P.O.V. Charlotte.

Eu conheço o meu irmão e sei que ele está com a cabeça na lua o que não é muito do fetio dele.

—Vai me dizer o que está acontecendo ou vou ter que adivinhar?

—Você vai dar a sua festa da piscina este final de semana não vai?

—É. Porque?

—Se importa se eu convidar alguém?

Então meu palpite tava certo.

—Tem uma garota envolvida não é?

—Sim. Mas, ela não é como as outras. É diferente.

—E ela tem um nome?

—Emily Thorne.

O que?! A garota que sobreviveu milagrosamente ao incêndio?

—A garota do fogo?

—Sim.

—Talvez.

Não, eu tenho que conhecer essa garota. Ela é nossa vizinha.

Bati na casa dela, mas não tinha ninguém lá. Então, lembrei que ela trabalhava no bar.

—Oi. Precisa de ajuda?

—Você é a Emily Thorne?

—Sou. Posso ajudar?

—Eu sou Charlotte Grayson.

Ela me olhou com uma cara.

—Deixa eu ver se eu adivinho. Está aqui para falar todas as qualidades do seu irmão.

—Na verdade, estou aqui para te convidar para uma festa.

De novo a mesma cara.

—Olha, não se ofenda, mas a última festa que eu fui na sua casa... se qualificava mais como um velório.

—Uau! Mas, está certa.

Não, sério as festas beneficentes são um pé no saco.

—Essa vai ser uma festa na piscina.

—Piscina? Com... água. Ahm, não.

—Qual é o problema com a água?

—Nenhum. Mas, aposto que vão haver várias pessoas lá e a piscina com a água. Desculpe não dá.

—Ah, vamos vai ser legal. Por favor.

—Quando é?

—Esse final de semana. Começa ás duas.

—Não faço promessas.

—Vou colocar você na lista então.

—Tudo bem.

Disse voltando a servir as mesas do bar. E quando chegou o final de semana, o povo chegou. Mas, nada da Emily aparecer.

—Acho que ela não... Oh, olha lá.

P.O.V. Emily.

Tudo bem Emily. Nada de ruim vai acontecer. Vai dar tudo certo.

Eu estava de biquíni azul, mas a saída de praia branca que parecia um roupão cobria a minha marca.

—Emily! Você veio.

—É. Eu vim. Contrariando todos os meus instintos, eu vim.

Charlotte me arrastou pela festa me apresentando para suas amigas descabeçadas que me olhavam com seu ar de superioridade, coitadas.

—Ei Vince!

—Fala gata?

—A garotinha quer entrar.

Eu não percebi que a patricinha estava se referindo a mim até sentir o cara me agarrar.

—Não! Não!

Empurrei-o, chutei e gritei, mas senti quando ele me atirou na água. Senti o meu corpo afundar, podia ver o povo do lado de fora, na superfície. E a memória voltou na minha cabeça.

Flashback On.

Amanda e eu estamos nadando no mar e a mamãe está com a gente, mas de repente ela nos puxa pra baixo. Não consigo respirar! Vou me afogar! Então... escuridão.

Flahsback Off.

Consegui nadar e me agarrar na beirada da piscina. Fiz um esforço descomunal para conseguir sair.

P.O.V. Charlotte.

Emily está sentada no chão, abraçando as pernas e cantando. Bem, bem baixinho. Ela quase nem se mexe. As mãos estão tremendo.

—Your in my head... always, always.

Eu chamo, chamo, mas ela simplesmente não responde. Ela saiu da água num desespero, com as mãos tremendo, parecia que não conseguia respirar, tossindo e cuspindo água.

Tive que dar um chacoalhão nela para que reagisse.

—Emily!

—Charlotte. Oi Charlotte.

—O que aconteceu? Você está bem?

Ela se levantou e o olhar dela era de pura cólera.

—Ei! Ei mauricinho!

—Ah, qual foi gata...

—Quando eu digo não... é... Não!

O Vince voou longe. E ela o conteve, meteu o pé na garganta dele.

—Me ouviu agora, querido?Não faça isso comigo de novo. Não se sabe o que é bom pra você.

Então ela o largou e saiu. Correndo.

P.O.V. Emily.

Fui correndo para casa, tranquei todas as portas, todas as janelas e liguei o rádio Three Days Grace- Animal I Have Become no último volume. Então eu deixei o balão explodir. Gritei e lancei rajadas de magia, vento de bruxa, destruí a minha casa. Derrubei as estantes. Quebrei os pratos, copos.

