Revenge

Uma família complicada


P.O.V. Daniel.

Ela abriu a porta e estava usando um pijama de flanela com um roupão felpudo. E quando me viu olhou com aquela cara.

—Menino, você não tem mais o que fazer não?

Então, vi que ela segurava uma mamadeira.

—Você tem um bebê?

—Tenho e não tenho.

Ouvi o choro.

—Só entra logo antes que ele comece a chorar mais alto.

Ela passou a mamadeira embaixo da torneira, pegou o bebê no colo e começou a dar de mamar.

—Se importa em explicar?

—Esse é o meu sobrinho Carl. Desde que a minha irmã morreu, sou a guardiã legal dele. Eu e o Jack. Vai me dizer o seu nome?

A casa era pequena comparada á minha e haviam livros de medicina nas prateleiras, junto com best-sellers de romance, terror e ficção. Também haviam os clássicos. Drácula, O Fantasma da Ópera, Frankeinstain, O Médico e o Monstro.

Brinquedos coloridos espalhados pela casa.

—Daniel Grayson.

—Ai não! Algum parentesco com a... granfina que deu a festa ontem?

Eu ri.

—Não... ela é só a minha mãe.

—Filho da puta!

Falou mais para ela mesma do que pra mim.

—Ops. Acho que não dá pra retirar o comentário sobre a festa.

—Mas, você tinha razão. A festa parecia mesmo um velório.

O bebê voltou a chorar e ela fez uma cara...

—O que?

—Por mais que eu goste muito de imaginar o grande Daniel Grayson trocando fraldas sujas... tenho certeza de que vou fazer isso sozinha.

Ela subiu para trocar a fralda da criança e aproveitei para olhar em volta.

O que não faltava eram velas. Velas para todos os lados. E ervas.

Ervas colocadas em frascos cuidadosamente etiquetados com o nome comum e o nome científico.

—Cuidado com essa ai. Essa é erva do diabo, se não for diluída e misturada com as ervas certas... morte instantânea.

—Gosta de ervas?

—É meio que uma... coisa de família. Todo mundo aprende botânica na minha família.

—E quanto aos seus pais?

—Meu pai foi preso por explodir um avião e morreu na cadeia. E minha mãe... ela tinha essa doença mental, degenerativa, progressiva ai ela morreu.

—E como conhece o Nolan Ross?

—Conheço ele desde antes dele ficar rico. Meu pai tinha muito dinheiro, ele era empresário ai deu cinco minutos nele e boom! Literalmente boom.

Caramba!

—E você não tem...

—Não. Fui ao médico e graças á Deus o gene loucura me pulou.

Ela não era como as outras. Era diferente. Tinha alguma coisa na cabeça além de vestidos, sapatos e eventos beneficentes.

Emily colocou o bebê para dormir.

—Sei que você deve estar acostumado com caviar, mas quer pedir uma pizza e assistir um filme?

—Claro.

Escolhemos o sabor e ela pediu pelo telefone. Pagou o entregador e nós assistimos um filme chamado O Pacto.

—Você gosta de bruxas?

—Eu gosto de ficção, mas se quer mesmo saber o termo bruxa significa mulher sábia. Mas, ai veio a Igreja, os fanáticos e deu no que deu. Primeiro, elas eram respeitadas, depois temidas e caçadas e agora são motivo de chacota. Chapéus pontudos, caldeirões, gatos pretos e vassouras.

Ela falou meio ressentida.

—Quer dizer que se sente mal pelas bruxas?

—Algo assim. Mas, e quanto a você? O que se há para saber sobre Daniel Grayson?

—Acho que você sabe.

—Sei? E o que eu sei? Não tenho tempo para ficar lendo revistas de fofoca ou colunas sociais. Vou á faculdade de manhã, trabalho no bar á tarde e cuido do Carl de vez em sempre. É. Eu totalmente não pertenço ao seu mundo.

Haviam vários penduricalhos pendendo do teto da casa. Do lado de fora havia um daqueles sinos, do lado de dentro enfeites de buda, fadas, uma pequena fonte de bambu.

—E aparentemente eu não pertenço ao seu.