Houve uma pequena discussão entre Rose e Scorpius nos minutos seguintes.

Rose insistia em participar da reunião.

Se querem informações minhas eu tenho o direito de saber o que está acontecendo.

Estou tentando te manter segura, Rose. Retrucava Scorpius.

No entanto, ela não se deu por vencida facilmente e continuou a argumentar.

Tem ideia a posição que você vai me colocar se eu aparecer com você?.

Os dois se encaravam. Ela sabia. Sabia que ele tinha como missão enganá-la. Sabia que ele ficaria em maus lençóis se ela aparecesse. Ele tinha um olhar temeroso. E, foi por conta desse olhar que ela cedeu. A contragosto conjurou um pote e colocou suas memórias sobre Sam Walter e entregou para Scorpius, que respirou aliviado.

Eu falei sério sobre largar tudo.

Declarou para Rose. Não queria fazer falsas promessas. Dar esperança. Ele só não queria mais ser uma máscara. Ele queria ser mais. Queria ser ele. Queria ter a garota. Ela sorriu triste.

—Odeio isso, sabe? O fato de que estamos sempre nos esbarrando, mas nunca...nunca ficando.

Scorpius a beijou.

Eu queria ter mais tempo.

Lamentou quando se afastou.

Antes de ir eu preciso te falar uma coisa sobre Sam Walter. Ele e eu... nos conhecemos em pub e rolou um clima.

Scorpius não notou, mas tencionou o maxilar.

Um clima beijos ou um clima algo mais?

—A segunda opção.

—Entendo.

Foi o máximo que ele conseguiu dizer antes de ir.

....

Draco Malfoy estava seguindo Scorpius. Sem que a esposa soubesse colocou uma pequena poção de rastreamento no café do filho. A poção só tinha efeito por 48 horas, então ele tinha que ser rápido. Viu o filho entrar rapidamente em um prédio antigo e mau cuidado no centro de Londres. Depois, aparatou em uma cidade estrangeira. Procurou Scorpius, mas não o viu de forma alguma. Achou que a poção estava errada.

Porém, estranhou quando notou que Phill Dolohov estava no mesmo local observando a distância o mesmo local em que Scorpius deveria estar. Somente a noite percebeu que na verdade seu filho estava disfarçado. E novamente notou Dolohov na mesma festa acompanhando com o olhar o moreno que seu filho fingia ser.

Scorpius se encontrou com Rose e logo os dois aparataram em um hotel barato. Draco notou que assim como ele Dolohov também estava seguindo Scorpius. Não podia ser visto, então não conseguiu saber o que os dois conversavam no quarto. Então notou quando Phil puxou a varinha, havia raiva no olhar dele. Ele ia entrar no quarto em que Scorpius estava quando Draco o enfeitiçou. Um simples feitiço de corpo preso.

Aparatou com Dolohov para a antiga casa de seus avós. Era uma mansão antiga, um tanto abandonada. Felizmente Phill não era bom em Oclumência. E, ele descobriu ali muito mais do que conseguiria seguindo Scorpius.

Phill Dolohov recrutou Scorpius para participar da nova geração de comensais da morte. Ele estava tentando se redimir com os demais, pois anos antes tentou recrutar Rose Weasley, supondo que o ódio que ela tinha da família fosse suficiente. Os dois – Dolohov e a Weasley – tinham se encontrado por puro acaso, mas o plano não foi adiante quando ele descobriu que ela tinha o plano de apagar as lembranças dele. Assim, ele teve que fingir sua morte.

No entanto, quando Dolohov conheceu Scorpius sabia que ele seria sua galinha de ovos de ouro. Os Malfoy’s estavam renegados pelos amantes das artes das trevas, mas Scorpius parecia ter muita raiva da família Potter e Weasley, de modo que se tornava um ótimo candidato a agente, dada a sua familiaridade com as principais famílias britânicas.

A aceitação de Scorpius, contudo, foi muito mais difícil do que ele havia suspeitava. E ficou claro que qualquer erro que o Malfoy mais novo cometesse Phil pagaria com a vida.

Tudo estava indo bem.

Até o julgamento.

Até Scorpius ser defendido por Rose Wesley.

