Reset

Impulso


Acordei me sentindo péssima por conta da noite passada e pelo que aconteceria hoje.

Não sei o que elas armaram, mas tinha o pé tão atrás que me preocupava muito.

Coloquei uma blusa azul-clara manga longa que arregacei até meus cotovelos, calça skinny cinza, sapatilha preta com detalhes em strass. Como acessórios, coloquei um colar tendo um coração levemente rachado como pingente e brincos pequenos. Maquilagem básica e perfume floral.

Sai do quarto encontrando ao pé da escada um recado de meus pais me desejando um bom-dia e se desculpando por não poderem tomar café comigo.

Joguei o recado na lixeira e abri a geladeira pegando uma barra de cereal.

Comeria algo depois.

Enfim sai de casa indo a garagem pegar minha Senna escolhendo uma musica no meu celular para escutar no caminho.

Number, Linkin Park.

Quando cheguei ao colégio na porta da minha sala estava Martin de braços cruzados com um leve sorriso nos lábios.

Qualquer coisa que as garotas estejam aprontado terá que se enquadrar com o que eu estava preste a fazer.

Sem hesitar um segundo fui na sua direção e lhe dei um beijo que certamente o pegará de surpresa.

-Isso sim é começar bem o dia – disse me afastando dele entrando na sala reparando nas expressões surpresas dos alunos.

Ainda iria esquentar as coisas.

Prestei atenção nas aulas, a maioria dos assuntos que os professores davam já tinha visto na minha curta estadia no Instituto que agora notado sentia uma mega falta de lá.

Como será que Debby e Julietty estão? E a Perséfone também?

O sinal logo tocou nos liberando para o tempo livre onde me apressei para ir a cantina onde encontrei as garotas sentadas numa mesa e os rapazes em outra junto com o resto dos jogadores do time da escola.

Martin ao me ver veio na minha direção com um sorriso bobo nos lábios que tive vontade de dar-lhe um soco.

-Ah Scalat – disse ele sem jeito – O que seu namorado vai dizer...

-Nada – o cortei seria – Porque não rolou nada entre nós Martin. Um beijo não significa nada e cá entre nós não somo digamos agradáveis um para outro.

Voltei-me para as garotas que me olhavam curiosas enquanto me aproximava delas mantendo ao custo a expressão seria.

Não adiantava levar aquilo para frente com Martin, eu não tinha forças o suficiente para cuidar dele sem acabar caindo em suas graças por uma segunda vez. Eu não conseguiria, isso era um fato que não poderia ser refutado.

Desabei na cadeira ao lado de Nemesis que me aninhou aos seus braços.

-Eu não consigo – murmurei, sabia que elas já deveriam saber da minha atitude com Martin – Eu não tenho sangue frio para isso.

-Shhh – disse Nemesis afagando minhas costas – Nós cuidaremos de tudo, não se preocupe.

Assenti com meu rosto coberto por seus cachos vermelhos. Fechei meus olhos e puxei o ar para meus pulmões enquanto dissipava aquela sensação de inutilidade de mim, queria me ver livre de tudo o quanto antes.

Após alguns segundos me endireitei tendo o olhar das garotas sobre mim.

-Vai demorar para que me acostume com essas suas súbitas mudanças de jeito – comentou Amanda levando a boca o canudo de sua coca-cola.

Revirei os olhos enquanto Isabel se juntava a nós.

-Tudo pronto – anunciou ela quase sussurrando.

-O quê? – perguntei a olhando curiosa

-A vadia pega o namorado da Kimberly – respondeu ela me olhando seria.

-Poderia chamá-la pelo nome? – pedi seca – É grotesco chamá-la disso.

Ela olhou para Nemesis depois para Amanda.\\t\\t\\t\\t\\t\\t\\t\\t

-Não sei como vocês conseguirão corrompê-la – disse ela azeda – Com um jeito desses, ela daria uma ótima freira.

Fiz uma careta para ela que me fez outra.

-Tudo bem – interveio Nemesis – Deixem isso para depois. Como pode ter certeza que Kimberly é chifrada pela Suzanne?

-A própria me contou – respondeu ela calmamente – É fácil arrancar as coisas quando duas pessoas compartilham o mesmo ódio.

-Bom saber – comentei amarga.

-Seus métodos ainda me assustam – disse Amanda

-Só que são eficazes – se defendeu ela olhando suas unhas – Sandra fala mal das amigas pelas costas também.

