P.O.V. Daniel.

Quanto mais eu procuro, mais eu acho. Quanto mais eu cavo, mais sai. É como se fosse um poço. Só que ao invés de sair petróleo, o que sai é sangue.

Espalhe cadáveres daqui até o fim do mundo e não vai dar o tanto de pessoas que foram incriminadas, sumiram ou foram assassinadas.

Catei tudo aquilo e voltei para a Califórnia. Sara e eu já tínhamos terminado mesmo.

Mas, quando eu cheguei á casa de praia havia uma mulher e dois caras, mas nada da Emily.

—Onde está Emily?

—É o que estamos tentando descobrir.

P.O.V. Emily.

Acordei na traseira duma caminhonete. Minhas mãos estavam amarradas com um daqueles lacres chatos de plástico. Tentei ver o motorista, mas não o reconheci. Então, comecei a chutar a janela e quando o vidro trincou... o carro parou.

O vidro foi arrancado e eu chutei a pessoa.

—Sério?!

—Aiden?

Ele amarrou os meus pés.

—Você não quer lutar comigo Emily. Sabe que não pode ganhar de um híbrido!

Sim, Aiden havia sido transformado num híbrido meio-vampiro, meio Wolfblood contra sua vontade.

—Ai! Me deixe ir, seu mestiço traiçoeiro pedaço de me..

—Cala a boca!

Ele me jogou sob o ombro e tentei chutar e gritar, mas não funcionou.

P.O.V. Daniel.

Meu Deus! Um mapa e velas e sangue.

—Como isso ajuda?

—Humanos são tão burros. Ela está tentando fazer um feitiço localizador. Sabrina é a melhor localizadora do bairro, se precisa achar alguém, garanto que ela é a sua garota. Vamos lá meu bem.

—Tá.

—Pode encontrá-la?

—Posso tentar.

A bruxa começou a falar aquelas palavras doidas, as chamas das velas nas alturas e o sangue se movendo.

—É. É isso ai.

—Acredito que não consiga ser mais precisa?

—Não. Mas, há rumores de acampamentos de Wolfbloods no pântano. Se a Emily foi tão longe, acho que ela foi lá atrás deles.

—Eu sei onde ela foi. Mais ou menos. Estava escuro, mas eu sei que o acampamento existe.

Então, fomos atrás dela.

—Ela deve ter ido em direção á sul seguindo á água.

—Você parece mesmo determinado á encontrar a pequena loba.

—Se estou me movendo depressa demais,Marius, é muito bem vindo á esperar no carro. Tenha certeza de deixar uma janela aberta.

—Oh, parece que eu atingi um nervo! Você começou a admirar esta garota, talvez seja por isso que começou a latir ordens desde o seu retorno. Esperando impressionar Emily assumindo o papel de patriarca da família.

—Se insiste em tratá-la como uma incubadora ambulante, então o erro é seu.

—Ei! Olha, odeio interromper, mas... Emily está sumida. Está grávida, sozinha, neste maldito pântano. Ela é a razão de estarmos aqui. Certo? Oh, e só pra constar... esse filho é meu!

Então, um deles parou.

—O que? Encontrou o rastro dela?

—Não. Mas, encontrei o de outra pessoa.

Ele encontrou um carro. Um utilitário azul, horrível.

—Este veículo, fede á alguém de quem eu pensei que havia me livrado... á muito tempo. Aiden Methis.

—O agente da... ele não é agente da firma de segurança é?

—Ele era amigo de Emily. Eles foram treinados pelo mesmo mentor. Satoshi Takeda. Mas, o que em nome de Deus, o seu ajudante híbrido iria querer com Emily?

—Híbrido?

—É. Ele quer vingança porque eu fui atrás da garota dele!

—Emily. Mas, eu suspeito que essa tenha sido a menor das suas ofensas?

—Quando eu tinha os meios para gerar híbridos, ele foi a minha primeira cria. Embora não tenha tido muita escolha em se tratando disso.

Enquanto ele falava, subiu na caminhonete e começou a sentir o cheiro das coisas.