Acho que os mortais chamariam isso de surto. Vou descobrir quem é esse tal de Vince e ele vai me pagar. Subi as escadas, peguei uma muda de roupas, toalha, liguei o chuveiro e entrei embaixo.

P.O.V. Charlotte.

Apesar da música da festa dava para ver as luzes da casa da Emily piscando como se estivessem dando curto.

—Eu acho que tem alguma coisa acontecendo lá.

—Viu o jeito que ela ficou quando saiu da piscina?

—Viu como o que ela fez com o Vince? Tadinho.

—Eu vou lá ver o que aconteceu.

Bati na porta, mas ninguém atendeu então eu entrei e...

—Meu Deus! Emily! Emily!

A casa tava destruída. Até os armários estavam quebrados. Desliguei o rádio e ouvi o chuveiro no andar de cima e o choro.

Subi as escadas.

—Emily?

Ouvi o chuveiro ser desligado, o secador de cabelo. Bati a porta, mas não tive resposta então eu entrei.

—Emily? Você está bem?

—Você sabe como é se afogar, Charlotte?

Perguntou lentamente enquanto penteava o cabelo.

—A água entrando pelas suas narinas, queimando-as, entrando nos seus pulmões. Quanto mais você se debate, mais você se afunda. O pânico e a adrenalina nas suas veias e então... querendo ou não... a escuridão te leva. Essa é a sensação.

—Você se afogou?

—Nós quase morremos. Nossa mãe tinha uma doença neurológica degenerativa, ela tinha apagões, não sabia o que fazia até ter feito. Estávamos nadando, eu, minha mãe e minha irmã no mar e ai a nossa mãe tentou nos afogar.

—Eu... não sabia. Sinto muito.

—Tudo bem. Não importa mais.

—Emily, o que aconteceu lá embaixo? A casa tá destruída.

—Está? Eu estava tão... perdida na minha cabeça que...

Quando descemos ela viu aquela zona.

—Meu Deus! O que diabos aconteceu aqui?

—Eu vou chamar a polícia.

—Não. Não faça isso.

—Porque não?

Ela respirou fundo.

—Eu tenho um ex namorado. Ele era violento e é um perseguidor. Aidan Methis. Se eu soubesse o que ele era, nunca teria me envolvido com ele. Acho que foi ele que atacou a Amanda e consequentemente a matou e quase matou meu sobrinho não nascido. Charlotte ele é maluco. Pensa que eu sou uma bruxa, pensava que a Amanda também era. É um membro de um culto, uma seita. Se o Aidan sabe que estou aqui... Jack e Carl estão em perigo, tudo e todos ao meu redor agora são alvos. Você tem que se afastar Charlotte, tem que ficar longe. Por favor, diga ao Daniel e ao Nolan para fazerem o mesmo.

—Emily, se esse cara está te perseguindo você tem que ir a polícia.

—Não posso Charlotte. Aidan e a seita dele... você não faz ideia da extensão disso, da profundidade. Aidan tem amigos... em todos os lugares até nos Hamptons. Contatos na polícia, bombeiros. Acho que foi assim que ele descobriu que estou aqui. Quando salvei o Nolan do incêndio. Por favor, Charlotte... tem que prometer, tem que jurar que vai ficar longe de mim e fora disso.

—Emily...

—Apenas jure.

—Eu juro.

P.O.V. Emily.

As melhores mentiras contém partes da verdade. Sim, Aidan Methis era meu namorado, sim ele é membro de uma seita chamada Cavaleiros de São Cristóvão e sim ele é um caçador de bruxas. A única parte que eu alterei foi o fato de que... sou uma bruxa de verdade.

Agora que ele sabe que estou aqui... não vai parar até me matar. E vai tentar matar o Carl também.

P.O.V. Charlotte.

Que coisa horrível.

—O que houve Charlotte?

—A mãe dela tentou afogá-la quando era criança.

—Quem?

—Emily. A mãe tinha uma doença mental e quase matou ela e a irmã afogadas.

—Nossa! Que horrível.

—E quer saber qual é a pior parte? Essa não é a pior parte. Emily tem um ex-namorado perseguidor que pensa que ela é uma bruxa. Ele assassinou a irmã dela e quase que ela perdeu a criança.

—Bom, então ela deveria procurar as autoridades.

—Ela diz que não. Que esse tal Aidan Methis é parte de uma seita que está em todos os lugares.

—Parece teoria da conspiração.

—Talvez.

Eu sabia que só havia uma pessoa que talvez tivesse a resposta pra isso. Então, Daniel e eu fomos atrás desta pessoa.