Remição
Capítulo 2
Pov. Milene
Minha boca está seca! Escuto algumas vozes abafadas, tendo me concentrar para entender...mas não consigo. Respiro fundo e tento manter a calma...abra os olhos Milene! Abra! Tento mais uma vez, parece que meu corpo está começando a reagir. Abro devagar e vem um clarão, fecho novamente. Alguém fala comigo..abro novamente e minha visão está desfocada, pisco algumas vezes...começa a focalizar aos poucos..até ficar nítido quatro pessoas em minha frente.
— Senhorita? – uma moça de jaleco com um crachá escrito Dra. Stewart se aproxima de mim. Olho ligeiramente para meu corpo estou no soro e ligada a aparelhos.
— Sim – respondo lentamente.
— Lembra o seu nome? – pergunta preocupada.
— Sim, Milene – respondo como se fosse evidente.
— Reconhece essas pessoas? – aponta para as quatro pessoas em minha frente.
— Só uma – respondo um pouco insegura.
— Quem? – a médica anota alguma coisa.
— Meu marido. Aquele loiro com cara de azedo – aponto para Rogers – Não tem como esquecer...por culpa dele estou aqui – explico friamente.
— HÃ? – Rogers se aproxima com uma cara de bobalhão. Olho para os demais, todos estão com os olhos esbugalhados.
— e os outros? – olho novamente para o senhor, uma mulher e um rapaz em minha frente. Forço minha mente e não consigo.
—Desculpa, não sei quem são! – falo e sinto uma pontada em minha cabeça.
— Só pode estar de brincadeira – o Senhor fala irritado.
— Você lembra o que aconteceu? – Steve me pergunta baixinho.
— Sim, estava indo embora e acabei tropeçando... acho – tento usar a mente novamente, mas a dor volta.
— Com isso você teve uma contusão que gerou uma concussão. Seus neurônios despolarizaram afetando sua memória – a médica fala como se fosse super normal – O Senhor é seu avó, Matteo D´Angelo Garth, a mulher sua tia Beth e o rapaz um dos seus primos, Henrico. A Senhorita não é casada, seu nome é Milene D´Angelo Garth.
— Desculpe, mas eu sou Milene Garth Rogers. Não sei nem como estou aqui. Eu moro em Manhattan com..ele – o desespero bate e sinto minhas mãos geladas.
— Não precisa se exaltar Senhorita Garth – a médica retira o soro que acabou e movimento um pouco os braços.
— Senhora Rogers – corrijo a médica que dá um sorriso sem graça - Por quanto tempo fiquei desacordada? – pergunto com medo da resposta.
— Dois dias – Steve me responde.
— O que? Meu Deus preciso voltar ao trabalho- tento me levantar, mas uma tontura me atinge em feio.
— Acalma-se. Caso contrário terei que dar um sedativo – a médica me segura pelo ombros me deitando novamente.
— Ok – respondo fraca com os olhos fechados.
— Vamos deixar ela descansar um pouco – escuto a médica falando e a porta se abrindo. Suspiro um pouco aliviada. Abro os olhos e vejo Steve deitado no sofá pensando. Fecho os olhos novamente, não quero encará-lo.
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Pov. Steve
Dois dias antes – Torre dos Vingadores
— Vamos para Belmont, Fury! – Peter tentava acalmar os ânimos. Olho para Stark e minha vontade de socá-lo volta.
— Acho melhor. Como vocês dois saem no tapa no meio de uma missão? – Fury ralha e Thor faz careta chamando atenção de Nat – Posso saber pelo menos o motivo?
— Ele me irrita! – digo em uníssono com Stark fazendo-o revirar os olhos.
— Na verdade é só porque o Steve desmentiu a nossa desculpa, por termos destruído uma boa parte da cidade e termos perdido para Loki – Bruce respondeu calmamente tirando os olhos do jornal e guardando os óculos.
— Por isso? – Fury esbraveja – Vocês são incompetentes e tem que dizer a verdade.
— Não! Foi só um deslize – Stark resmunga me irritando mais ainda.
— Assumir os erros é um ato nobre Stark! – provoco fazendo-o bufar.
— Pena que não sou nobre! – responde-me com um tom ácido saindo da sala.
— Onde vai? – Nat pergunta levantando-se.
— Por ai! – fecha a porta.
— Vá com Peter para Belmont – apontou para mim – Não deixa o pirralho cometer nenhuma loucura. É o melhor a se fazer...você já é conhecido pela cidade e família – olhou-me tentando ser paciente.