Ele conseguiu convencer os demais que havia usado o ódio da Weasley contra a família e eles caíram porque o grupo já estava familiarizado com esse ódio. Mas, Phil conhecia a ruiva. Ele sabia que ela não se deixaria enganar pelo Malfoy. E, a partir desse momento ele começou a temer pela sua vida, porque suspeitou que Scorpius talvez não fosse o agente que aparentava ser.

Seguiu Scorpius por meses, mas não conseguiu uma prova concreta sobre suas suspeitas. Mas, naquela noite ele conseguiu se aproximar o suficiente para escutar a conversa de entre os dois – Malfoy e Weasley.

Scorpius trabalhava para o Ministério de Magia Alemão, ele era um espião.

Quando Draco o enfeitiçou ele estava determinado a matar Scorpius e Rose.

Draco olhou os olhos castanhos de Phill Dolohov.

Não queria fazer isso, mas é você ou meu filho.

Foi a última coisa que Dolohov ouviu antes do flash de luz verde.

...

Roy convocou Harry e Hermione quando Scorpius retornou da missão.

Uma Rose mais nova apareceu sorrindo animadamente com sua amiga Melanie, as duas estavam claramente bêbadas. Todos acompanharam as duas quando entraram em um pequeno pub. As imagens estavam um pouco instáveis por conta do álcool, mas era possível ter uma visão clara de Sam Walter quando ele foi até elas. Ele era alto, negro, olhos numa tonalidade de âmbar. Vestia-se um traje típico alemão, parecia ter saído do Oktoberfest.

Houve alguns flashes de memórias. Rose e Sam dançando. Bebendo. Flertando bastante. E, por fim, se beijando.

A imagem mudou, os dois estavam sozinhos em uma sala. Provavelmente ainda no pub, pois era possível escutar a música.

—Preciso confessar uma coisa. Eu sei quem você é.

Confessou ele entre os beijos.

—Como assim?

—Eu sei quem você é.

Repetiu ele.

—Mas não se preocupe declarou ao notar a expressão preocupada da ruiva também não sou quem eu disse que sou.

—Quem é você então?

—Ninguém importante. Mas, que com certeza odeia a família tanto quanto você.

—Achei que ninguém odiava minha família.

—Acha isso porque anda com as pessoas erradas.

Declarou ele virando o seu copo e cerveja.

—O que eles fizeram com você?

Perguntou curiosa.

—Digamos que sua mãe ferrou uma pessoa importante para mim. E você? O que eles fizeram?

—Aparentemente não faço parte do padrão Weasley de ser.

Os dois riram e beberam muito mais.

—Sabe... estou hospedado em um hotel aqui perto.

Disse ele puxando beijando o pescoço dela.

No hotel os beijos se tornaram mais quentes. As lembranças se espaçaram e depois os dois estavam cobertos apenas por um lençol. Beijos foram trocados novamente.

—Eu não lembro de você em Hogwarts.

—E não teria porque lembrar... sempre fui o tipo de cara invisível, é a minha especialidade. Além do mais... estou disfarçado.

Confessou ele baixinho.

—Como um auror?

—Mais ou menos. Mas, não trabalho para o governo.

—Que tipo de serviço vocês faz?

—O tipo que vai deixar sua família em sérios apuros.

Havia um sorriso enigmático em Sam. Então ele caiu na gargalhada.

—Estou brincando. O disfarce é só um charme. Faço parte de uma das patrocinadoras do Mundial.

Os dois beberam muito mais. Rose contou em detalhes os problemas com sua família.

—Sabe nós podemos fazer um bom uso desse ódio.

—Nós?

—Como eu disse eu não o único que tem ódio dos Weasleys-Potters...

Mas antes que ele pudesse dar detalhes sobre o que dizia a pulseira de Rose apitou aquele era o sinal de que Melanie estava em algum tipo de apuros. Ela se levantou rapidamente.

—Minha amiga está com algum problema.

Disse antes de aparatar.

...

Rose estava em um escritório. Parecia um pouco cansada.

—Tenho um problema jurídico.

Disse Sam quando notou o olhar surpreso de Rose.

—Você é a única defensora que eu conheço.

—O que aconteceu?

