P.O.V. Daniel.

Sara e eu estávamos bem, até aparecer um médico lá na minha casa e a mãe da Sara estava de visita.

—Doutor? O que está fazendo aqui?

—Eu soube da explosão e agora acho que sei o porque.

—Do que está falando?

—Ela estava tão feliz quando saiu do hospital. Mas, imagino que descobriu sobre a sua amiga. Não sabia que alguém teria coragem de se suicidar com um filho na barriga.

—Um filho na barriga?!

—Espere, Emily estava grávida? Não ela ficou estéril.

—Bem, eu fiz o exame de sangue e ela estava grávida. O sangue era dela. Eu sei, eu tirei.

—Ela não mentiu sobre estar grávida?

—Não. Dezessete semanas.

P.O.V. Sara.

Senti a mão da minha mãe na minha cara.

—Como pôde fazer isso?! Sabe pelo o que eu passei, pelo o que nós passamos!

—Os bombeiros não encontraram o corpo.

—Talvez não houvesse corpo para encontrar. Você não me dirija mais a palavra. Destruiu uma família, fez a mulher grávida se matar!

—Ela não morreu.

Disse a minha mãe jogando um calhamaço de fotos.

—É a Emily. E ela está mesmo grávida.

—Isso não muda nada! Você cresceu sem pai, tive que trabalhar em três empregos para te sustentar! Por causa de um pai descabeçado e uma vagabunda destruidora de famílias!

—A senhora não está curiosa por saber porque essa mulher faria isso? Explodiria a casa?

—Uai, a mulher foi largada, por um homem descabeçado que foi correr atrás dum rabo de saia!

P.O.V. Emily.

Eu consegui. Eu fiz, os Grayson's pagarem, perdoei-os e agora vou começar uma nova vida. Os Grayson mataram Amanda Clark. Duas vezes.

Agora estou vivendo com os Wolfbloods numa comunidade e é claro que tem o vampiro. Estou de volta ao meu mundo.

Meu pai disse que era muito perigoso, que praticar era ruim. Me negou qualquer contato com meu verdadeiro eu. Minha mãe era Wolfblood e meu pai era um bruxo. Se ele tivesse praticado, talvez isso não tivesse acontecido.

P.O.V. Daniel.

Eu consegui rastreá-la, mas não era no lugar onde eu esperava encontrá-la. Se ela fosse uma golpista o que estaria fazendo no meio do pântano?

—Olá. Posso ajudar?

—Você sabe quem é ela?

—Oh, ela. Você tem um bom olho. A garota tem um dom natural. Ela é uma líder nata. Para uma mãe solteira que teve o pai incriminado e assassinado por uma família de ricaços, foi parar no reformatório... ela está indo bem. Ainda não acredito que o pai lhe negou isso. Negar a ela qualquer contato com quem ela era de verdade, uma parte de si. Mas, é compreensível. Os humanos tem caçado Wolfbloods desde sempre.

—Wolfbloods?

—To vendo que é novato. É a sua primeira vez?

—É.

—Não acredite nas besteiras que lê na internet menino. Nada de ossos quebrando, o lobo é uma parte de você. A mudança não dói, você só vai ficar mais sensível. Muito mais. Por isso a gente vem pro pântano. Por isso e os caçadores. Fazendeiros burros. Eles veem um lobo e metem bala.

Um lobo?

P.O.V. Emily.

A lua cheia está chegando, mas como estou grávida... não posso me transformar. Então, voltei pra casa e tomei banho.

Arrumei o cabelo e quando desci, sabia que tinha alguém na casa.

—Elias? Rebeca?

Mandei uma mensagem para Rebeca, peguei uma faca por precaução. Olhei em volta e não tinha ninguém. Então, decidi sair.

Olhar em volta. E adivinha? Um bando de bruxos extremistas.

P.O.V. Daniel.

Ouvi o barulho, mas nada me preparou para o que eu encontrei. Eu a vi passar correndo e estava sendo perseguida. Então começou a matar, os homens estavam armados, com bestas, espingardas. E Emily quebrou os pescoços deles com as mãos. Bateu no cara com a besta até ele ficar inconsciente.

