P.O.V. Charlotte.

A Emily me ajuda a controlar os meus poderes, me ensina feitiços novos, me encoraja. Mesmo quando as coisas dão errado.

—Muito bem Charlotte. Está ficando melhor a cada dia.

Mas, eu sei que tem algo errado entre ela e o Danny.

—Emily, o que aconteceu entre você e o Danny?

—O Danny, me traiu.

—Eu não acredito.

—Não estou falando de infidelidade Charlotte. Mas, bem que eu queria estar. Ele me atraiu para a floresta a noite e me deu de bandeja para os caçadores. Eu fui enterrada viva! Consegui sair do caixão, só para ser sequestrada e quase queimada viva! O caçador colocou uma faca no pescoço do seu irmão. E que Deus me perdoe, porque eu larguei os dois lá. Eu deveria saber para não confiar num Grayson! Essa família destrói tudo, tudo o que toca.

—Ele fez o que?

Não conseguia acreditar.

—Não acredito.

—Eles são podres Charlotte. Até o talo. É por isso que eu não quero ver o seu irmão nem pintado de ouro. Oh, e na noite anterior ao ocorrido.. nós fizemos amor. É. Foi doloroso.

Então o Danny apareceu.

—Emily.

Ela olhou para ele encolerizada. Estava chorando.

—Você. Eu te deixei entrar. Eu não deixo as pessoas entrarem. E você sabia disso. Aposto que sabia. Eu amei você mais do que imagina e você tirou isso de mim. Pensei que me amasse, que fosse meu único e verdadeiro amor e você arrancou o meu coração. Eu precisava de você e você me quebrou. Bem, você é um Grayson afinal.

Emily voltou para casa e saiu batendo a porta.

—Me diz que não é verdade. Por favor Danny.

—Se arrependimento matasse...

—Meu Deus Daniel! Ela foi enterrada viva!

P.O.V. Emily.

Estou atrasada. Não quero que saia positivo. Realmente não quero. Ontem eu estaria pulando de felicidade, mas... agora? Eu nunca culparia o meu filho ou filha pelo o que o Daniel fez, mas um filho une as pessoas de um jeito que nada mais faz.

Quando o resultado saiu, eu desabei num choro compulsivo. O que vou fazer agora?

—Bem, sei o que vou fazer. Vou esconder o bebê dele. Vou fugir. Vou embora dos Hamptons e nunca mais vou voltar.

No dia seguinte era hora de dizer adeus.

—Então, o que vamos aprender hoje?

—Charlotte eu vou embora.

—O que?!

—Preciso partir. Não posso ficar.

—Isso é por causa do Danny? Você disse a regra número um das bruxas. O sangue acima de tudo.

—Eu sei. E é por isso que preciso partir. Tudo o que os Grayson trazem para sua vida vira veneno. Victória, Daniel, eu e até você. Ela vai virar tóxica também. Não vou deixar isso acontecer. Minha querida irmã, me dói ter de deixá-la. Venha comigo. Podemos construir uma nova vida juntas. Longe de tudo isso.

—Danny também é meu irmão.

—Eu sei. E isso torna tudo ainda mais difícil e doloroso. Deveria estar acostumada com a dor. Nem sei porque ainda me surpreendo. Vou achar outra bruxa para te treinar e manterei contato. Hoje, vou te ensinar a sifar.

P.O.V. Charlotte.

Ela me explicou que sifar era usar outros seres sobrenaturais que não bruxas como fonte de poder, como se eles fossem baterias.

Uma lobisomem veio para nos ajudar.

—Você pode até sifar de outras bruxas, mas é em caso de perigo extremo. Caso a outra bruxa tenha pirado e começado a matar pessoas desenfreadamente. Precisa da permissão dos ancestrais para fazer isso.

Eu tinha experimentado a conexão com os ancestrais. É forte e poderoso, ás vezes são como vozes na cabeça.

—E quanto ao Jack e o Carl?

—O Declan não contou? Depois do massacre no bar... eles vão se mudar. Vão embora comigo. O Declan está profundamente traumatizado, não consegue chegar perto do Stoaway sem ter um ataque de pânico. Enfim, você sempre será bem vinda na minha casa. E sempre te amarei o dobro do infinito.

Eu sabia que a Emily estava escondendo alguma coisa. Podia sentir.

Quando cheguei na casa dela á noite, ela estava empacotando as coisas. E acho que não percebeu que eu estava lá. Ouvi-a falar, recitar uma poesia.

—And it grew both day and night, till it bore an apple bright and my foe beheld it shine and he Knew that it was mine.

And into my garden stole where the night had veiled the pole in the morning glad I see. My foe outstretched beneath the tree.

Rapidamente traduzi o poema.

E cresceu tanto dia e noite, até dar uma maçã brilhante e meu inimigo contemplou seu brilho e ele sabia que era minha. E de meu jardim roubou, onde a noite tinha velado o polo, feliz que pela manhã eu vejo. Meu inimigo estirado sob a árvore.

