Retorno para Camelot

Capítulo 3 - Chegada ao lar


O velho relembrou da senhora Hunith e como ela era uma jovem senhora esbelta e alta. Uma camponesa de aparência frágil, mas era uma mulher forte que tinha lutado muito para defender seu único filho dos olhares curioso e maldoso dos moradores da vila onde sempre viveu.

Desde pequeno Merlin demonstrava ser um menino especial sempre que estava com medo ou muito feliz ele conseguia mover coisas com simples olhar. Essas ações foram aumentando na medida em que o jovem crescia e as pessoas do vilarejo começaram a ficar com medo do menino e com isso ele foi se isolando cada vez mais sua mãe fazia de tudo para que o jovem não se sentisse excluído onde morava.

E o destino foi quem cuidou para que fosse Hunith que se encontra Merlin caído na entrada do vilarejo.

Merlin tentou levantar quando avistou a mãe, mas estava tão fraco que acabou caindo e desmaiando.

— Por favor, me ajudem... é o Merlin...me ajudem por favor.

Com o pedido de socorro de Hunith vários moradores da vila ajudaram a carregar o jovem rapaz até a casa.

Dentro da casa onde nasceu e cresceu, Merlin era cuidado por sua mãe que primeiramente cuidou dos ferimentos em seus pés. Merlin estava tão cansado que não sentiu quando sua mãe tentou colocar um pouco de leite em sua boca tentando alimentá-lo. O jovem somente conseguiu acordar vários dias depois.

— Mamãe?! – Merlin levantou e se sentou na cama ainda um pouco zonzo.

— Querido. O que houve com você? – Disse a mãe sentando-se ao lado do filho e o abraçou forte.

— Eu não consegui salvá-lo. Eu fiz de tudo, mas não consegui. – Merlin aceitou o abraço da mãe e isso fez com que ele desabasse em choro.

— Tudo bem querido. Eu sei que você deve ter lutado muito para defender o rei. Mas você não pode se culpar assim. Agora você está em casa e deve descansar. – A mãe tentou acalmar o filho.

Merlin envolto nos braços de sua mãe colocou para fora todo o choro que segurava desde o dia da morte de Arthur. Era como se estivesse liberando toda a emoção que prendeu durante anos de sua vida. E voltou a dormir.

Durante quase duas semanas Merlin dormia quase que o tempo todo só acordando em alguns momentos quando a mãe lhe trazia comida e voltava a dormir.

—---

Enquanto o corpo de Merlin tentava se restabelecer da batalha que levou a morte do Rei Arthur.... em outro ponto um reino busca por uma resposta.

Semanas tinham se passado desde a batalha entre o rei Arthur e seus cavaleiros e a sacerdotisa Morgana com seus milhares de mercenários. A luta tinha seguido por semanas e apesar de Camelot ter saído vitoriosa o rei tinha sido ferido e foi levado às escondidas por Merlin para a região de Avalon em busca de uma cura. Porém, dias tinham se passado e ninguém consegui notícias dos dois.

A rainha Gwenevere que em tantas vezes teve sua serenidade colocada à prova desde os dias que chegou a Camelot ainda criança em companhia de sua família, em busca de um lugar seguro para viver. Agora como rainha estava nervosa e impaciente por informações que dissesse o que aconteceu com Arthur e seu amigo Merlin.

Informações de que Arthur estivesse morto tinha chegado ao castelo, mas Gwenevere se recusava a acreditar. Sua esperança ainda estava forte mesmo depois de ter visto pessoalmente a ferida do marido.

Mesmo com toda a preocupação Gwenevere realizava todas as suas obrigações como rainha. E uma de suas ações frequentes em semanas era caminhar pela cidade e verificar se a reconstrução estava sendo realizada da forma correta e se o povo de Camelot que o seu marido tanto amava estavam seguros. E ao término da vistoria ela ia para o mesmo lugar todos os dias a casa de seu velho amigo Gaius. Local onde Gwenevere passou muitos momentos ajudando a cuidar dos feridos entre eles o cavaleiro Gwaine que na batalha contra Morgana acabou sendo mortalmente ferido.

