— Porque seu motorista não veio?
— O motorista que estava conosco naquele dia não trabalha para mim desde o outono de 2005, e não sei onde ele está atualmente.
— E quanto ao piloto do seu jato particular?
— Se ele percebeu algo não falou comigo, e jamais saberemos por que. Na primavera de 2007 enquanto eu participava de uma importante reunião de negócios em Acapulco ele foi almoçar, e morreu atropelado por um motorista bêbado.
Ogura se levanta, pedindo permissão para se aproximar da mesa onde Haworth e os outros estavam. Então tira de dentro da pasta vários documentos, e vai explicando sobre cada um.
— Este é o relatório sobre a senhorita Mallor feito pela conceituada agência de detetives Watch & Warn. Ela era a filha mais jovem de fazendeiros que tem um pequeno vinhedo no vale de Napa. Desde criança parece que não gostava de sua condição social humilde. Certo dia, após tê-la observado durante algum tempo e conversado com ela um psicólogo amigo do pai dela que estava passando férias na fazenda da família disse que Elora parecia ter um distúrbio mental chamado Transtorno Delirante, acreditando estava destinada a ter uma ligação especial com divindades que lhe concederiam riqueza e poder.

Porém o casal Mallor ficou tão ofendido com aquele diagnóstico preliminar que expulsou o psicólogo, e um exame mais apurado nunca foi feito.Para a senhorita Mallor,usurpar a identidade da minha cliente e para a mansão Northwest foi a realização de um sonho,porque ela passou a ter a vida de luxo e riqueza que sempre desejou e Preston Northwest não tinha o hábito de aparecer um eventos sociais junto com a esposa e divulgar imagens na mídia. Isso reduziu drasticamente as chances da família Mallor saber que uma de suas filhas estava vivendo em Gravity Falls sob nome falso
— E também era uma líder de culto? – pergunta Haworth, lendo um parágrafo.
— Sim. Mas como ela e todos os seus seguidores morreram no desabamento do Clube Erebus, muitas perguntas permanecerão sem resposta. Esse é o exame grafológico mostrando como a minha cliente assina o seu nome e o da senhorita Mallor fazê-lo. As diferenças do modo como o nome Priscilla foi escrito são óbvias até para um leigo. Os resultados do teste de DNA provam que ela não era a mãe biológica de Pacifica Elise Northwest, e a minha cliente, sim.

Haworth e seus auxiliares examinam atentamente todo o material e por fim, ele fala:
— Senhora Northwest, em outras circunstâncias eu negaria sua de retificação de identidade e até pediria um exame de sanidade mental. Mas tendo em vista os depoimentos de várias testemunhas idôneas e as abundantes provas materiais, concedo o seu pedido. Enviarei a documentação pertinente ao Departamento de Estado para que possa ter um novo passaporte e a todas as lojas ou empresas onde a sua identidade foi indevidamente usada pela finada senhorita Mallor. E se me permite uma sugestão, vá até um grande estúdio de Hollywood. O que aconteceu com a senhora e essas pessoas que a acompanham pode tornar-se o roteiro para um grande filme!
— Pensaremos a respeito, senhor Haworth. E muito obrigada!

Enquanto andavam pelos corredores rumo à saída, Mae pergunta:
— Porque não trouxe sua filha para depor? Ela poderia ter ajudado!
— Achei melhor não fazer isso. A senhorita Mallor não gostou de descobrir que eu estava de volta para reclamar tudo que me pertencia por direito. Um dos capangas dela feriu Pacifica e por causa disso, a minha filha ficou cega.
Cega?— pergunta McGucket, abalado.
— Oh meu Deus! – exclama Lorna – Nós podemos vê-la?

