Rock Forever

A sua verdadeira face


"De vez em quando a vida entrega em nossas mãos a pessoa certa, mas nós simplesmente não a enxergamos."

Mansão RF/São Paulo

Pov Maria Joaquina

Os olhos de Davi transmitiam ódio e raiva, ele segurava uma garrafa de uísque nas mãos e nos olhava com os olhos semicerrados, o meu noivo havia passado a noite bebendo sabe se lá aonde, me aproximei do mesmo calmamente, mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele me empurrou, em seguida, ele deu um soco na cara de Duda.

Duda reagiu de imediato, logo os dois estavam rolando no chão como animais selvagens, corri em direção a porta e comecei a gritar.

— Alguém, por favor, me ajudem! – gritei e alguns instantes depois Cirilo e Janjão vieram apartar a briga.

Cirilo conseguiu segurar Davi pelo braço, enquanto Janjão segurava Duda, Carmem ficou no meio dos dois e eu comecei a tremer.

— Como vocês ousaram fazer isso comigo? – Davi gritava histericamente.

— Nós não fizemos nada, seu babaca. – Duda gritou de volta.

— Não subestime a minha inteligência, vocês passaram a noite juntos. – Davi gritou e de repente todos do quarto encararam Duda e eu.

— Isso é verdade? – Janjão perguntou em tom curioso.

— Claro que não, ontem à noite eu exagerei na bebida, o Duda me trouxe para o quarto antes que eu ferrasse com a minha imagem, só sei que acabei caindo no sono na cama e o Duda dormiu na poltrona, mas nada além disso aconteceu. – falei firme.

— Mentirosa, vocês estavam praticamente se beijando quando eu entrei, vadia. – Davi disse me olhando com nojo.

— Não a trate assim. - Duda disse bravo.

— Eu a trato do jeito que eu quiser. - Davi disse rudemente.

Senti uma facada no peito e meus olhos lacrimejaram, ele nunca havia me tratado assim, Davi nunca havia me desrespeitado tanto, talvez só agora eu estivesse vendo a verdadeira face do meu noivo perfeito.

— Eu só estava agradecendo ao Duda, você não acredita? Então leia jornal, com certeza devem estar falando sobre a minha bebedeira. – falei e simplesmente sai do quarto.

Corri em direção ao jardim como uma louca, eu só queria ir embora dali o mais rápido possível, mas nem havia me tocado que estava de camisola e sem nenhum centavo, antes que eu pudesse entrar e me recompor senti o braço de Davi me puxando em direção ao carro dele.

— Me solte. – falei educadamente.

— Fica quieta e entra no carro. – Davi disse e eu simplesmente entrei.

Eu não entedia como a minha razão podia estar tão longe naquele momento, eu só sabia que eu não queria perdê-lo, eu tinha o casamento dos sonhos marcado com o homem que eu amava, não pretendia perder Davi por causa de uma discussão qualquer e além do mais, ele estava bêbado, não deveria ter noção do que dizia.

— Em casa você terá a sua lição. – Davi decretou sem nem ao menos me olhar.

Apenas encarei a estrada, com medo do que me aguardava.

Pov Valéria Ferreira

Me encostei na varanda e encarei o jardim, tentava entender tudo o que havia acontecido comigo de ontem para hoje, meu rosto ainda ardia e eu sentia uma vontade enorme de socar Davi, de mata-lo, mas por outro lado, eu me sentia confortável ao lembrar que tudo havia voltado a dar certo com Paulo, mas ainda assim, alguns flash não saiam da minha cabeça, tipo um certo beijo de um certo alguém.

— Valéria? – escutei a voz de Jaime atrás de mim e meu coração acelerou automaticamente, olhei para trás e sorri nervosa. – Hey, bom dia. – ele disse e sorriu para mim.

Jaime se encostou ao meu lado na varanda e eu senti seu cheiro viciante invadir minhas narinas, o encarei e ele me olhou de volta, o vento batia levemente em seu cabelo e o fazia ficar ainda mais bonito, meu Deus, ele era tão absurdamente lindo que eu sentia vontade tocar seu rosto.

— Tá tudo bem? – Jaime perguntou arqueando as sobrancelhas.

Oh droga, ele deve ter reparado na minha cara de bobona.

— Ãh... tá, tá tudo bem. – falei apressadamente e ele riu.

— Alguma novidade? – Jaime estava tão nervoso quanto eu, podia sentir isso nele.