— Então Gaius alguma melhora no Gwaine?

— A inda não, minha senhora. Estou tentando tudo que conheço. Não sei quanto tempo conseguirei mantê-lo vivo.

— Faça o que for necessário. Ele deu a vida para ajudar Arthur não podemos abandoná-lo.

— Não se preocupe. Alguma notícia de Merlin? – Apesar de todo o trabalho que tinha no com os doentes e a pouca ajuda que possuía, Gaius não conseguia esconder sua preocupação com Merlin. O jovem tinha se tornado como um filho desde o dia que o rapaz chegou ao reino de Camelot.

— Os cavaleiros já fizeram várias voltas em todos os reinos vizinhos, mas até agora nem um sinal deles ou de Morgana.

— Calma senhora. Eu sinto em meu coração que teremos boas notícias brevemente.

— Eu espero que sim. Sei que todos estão dizendo que o rei está morto. Mas eu não posso acreditar nisso. Eles não estava bem quando foi levado, mas acredito em Merlin.

— A ideia de levar o rei para Avalon era a única opção e acredito os dois indo sozinhos era a melhor das decisões.

Gaius e Gwenevere recordaram de semanas antes quando Arthur chegou ao castelo carregado por Merlin e alguns cavaleiros. Ele estava ferido e mal conseguia falar. Em seus aposentados cercados pelos cavaleiros e sua esposa aflita. Arthur recebeu a notícia do médico da corte que sua feriada era grave demais e seus conhecimentos não eram suficientes. Depois de longas conversas o médico comentou sobre a região magica de Avalon onde seria possível sua cura.

Assim, foi decidido que Arthur seguiria para a região tendo apenas Merlin como seu acompanhante.

— Eu quero acreditar, eu preciso acreditar que depois de tudo que lutamos para ficarmos juntos ele irá voltar para mim. Além disso, Merlin é um grande amigo, quase como um irmão. Não posso perder os dois assim. Preciso deles de volta para casa.

Enquanto a rainha se sentava em um banco na sala simples, o médico se recordava de algo que até aquele momento não tinha passado em sua mente.

— Casa?! Porque eu não pensei nisso antes. Disse Gaius pegando um mapa em seu velho armário de pergaminho e esticando documento em cima da mesa.

— Do que você está falando? – Disse a rainha se levantando rapidamente e caminhando para perto da mesa onde Gaius analisava o mapa verificando as estradas que levava Avalon até o vilarejo de Merlin. E percebeu que não era tão distante.

— Quando estamos desesperados sem saber para onde ir. Qual é o primeiro pensamento que temos? Casa.

— Claro, o vilarejo fica mais próximo da região de Avalon do que Camelot. Com certeza Merlin levaria Arthur para lá para descansar.

— Sim. Com certeza.

Gaius, mesmo feliz com a possibilidade acreditava apenas que Merlin estivesse vivo. Ele não tinha muitas esperanças de que o rei tivesse sobrevivido, mas não se permitia pensar muito a respeito, pois temia que Gwenevere percebe-se. Ele se recordava bem em como Arthur, e principalmente Gwenevere se agarraram com esperança de ter a ferida curada. Apesar do grande amor que existia entre eles, o médico sentia que esse sentimento não era forte o suficiente para a estrada até Avalon com a ferida mortal que existia. Esse pensamento doía demais no médico que viu Arthur crescer e se tornar o rei que Uther nunca sonhou em ser.

Em meios aos seus pensamentos Gaius não percebeu a euforia da rainha com a possibilidade de reencontrar o seu rei.

— Vou falar agora mesmo com Leon.... Nós vamos encontrá-los.

A rainha saiu correndo da enfermaria deixando Gaius para trás um pouco mais esperançoso e pensativo voltando suas atenções ao cavaleiro Gwaine.

Chegando na sala do trono, Gwenevere deu ordens para convocarem o chefe da guarda real imediatamente.