-Descobriu do mesmo jeito? – indaguei retórica

-Não – disse ela rapidamente – Li seu diário.

A olhamos com uma sobrancelha erguida.

-Ela esqueceu em cima da mesa dela – esclareceu ela – Apenas li algumas paginas, depois o resto ficou fácil.

-Você me causa medo – desabafei irônica.

-Sei que sim – replicou ela debruçando-se na minha direção – Só que por agora estou te dando uma mãozinha, pois quero me ver livre desse colégio e principalmente dessas atiradas que dão em cima dos meus garotos.

Ela se levantou brusca indo a mesa dos meninos onde algumas lideres de torcida estavam.

-Que boa atriz ela é, não? – indagou Nemesis seca.

-Acho melhor chamar uma ambulância – alertei ao vê-la conversar com outra loira – Estou vendo que sangue vai jorra daqui a pouco.

As duas gargalharam.

-Isabel sabe qual é o seu lugar – disse Amanda – Ela não é de se rebaixar para discutir por cauda de um garoto. Não muito para falar a verdade.

Assenti levemente vendo que Zero me olhava fixamente, retornei meu olhar para as duas.

-O que vamos fazer? – perguntei trazendo a atenção delas para mim.

-Hoje nada – respondeu Nemesis – Os rapazes pediram mais um dia para acertarem o que vão fazer com Martin e o resto do time.

As olhei surpresa.

O que eles estavam querendo fazer?

-Quanto a nós – disse Amanda – Quero dar uma olhada nas lideres de torcida, se essa coisa toda é uma cadeia então acredito que devemos cuidar do grupo inteiro.

-Tinha pensando nisso também – disse Nemesis – Sabe me dizer como isso funciona, Scalat?

-Não, é complicado demais – respondi – Mais se querem vê-las. Tem o treino delas em conjunto com os garotos hoje na quadra no quinto tempo.

-Isso é uma ótima oportunidade – vibrou ela – Realmente maravilhosa.

-Quando mais cedo acabarmos com isso melhor – refletiu Amanda se levantando – Encontro vocês duas no quinto tempo na quadra, beijos.

Ela se distanciou indo para uma mesa onde Sandra estava com outras garotas que a cumprimentaram eufóricas. Retornei meu olhar para Nemesis que sugava o resto de sua soda.

-As aulas de teatro estão servindo para alguma coisa – comentou ela com um leve sorriso.

Deixei um sorriso escapar antes de me levantar para sair.

-Tenho que ir à biblioteca – avisei – Nos vemos na quadra.

-Tudo bem – consentiu ela – Cuidado para não se perder.

Fiz uma careta para ela e sai da cantina não vendo Zero com os outros garotos.

Caminhei por pouco tempo já que a biblioteca ficava próxima à cantina. Tinha que pegar um livro para o trabalho de literatura.

Entrei no como recebendo a saudação da administradora quando passei por ela. Os livros cobiçados de romance ficavam nas ultimas prateleiras, o que era um sacrifício ir lá, pois final de biblioteca acontece tanta coisa.

Quando me aproximei da ultima prateleira no intuito de pegar Romeu e Julieta comecei a ouvir gemidos. Estanquei na mesma hora, seria adorável cortar o clima do casal.

-Zero – ouvi a voz clara de Suzanne chamá-lo.

Senti como se uma rocha tivesse sido colocada sobre mim. Nem em meus piores pensamentos imaginava que os dois pudessem estar... Juntos.

Virei-me pegando o primeiro livro que meus olhos repousaram.

Otelo.

Caminhei trôpega até a mulher encarregada dos empréstimos. Sentia que estava tremula que poderia desabar a qualquer instante.

Foi então que o namorado de Kimberly passou por mim com a raiva latente em seu rosto depois veio Suzanne aparentando indiferença.

Voltei-me para o outro lado enquanto a mulher terminava de efetuar o empréstimo. Queria rir e muito.

Imbecil. Idiota. Retardada.

Como pude ser tão precipitada?

Zero não estava com Suzanne, mas poderia estar com qualquer outra.

Não importa, nada mais importa, mas saber que ele não estava ali aos beijos com ela causou-me um alivio tremendo e uma sensação de ciúmes e possessão que já se arrastava desde ontem quando vi aquela mordida em seu pescoço.