— Sim Senhor! – pirralho responde rapidamente.
— Vamos? – pergunto frustrado.
— Sim! – Peter me responde animado.
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— Vocês chegaram! – Marie nos recepcionada calorosamente. Abraço a mulher e ela começa a me analisar.
— Steve como você está diferente! Cada dia mais bonito!
— Obrigada tia! – dou um sorriso sem graça. É bom ter uma família, mesmo que seja de mentira. Afinal, se passar de sobrinho para investigar as coisas na cidade não é uma tarefa fácil. Pior ainda que se passaram anos e não descobrimos absolutamente nada.
- Vamos entrar gente, está frio! -May pega sua mala e entra dentro de casa. Pit e eu pegamos o restante e entramos. A sala da pousada está toda decorada com árvore de natal, meias na lareira e vários bonecos de neve espalhados.
— Cuidado ao subir as escadas a madeira está um pouco solta – tia Marie fala cautelosamente pegando algumas coisas na cozinha.
— Quer que eu arrume tia? – o pirralho pergunta prestativo e May começa a rir.
— Não menino – Marie aparece na porta – Não posso mexer em nada por conta do processo. Então se alguém cair é culpa daquela cobra – sinto um pouco incomodado com a maneira com a qual se refere a Milene. Errei com ela, amei ela...não sei se amo ainda. Sento no sofá desconfortavelmente chamando atenção de todos.
— Desculpe Steve! – se aproxima me abraçando.
— Tudo bem! – sou breve com a resposta. A campainha toca olho ligeiramente para Pit que se levanta e abre a porta.
— Nat?— escuto o pirralho surpreso vou até a porta e a ruiva mais furiosa de todos os tempos se encontra em nossa frente.
— O que está fazendo aqui? – pergunto perplexo.
— Culpa sua seu idiota! – soca meu ombro – Se não tivesse brigado com Stark estaria viajando – bufa irritada.
— Meninos, quem é a bela moça? – tia nos interrompe e Nat se aproxima de May e Marie.
— Sou a namorada do Steve! – arregalo os olhos.
— O que? – Pet pergunta sem entender nada.
— Prazer! Natasha Romanoff! – Nat estende a mão para Marie que aceita de bom grado – Olá May! – abraça a tia de Pit desconfortavelmente.
— Olá querida! – May corresponde respeitando o limite de Nat. A ruiva se afasta parando ao meu lado.
— O que foi isso? – sussurro.
— Idiota, preciso vigiar vocês – responde-me olhando para Marie.
— Namorada? – pergunto contrariado.
— Preferia o que Rogers? Mãe? – me olha irritada e Pet começa a rir – Anda me abraça, ela vai virar em 5 segundos. Me aproximo abraçando Nat por trás – Sem gracinha Steve, eu te mato!
— O amor é lindo! – Pet provoca e toma um tapa na cabeça – Ai Nat!
— Cala a boca menino! – ralho fazendo murchar ao nosso lado.
— Que casal mais lindo! – Marie fala encantada – Como você não me conta uma novidade dessas?
— É..bom – engasgo tentando explicar.
— Ele é esquecido! – Nat responde rapidamente vendo o meu embaraço.
— Mas, tem como esquecer que está namorando?
— Pois é! – Nat dá um sorriso sem graça.
— Eu aprovo! Menina doce e gentil Steve – Pit começa a rir e eu acompanho discretamente. Nat me dá uma cotovelada – Bem melhor que aquela garota Rogers.
— Que garota? – Nat sussurra.
— Ninguém! – saio do abraço e pego minha mala. Nat olha confusa para Pit que tenta disfarçar o clima.
— Melhor subirmos, estamos cansados tia! – Pit explica dando um beijo em sua testa – Vamos? – olha para Nat que entende o recado.
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— Quem é ela? – Nat pergunta novamente após algumas tentativas falhas.
— Ninguém Nat – suspiro olhando para o teto.
— Não adianta Nat ele não vai responder – Pit responde. Antes que eu pudesse falar algo escuto uma batida na porta.
— Entra! – falo me sentando na cama.
— Olá – May aparece na porta – Vamos sair um pouco? Marie quer ir ao D´Angelo – faço uma careta com o local escolhido e nego de imediato com a cabeça – Vai ser bom Steve e assim a Nat conhece também.