Preston consegue sentir o remorso da esposa. Ela havia manipulado todas aquelas pessoas para ocultar o incrível segredo de Hipperharta. Mas ele sabia que aquilo era a coisa certa a ser feita. E ouve a resposta de Priscilla.
— Claro! Eu irei fazer um telefonema, avisando as pessoas do local onde ela está.
A chamada é feita. No estacionamento, todos entram na van prateada, alugada por McGucket para levar todos até o prédio da Comissão de Comércio. Priscilla vai no banco da frente, junto com McGucket e o motorista. Preston fica em meio aos demais, nos bancos traseiros.
Quando chegam a Hipperharta vão até a praça, onde Pacífica os esperava sentada num banco de madeira ao lado de Pinãta, usando legging e blusa rosa choque de mangas curtas, segurando um cajado de madeira. McGucket sente um aperto no coração ao ver os olhos da menina completamente brancos, sem íris. As outras pessoas do grupo sentem tristeza e pena. Preston também partilha aquelas emoções. Priscilla diz:
— Pacífica, minha querida! Estou junto com o senhor McGucket e várias outras pessoas, que me ajudaram na recuperação da minha identidade perante a Comissão de Comércio. Espere um pouco, enquanto chegamos vamos até você.

Os dois meses de treinamento intensivo haviam sido ótimos para Pacífica, tornando possível usar o radar para perceber as diferenças de altura e peso das várias pessoas vindo rumo a ela além de detalhes sutis, como a barba de McGucket. Então, pede:
— Gostaria de poder tocar os rostos de todos vocês. Enquanto faço isso, gostaria que me digam a cor de sua pele, cabelo e olhos, porque eu só me lembro da aparência de McGucket. Se quiserem, podem descrever as roupas que estão usando.
O grupo era grande: Lorna estava acompanhada pelo marido. Dione também, junto com Luther, a esposa, um menino e uma menina. Wong estava com Mae e dois filhos, o mais velho um adolescente. Quando chega a vez de McGucket, ele abraça Pacifica e começa a chorar. Ela pergunta:
— Porque está chorando, senhor McGucket?
— Porque eu não queria que nenhum mal lhe acontecesse!
— O senhor não tinha como saber que a impostora que tomou o lugar da minha verdadeira era líder de um culto sinistro, com 25 fanáticos agindo sob as ordens dela. A propósito, posso sentir que está usando um terno e uma gravata. Poderia me dizer a cor deles?
McGucket relaxa, sorri e fala. Pacífica comenta:
- Algo assim é bem diferente do seu traje habitual.
— De fato. Mas eu tinha de ir a um importante órgão do governo então, tinha de me vestir de modo apropriado.
— Concordo.
— Que tipo de culto a tal de Mallor liderava? Culto ao Diabo? – pergunta um adolescente de cabelos pretos e olhos verdes, filho de Wong.
— A imagem que vi não mostrava ninguém com chifres ou pés de bode. Mesmo assim, era bastante sinistro. Mas prefiro não comentar isso. Agora, gostaria que me falassem como ajudaram a minha mãe na Câmara de Comércio.
Um por vez, todos contam as suas histórias, atraindo muitas crianças da comunidade e fascinando Pacífica.
— Uau! Gostei muito de ouvir tudo isso! Vou contar para o Dipper, quando me encontrar com ele novamente.
— Quem é Dipper? – pergunta a neta de Lorna, uma garotinha loura de olhos verdes.
— Um garoto que conheci nas férias de verão. Ele adora coisas sobrenaturais!
— Você não acha que ele ficará com medo? – pergunta Luther.
— Não, porque ele enfrentou muitas coisas estranhas, como um monstro transmorfo e o fantasma de um lenhador que havia amaldiçoado a minha família.
Aquelas palavras despertam a curiosidade de todos, e as crianças pedem para Pacífica falar a respeito. Depois que ela termina, recebe muitos aplausos. Discretamente, Priscilla diz:
— Mestre Pinãta, o que acha de mostrar o local aos nossos visitantes? Eu preciso tratar de um assunto importante com o Venerável.
E sai junto com a filha e o marido até uma sala, onde o líder da comunidade estava examinando alguns relatórios. Faz uma reverência, ela diz:
— Como já sabe, pretendo me divorciar de Preston. Ocorre que lá no clube Erebus o meu marido confessou ser um trapaceiro, e eu não confio em pessoas desse tipo. Sabe de algum modo para evitar que ele de engane?
O líder mostra o anel de ouro de topo redondo no dedo indicador da mão direita,onde havia o Signo Antigo entalhado em jade branco.
— Esta relíquia sagrada também está impregnada com o poder de Khatanid.Quando alguém mente diante dela,o símbolo fica vermelho.Se for dita apenas a verdade,a cor é dourada.
Priscilla pergunta ao marido:
— Quanto dinheiro você ainda tem?
— Eu possuo 55 milhões de dólares. - ele responde,lembrando com tristeza que aquilo era uma ínfima parte do ele tinha,antes da derrocada financeira
Priscilla percebe que o símbolo no anel está dourado e pergunta para a filha o que ela desejava do pai.A resposta a surpreende.