***

Em Eldor, Merlin ainda estava abatido e totalmente desanimado. Mesmo que fisicamente estivesse melhor, a dor da perda e culpa estava lhe consumindo.

— Merlin querido você precisa sair dessa cama. Você não pode ficar assim para sempre. Eu sei o quanto você deve estar sofrendo, mas Camelot ainda precisa de você. – Disse a mãe sentada na cama de frente ao filho.

— Minha missão em Camelot acabou junto com a morte de Arthur. Eu não tenho mais nada para fazer por lá.

— Não diga isso querido. Você é um rapaz especial e seu poder será necessário já que o rei está morto. A rainha precisará de sua ajuda.

— Um poder tão especial, mas não pude salvar meu melhor amigo. Mãe eu não consegui salvar o Arthur com todo o poder que eu tenho.

Merlin estava arrasado sentado em um canto do quarto simples da casa da mãe ele não conseguia se quer levantar seus olhos que estava em lagrimas para encará-la.

Hunith sem saber direito o que fazer se senta de frente ao filho e segura seu rosto entre as suas mãos.

— Meu amor. Você precisa entender que nem tudo poderá controlar. Arthur decidiu entrar naquela luta. Ele entrou nela consciente que poderia não voltar vivo. Você, como um amigo leal, fez o que pode para salvá-lo, mas agora precisa deixá-lo partir daqui de dentro, de dentro do seu coração. Você precisa seguir em frente.

Merlin não suporta as palavras da mãe e se levantou rápido e saiu da casa em direção a floresta e lá entre as arvores e flores o jovem se sentou em uma pedra e chorou. A dor da perda parecia insuportável para o rapaz. E entre lagrimas ele não percebeu a aproximação de uma jovem conhecida.

— Oi Merlin... Sinto pela sua dor.

Merlin limpa o rosto e se levanta rapidamente.

— Sefa!!!! O que você faz aqui? Não ..... Não .....Não vemos você desde sua fuga de Camelot.

A jovem Sefa era uma menina tímida franzina que trabalhava no castelo e ao lado de Merlin eram os servos fies do rei e da rainha. Porém, Sefa que vivia com o pai acabou fugindo do reino após o pai ser capturado e morto pela rainha como traidor.

— Após a morte do meu pai eu tive medo de continuar em Camelot e por isso fugir. Depois de muito andar sem saber onde ir acabei chegando a essa vila. Mesmo depois de ter contado o que meu pai fez, sua mãe conseguiu que eu continuasse aqui e hoje vivo em uma casinha simples no final da vila.

— A senhora Hunith tem um bom coração. Disse Merlin um pouco feliz com o fato de sua velha amiga ter encontrado paz depois de tanta dor.

— Sim tenho. Eu amo Camelot, mas depois que o meu pai fez. Eu sei que o que ele fez foi errado, ele não deveria ter passado aquelas informações para a Lady Morgana, mas ela ameaçou a mim e isso fez com que ele perdesse o juízo. Eu sinto tanto por todos, principalmente pela rainha. Ela sempre foi tão boa para mim e eu a trai.

Nesse momento Sefa se senta ao chão e começa a chorar. Apesar de ter se passado tanto tempo ela ainda se sentia culpada pelas ações do seu pai e sentia que tinha traído a confiança da rainha e de Camelot. Merlin se sentindo próxima a dor da menina sentou-se em sua frente tentando consolá-la.

— Todos nós cometemos erros na vida Sefa. Uns mais do que os outros. O importante é que você está aqui segura. Conte-me o que faz aqui em Eldor essa pacata vila para passar seu tempo?

— Eu ajudo a cuidar das crianças, além de cuidar dos jardins e das hortas – Disse Sefa limpando os olhos e sorri para Merlin.

— Isso parece ótimo. Eu posso ver como esse jardim e hortas estão?

Sefa levantou-se mais animada e pegou nas mãos de Merlin guiando-o para um outro ponto da vila. No caminho Merlin percebeu o que a mãe dele quis dizer sobre continuar em frente mesmo com toda a dor que sentia.