—Ele leal no princípio, mas ficou insubordinado. Virou todos os meus híbridos contra mim. E eu não podia aceitar aquilo. Então eu massacrei um monte deles. Todos eles. Aiden fugiu antes que eu pudesse acabar com ele.

Ele falava como se não fosse nada demais.

—Algo a mais que gostaria de acrescentar?

—E houve esta coisa com o pai dele.

—Então, você assassinou o pai dele. Maravilhoso.

—Ele precisava aprender uma lição!

—E que lição você vai aprender, Marius se ele retaliar ferindo Emily ou a criança?

—Estamos perdendo tempo! Ele já pode ter... bom, vocês sabem.

P.O.V. Emily.

Eu sabia o que tinha que fazer. Tinha que manter a calma, enrolar o Aiden e procurar um jeito de escapar. E eu conhecia a fraqueza dele.

—Aiden, tem um lobo me vigiando ultimamente. Me protegendo como se instintivamente soubesse que sou parte da sua alcateia. Você é um híbrido, consegue se transformar sempre que quiser e com mais facilidade que um Wolfblood comum. Era você?

—Não. Mas, está certa. Os híbridos tem auto-controle superior, e não são influenciados de forma alguma pela lua cheia. E eu sou o último que sobrou além do Marius. E é por isso que estamos aqui.

—O que quer que tenha feito, você deve saber que toda aquela família de vampiros Originais fez algum tipo de pacto ou sei lá o que para manter a mim e ao bebê seguros. Se me ferir. Eles te matam.

—O que te faz pensar que eu tenho medo de morrer? Marius destruiu tudo o que tinha sobrado de bom na minha vida, então vou tirar dele a coisa que ele mais quer.

—Aiden. Aiden não! Não!

Ele me enfiou uma agulha na barriga, tirou o meu sangue. Injetou no amigo dele Derek e quebrou-lhe o pescoço.

—Não me olhe com essa cara. Derek sabia no que estava se metendo. Ele se voluntariou.

—Para você matá-lo?

—Derek Hale é um lobisomem de uma linhagem poderosa que morreu com o seu sangue no sistema dele. O mesmo sangue que você compartilha com o seu bebê híbrido/experiência do Marius.

—Está tentando transformá-lo num híbrido! Isso é impossível!

—É? Estou correndo com matilhas de Wolfbloods por este país todo. Um deles tinha uma bruxa que tinha visões em forma de pesadelo sobre esse seu bebê e como o Marius poderia usá-lo para gerar mais de mim e fazer um exército de híbridos escravos.

—Estou de saco cheio das bruxas inventando premonições sobre o meu bebê! É só um bebê.

—Talvez. Talvez não. E é ai que entra o Derek, ele estava feliz em ser a cobaia. Se não notou essa sua gente não tem muito pelo o que viver. Todos eles dão boas vindas á chance de se tornar a espécie superior! O problema é... que todos os híbridos estão ligados ao Marius, seguem cada movimento seu. Nem fodendo que eu vou deixar isso acontecer.

Ele pegou uma faca.

—Como pode ter tanta certeza de que o Marius sabe o que o sangue do bebê pode fazer?

—Qual é? Você era a melhor aluna do Takeda. Marius Corvinos, o híbrido assassino de homens, mulheres e filhotinhos do nada quer ajudar alguém? Ou... ele tem segundas intenções. Híbridos podem sair ao sol, sua mordida é absolutamente letal para vampiros. Eles vão tomar o que quer que ele queira até o fim da semana. E sabe o que vai parar o Marius depois disso? Nada.

E por Deus funcionou.

—Funcionou não é? Ele é um híbrido.

—Se o Marius pegar você. Se ele pegar esse moleque... ele vence.

—Então me ajude a esconder o bebê dele. Me ajude a fugir. O bebê não tem culpa. E nem eu.

—Está certa. Vocês são dano colateral.

Consegui me soltar já a algum tempo e quando ele veio pra cima de mim o híbrido se meteu no caminho.

Merda! Eu vou matar o Marius!