— Eu quero 15 milhões para minha mãe e eu.
— O quê? –diz Priscilla – Vai permitir que seu pai fique com a maior parte do dinheiro, após as coisas terríveis que ele e aquela mulher fizeram com você?
— Vingança não leva a nada de bom, mãe. Além disso, o dinheiro que pedi será suficiente para termos uma vida bastante confortável, a menos que você almeje coisas como joias em quantidade suficiente para encher malas, ter um celular de ouro cravejado de pedras preciosas e coisas do tipo.
— Eu não sou gananciosa!
— Então, como já falei, iremos ficar muito bem.
Fechando a cara, Priscilla diz:
— Preston Northwest, você não merece um filha tão boa e magnânima quanto Pacífica! Mas se ela quer assim, eu não farei objeções.
Encarando o pai com seus olhos sem visão, Pacifica diz:
— Sei que nada o fará mais feliz do que voltar para a lista dos 400 americanos mais ricos, pai. Só espero que consiga isso apenas com trabalho honesto, sem recorrer a jogadas sórdidas por baixos dos panos.
— Eu também. – responde ele, enquanto analisava os sentimentos que provinham da esposa e da filha: a primeira estava perplexa com a escolha da filha,e tinha muita raiva por causa do bullying psicológico feito a menina durante anos por ele e Elora.Já Pacifica,que poderia tê-lo colocado na cadeia e sem dinheiro algum,guardava apenas muita mágoa e tristeza, mas nenhum ódio.Priscilla tinha razão: ele não merecia ter uma filha tão bondosa quanto aquela.

Após a van com Preston,McGucket e os demais ir embora, Pacifica pergunta:
— Alguém tirou fotos minhas?
— Sim, os filhos de Wong e os netos de Lorna fizeram isso.
— Então,fique com o meu iPhone e esteja pronta para receber telefonemas de Gravity Falls ainda hoje.
— Porque acha que alguém de lá vai querer falar com você?
— Assim que voltar para casa, a família Wong vai falar sobre o ocorrido na Câmara do Comércio, e mostrar as imagens para os amigos. Como Gravity Falls é uma cidade pequena,todo mundo estará sabendo sobre nós e o meu infortúnio antes da hora do jantar. Candy, Ava, Betty e Wendy: todas elas irão ligar para mim. E se já tiver voltado da Europa, Grenda também.

De fato, é o que acontece. Pacífica tem dificuldade em acalmar as amigas, que estavam em prantos, para poder conversar com elas.Depois,consegue convencê-las a não ligar para Mabel,dizendo que ela mesma faria isso.

17 de Novembro

Priscilla conversa com o Venerável, dizendo que pretendia sair de Hipperharta assim que o divórcio fosse concedido, mesmo porque Pacifica queria voltar a frequentar uma escola em outra cidade, onde ela tinha amigos. Pinãta se oferece para continuar junto de Pacifica durante mais algum tempo, até que o treinamento da menina estivesse concluído.

18 de Novembro

Após ter a situação normalizada perante bancos, companhias de cartão de crédito e solicitar um novo passaporte, Priscilla entra com um pedido de divórcio em uma corte de família em San Jose. Sendo uma ação judicial amigável, tudo é resolvido em pouco tempo.