—Digamos que eu estava na casa de uma trouxa. E talvez quem sabe possa ter tido relações com ela, mas aparentemente ela era casada. As coisas saíram um pouco de controle e eu usei uma pequena maldição imperdoável. Mas que por sorte ele desviou. Então eu poderia ter lançado qualquer feitiço, certo?

A defesa de Rose foi facilmente aceita. Ela estranhou. O Estado alemão era extremamente protecionista com os trouxas. Aquele caso tinha sido fácil demais.

—Por que tenho a impressão de que você armou essa história para conversar comigo novamente?

Perguntou ela enquanto saiam da sala da audiência.

—Porque você é uma mulher muito inteligente.

—Sabe há outras formas de me chamar para um encontro.

Comentou ela quando ele lhe entregou ingressos para a final da Copa do Mundo.

—Não sou o tipo de homem que tem encontros, nem mesmo com mulheres maravilhosas como você. Isso é só um agradecimento, porque você não tem ideia da bagunça que eu me meteria se isso não fosse resolvido rapidamente.

—Se você não armou isso quem armou?

—Todos nós somos testados. Não passei. Mas, obrigado pela ajuda.

—Sam, com que tipo de pessoa você está metido?

Ele deu novamente um sorriso enigmático para Rose.

—Quem sabe um dia nós podemos conversar mais sobre esse ódio que você tem contra a sua família. Então eu poderia não só te contar para quem eu trabalho e o que temos planejado. E acredite se você os odeia como nós vai querer participar.

E saiu sorrindo novamente para Rose.

...

—Tem certeza que ele disse isso?

Melanie disse.

—Absoluta. Foi muito estranho Mel. Ele tinha um sorriso, não se ele estava falando sério ou era só uma piada.

—Ele provavelmente vai está no jogo de hoje. Nada que um feitiço da memória não resolva o fato dele saber quem é você.

...

—Como medibruxa eu sou totalmente contra mexer nas mentes das pessoas. Só Deus sabe quantos problemas nós temos por conta disso.

Sophie argumentava com Rose e Melanie.

—Ele sabe quem é e onde está nossa amiga. E se ele for perigoso?

—Se ele sabe vai manter distância. A família dela pode não gostar, mas ela é uma Weasley e qualquer coisa que envolve esse nome ganha destaque no mundo bruxo. Ninguém mataria Rose ou a sequestraria se tivesse planos contra a família dela. Chamaria muita atenção. Nem Você—Sabe-Quem seria tão estúpido.

—Não acho que ele queria me fazer mal. Parecia... parecia que ele queria me recrutar.

Rose entrou no estádio acompanhada de Melanie e Sophie. As três pretendiam encontrar Sam e apagar sua memória, mas não viram durante todo o jogo.

...

—Continuamos sem nada.

Comentou Harry frustrado. Ele tinha grandes expectativas sobre as memorias de Rose.

—Não necessariamente. Sabemos que não é só uma guerra contra o mundo bruxo, mas também com a gente, os Weasley-Potters. Além disso, ficou claro que a ministra tem uma relação com o passado desse agente.

Scorpius retrucou.

—O problema é que Hermione teve um problema com todos os ex-comensais.

Roy disse pensativo.

—Dolohov. Antonin Dolohov. Ele perdeu muitos pontos com Aquele-que-não-pode-ser-nomeado após ter perdido vocês no dia que o Ministério foi tomado e foi a Mione que fez o feitiço de Oclumência. Nenhum comensal a odeia como Phil Dolohov. E, mais importante ele é o principal recrutador do plano. Ficou bem claro que ele queria recrutar Rose.

Ronald argumentou.

—Até faz sentido, mas Phil Dolohov e seja lá quem seja Sam Walts está morto.

Hermione comentou ainda pensativa.

—Ou não...

Roy e Scorpius disseram ao mesmo tempo.

—Se de fato for Dolohov ele está vivo. E não seria a primeira vez que eles forjariam a morte de um agente para apagar provas. Scorpius e eu já tivemos questões assim no passado.

—Nesse caso, se Sam Walts for Phil Dolohov seu disfarce está em risco. Ele conheceu Rose, sabia que ela era inteligente o bastante para não cair naquele papinho que você usou no julgamento. Até mesmo porque foi o mesmo que ele usou para “escapar” do julgamento dele.

Hermione conclui preocupando-se com o rumo que as coisas estão tomando.