— Concordo plenamente – Nat me puxa da cama – Vamos Rogers! Nem parece que é o famoso Capitão América.
— Nat, não começa! – resmungo.
— Vou dar dois minutos para vocês descerem – May fala divertida fechando a porta.
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— Vão na frente – digo um pouco retraído olhando para o café em minha frente. São tantas lembranças.
— Ok vamos – May e Pit vão na frente me deixando com Marie e Nat. Marie me olha atentamente.
— Um dia você vai superar filho, você merece uma pessoa melhor – ignoro sua última fala e olho para um Audi parado em frente..Manhattan?
— De quem é? – pergunto apontando para o carro, Marie olha na hora com uma cara de poucos amigos.
— Pode ser que seja dela querido, vou entrar – olho pra Nat frustrado que finge cara de paisagem.
— Vamos? – pergunta como se nada tivesse acontecido.
— Vamos esperar um pouco – digo quase implorando.
— Ok! – revira os olhos encostando no carro fitando o céu – Pronto, agora vamos? – me puxa até a porta.
— NATASHA! – grito bravo. Escuto uma voz familiar e meu coração dispara...Milene!
— Hum..não vai desmaiar boneco de porcelana – Nat zomba da minha cara.
— Olá Senhora Parker! – sua voz é tão doce.
— Não é que a destruidora de lares e sonhos está aqui!
— A Senhora ainda não entendeu que trabalho para Manhattan Co. Sou funcionária assim como qualquer outra e ainda não foi destruída!
— Melhor entrarmos Steve! – Nat me encara.
— Você poderia ter interferido, mas não quis ajudar. Eu tive que me virar sozinha, graças a Deus o processo está parado agora.
— Não! Vai acabar o tempo de vocês. Não conseguiram comprovar que tem valor histórico até o momento
—Nossa a Milene é tão delicada, né? – Nat me pergunta ironicamente.
— Vai começar? – ralho fazendo a ruiva revirar os olhos. Pego na maçaneta da porta e resolvo abrir..melhor encarar.
— Não acredito que já estão brigando! – falo chamando atenção de todos. Milene parece reconhecer minha voz.
— Steve! – me chama um pouco alto demais.
— Milene! – retribuo a atenção. A morena vira em minha direção e encara Nat.
— Olá! – estende a mão para Nat que corresponde rapidamente - Prazer, Milene D´Angelo Garth.
— Prazer, Natasha Romanoff!
— Você está diferente Milene! – abraço e sussurro em seu ouvido fazendo arrepiar.
— Todos mudam Rogers! – responde amargamente tentando disfarçar.
— Percebi! Quer destruir um patrimônio familiar – afasto com um sorriso no rosto de vitorioso.
— Não era para estar salvando vidas? – Milene rebate sarcasticamente, deixando-me surpreso- É Capitão...eu sei seu segredinho.
— Você sabe? – pergunto perplexo e olho rapidamente para Nat que está tensa.
— Chega! – Matteo percebe o ambiente desconfortável– Preciso trabalhar e você descansar! – abraça a morena – John é com você, por favor!
Milene vai em direção à mesa pegando sua bolsa e saindo sem dizer uma palavra.
— Menina mal educada! – Marie resmunga e começa a discutir com Matteo.
— Como ela sabe? – Nat me pergunta preocupada.
— Não sei! – respondo confuso.
— Fury precisa saber! – fala pegando o celular, porém impeço.
— Deixa ele fora disso Nat! – seguro um pouco forte demais seu braço.
— Me solta idiota, tá chamando atenção – massageia o local – Vou avisar o Fury! – me encara.
— Poxa Natasha estou pedindo! É tão difícil assim ajudar um amigo? – pergunto exaltado fechando o punho.
— É minha obrigação – responde suspirando.
— Sua obrigação? Ajudar ...quem um dia te ajudou não é? Colaborar com quem já salvou sua vida? – vou em direção à porta, escuto May me chamando, mas ignoro. Fecho a porta com tanta força e ódio. Começo a andar rapidamente, não quero ninguém por perto.
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Véspera de Natal...
Pov. Nat
— Conseguiu contato? – olho para Pet que nega. Steve sumiu....desde ontem! Não deu nenhuma notícia. Meu celular começa a tocar é Fury!
— Alô – atendo um pouco tensa.
— Nat?— Fury percebe a tensão em minha voz – Tudo bem?
— Sim – respiro tentando me acalmar – Aconteceu algo?