Eu conhecia aquele poema de algum lugar. Então voltei pra casa e pesquisei os primeiros versos na internet. E quando achei o poema e li o título eu fiquei tipo... Oh, meu Deus!

—Fruto da árvore venenosa. Mas, que literatura.

Disse meu... irmão.

—Oh, Meu Deus! Danny, você e a Emily... ficaram juntos?

—Você realmente quer saber?

—Só responda sim ou não.

—Sim. E?

Meu cérebro tava fritando.

—E daí Charlotte? Ela é sua irmã, não minha.

—O fruto da árvore venenosa. Ai Meu Deus! De certa forma ela está certa. Quer dizer, nossa mãe e o papai incriminaram o meu pai biológico, o traíram, acobertaram tudo plantando uma bomba num avião que matou um monte de gente. Eu sou uma filha ilegítima e tem o Patrick.

—Do que está falando Charlotte?

—Emily tá grávida.

—O que? Ela disse isso?

—Não. Mas, eu ouvi ela recitando esse poema e hoje ela disse que tudo e todos que os Grayson trazem para suas vidas vira veneno e por isso ela tinha que ir embora.

—Não acha que está tirando conclusões precipitadas?

—Eu posso sentir Danny! É loucura, é além da insanidade, mas eu posso sentir o bebê.

—Bem, isso é algo que eu não sabia.

—Você.

—Quem é esse cara?

—O caçador de bruxas.

—Você o trouxe aqui?! Idiota!

—Olha, eu não quero causar danos. Não mais.

—Sério? E você acha que a gente é idiota de cair nessa?

—É verdade. Eu estava indo para as trevas. Perdi minha esposa, meu filho. Perdi tudo.

Ele tava falando mesmo sério.

—Uau! Antes tarde do que nunca.

—Não vai acreditar nele, vai?

—O meu instinto de bruxa não tá apitando.

P.O.V. Emily.

Charlotte, estou tão orgulhosa de você. É mesmo minha irmã.

Coloquei as caixas dentro do carro e fui embora. Quando eles chegaram na marina, o barco já estava longe. Felizmente, eu não estava nele.

P.O.V. Isaac.

Fruto da árvore venenosa. E se essa for a criança da profecia.

—E se essa for...

—Eu não acredito nessas porcarias de profecias! Ninguém nasce mal.

—Se uma bruxa pode sentir a outra, se você pode sentir a presença de Emily... o inverso também não é verdadeiro?

Então... a mestiça fez uma cara...

—Ela sabia que eu tava escutando. Sabia que eu tava lá. Ela armou isso. Duvido até que esteja neste barco. Acho que ela fez... por sua causa.

Disse ela olhando pra mim.

—Por minha causa?

—Acaba de sugerir que o bebê da Emily é o Satanás. E ela não sabe que você não é mais um fanático maluco assassino. O sangue acima de tudo. É a regra de ouro das bruxas. Ela foi embora pra proteger o bebê, do seu culto estúpido! E o fato do Danny ter entregado ela de bandeja foi um fator á mais. Ela confiava em você e você a traiu. Como a mamãe e o papai traíram o pai dela. Nosso pai. Será que algum dia isso vai parar? Algum dia vai acabar? Acho que não.

P.O.V. Daniel.

Essa decisão me tomou a oportunidade de ser pai, de ter uma família com a mulher que eu amo. Fiz com a Sara e agora eu fiz com a Emily.

—Talvez eu seja um destruidor. Destruí o meu relacionamento com a Emily, minha oportunidade de ser pai, de ter uma família e a felicidade da minha irmã também.

—E eu massacrei meu próprio povo com a minha fé cega. Mandei explodirem a mansão onde vocês moram para matar Emily. Mandei os meus Cavaleiros fazerem o ataque ao bar, eu planejei, orquestrei tudo.

—E você destruiu a família dela também. Tirou do meu filho a única mãe que lhe restava.

Então, o garoto.. Declan falou.

—É isso. É isso! Emily é a destruidora. Mas, não acho que ela é do mau. Olhem em volta. Ela destruiu a sua inabalável fé que matou centenas de milhares de pessoas. Destruiu a ilusão, a imagem perfeita da família Grayson, mostrou pra todo mundo quem o papai e mamãe Grayson eram de verdade. Eles foram presos por um crime terrível. Ensinou a Charlotte quem ela era de verdade. A controlar a magia.

Declan não deixa de ter razão.

P.O.V. Emily.

Ter que dirigir durante horas se torna suportável com uma boa playlist de rock. Audioslave, Linkin Park, etc. Mas, então começou a tocar aquela maldita música.

Gavin James, Always. Não conseguia desligar o rádio ou pular a música. Eu tive que chorar uma catarata.

Parei para dormir em um hotel.