos essa é a resposta que aquelas crianças me deram.

- Aquelas crianças?

- Não é nada.

Após dizer estas palavras, o monge sai da cabana e é atacado por cinco homens fortemente armados. Contudo o monge utiliza uma adaga para disparar um golpe a longa distância, apenas fincando-a no chão. Este golpe é forte o suficiente para derrubar todos os agressores.

- O-o que é isso? Ele apenas fincou aquela adaga no chão e eu senti como se eu fosse golpeado por um soco extremamente poderoso.

- Sim, esta é a força do meu Futae no Kiwami. Esta é a força de Anji Yuukyuuzan, o Myouou!

- O-o que! Você não é um simples monge? E o que é Myouou?

- Você tem perguntas demais para alguém com uma intenção tão maligna. Fuja logo, não me faça tirar sua vida. O mesmo vale para os outros!

- Parabéns! Essa realmente é a força digna de um Deus da Destruição – diz um jovem trajando o uniforme da Oniwabanshuu.

- Esse uniforme. Pelo jeito você é da Oniwabanshuu.

- Uau! Estou impressionado! O senhor conhece bem a Oniwabanshuu!

- Sim, eu cheguei a conhecer alguns de seus membros em Kyoto.

- Hah! Mas não pense que nós somos fracos como aqueles idiotas de Kyoto! Nós...

- Comparado a eles – interrompe Anji – vocês não passam de escória!

- Hã? Como assim?

- A Oniwabanshuu de Kyoto era uma organização que apoiava as pessoas comuns. Eles conseguiam conviver harmoniosamente com as pessoas comuns, ajudando-as e sendo auxiliados por elas! Vocês por outro lado só trazem sofrimento e opressão para as pessoas! Vocês são organizações com o mesmo nome, o mesmo uniforme e a mesma origem. Mas eu vejo que vocês são duas organizações completamente diferentes! Eu não sei como era no passado, mas o que interessa é o presente! Nada pode mudar o passado, portanto, para corrigir os erros, nós só podemos fazer o correto no presente! E, independente do que tenha acontecido no passado, os "idiotas" da Oniwabanshuu de Kyoto trabalham arduamente para que todos possam viver em paz!

- Viver em paz? Você diz que a vida que esse governo Meiji corrupto traz, é uma vida de paz? As pessoas que não conseguiram se adaptar ao sistema foram simplesmente abandonadas! O número de vilarejos de parias aumentou de maneira exorbitante! E o número de vilarejos que vivem na miséria é algo absurdo!

- E era muito diferente durante o Xogunato? Aqueles que não conseguiam se adaptar ao sistema que o imperador impunha não era simplesmente abandonado. O imperador, para mostrar seu poder, eliminava tudo aquilo que julgava fora de seus padrões! E era esse o imperador que vocês defendiam! Não só a Oniwabanshuu, mas também vocês do Shinsengumi. Não é isso mesmo, ex-capitão da segunda divisão do Shinsengumi, Nagakura Shinpachi?

- Oh! O senhor me reconheceu! Hah! Eu achei que ninguém iria se lembrar de mim enquanto eu estivesse vestindo este uniforme. Mas isso é realmente uma boa surpresa!

- Você e o seu ex-companheiro tomaram rumos completamente diferentes. Apesar de ele ser uma pessoa realmente incômoda, ele luta pela justiça em que acredita. E faz isso ao mesmo tempo em que trabalha para garantir que a corrupção do governo seja eliminada, sem que pessoas inocentes sejam envolvidas. Você por outro lado, incita as pessoas, ou melhor, força as pessoas a pegarem em armas e derrubarem o atual governo! Vocês realmente pretendem trazer o caos do Bakumatsu de volta?

- De jeito nenhum! É exatamente por isso que estamos tentando convencer as pessoas a se juntarem a nós! Para que não haja a necessidade de as pessoas do povo lutarem entre si!

- Convencer? Você está de brincadeira? Olhe bem esta situação! Vocês nos emboscaram e nos apontaram armas! Você chama isso de "tentar convencer"?

- Sim! Tentar convencer pela força! – diz Shinpachi rindo histericamente.

- Você é louco? Pois fique sabendo que enquanto vocês tentarem oprimir as pessoas, eu irei me opor a vocês com todas as minhas forças!

- Então nós estamos de acordo! Nós não queremos oprimir ninguém! A nossa idéia é que o povo governe a si mesmo!

- Mas vocês pretendem fazer as pessoas que não têm condições nem de decidir as próprias vidas, por falta de recursos, aceitarem uma idéia dessas? Você acha que todos conseguem decidir coisas tão cruciais que podem afetar uma região ou um país inteiro? Se isso fosse verdade, não haveria necessidade de um governo!

- É este o meu ponto, meu caro Anji. Não existe tal necessidade! Isso é apenas uma maneira de os poderosos fazerem aquilo que o senhor tanto abomina, oprimir as pessoas!

- Errado! O governo existe para que as pessoas possam tomar conta de seus pequenos mundos, sem se preocupar com o vasto mundo lá fora! Para que cada um possa se preocupar com suas próprias ocupações! Pois existem pessoas que não poderiam suportar a pressão de uma decisão que abrangesse um país inteiro!

- Pelo jeito eu não irei conseguir convencê-lo usando palavras. Talvez eu devesse tentar um modo mais drástico, como seu antigo líder, Makoto Shishio!

- Nada irá mudar minha resolução! Eu irei proteger estas pessoas mesmo que custe minha vida.

- Pois será muito mais caro!