Revenge

Eu quero a mamãe de volta


P.O.V. Daniel.

Como fui burro. Emily Thorne é tão forte, tão bonita, tão cheia de luz.

Comprei um vestido pra ela, um Gucci que pensei que ela fosse gostar. Mas, aparentemente não. Quando viu o pacote na porta, abriu, leu o cartão e o jogou dentro do pacote e largou tudo lá. Bateu a porta.

Então eu comprei um colar Bvlgary, uma joia de dez milhões de dólares. Um colar de safiras 65 quilates. A empregada saiu correndo.

—Tira essa coisa da minha frente ou eu vou fazer o Daniel engolir essa porcaria!

Porcaria? A Porcaria me custou dez milhões de dólares!

P.O.V. Emily.

Ai como ele é sem noção. E coitadinha da empregada. Desci as escadas correndo para tentar encontrar a moça e pedir desculpas. E eu a encontrei.

—Senhora.

—Por favor, eu não sou casada e mesmo se eu fosse pode só me chamar de Emily. Olha, eu sinto muito. Eu fui uma vaca com você e você só estava... seguindo ordens.

Só faltou o queixo da empregada cair.

—Você está bem?

—Estou. Apenas... é a primeira vez que uma patroa minha já me pediu desculpas.

—Não sou sua patroa. Não pago seu salário.

—Porque rejeitar um presente como aquele?

P.O.V. Daniel.

Estava a caminho da cozinha quando ouvi a voz da Emily, então eu me escondi e fiquei quieto.

—Não sou sua patroa. Não pago seu salário.

—Porque rejeitar um presente como aquele?

Perguntou a empregada.

—Daniel Grayson é um garoto descabeçado que pensa que eu sou uma garota descabeçada. Ele provavelmente pensa que eu sou uma vagabunda ou uma prostituta. Eu estou apavorada.

—Porque?

—Porque eu nem ao menos sei como é ter uma mãe, pior ainda como ser uma. E por mais engraçado que seja imaginar o filhinho de papai Daniel Grayson trocando fraldas sujas... eu tenho quase certeza de que vou fazer isso sozinha. Com essa gente é tudo... dinheiro, poder, vingança, joias. Eu não quero o dinheiro do Daniel. Ele pode pegar o dinheiro jogar na privada e dar a descarga. Sim, admito o dinheiro trás conforto, mas vem fácil vai fácil.

—Nossa! Tenho que dizer se me permite a ousadia se.. Emily que você não se veste como as minhas outras patroas.

—Eu sei, certo? Eu uso jeans e camiseta! E ando descalça. Meu Deus! Alguém chame a polícia!

A empregada deu risada. Então, ouvi o barulho de choro de bebê.

—O dever chama.

Ela passou que nem me viu. Subiu as escadas correndo e entrou no quarto de Hope.

—Ei garotinha, o que foi? Oh, é a fralda suja.

Emily tirou a parte de baixo do macacão do bebê, depois a fralda.

—Misericórdia. Isso é mais potente do que qualquer arma química já inventada.

Lavou o bumbum e a periquita da nossa filha e colocou outra fralda.

—Emily!

—Ai que susto Charlotte! Quase que o meu coração para.

—Preciso da sua ajuda.

—Botou fogo em alguma coisa de novo?

—Não é para a festa!

—Festa? Que festa?

—A festa de apresentação da Hope!

—Mas, ela tem seis meses não quinze anos!

—Eu sei. Mas, ela é uma Grayson.

—E o que eu faço? Eu não sei dar essas festas chiques.

—Pode aprender.

—Tá.

P.O.V. Emily.

Estou escolhendo cores de guardanapos, que são exatamente iguais!

—Marfim ou pérola?

—Pérola.

—Agora as toalhas. Azul Royal ou Fuxia?

—Não dá pra ser rosa?

—Rosa. Tem razão!

Tinha tanto nome que eu comecei a simplesmente apontar. Esse ou aquele.

—E quanto ao sabor do bolo?

—Bolo? Mas, isso não é casamento e nem aniversário ou batizado.

Escolhi um de morango com creme de baunilha. E uns doces de limão.

—Nossa! Isso é uma delícia. É um milagre que essas madames não são todas gordinhas.

—Não é milagre não. São horas e horas de academia.

—Academia. Eu tinha uma academia também, chamava emprego. Se essas madame pegasse num rodo, num esfregão e tivesse que esfregar qualquer coisa. Lavar louça, limpar banheiro ai eu queria ver a academia.

Charlotte deu risada.

P.O.V. Charlotte.

Nossa, eu adoro a Emily.

—Contratei uma pianista, uma harpista.

—Então demita. Espera, não é uma má ideia. Essa gente entojada vai adorar apontar o dedo para você. E a minha filha e até o Daniel, mas eu quero um plano B.

