Rock Forever

Descobri que você me ama


"Até quando você acha que nada mais dará certo, Deus vai lá e traça uma nova chance. "

Mansão dos Medsen/São Paulo

Pov Maria Joaquina

Tentava inutilmente prestar atenção na TV mas eu não conseguia, Davi havia saído há horas e até agora não havia voltado, eu me sentia sozinha e abandonada, Marian havia feito uma viagem para visitar a mãe e até agora nada, ela nem ao menos tinha entrado em contato comigo e isso só fazia eu me sentir ainda mais sem amigos, como resultado, eu obviamente sentia saudades de Duda.

Ouvi o som da campainha e me levantei rapidamente, com certeza não seria Davi e eu não estava preparada para receber visitas, conferi o reflexo do meu rosto pelo celular e conclui que a mancha estava bem coberta pela maquiagem, apesar de que dava para ver um pouco, andei até a porta e abri um pouco receosa.

— Duda? – indaguei incrédula encarando o seu rosto.

— Desculpe vim sem avisar, mas só vim quando tive certeza que o Davi não estava. – ele disse entrando sem pedir permissão.

— Você precisa ir embora. – falei autoritária.

— Não sem antes te perguntar uma coisa. – Duda falou firme e eu o segui até a sala.

Duda sentou no sofá e ficou encarando o meu rosto, abaixei a cabeça constrangida, será se ele havia reparado? Oh meu Deus.

— Pergunte de uma vez. – minha voz estava trêmula.

— O Davi machucou você? – Duda perguntou se levantando do sofá e se aproximando de mim.

— Não. – falei tentando soar o mais firme que podia.

Duda colocou a mão no meu queixo e o acariciou, fechei os olhos querendo chorar e levantei a cabeça, nos encaramos por um bom tempo e uma lágrima solitária molhou minha bochecha, ele secou minha lágrima e sem que eu pudesse protestar me abraçou, afaguei minha cabeça em seu pescoço e me permiti chorar até soluçar.

— Nós podemos denunciar, você não tem que passar por isso. – seu sussurro me fez acordar e eu me separei dele bruscamente.

— ELE NÃO ME MACHUCOU, VAI EMBORA! – gritei virando de costas para ele, eu não conseguia nem pensar na possibilidade de denunciar e prejudicar Davi.

— Então, o que é isso no seu rosto? – Duda perguntou e eu tremi.

— Eu bati com a cara na parede. – inventei a primeira desculpa que me veio à mente.

— Interessante, você e mais quantas mulheres utilizam essa desculpa? – seu tom irônico me causou irritação.

— Quer saber de uma coisa? Você não vai estragar meu casamento e ponto final, não vê que eu estou feliz? Eu o amo e ele me ama também, Davi nunca seria capaz de encostar um dedo em mim e se você não acredita o problema é seu, agora vai embora. – falei visivelmente irritada.

— Se é isso que você quer, então eu vou embora. – Duda me olhou cheio de mágoa e eu senti um remorso no peito.

— Ótimo. – falei indiferente.

— Mas antes quero que me escute, você acha mesmo que isso é amor? Porque não é, eu sei que não está feliz e sei que ele te machuca, não vou denuncia-lo porque não tenho provas e você jamais iria admitir isso pra polícia, mas quero que saiba que você é uma mulher incrível e que merece todo o amor desse mundo. – Duda se aproximou de mim e me olhos nos olhos. – Eu poderia te dar esse amor, e se não fosse eu, então, que fosse outra pessoa melhor do que o Davi, se olhe no espelho e encontre a mulher corajosa que eu sei que você está tentando esconder. – ele me deu um beijo na testa e saiu.

Fiquei imóvel sentindo minhas pernas tremerem, meu coração palpitava tão forte que parecia que ia sair para fora do peito.

— E só mais uma coisa. – Duda disse e eu me virei para poder encara-lo, ele já estava próximo da porta. – Onde quer que seus pais estejam, eles não estão orgulhosos. – dito isso ele fechou a porta.

Sua última frase foi o suficiente para me fazer desabar no sofá e chorar que nem uma louca, a minha vontade era de sumir por um tempo indeterminado e ir para um lugar onde ninguém me conhecesse.

Pov Narradora

Jaime batia na porta do quarto da amiga, uma, duas, três vezes e nada, então ele empurrou a porta delicadamente e sorriu ao se deparar com Valéria Ferreira dormindo tranquilamente, ele entrou e em seguida fechou a porta, sentou na cama e acariciou o rosto da amiga com um olhar melancólico.

Para Jaime, aquela lembrança ficaria para sempre na sua memória, a forma como ele contornava delicadamente cada traço do rosto dela com as pontas dos dedos, e acima de tudo, a forma como ele a olhava, na sua consciência, ele nunca mais poderia olha-la com os mesmo olhos, não agora que resolveu seguir em frente.

— Ah pequena, se você soubesse como eu amo você... – Jaime sussurrava baixinho deixando uma lágrima rolar de seus olhos. – Mas adivinha só? Eu desisto de nós, mesmo que “nós” nunca tenha existido, você nunca foi capaz de enxergar e eu não te culpo por isso, eu sempre fui um covarde também, nunca admiti meus sentimentos por você mesmo que eu tenha te amado desde os meus 10 anos, me desculpe por isso, mas você vai continuar sem saber. – seu tom de voz era triste e ele sentia o coração partir pela milésima vez.

Valéria sempre estará nas lembranças de Jaime como o amor platônico que nunca aconteceu, porque eles tinham tudo para dar certo e no entanto fracassaram sem nem ao menos tentar, talvez eles fossem destinados a serem apenas amigos, talvez um dia os netos dele brincarão com os netos dela, mas atualmente Jaime só tinha certeza de uma coisa, ele queria seguir em frente.

— Só seja feliz, Ferreira. – Jaime deu um beijo na testa dela e saiu do quarto lentamente, ele tinha certeza de que aquela seria a despedida.

Mas assim que Jaime saiu do quarto Valéria abriu os olhos espantada e deixou que as lágrimas molhassem sua bochecha, ela só queria dar um susto no amigo ao fingir que dormia, mas acabou descobrindo algo que nunca imaginou descobrir.

Então, Jaime a amava?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.