Então, ficou agachada como um bicho e quando vi os olhos dela... eram olhos de lobo com certeza. Brilhantes, amarelos. Outro homem veio, mas antes que eu pudesse fazer alguma coisa. A mulher apareceu e track. Quebrou o pescoço do cara num giro de trezentos e sessenta graus.

—Tenho que dizer que estou impressionada.

—Como me achou?

—Sua mensagem me trouxe até a metade do caminho, a audição de vampiro fez o resto. Quem são eles?

—Eu não sei. Mas, com certeza são bruxos.

—Tem mais vindo ai. Corre!

Era impressionante como aquela Emily enorme de grávida conseguia correr tão rápido.

—Se eu ganhasse um dólar por cada bagunça na qual a minha família já me meteu.

A mulher tomou uma flechada. E depois outra bem no meio do peito.

—Rebeca!

Então, Emily foi atingida. E caiu no chão.

Os caçadores iam matar ela, mas um lobo os estraçalhou. Não demorou muito e ela levantou.

—O que... o que diabos?

Ela estava atordoada. Apoiou-se na árvore e começou a fazer o caminho de volta.

—Respira fundo Emily.

Disse a si mesma.

—Emily?

—Agora estou tendo alucinações. E dentre todas as pessoas com quem eu poderia ter alucinações, tinha que ser o filho da puta do Daniel Grayson? Literalmente uma puta. Ela estava tendo um caso com meu pai, ia ser minha madrasta e no dia seguinte... Boom. Um avião explodido, meu pai na cadeia e a principal testemunha... senhoras e senhores era ela Victória Grayson. A mulher que estava na cama com o meu pai na hora que o avião explodiu. Deus tem que existir porque aquela mulher é o diabo.

Ela continuou caminhando e continuou falando. Falou sobre como passou anos no reformatório, como foi treinada para se vingar da minha família, seus planos, os efeitos colaterais. As provas que passou anos coletando, evidências que os advogados da Grayson Global fizeram sumir.

—E o que te fez mudar de ideia?

—Quando você me deixou estéril, seu desgraçado... quando matou o nosso bebê, eu percebi que não ia sacrificar a minha vida e a minha linhagem por gentinha que nem você. Ai eu sacrifiquei o seu irmão bastardo num altar de fogo lá no cemitério e trouxe de volta o meu filho e a minha capacidade de conceber. Uma vida, por uma vida. Um primogênito por um primogênito. Mas, o que eu não contava era que ia me apaixonar pelo filho legítimo, mimado e descabeçado da mulher que matou a minha família.

Apaixonar? Ela realmente sentia algo por mim?

—E você realmente sente algo por mim?

—Sim. Chocante. Eu sei.

Ela andava tropeçando nas coisas. Nos galhos, nos troncos.

Quando chegou foi rapidamente acudida por um homem.

—Emily. O que houve? Me diga o que aconteceu?

—Eu não sei. Eu... não consigo me lembrar.

Ele a examinou.

—Está completamente curada.

—Uma das vantagens de se ser uma WolfBlood lembra?

—Não. Não tão rápido.

—Deixa ela em paz.

Era a mulher da floresta. Mas, ela tinha tomado uma flechada no coração!

—Você tem sangue de vampiro. O sangue do Elias. O seu próprio filho curou você.

—Parece que as injeções estão funcionando. Bom. Isso vai fazer a criança ser mais forte. E ela vai precisar de toda a força que puder.

—Como você escapou? Estava em menor número, desarmada e há rumores de caçadores.

—Eu acho que foi o lobo. Acho que está tentando me proteger.

—As bruxas deveriam proteger você! Elas são o seu povo!

—E eu sou uma híbrida!

—Quando eu colocar as minhas mãos em Sophie Carter...

—Não foi a Sophie. Foi a Agnes.

—Tanto faz. Eu matei um monte delas.

—Ei!

—Certo.

—Então, posso ir pra casa agora? Eu realmente gostaria de dormir por alguns dias.

Ela se levantou e quase caiu.

—Eu peguei você amor. Peguei você.

O cara teve que carregá-la e os dois. O homem e a mulher sumiram num borrão.