19 de Dezembro

Um carro azul entra em Hipperharta, puxando um reboque para cavalos. Logo um homem desce puxando pela rédea um pônei de pelo cinza claro, cauda e crina brancas. As crianças logo estão ao redor e Pacifica, com a mãe ao lado, explica:
— Este pônei é meu. O nome dele é Lunar. Como eu não posso mais praticar equitação, vou dá-lo a vocês. Por favor, cuidem bem dele.
— Pode ter certeza de que nós faremos isso, senhorita Northwest. – diz o Venerável.
E enquanto o pônei é conduzido a uma estrebaria que havia sido feita para ele em meio ao alvoroço das crianças, Pacifica e a mãe entram no mosteiro junto com Pinãta e o Venerável, que vai até um quarto. Quando ele abre a porta, Priscilla vê dezenas de cajados. Alguns eram feitos apenas de madeira. Outros tinham o cabo com materiais diversos: âmbar, osso, coral, marfim ou bronze.
— Escolha um desses cajados para você. – diz o Venerável a Pacifica.
A menina começa a tocar o cabo de cada um. Percebe que haviam sido esculpidos com figuras variadas: tigres, dragões, águias. Para ao sentir uma sensação ao mesmo forte e agradável em um deles e diz:
— Quero ficar com esse.
Priscilla percebe que o cajado em madeira de pessegueiro tinha sete nós,e a ponta em seu topo esférico feito de bronze era do tamanho de uma bola de tênis.Cinzelado no bronze,havia um círculo com inscrições em chinês.
— Uma boa escolha. – diz o Venerável – Que ele a auxilie, sempre que precisar. A propósito, pedirei a um artesão da comunidade para por uma alça de seda nesse cajado.
Naquele dia, Pacífica e a mãe saem de Hipperharta. Em Melville, Priscilla opta por uma viagem ferroviária até San Francisco, mas antes da partida vai até um banco e faz uma doação de 500 mil dólares a comunidade.

20 de Dezembro

Após o jantar, Mabel e Dipper costumavam ir para seus quartos para resolver tarefas da escola. Mas naquele dia ocorre algo diferente: quando começam a subir as escadas, eles ouvem o locutor citar entre as principais notícias o divórcio entre Preston e Priscilla Northwest. Curiosos, os dois irmãos voltam e sentam no sofá junto com os pais.
A primeira surpresa é ver uma loura peituda ao lado de Preston sendo apresentada como a ex-esposa dele. Mas quando as câmeras mostram Pacifica com óculos de ciclista rosa pastel e segurando uma bengala de cego, Mabel desmaia.

Acorda um minuto depois, com o irmão passando-lhe um vidro com sais de cheiro sob o nariz e os pais aflitos ao lado. Mas quando lhe perguntam se já estava se sentindo melhor, ao invés de responder ela se levanta com um salto e sobe as escadas. Chegando ao quarto, liga para o celular de sua amada, com o irmão e os pais observando-a da porta.
Pazzy! O que foi que houve com você? – pergunta a menina, quase gritando.
— Eu sabia que iria me ligar assim que visse a reportagem sobre o divórcio dos meus pais na TV, Mabel.
Como você ficou cega? E quando aconteceu isso?
— Há três meses.
Três meses? E porque não me avisou antes?
— Queria me preparar melhor, antes de encontra-la outra vez. Agora, vou dizer algo que irá fazê-la feliz: eu e minha mãe vamos nos mudar para Piedmont. Assim que a nova casa estiver pronta, ligarei para você.
Mabel grita de alegria e começa a saltitar, dizendo para os pais e o irmão:
Pazzy vai morar na nossa cidade! Na nossa cidade!
Dipper pede:
— Mabel, diga a Pacifica que eu quero falar com ela.
— O meu irmão deseja falar com você.
Com o iPhone da irmã em mãos ele pergunta:
— Mas que tipo de acidente aconteceu com você? Quem era aquela loura peituda ao lado de seu pai? E o que houve com a sua mãe?
— A loura é a minha verdadeira mãe. A mulher que você e sua irmã conheceram em Gravity Falls era uma impostora que roubou a identidade dela, doze anos atrás. Explicarei tudo a vocês pessoalmente, assim que me mudar. Seja paciente.
— Eu serei. Mas saiba que tenho muitas perguntas a fazer.
— Sim, esse é o seu estilo, Dipper. Mas juro que irei esclarecer tudo.
— Está bem, Pacifica. – diz ele, devolvendo o smartfone a irmã. Em seguida ele sai do quarto, e junto com os pais ouve Mabel tagarelando com Pacifica. Eles fecham a porta.