— Na verdade... eu resolvi tentar. – falei encarando o chão e ele me olhou surpreso, seus olhos ganharam um novo brilho.

— Tentar? – a voz dele era como uma melodia para mim.

— É, resolvi tentar com o Paulo de novo. – falei sem conseguir encará-lo.

— Que bom, eu fico feliz por vocês. – Jaime disse bagunçando levemente meu cabelo.

Eu não sei qual tipo de reação eu queria que ele tivesse, mas eu não havia gostado da forma como ele agiu, foi tão naturalmente, mas afinal, o que estou pensando? Jaime é meu melhor amigo e nada nunca irá mudar isso, havia sido apenas um beijo e não significou nada para ele.

— Ei, vocês viram o que aconteceu? – Paulo perguntou aflito.

— O que houve? – perguntei.

— O Davi brigou com o Duda por causa da Maria Joaquina. – Paulo disse segurando minha mão. – me sigam para mais detalhes.

Jaime e eu seguimos o peralta até a sala de estar, onde todos estavam reunidos, Duda contava o que havia acontecido e eu sentia um frio no estômago, Davi estava com Maria Joaquina e só eu sabia o quanto ele podia ser perigoso.

Apartamento do Zapata/São Paulo.

Pov Alicia

Me aninhei nos braços de Daniel enquanto ele afagava meus cabelos com carinho, eu não podia mais adiar, teríamos que conversar uma hora ou outra, me sentei na cama e ele me olhou confuso.

— Você sabe que não podemos. – comecei, por mais que me doesse falar aquilo para ele.

— O que não podemos? – Daniel me encarava confuso.

— Não podemos agir como um casal normal, não podemos confundir as coisas. – falei sem olhar em seus olhos.

— Do que você está falando? Eu não estou confundido nada. – Daniel falou e eu revirei os olhos. – Mas, pera aí, e se eu estiver confundido? Porque não podemos tentar de verdade? – ele perguntou se sentando em frente para mim e acariciando minha bochecha, senti uma eletricidade percorrer todo o meu corpo.

— Nós nunca daríamos certo. – colei nossas testas e sussurrei. – você deveria saber que somos diferentes demais.

Daniel me encarou sério e em um movimento rápido se levantou do cama, ele começou a vestir sua camisa rapidamente.

— O que houve? – perguntei assustada.

— Eu já entendi o que você quer dizer, tem razão, nós nunca daríamos certo, afinal, você é uma mulher rica, famosa e elegante, mas e eu? Sou apenas um traficante largado no mundo, eu não sirvo pra você. – Daniel disse com rancor.

— Eu não quis dizer nesse sentido, você está equivocado. – falei o encarando séria.

— Pare de mentir pra mim, o que você quer comigo afinal? A patricinha quer um pouco de liberdade? Você só me quer para que a faça se sentir viva, não é? Eu só sirvo para te fazer esquecer o seu mundinho fútil. – ele disse se aproximando de mim. – mas eu não sou mais o seu brinquedo, arranje outro para esse papel, é uma tarefa fácil, caras como eu existem aos montes por aí. – seus olhos frios me encaravam.

— Eu não preciso de brinquedos. – falei me levantando da cama e me afastando dele, agora eu quem estava magoada.

— É, realmente você deve procurar algo sério dessa vez, o príncipe Paulo está a sua espera em um cavalo branco. – Daniele me disse irônico.

— O que você quer dizer? – perguntei.

— Ah, seja sincera, você sempre gostou do Guerra, desde criança, eu sempre fui o seu prêmio de consolação. – Daniel encarava o chão.

— E você nunca esqueceu a Medsen. – falei com raiva.

— Tem razão. – ele disse sarcástico e me encarando.

— É, eu nunca gostei de você mesmo, só é atração. – falei empinando o nariz.

— Eu digo o mesmo, vá embora daqui e não volte nunca mais. – Daniel disse apontando para a porta.

Vesti o meu vestido rapidamente e coloquei minha sandália, peguei a bolsa e antes de ir embora olhei para trás.

— Foi bom brincar com você. – falei tentando não chorar.

— Adeus, brinquedinho. – Daniel respondeu e sua voz estava tão falha e nervosa quanto a minha.

Assim que eu sai do apartamento eu desmoronei, lágrimas grossas molhavam minhas bochechas, Daniel jamais seria apenas um brinquedinho para mim.