P.O.V. Emily.

Já estou explodindo de grávida. Nem acredito que já se passaram nove meses.

Estive me escondendo, do Daniel, dos caçadores e até da Charlotte. Agora estou numa cabana e tenho um aliado. Mason. Duvido que esse seja seu nome de verdade, mas ele é leal ás bruxas embora não seja um.

Estamos numa cabana no meio do nada.

—Obrigado.

—Precisa de mais comida?

—Não. Se eu comer mais um grão de arroz eu vou explodir. Mas, estava muito boa.

Tentei dormir, o Mason estava perto do fogo quando eu sinto. Uma pontada.

—O que foi?

—Oh Meu Deus!

—O que?

—Acho que ela está vindo!

Eu berrei.

P.O.V. Isaac.

Isso foi definitivamente um grito.

—De onde veio?

—De lá. Vamos.

Nós chegamos na cabana de madeira, no meio da floresta e ela não estava sozinha. Havia um homem lá com ela.

—Rápido!

—Estou indo.

—Tá doendo!

Ele estava fervendo água.

—Mason, estão aqui.

—Eu posso ver a cabeça do bebê.

—Cala a boca e mata eles!

—O bebê primeiro. Agora empurra!

Durante o nascimento da criança as coisas começaram a flutuar. E foram atiradas em nossa direção.

—Não deixa o bebê me matar!

—Respira fundo e empurra Emily.

—Me dá a mão.

Quando a criança nasceu foi uma explosão de magia.

—Bem, meus parabéns. Você tem uma bela filhinha.

O tal Mason deu o bebê para Emily e puxou um revólver. E apontou para nós.

—Olha, eu não sou mais um matador de bruxas.

—Vai dizer qualquer coisa para eu não te matar.

—Ele está dizendo a verdade.

O homem olhou pra ela.

—Não pode acreditar nessa balela!

—É verdade Mason. Agora, se me der licença eu realmente gostaria de dormir por alguns meses. É uma merda ter que fugir estando grávida.

O homem baixou a arma, mas olhou pra mim com desconfiança.

—Por favor, posso segurá-la?

—E quem é você?

—Sou Daniel Grayson. Sou o pai deste bebê.

—Muito bem, mas se tentar alguma coisa... eu estouro seus miolos.

—É justo.

Nós entramos e a lareira estava acesa, havia sopa num caldeirão, pratos, talheres, uma pia, o berço da criança cheio de pelúcias e essas coisas. A cama e um colchão do outro lado.

—Vocês estão vivendo aqui?

—Sim. Fugindo dos malditos Cavaleiros de São Cristóvão. E de você. O traidor. O sangue abençoado dos antigos feiticeiros de Asheron e o sangue amaldiçoado de Balcoin é o que as torna tão especiais, tão poderosas. E o seu povo as puniu por isso, mas eu não. Porque eu sei que presente esta criança é para este mundo. E eu nunca deixarei nada de ruim acontecer com elas.

—Espera, você disse Balcoin? Como Francis Balcoin?

—Isso.

—A linhagem Balcoin foi erradicada.

—É o que você acha? Como você é burro. Erradicada não. Escondida. Mudaram primeiro para Blackwell, depois para Blake e agora Thorne.

—A mãe da Emily era descendente de Balcoin. Ela me mostrou a árvore genealógica.

Filha de Balcoin e de Asheron.

—Emily Thorne segura um bebê em seu seio que crescerá para ser o ser mais poderoso que o mundo já viu. Um de seus soldados chamou a criança de sementinha do mal. Será que aquele homem já se olhou no espelho? Esta criança nunca causou dano a ninguém. Ele não pode dizer o mesmo.

Ele não era bruxo.

—Você é bruxo?

—Não. Mas, meu irmão é. Minha família toda é tão humana quanto eu, mas meu irmão não é. Bem, não era. Porque os Cavaleiros o mataram, eu vi. Um homem com um brasão de São Cristóvão puxou um revólver e atirou na cara do meu irmão. Ele era uma criança de cinco anos. E o homem já era um homem. Minha mãe ficou devastada e ela morreu de tristeza. Não comia, não bebia, não tomava os remédios e ai ela morreu. Meu pai ficou indignado e começou a fazer pesquisas, descobrimos sobre a Ordem, sobre a profecia, sobre as bruxas e ele fundou a Resistência. Assim, a Ordem de São Cristóvão jamais destruiria outra família. Mataria outra criança.

O soldado olhou bem na minha cara, olho no olho e apontou o revolver pra mim.

—O seu soldado olhou nos olhos do meu irmão de cinco anos. Ouviu ele chorar, implorar e então... Bang. Estávamos no parquinho, ele estava sentado no balanço. Me pergunto que tipo de Deus iria querer uma coisa daquela.

Tivemos que continuar fugindo e quanto mais eu ouvia as histórias sobre a Ordem, mais enojado e horrorizado eu ficava. Matando crianças, grávidas, bebês, famílias inteiras.

E o golpe final. O soco no estômago foi a última história que uma das bruxas contou.

—Eu vivia num orfanato, junto com outras crianças. Um orfanato de freiras. As outras crianças tinham medo de mim, as freiras tinham medo e pena de mim. Tentaram me exorcizar e o rumor se espalhou. Um dia chegou o carteiro. Mas, não era o carteiro de sempre. As vozes me avisaram do perigo. Eu pulei por uma janela, corri para a floresta e me escondi. Então eu vi o carteiro matar a freira. Cortar-lhe a garganta. Ele entrou no mosteiro, jogou gasolina em tudo, as freiras imploraram por misericórdia e ele disse:

—Não permitirás que uma bruxa viva. Ele trancou todo mundo lá dentro, as freiras as crianças, então veio a mulher, ela acendeu um fósforo e tocou fogo. E enquanto as crianças e as freiras queimavam e gritavam ela fez o sinal da cruz. Não vi arrependimento nos olhos dela, acho que a mina ficou orgulhosa. Graymark. Katherine Graymark. Ouvi o carteiro chamar ela assim.

Eu sou Isaac Graymark, filho de Lucas Graymark e irmão de Katherine Graymark.

—Acho que deveríamos voltar para os Hamptons. O seu Status e seu sobrenome vão tornar a criança praticamente intocável.

—Ele está certo. Odeio admitir, mas ele está certo.

E fizemos o caminho de volta. Emily e a criança que ainda não tinha um nome se mudaram para a mansão Grayson.

—Como vamos nomeá-la?

—Não sei.

—Amanda?

—Não.

—Clarissa?

—Não.

—Que tal... Davina? Como a bruxa da TV.

—Não. Hope. Hope Amanda Grayson.

—Gostei.

Eles registraram a criança e tudo mais.