—Plano B?

—Contrata a tal pianista, harpista e tal, mas me arruma um rádio.

—Rádio?

—Eu quero umas músicas mais animadas, dançantes. Eu vou pedir para o Jack as caixas de som emprestado, ou talvez para o Nolan. Ele é que manja dessas coisas de tecnologia.

—Nós contratamos um DJ então.

—Não. Não, ele vai botar a música muito alto. O livro de bebês dizia que a audição dos bebês é muito sensível e considerando que a Hope é uma bruxa... extra-sensível.

—O DJ é profissional, Emily. Ele sabe como colocar o som.

—Tudo bem. Mas, se algo explodir por causa de uma crise de choro... não diga que eu não avisei.

Ashley ficava anotando tudo aquilo e eu sabia que ela tinha inveja de mim.

P.O.V. Ashley.

Eu não faço ideia do que ele viu nela. Uma garçonete, sem classe, sem dinheiro, sem nada. Bom, ela tinha classe sim. Sabia se portar num evento de gala, etiqueta não era problema, mas ela era tão... sem sal.

—Por favor, confira a lista de convidados.

Ela olhou, olhou e então falou.

—Faltam o Jack, o Declan e o Carl Porter.

—Tem razão. Eu esqueci completamente. Pode colocá-los na lista?

—Sim. Claro.

P.O.V. Daniel.

Como a mulherada tava toda entretida com o planejamento da festa, decidi procurar ajuda. Vim ao bar Stoaway que havia sido reformado. O caçador de bruxas Isaac doou uma bela duma grana para ajudar a reconstruir o lugar.

—Posso ajudar?

—Na verdade, pode. Como eu ganho a Emily de volta?

—Você não ganha.

—Ah, qual é eu tentei tudo. Roupas, joias...

—Tudo, menos o óbvio. Dá um tempo, espera a poeira baixar e ai conversa com ela e conversar implica em ouvir e não só falar. A Emily não é do tipo de mulher que se compra. Ela é do tipo que você fica casado até que a morte os separe e quando separar, prometo que vai doer e você vai querer ir para o túmulo com ela. Como a Amanda, Emily tem conteúdo, ela quer alguém que a entenda, que esteja lá pra ela quando precisar. Um companheiro. E se você tentou comprá-la... cara, agora que ela vai ficar pistola da vida com a sua pessoa.

Me sentei no balcão e fiquei conversando com Jack Porter, o barmen.

—Me lembro de quando pedi a Amanda em casamento. Com o anel da minha vó. E apesar de tudo, eu sabia que ela tinha um diabo dum passado, mas quem não tem? E ela disse sim. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Todos eles passei ao lado dela. Nos casamos no barco que nomeei em homenagem a ela. Olha, eu não sei nada sobre a vida dos ricos, as festas chiques, mas eu sei de uma coisa. Quando você encontra uma mulher como Amanda ou a Emily, uma mulher com o coração do tamanho do mundo, um sorriso que pode acabar com guerras... você tem que ser muito burro pra deixá-la partir.

Ele estava certo. Quem diria? Um barmen, num estabelecimento tão... bem não tão chique.

—Um sorriso para acabar com uma guerra. Então, agora você vê o rosto dela em todos os lugares, ouve a voz dela nos seus sonhos e sente o fantasma persistente do toque dela só para acordar numa cama vazia. Se sente responsável, talvez se fosse mais inteligente, se soubesse o que sabe agora poderia fazer alguma coisa, ter feito diferente.

—Odeio te dizer isso, Grayson, mas você é responsável pelo o que aconteceu. Com a Emily pelo menos.

—Eu sei.

E adivinha quem vem, dançando, rebolando e desfilando bar a dentro.

—Oi Jack. Daniel. Eu trouxe convites!

O menininho ouviu a voz dela e veio correndo.

—Mamãe!

—Oi querido. Eu senti tanto a sua falta.

Ela o pegou no colo, o abraçou, encheu-o de beijos. E as observações do pequeno Porter não passaram desapercebidas.

—Você está mais peituda.

—Carl!

—Ela está.

—Está certo. Estou. Porque eu tive outro bebê. Estou lactando, produzindo leite por isso estou assim.

—Como uma vaca?

—Carl!

—É. Como uma vaca.

Emily só ria.

—Você vai amar mais o seu outro bebê do que eu.

—É claro que não. Isso é bobagem querido. O amor é a força mais poderosa do mundo, ele conquista tudo e o mais importante... o amor é infinito...

—Ao dobro.

—É isso ai. E vocês vão á festa de sei lá o que da Hope.

Ela entregou os convites nas mãos deles.

—Vejo vocês lá. Tchau. Tchau amor, pode ir me visitar sempre que quiser.