Não tem como negar ou como correr da realidade.

Eu o queria, sentia-me atraída pelo seu jeito sedutor e isso era o que me deixava louca.

Sim, devo realmente estar ficando louca por conta dessa atração que ele exercia sobre mim.

Estaria eu apaixonada?

Não, não rola amor entre nós, pelo menos é o que vejo.

Peguei o livro e me encaminhei para a sala, mas à vontade de rir não me largava de jeito nenhum. Tive que parar e colocar tudo aquilo para fora antes que me fizesse mal.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas me sentia aliviada em todos os aspectos.

Antes que pudesse entrar na sala vi mais á frente Amanda pondo Martin de contra os armários, falou algo em seu ouvido e ao que me parece lambeu sua bochecha.

Não me sentia nem um pouco segura com elas agora.

Entrei na sala me desculpando por meu atraso, não prestei atenção na aula.

Minha mente sempre retornava para o moreno de olhos acobreados que se instalou na minha vida, balançando todas as minhas estruturas.

Também tinha o mistério que o rondava e que começava a atiçar minha curiosidade.

Talvez fazer uma visita á Derick ajudasse um pouco.

Sai de meus devaneios quando o sinal tocou.

Agora vinha o caos que as meninas iriam planejar.

Caminhei praticamente me arrastando para o ginásio, estava cabulando aula pela primeira vez!

Puxei o ar para meus pulmões enquanto entrava na quadra me deparando com algumas pessoas nas arquibancadas e as lideres de torcida já fazia seu treino acompanhadas do time do colégio.

-Scalat – me gritou Nemesis acenando para mim.

Aproximei-me dela que estava acompanhada de Amanda e Isabel que estava irritada.

-Quem foi que te bateu, loirinha? – perguntei para provocá-la.

-Nemesis – respondeu ela indicando a ruiva que analisava as garotas.

-Se quiser ficar com aquele garoto pode ir – replicou ela ríspida.

-Parou vocês duas – intrometeu-se Amanda – E... Nossa.

Voltei-me para ver o que chamou sua atenção.

Acho que o pecado pairou completamente sob Zero.

Ele detinha o cabelo molhado que ainda pingando fazendo as gotinhas deslizarem por seu peitoral definido e muito a mostra para ser franca.

Ele sacudiu suas madeixas fazendo com que a água deslizasse ainda mais por seu tórax que realmente parecia ter sido esculpido.

Senti que o ar me faltava enquanto vi Suzanne indo em sua direção balançando a saia rodada curtinha.

Ele acabava de pegar uma toalha e a colocava no pescoço quando ela ficou na sua frente iniciando uma conversa.

Se ficasse ali mais um segundo desabaria com toda a certeza.

-Vou deixar tudo com vocês – murmurei já me levantando.

Isabel colocou sua perna no caminho e me olhou irritada.

-Desça e para aquela palhaçada agora – ordenou ela autoritária –Antes que te empurre.

-Caso contrario te deixamos no convento mais próximo – reforçou Amanda olhando o povo na quadra.

Fiz pouco caso e voltei-me na outra direção para sair daquele decrépito lugar.

-Estamos falando serio – disseram elas em uníssono.

Mordi meu lábio inferior antes de retornar meu olhar para ele que me encarava até Suzanne pegar seu rosto fazendo-o olhá-la.

Estou definitivamente louca.

Caminhei quase correndo na sua direção. Quando me aproximei, o coloquei de contra a parede que havia atrás de nos e apertei a toalha ao redor de seu pescoço.

Encarei os olhos acobreados que me fitavam desejosos e atordoados.

Não pensei mais um segundo, colei meus lábios aos seus, sentindo o gosto doce que tinham. Ele colou suas mãos na minha cintura me puxando para mais junto de si.

Aprofundamos ainda mais o beijo antes por falta de oxigênio nos separarmos com ele mordendo meu lábio inferior levemente.

-Se eu sou sua – sussurrei – Você é meu, entendeu?

-Perfeitamente – concordou ele com um meio sorriso nos lábios

Larguei-o indo ao encontro das garotas que já me esperavam na porta do ginásio.

Vi a expressão da Amanda seria e pensativa.

-O que aconteceu? – perguntei curiosa trocando meu olhar entre elas.

-Temos um problema – respondeu Amanda – Lara torceu o tornozelo.