Um novo recomeço.

"É bom saber que sempre que existe um novo começo, uma nova pessoa e um novo amor."

Mansão dos Medsen/São Paulo

Maria Joaquina se encostou na parede fria do quarto e deixou que as lágrimas grossas rolassem por sua face livremente, o lado esquerdo do seu rosto doía e ela sentia o canto da sua boca sangrar, mas nada se comparava com a dor dilacerante que domina a sua alma.

Assim que chegaram em casa, Davi a arrastou para o quarto e disse que ia dar a lição que ela merecia, Maria Joaquina o seguiu obedientemente, mas nunca passou pela sua cabeça que ele fosse capaz de tanto, dentro do quarto ele trancou a porta e antes que ela pudesse explicar tudo o que havia acontecido e pedir desculpas, Davi deu um soco certeiro no seu rosto com toda força que podia.

Maria Joaquina caiu no chão e ele lhe deu um chute nas pernas, depois Davi disse que aquela era a sua lição e saiu do quarto, ela ainda podia ouvir as palavras dele:

“Foi você quem pediu por isso, você mereceu. Olhe para mim, eu sempre fui o noivo perfeito e olha só o que ganhei em troca, você me machucou e nada mais justo do que eu te machucar também, amanhã você esquecerá esse episódio e voltaremos a ser como antes, seja a minha garotinha perfeita que nada de ruim te acontecerá, eu amo você, meu amor.”

Amanhã tudo voltará a ser normal e foi só um dia ruim, quanto mais Maria Joaquina pensava nisso mais absurda ficava aquela situação, a Medsen se sentia fraca, inútil e descartável, nunca havia se sentido tão mal desde a morte dos pais.

Por outro lado, ela amava Davi mais do que a si própria e sentia como se estivesse realmente merecido a lição, afinal, ela só precisava ser uma boa noiva e ele seria um bom noivo, tudo voltaria a ser perfeito e eles seriam felizes para sempre, Maria Joaquina resolveu ficar calada e seguir em frente ao lado do amor da sua vida.

Mansão Almeida Campos/São Paulo

Já era noite e Duda não conseguia parar de pensar nela, ele nunca havia imaginado que um dia se encontraria nessa situação, mas não tinha coragem de voltar para a casa de Davi e aguentar as idiotices do ex melhor amigo, tudo que ele queria naquele momento era ter Maria Joaquina em seus braços e poder dar todo o amor que ela merecia.

Maria Joaquina era a mulher que ele havia idealizado desde adolescente, ela era inteligente, engraçada e honesta, tinha o sorriso mais lindo que ele já vira e era boa e generosa com todo mundo, uma mulher única demais para viver com um cara como Davi.

— Senhor Duda, a sua amiga está aqui para vê-lo. – uma das empregadas avisou enquanto batia na porta do quarto.

— Que amiga? – Duda perguntou abrindo a porta e seguindo a empregada até a sala de estar.

— Lisa. – a doméstica respondeu educadamente.

Duda franziu o cenho e logo avistou Valéria sentada no sofá, ele a encarou surpreso e Valéria suspirou nervosa.

— Lisa não, sou mais conhecida como Valéria Ferreira, para os amigos. – ela disse firme encarando o rapaz.

— Olá Valéria, o que veio fazer aqui? – perguntou Duda direto, eles mal se falavam e não fazia sentido uma visita.

— Precisamos conversar sobre Maria Joaquina, você é o único que pode me ajudar. – falou a Ferreira em tom desesperado.

— Não me venha falar sobre o seu caso com o Davi, por favor, pensei que vocês já estivessem superado essa fase. – Duda revirou os olhos.

— Não é isso. – Valéria sentou no sofá e escondeu o rosto nas mãos, ela suspirava e encarava o chão.

— Tem como você me dizer o que está acontecendo? – perguntou o Almeida Campos impaciente.

— Maria Joaquina corre perigo. – Valéria respondeu com a voz baixa.

— Como assim? – Duda não conseguia entender o que ela estava falando.

Valéria levantou o rosto e o Almeida Campos se surpreendeu, Havia uma marca roxa em um canto do rosto dela que antes estava sendo escondida pela franja do cabelo, ele se aproximou preocupado.

— Quem fez isso? – Duda perguntou cuidadosamente.

— Foi o Davi e ele pode fazer o mesmo com a Maria. – Valéria respondeu e uma lágrima solitária molhou sua face.

— Nós vamos resolver isso. – Duda respondeu a puxando para um abraço, ele não suportava ver garotas chorando.

Duda só tinha a certeza de uma coisa: iria resgatar Maria Joaquina.

