Capítulo 1 - Domingo

Levantei e espreguicei-me. Olhei o relógio. Onze e meia da manhã. Bufei, levantei desanimada e fechei as cortinas, impedindo a passagem do sol. Odiava a luz.
Era domingo, dia de não fazer nada no aposento dos Greys rockers, minha banda. Fui até o banheiro e troquei de roupa, preto e vermelho predominavam no que eu vestia, maquiagem com delineador, lápis preto. Eu estava pronta.
Então passeei pelo corredor abrindo o quarto ao lado. Deparei-me com a mesma cena de sempre. Marco dormia de bruços, com os braços esticados esparramados por cima do travesseiro e uma marca de baba seca no queixo.
Louis estava na outra cama, com a cabeça quase caindo, já que o seu torso estava por cima do travesseiro. O ventilador zumbia girando no quarto. Fui até eles e os chacoalhei:
- Hey-hey! Sacudi-os. Acorda, são onze e meia.
Ordenei, o mesmo tom autoritário de sempre, não era fácil ser a única garota da banda, tinha que ser dura para ser respeitada.
- Uhm... Fala sério!
Marco resmungou enquanto jogava o travesseiro em cima da cabeça, se escondendo.
- É sério, caramba, sai daí.
Insisti. Não se mexeram. Respirei fundo procurando a paciência, depois fiz o que tinha de ser feito, fui até a janela e abri as cortinas.
- Arrgghhh!!! Eu odeio o sol!
Louis agonizou na cama.
- Todos odiamos, agora saiam daí.
Repeti. Saí do quarto deles entrei no de Bill, nosso amigo e baterista. Bill dormia com o rosto todo coberto pelo lençol.
Descobri rapidamente. Ele teimou e cobriu de novo o rosto.
- Não!
Fez birra, como uma criança de sete anos.
- Sim, não vou aparecer aqui de novo.
Decretei.
Fui até a cozinha, fritei ovos para dividirmos e coloquei leite numa tigela de cereal.
Seguiram-se cinco minutos até chegarem pelo corredor e sentarem na mesa para tomar café da manhã. Marco jogou-se na cadeira e esfregou a ponta dos cabelos loiros que saiam por baixo de sua touca de estimação.
- Aii, to morrendo de fome. Tem o que aí Maria?
Indagou-me.
- Não muita coisa, alguém vai ter que ir ao mercado amanhã.
Sinalizei.
- É a vez do Bill.
Louis apontou para Bill ao seu lado, saindo-se da responsabilidade.
- Tudo bem, Bill, faça a lista e compre amanhã. Ou também vai ficar com fome.
Falei num ato.
- Ta bom...
Bill bufou impaciente enquanto procurava migalhas de um biscoito que estava no final.
Cada um se levantou para fazer seu café da manhã e como revezamento, era a vez de Louis lavar a louça.
Não acontecia nada de mais ás tardes. Ás vezes íamos á lavanderia, ensaiávamos ou em domingos livres, íamos ao boliche, ou ao cinema. Aquela tarde não foi diferente das que resolvemos passar em casa, ensaiamos, jogamos jogos, assistimos televisão. E como um ritual que acontecia aos domingos, pedimos pizza.
Não parecia que nada fora do comum aconteceria no início daquela semana.