—Nesse caso – disse Ronald baixinho – Rose também está em perigo.

E ali estava a sentença que ninguém queria exteriorizar.

De repente o ar pesou na reunião.

A cabeça de Scorpius estava quase explodindo... se aquilo de fato fosse real ele podia ter estragado tudo falando a verdade para Rose. Se Phil Dolohov estivesse desconfiando dele... se ele tivesse o seguido...

Merda.

O loiro sentia uma necessidade urgente de falar com Rose, de saber se ela estava bem, se estava segura..., mas, temia que isso só fosse piorar as coisas.

—É por isso que você não devia ter contado a verdade para ela. A precaução é sempre o melhor caminho nesses casos.

Disse Roy só para Scorpius ouvir. O chefe, porém, não notou que sua fala só tinha deixado o Malfoy ainda mais angustiado.

....

Hugo não era bobo. Sabia muito bem que tinha alguma coisa acontecendo. De uma hora para outra os encontros entre sua mãe e seus tios Harry e Gina tinham ficado mais frequentes. No início ele tinha achado legal, afinal com o fim do casamente dos seus pais e o inicio do noivado dele, sua mãe precisava de companhia, porém, ele notou com o passar dos meses que aqueles encontros eram sobre algo mais sério. Sua mãe sempre ficava apreensiva antes dos encontrou e tinha aumentado o consumo de chás.

Aos poucos as reuniões foram aumentando. Agora já não era somente o trio de ouro, por vezes seus tios George, Gui e até Teddy Lupin iam. Depois de um tempo, Neville e Luna apareceram também. Eles faziam isso muito discretamente, mas ele – Hugo – herdara a inteligência de Hermione Granger.

E, agora sua mãe o mandou visitar Rose.

Do nada.

Os dois não falavam sobre Rose desde O jantar.

Então sua mãe o havia chamado, ou melhor, o convocou para jantar com ela naquela noite.

Incialmente o ruivo pensou que ela queria falar sobre as últimas declarações de Hugo ao Profeta Diário. É claro que ele não podia simplesmente criticar como o Ministério da Magia tinha retrocedido na proteção contra as criaturas mágicas nos últimos dez anos e não levar uma bronca da sua mãe e atual Ministra da Magia.

No entanto, Hermione não o questionou sobre suas últimas declarações, não falou sobre os preparativos do casamento, sequer comentou sobre a barba grande dele – e ela nunca perdeu uma oportunidade de criticá-lo quando a barba dele precisava ser aparada.

­O jantar transcorreu em silêncio.

Hermione pensava em como pedir para Hugo ficar de olho em Rose sem coloca-lo em perigo também. Não queria os dois filhos em perigo.

Mas, todos concordaram que até confirmarem se Dolohov era ou não Sam Walter Rose precisava de proteção. Colocar qualquer auror no encalço dela seria altamente perigoso já que eles estavam infiltrados no Ministério da Magia. Scorpius estava fora de cogitação. Seria ainda mais perigoso. A ausência de Hermione, Roy, Harry ou Gina seriam facilmente notadas. Gui, George, Neville e Luna tinham suas próprias missões. Roy tentou convencê-la a deixar Ronald com a missão de proteger Rose. Ela não concordou... não depois da última vez que eles tiveram a sós. Felizmente, Ronald teve a decência de não retrucar.

Então tinha sobrado Hugo.

Hugo que sempre odiou aventuras e preferia a tranquilidade da papelada, que destetava duelos, apesar de ser um exímio feiticeiro, que fez o curso de auror por pura pressão de Ronald, mas na primeira oportunidade conseguiu ser transferido para o setor de proteção de criaturas mágicas.

Enquanto Hermione contava que ele precisava ir até Rose e provavelmente iria ter que passar algumas semanas como uma espécie de guarda costas. Ao contrário do que ela imaginou Hugo não pediu explicações, ele sabia que se estava sendo colocado em uma missão super secreta era porque a coisa estava ficando feia. Muito mais do que ele havia pensado.

“Se ela questionar... diga que é sobre Scorpius. Rose vai entender”.

Hermione tinha certeza que Scorpius não tinha mentido para Rose para conseguir suas memórias. Quando ele as entregou para Roy não havia remorso em seu olhar. Então ela entenderia aquela pequena mensagem.