— Não, por aqui está tudo em ordem. Cadê o Capitão? Estou tentando falar com ele.
— Ele está ajudando a família de Pit – minto descaradamente. O pirralho me olha surpreso.
— Não vai contar? – me pergunta baixinho. Nego com a mão e faço sinal para que fique quieto.
— Quando ele aparecer, peça para me ligar.
— Sim Senhor! – Fury desliga e jogo o celular longe.
— Precisamos achar o Steve! – falo aflita – Capaz do Fury...vir pra cá!
— Nem brinca – Pit me olha preocupado.
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Pov. Steve
— Mais uma rodada Senhor? – encaro o garçom em minha frente e nego com a cabeça. Olho para o copo de whisky na mão...virei o Tony agora? Jogo o dinheiro no balcão. Algumas pessoas me encaram. Como Milene pode ter mudado tanto? Preciso ajudar Marie! Como? Falar com ela? Pedir? Suplicar? Ela virou uma pessoa tão fria.
Olho para o outro lado da rua e vejo uma morena bem conhecida. É ela! Está apressada, parece estar procurando por algo...alguém. Me aproximo rapidamente e antes que ela pudesse atravessar puxo sua cintura agarrando seu corpo delicado contra o meu.
— Steve! – fala assustada com a respiração descontrolada.
— Desculpe! Não queria te assustar! – peço desculpas e ela percebe o cheiro de álcool. Se aproxima na minha boca e fico tenso...sua boca, seu beijo!
— Bebeu? Faz efeito em você?
— Não importa. Vem comigo! – me controlo e acabo sendo um pouco grosseiro.
— Não vou em lugar nenhum com você! – ela tenta escapar, mas não consegue. Coloco em meu colo e começo a andar, Milene se debate...comigo isso não funciona! Por um momento ela fica quieta. Paro em frente à pousada colocando-a no chão.
— Na Pousada? Sério? – pergunta sarcástica se arrumando e virando em direção contrária. Seguro novamente a morena pela cintura.
— Eu tenho como comprovar que é histórica! - viro seu corpo. Sua respiração está tão perto da minha.
— Como?
— Vem, vou te mostrar – Entro dentro da pousada quase arrastando ela e tudo em minha frente. Ela entra com cara de poucos amigos e começa a olhar ao redor. Está com medo! Acha o que? Vou matá-la?
— Não tem ninguém – tento acalmá-la.
— Ok! – responde-me seca. Vou em direção à escada, escuto seus passos atrás de mim.
— Encontrei uma foto do primeiro dono, ele foi uma pessoa importante para a cidade – entro no escritório e mostro a foto de Anthony Rizzo, historiador e cientista da cidade.
— Não sei de quem se trata – me responde no automático.
— Pelo jeito não vai ser fácil – suspiro olhando decepcionado. Dinheiro fala mais alto!
— O que? – me olha confusa.
— Te convencer – minha irritação é evidente.
— Não há o que me convencer Rogers – responde-me um pouco alterada.
— Você mudou muito – busco seu olhar que não me encara verdadeiramente.
— Você também!
— Eu? Você sumiu! – grito assustando a garota.
— Você sumiu primeiro, cansei de esperar – grita de volta aumentando minha ira – É para isso que me trouxe aqui? Quer saber Rogers prometo que tentarei salvar a tão amada pousada – ironiza.
— Para Milene! – me aproximo segurando seu ombro violentamente.
— Me solta! – ela grita e se debate. O que estou fazendo? Me afasto rapidamente, fecho os olhos tentando me acalmar, soco a parede. Escuto seus passos mais afastados. Corro atrás ...desculpa!
— Onde vai? – pergunto exaltado!
— Embora...não está claro!? – responde-me grosseiramente. Milene começa a descer as escadas quase correndo– Me deixa em paz!
— Milene! – lembro do que Marie disse mais cedo. Tento avisar, mas ela me ignora. Faltando alguns degraus, Milene se desequilibra. Tento pegar seu corpo, mas ela bate a cabeça – MILENE! – grito desesperado. Ela não me responde, começo a sacudi-la...nada!
— STEVE! – Nat entra gritando e vem em nossa direção. Olha para o corpo desfalecido em meu colo – PETER! – grita buscando ajuda – O que aconteceu?
— Ela caiu da escada – falo tentando não me desesperar.
— Bebeu? – fecho os olhos – Não acredito Steve, você é mais que uma porcaria de bebida.
— Sou? – pergunto secando as lágrimas.
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