Mansão RF/São Paulo

Jaime acariciava os cabelos loiros de Bia enquanto ela descansava com a cabeça apoiada sobre o peito nu do rapaz, os dois não tinham um relacionamento específico, não dava nem para explicar o que acontecia entre eles, mas os dois curtiam a companhia um do outro.

— Eu sei que você não me ama, mas eu me sinto tão bem quanto estou contigo. – Bia disse com a voz abaixa enquanto acariciava o abdômen dele.

— Eu também gosto de estar contigo. – Jaime disse com um tom de voz leve fazendo a garota sorrir.

Ele nunca havia à iludido, Jaime sempre deixou bem claro para Bia que seu coração pertencia a outra, mas a loira também deixava claro que não se importava nem um pouco em tê-lo naqueles momentos de carência, afinal, Jaime era um perfeito cavalheiro com ela e a tratava melhor do que todos os outros caras com os quais ela já transou.

— Ás vezes eu tenho medo de machucar você. – Jaime desabafou enquanto a garota ficava em cima dele para beija-lo.

Bia o olhou no fundo dos olhos e acariciou seu rosto.

— E ás vezes eu acho que você se preocupa demais, não é como se fôssemos nos casar. – a loira riu enquanto afundava o rosto na curva do pescoço dele, Jaime tinha um cheiro tão bom que ela se sentia entorpecida.

— Ah é? E se eu te pedisse em casamento? – Jaime perguntou e os dois riram.

— Eu aceitaria. – Bia confessou depois que se deitou ao lado dele, um pouco mais afastada.

— Mesmo que fosse nessas condições? Mesmo sabendo que eu amo outra? – Jaime perguntou incrédulo.

— Exatamente, mas e você? Se a Valéria te pedisse em casamento mesmo amando outro, você aceitaria? – Bia perguntou irônica.

— Não. – Jaime respondeu firme.

— Não? Como assim? Eu pensei que você a amasse mais que tudo no mundo. – Bia quase gritou de tão surpresa.

— E amo mesmo, mas eu passei a vida toda a espera que ela me amasse também e sei que é muito ruim viver na insegurança, então eu acho que não me casaria com ela sem ter a certeza que é recíproco, eu não quero somente a companhia dela ou as suas carícias, eu quero amor de verdade, seja com ela ou com outra pessoa. – Jaime disse sendo sincero.

— Outra pessoa? – Bia se sentou na cama para poder encara-lo melhor. – Meu Deus, é a primeira vez que ouço Jaime Palilo considerando a possibilidade de amar outra pessoa que não seja Valéria Ferreira.

— Uma hora ou outra a minha vida vai ter que seguir em frente, Bia. – Jaime disse encarando o teto.

— Sabe o que eu acho? Ah Jaime, por favor, me desculpe pela sinceridade, mas todo mundo sabe que a Valéria voltou com o Paulo, e mesmo se as coisas não derem certo para os dois ela vai procurar outro e depois mais outro, acha mesmo que algum dia ela vai te enxergar da mesma forma que você enxerga ela? Está na hora de acordar, afinal, como você pretende esquecê-la se não faz o mínimo esforço pra isso? – Bia perguntou séria e Jaime engoliu em seco.

— Como assim? – Jaime a encarou.

— Jaime, eu estou aqui a sua disposição, como pode não perceber isso? Eu posso ser aquilo que você procura, basta você me dar essa chance verdadeiramente e eu te farei esquecer esse amor platônico de uma vez, tudo depende de você. – Bia disse e Jaime se sentou de frente para ela.

— Você aceitaria um relacionamento sério comigo, mesmo sabendo das consequências? – ele perguntou surpreso e Bia segurou o rosto dele com as mãos.

— Aceitaria sem pestanejar, nós poderíamos até tirar uns dois dias só para nós depois do show de amanhã. – Bia disse beijando o rosto dele.

Jaime sorriu e a puxou para um beijo de tirar um fôlego, agora ele entendia claramente, não podia passar a vida inteira esperando por Valéria e nada melhor do que seguir em frente, afinal, Bia era diferente das outras e Jaime se sentia cada dia mais encantado por ela, é claro que esquecer o amor intenso que sentia por sua melhor amiga seria complicado, mas não era uma missão impossível.

— Espera, eu quero fazer as coisas direito. – Jaime disse assim que eles se separaram e segurou a mão de Beatriz. – Bia, você aceita namorar comigo? – perguntou sorrindo para ela.

— Aceito. – Bia respondeu animadamente e pulou nos braços dele.

Jaime acariciou o rosto da garota suavemente antes de voltar a beija-la e logo os dois estavam se embrenhando nos lençóis novamente.

Estava na hora de deixar Valéria Ferreira para trás...