22 de Dezembro

Começa o recesso de Natal nas escolas de Piedmont. Mabel carregava o smartfone o tempo todo, para poder atender assim que Pacífica ligasse. Ás 3 horas e 45 minutos da tarde, o ansiado telefonema enfim chega. A menina anota o endereço e entrega aos pais. Depois vai se vestir. Escolhe um suéter abóbora com a silhueta de um gato preto, minissaia verde lima, meias brancas e sapatos marrons. Dipper opta por uma calça terracota, blusa amarela com mangas compridas e sapatos marrons. Waddles e Alice (a gata de estimação de Mabel) ficam em casa, para evitar bagunça ao se encontrarem com Goldie.
O novo lar de Pacifica era uma pequena e bonita casa em estilo mediterrâneo, verde claro com algumas partes brancas. O casal Pines e seus filhos ficam surpresos quando a porta se abre eles veem um homem idoso calvo, com três pares de pequenos círculos azuis tatuados na cabeça e um longo bigode que se unia as costeletas, usando um traje de monge shaolin. Ele olha para os gêmeos e comenta:
— Vocês devem ser Dipper e Mabel! Pacifica me falou muitas coisas boas sobre vocês dois! Fico feliz em conhecê-los, assim como a seus pais! A propósito, meu nome é Pinãta.
Todos entram com Goldie cheirando-os indo até a sala onde Pacifica e Priscilla estavam sentadas num sofá creme. Priscilla usava um vestido marrom dourado com um estreito de decote em V e sapatos marfim. Pacífica estava com minissaia púrpura e camisa rosa choque de mangas curtas com decote em U e sapatos brancos. Mabel não consegue evitar sentir angústia, por saber que sua amada não podia mais vê-la. Anda devagar como se pisasse em ovos. Quando para diante de Pacífica, Priscilla diz:
— Mabel está na sua frente.
Pacifica se levanta e é abraçada pela amada, que começa a chorar. A reação de Pacifica é retribuir o abraço e afagar os cabelos de Mabel, enquanto Priscilla apenas observa. Quando percebe que Greg (o pai de Mabel) vai falar algo, Pinãta intervém:
— Permitam que a sua filha libere a dor que está sentindo.
Quando Mabel para, Priscilla entrega a filha um lenço de bolso lavanda com o qual Pacifica enxuga as lágrimas no rosto da amada, dizendo:
— Fico feliz em tê-la outra vez junto de mim!
— A minha felicidade seria maior, se você também pudesse me ver.
— Eu também gostaria disso, Mabel. Agora me diga como estão indo as coisas por aqui, para você e Dipper?
— Não muito bem, lamento dizer. Nós falamos das aventuras que tivemos em Gravity Falls durante o verão, e os nossos colegas de escola caçoaram de nós!
— É, dizendo de somos mentirosos, malucos ou as duas coisas ao mesmo tempo! –acrescenta Dipper.
— Espero ajudar quanto a isso.
— Como? – pergunta Dipper.
— Vocês saberão, quando chegar o momento.
Kevin e a esposa Ashley estavam espantados com a juventude de Priscilla.
— Já lhe disseram que você parece jovem demais para ser a mãe dela? – pergunta Ashley.
— Sim, e creio que sempre ouvirei isso. A propósito, tenho algo para mostrar a vocês dois e seus filhos.
Em uma mesa baixa diante do sofá, Priscilla retira um CD de um estojo transparente e põe num aparelho ligado a TV de 42 polegadas, dizendo:
— Esse vídeo foi gravado pela assistente do advogado que contratei para recuperar a minha identidade, na Câmara Federal de Comércio em Melville. Creio que irão considera-lo muito... Interessante!
Quando terminam de ver tudo, o casal Pines está perplexo. Então, Pacifica diz:
— Agora, eu vou contar sobre uma aventura quando Dipper enfrentou o poderoso fantasma de um lenhador que havia amaldiçoado a família Northwest...

