P.O.V. Daniel.

Eu quero uma explicação razoável para toda essa loucura. Wolfbloods, vampiros, bruxas. Essas coisas não são reais.

Fui até a casa de praia onde Emily estava morando, ouvi o chuveiro, então o chuveiro foi desligado, o secador de cabelo e então ela desceu as escadas enorme de grávida, usando um pijama curto cinza, com uns desenhos. O decote V que mostrava os seus seios que haviam aumentado de tamanho já que estava lactando e um short curto demais para o meu gosto.

—Então, você vai sair dai o vou ter que ir te buscar Grayson Boy?

Ela sentou no sofá e olhou diretamente para onde eu estava. Cara, está o maior breu. Ela não pode estar me vendo.

—Estou te vendo Daniel. Então, porque você não faz meia volta e volta pro colinho da mamãe Frankeinstain?

—Mamãe Frankeinstain? Você quebrou o pescoço de um cara com as próprias mãos, matou meu meio irmão, destruiu minha família e minha mãe é o monstro?

—Eu entendo o que está passando agora. Sua mente está tentando processar o improcessável. Algo que pensou ser impossível. Irreal. Bruxas, vampiros, Wolfbloods. Passou a vida toda acreditando em ciência e lógica e de repente, tromba na magia. Ops.

Gente, eu não estou vendo nada.

—Posso acender a luz?

—Não. É lua cheia. E estou grávida e cheia de hormônios super-potentes, uma sobrecarga sensorial pode fazer eu me transformar e perder a criança. Mas, eu vou facilitar pra você.

Ouvi um estalar de dedos e logo vi sei lá quantas velas se acenderam duma vez só.

—Melhor?

Engoli em seco.

—Como você fez isso?

—Magia. Tudo ao nosso redor é feito de moléculas e quando as moléculas se movem depressa demais isso gera fogo. Ciência com magia, magia com ciência.

Falou como se fosse algo cansativo para ela. Tedioso.

—Você acha que eu sou o monstro porque tenho magia e me transformo numa loba? Vem cá. Quero mostrar uma coisa. Vem Daniel! Deixa de ser cagão. Se eu quisesse te matar, te mataria e você não teria chance.

Me aproximei e me sentei no sofá. Vi as mãos dela se aproximando.

—O que está fazendo?

—Você tem que ver. É ver para crer, certo? Vou te mostrar uma memória minha. Não vai doer, eu prometo.

Como eu estava extremamente perdido deixei ela mostrar. Senti quando minha mente foi invadida, vi os carros de polícia em frente a casa na praia, vi David Clark sendo preso, ouvi os gritos da garotinha, a vi ser arrastada pela polícia enquanto berrava e vi pelos olhos dela a minha mãe. Vi minha mãe na cama com David Clark, meu pai descobrindo que era traído.

Então, parou.

—Foi como começou. Ainda acha que eu sou um monstro? Você atirou em mim Daniel! Á queima roupa, o estrago que causou no meu corpo matou nosso... meu filho. E os médicos me deixaram estéril. Á mando da sua mãe. Quer ver isso também?

—Quero.

Eu vi a minha mãe subornando o médico para deixar Emily estéril durante a cirurgia. Ela deu uma maço de notas de cem na mão do Doutor Carlton.

—Ele ligou as minhas trompas! Eu matei o primogênito da sua mãe? Matei. Mataria de novo se fosse necessário? Com certeza. Minhas linhagens foram caçadas até quase a extinção. Quer deixar uma bruxa pistola da vida? Mexa com as descendentes dela. Eu estava cansada, não queria mais nada daquilo. Mas, depois que a Mama Grayson me tirou a habilidade de dar continuidade á minha linhagem... Oh, ai eu queria o sangue dela. E tive o sangue dela. É uma pena. Patrick era um cara legal, se a sua mãe não tivesse feito o que fez, ele ainda estaria vivo. A sua mãe tem uma longa e extensa ficha criminal que pela quantia certa foi mantida escondida.

Ela se levantou com certa dificuldade e jogou um calhamaço de papéis encima da mesa. Era uma pilha enorme.

—Tai. Todos os crimes de Victória Grayson. Falso testemunho, ameaças de todos os tipos á funcionários da empresa, suborno e até homicídio! E se acha que isso é ruim, é porque você não viu a do seu pai. Tem o triplo do tamanho dessa ai.

—Eu não acredito.

—Leva pra casa então. Leia. Queima, não me importa só vá embora e deixa a minha família em paz. Volte para os braços da sua amante e esqueça o que viu. Nunca aconteceu. Os Grayson são bons nisso. Nunca aconteceu.

Voltei pra casa com os papéis, levei-os até o escritório e comecei a ler. E era coisa viu? O dia nasceu e eu não consegui dormir, então chamei um amigo de confiança que era advogado e pedi para ele analisar os documentos e tudo o que tinha lá.

—Uau!

—Isso ai é mesmo... real? Vale como prova?

—E como! Eu sabia que a sua mãe era meio pirada, mas... Uau! Isso chega a ser compulsivo, vicioso. Daniel eu vou entregar isso á polícia.

—O que?

—Qual é Danny?! Eu sei que ela é a sua mãe e você a ama, mas... ai tem provas de que ela ajudou a incriminar e matar um homem inocente, extorsão, coação, chantagem, falsas acusações e testemunhos que ela deu contra mais de uma pessoa e homicídio. Doloso! Talvez, seja mais seguro ela ficar presa ou internada. E se ela matar mais alguém?

Eu sabia que ele estava certo. Algumas das coisas descritas e até fotografadas lá me davam náuseas.

—Ei Peter?

—O que?

—Se eu te dissesse que a pessoa que me deu isso está carregando o meu filho. O que você faria?

—Uau! Nada. E o que tem a ver a... A mãe quer te afastar da criança. É. Olha, se eu fosse mãe e estivesse no lugar dela... sinto muito cara, mas eu faria a mesma coisa. Talvez ela só queira proteger a criança e se proteger. Todos que já tentaram dar algum tipo de testemunho ou depoimento simplesmente sumiram. E eu não acho que vão voltar.

Faz sentido.

—Você não vai entregar isso á polícia. Eu vou. Para melhor ou para pior... eu sou um Grayson.

—Eu sinto muito cara.

Peter e eu éramos amigos de infância. E nós dois seguimos o legado da família.

Fui até a delegacia, mas eu não podia simplesmente entregar isso na mão deles. Ou tudo ia sumir. Então contratei um detetive do meu próprio bolso, um que era muito bom e não trabalhava para os meus pais e...

—Meu Deus! O que é isso?!