Revenge

Revenge


Quando eu era criança, não tinha motivos para reclamar. Eu tinha um pai que me amava, minha mãe era cuidadosa, até que sumiu. E tudo era tão perfeito que nem parecia que um dia ia acontecer tudo isso que hoje em dia já está feito. Meu pai foi preso, condenado e morto. Eu não tive nenhum irmão ou irmã, nada colide com o que eu queria ter sido alguma vez na vida, essa é a minha realidade. E agora, estou voltando onde tudo isso começou, onde essas chamas começaram a incendiar tudo, até que não pudesse restar nada, de volta a South Hamptons, Ally.

Debati-me ao sair do avião, com dificuldade pelo simples fato de não prestar atenção ao passo que dava por ali, até que finalmente vi quem eu queria ver.

- Cassie!

Minha voz transpareceu a felicidade que na verdade nem estava lá, ela era só um peão que serviria para no caso de que eu estivesse necessitando. Ela mal sabia isso. Seu nome era Cassidy Spencer, ela trabalha no ninho das cobras, conhece todos os meus alvos. E também conseguiu uma casa para mim.

- Juliet, como vai com as coisas? Ficou tão linda em pouco tempo.

Agradeci com a cabeça e um sorriso amistoso, mal ela sabia que eu nem ligava para o que ela pensava ou queria de mim. Conhecemos-nos na primavera de três anos atrás, numa boate, longa historia.

- obrigada, você também, ficou mais elegante do que já era. Vou bem, consegui me formar em arte, historia e musica, eu faço trabalhos com isso, reformo a arte que merece ser mostrada.

Seu olhar ambicioso foi o que quase me deu vontade de fazer algo que eu não deveria fazer, esta era minha vida agora. Continuamos conversando até aonde podia ser ver uma casa branca na praia, com janelas enormes e cortinas que balançavam conforme o vento batia, podia se sentir o som das aves que por lá estavam, o som das ondas batendo nas rochas e a água fluindo dentre. Ela sorriu e me puxou para dentro da casa. E tudo estava como sempre esteve, a decoração, a pintura e toda a mobília, por que a mulher que lá estava morando não passava muito tempo em casa e nem fazia questão disso.

- pode arrumar suas coisas, a dona não vai mais morar aqui, ela tem um apartamento, agora eu tenho que ir. Arrumar a festa dos Miller não é tão fácil assim.

Logo veio com meus pensamentos uma oportunidade tentadora. Puxei seu braço e ela sorriu angustiada com meu olhar.

- pode me colocar nessa festa? Eu não sei se seria bom passar o resto da tarde sozinha aqui, os Miller’s devem ter a cura do tédio.

Ela riu fraco e me encarou mordendo os lábios, respirou fundo e sorriu mais uma vez.

- claro que pode Annie, é uma festa para moradores novos e antigos, você já estava convidada mesmo. Pelo menos vamos botar em pratica tudo o que você leu no meu blog “Como sobreviver no ninho das cobras”.

Disse ela rindo, confirmei e logo ela se despediu. Mas eu havia de ter que encontrar algo que não fosse vulgar e que não fosse tão Cassie. Senão eu iria passar a maior vergonha usando o mesmo vestido que alguém.

Arrumei-me e já estava quase na hora, Cassie me ligou logo que eu já estava pronta, ela veio me buscar para que fossemos juntos. Eu estava de branco, o traje teria de ser branco porque era o que estava no convite que Cassidy havia me dado.

Tantas pessoas jogando, apostando, conversando e encarando os outros como se já fosse um julgamento mental, aquilo me dava ânsia, mas era preciso. Antes de entrar eu já tinha deixado tudo pronto para que uma bomba pudesse estourar bem na cara de todos, mas esse não era meu plano.

- Juliet, você já deve saber quem são eles.

Cassie sussurou enquanto estávamos passando por uma menina de cabelos claros e que estava perto de uma mulher ou menina também, baixinha de cabelos encaracolados. Eram as irmãs De La Rosa, filhas de um dos maiores arquitetos que estavam por lá, Antonio De La Rosa.

- sim eu sei, e aquele ali.

Apontei para um moreno, dos olhos claros que logo sorriu. A isca perfeita, aquele era Elliot Miller, filho de Penny Miller, a rainha de todo o Hamptons, mas mal ela sabe o que esta por vir.

- você já sabe menina, é o filho da patroa, mas ele é muito atirado, não daria certo um romance entre vocês dois.

Ela deu uma gargalhada forçada, mas parou ao quase dar de cara com um loiro que parecia estar filmando algo, ou melhor, tudo.

- UI, esse daí é o malandro do Austin Moon, não é mesmo? O encrenqueiro?

Ela assentiu com a cabeça, mas logo foi calada por uma mulher que estava do outro lado de vidro, estava sorrindo para mim, mas logo me encarou mais ainda, pois parecia me reconhecer levemente.

Dentre as memórias, eu conseguia lembrar, lembrar de tudo o que não queria. Aquele olhar penetrante, aquele sorriso falso sempre esteve lá, eu sentia vontade de fazer algo, mas certamente não poderia.