Após o relato, Kevin comenta:
— Nós também pensamos que as histórias do Dipper e da Mabel sobre terem encontrado gnomos, fadas e outras coisas semelhantes eram apenas fruto da imaginação deles, mas após ver isso... Nem sei o que dizer! -
— E nem eu! – acrescenta Ashley.
— Por favor, nos perdoem por termos duvidado de vocês! – pede Kevin
— É claro que nós perdoamos! – respondem os gêmeos, abraçando os pais.
— Agora, senhor e senhora Pines. - diz Pacifica - Gostaria de tocar seus rostos enquanto faço isso, peço me digam a cor de seu cabelo e dos olhos.
O casal concorda e após Pacifica terminar, ambos estavam com lágrimas nos olhos.
— Esse som... Porque estão chorando? – pergunta Pacífica.
— Nos desculpe. – diz Ashley – Eu e meu marido não estamos tristes. Apenas muito emocionados!
— Eu entendo. Agora que nos conhecemos melhor, querem ver a casa?
Todos se levantam e Priscilla vai mostrando os cômodos do local, que tinha no chão revestido de carvalho branco, marcas para ajudar a filha a se orientar melhor. A grande surpresa para o casal Pines e seus filhos ocorre quando veem um quarto com o piso coberto por tatames bege, com um saco de areia de lona preta pendendo do teto, um estranho boneco cilíndrico da altura de um homem com hastes de madeira em vários lugares e dois bastões de madeira em suportes na parede.
— Isso parece uma sala de treino para artes marciais! – fala Dipper.
— Porque é isso mesmo! É nesse local que o mestre Pinãta me dá aulas de kung fu estilo Wing Chun e de hanbojutsu.
— Todo mundo já ouviu falar de kung fu. Mas o que é hanbojutsu? – pergunta Kevin.
— Luta com bastões de madeira curtos, com 90 centímetros de comprimento. – responde Pinãta.
— Gostariam de ver uma demonstração? – pergunta Priscilla.
— Sim, nós queremos ver! – responde Mabel.
Pacifica entrega o cajado á mãe, tira os sapatos e pega um dos bastões, enquanto Pinãta fica com o outro. Durante dois minutos eles se movimentam pelo local, com os bastões se chocando. O casal Pines e seus filhos ficam atônitos ao ver um homem que devia ter 60 anos (talvez mais!) e uma menina cega de 12 serem capazes de se movimentar com tanta agilidade e rapidez! Quando Pacifica e Pinãta param, eles aplaudem.
— Comecei a aprender artes marciais porque isso foi de grande ajuda para mim, após ter ficado cega. – explica Pacifica.
— Se não for muito incômodo, pode nos dizer como aconteceu? – pergunta Dipper.
— A senhorita Mallor era líder de um culto maligno e não gostou quando retornei para reclamar tudo que me pertencia por direito. Eu e minha filha fomos raptadas e maltratadas. Pacífica teve o azar de ficar nas mãos de um capanga muito... Ansioso para agradar a sua líder. – responde Priscilla olhando para a filha, que tira os óculos por alguns momentos.
— Oh meu Deus! – exclama Ashley, estarrecida.

Kevin e Dipper ficam boquiabertos. Mabel,com lágrimas no rosto abraça Pacífica, dizendo:
— Oh, Pazzy! Os seus olhos eram tão lindos... Pareciam duas turquesas!
— Sim, eu me lembro. Agora mãe, mostre ao casal Pines os relatórios da Watch & Warn para eles lerem, enquanto eu levo Dipper e Mabel até o meu quarto para conversarmos.
O cômodo tinha piso de carvalho branco, com uma cama, armário embutido de três portas e um equipamento de som numa pequena estante com duas fileiras de CDs, e lugares com estátuas de action figures. Pacífica pede a Mabel para fechar a porta e depois, todos se sentam na beirada da cama, onde ela diz:
— Agora, eu vou contar algo que seus pais não podem saber.
Então Pacífica descreve as terríveis dores causadas pelos feitiços de Mallor. O monstro em que a havia atacado, a estranha batalha no laboratório subterrâneo, e o fim dela própria.
— Além de torturada, você foi envenenada, e depois morreu?— pergunta Mabel, com lágrimas nos olhos.
— Mas como agora está aqui, falando conosco? – pergunta Dipper.
— O mestre Pinãta e os monges do mosteiro em Hipperharta adoram um deus chamado Khatanid, cujo poder trouxe eu e minha mãe de volta a vida.
— Isso é impossível!— diz ele.
— Você está enganado, Dipper. E creio que o melhor modo de explicar seja descrevendo o que ocorreu comigo, enquanto eu estava na fronteira entre o mundo dos vivos e o dos mortos.