Pov. Steve

— O QUE VOCÊ FEZ COM MINHA NETA? – Matteo avança e Peter entra no meio.

— Calma Senhor Matteo! – Pirralho pede educadamente.

— CALMO? – pergunta sarcasticamente e todos na recepção do hospital olham. O segurança se aproxima.

— Os Senhores poderiam parar? Estamos dentro de um hospital! – nos encara enfurecido.

— Desculpa! – respondo sem graça.

— Acompanhantes da Senhorita D´ Angelo? – uma moça de branco de aproxima. Matteo corre em sua direção.

— Sou o avô dela! – responde desesperado – Tia dela e primo – aponta para Beth e Henrico.

— Podem me acompanhar? – pergunta séria.

— Sim – Matteo responde impaciente.

— Posso? – pergunto chamando atenção de Henrico.

— Jamais! – Matteo responde de forma dura.

— Pode! – Matteo ignora a ordem dada - Ela ia gostar vô!

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Entro no quarto e vejo seu corpo pálido! Minha culpa, o que eu fiz? Será que sou tão bom assim?

— Doutora como ela está? – Matteo pergunta ignorando minha presença.

— Ela teve uma concussão e tem uma grande possibilidade de ter uma sequela temporária ou até mesmo permanente – fecho os olhos me sentindo a pior pessoa – Sequelas como perda de memória, concentração e até mesmo movimento. Só descobriremos quando ela acordar.

— Quando ela vai acordar? – Henrico pergunta preocupado.

— Não dá para saber, depende do organismo dela.

— Desculpa! – me pronuncio e Henrico me olha com pena.

— Você não teve culpa cara!

— Teve! – Matteo me encara com ódio.

— Desculpe Senhores! Mas..isso só piora as coisas – doutora fala constrangida.

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Já se passou dois dias é a pequena não acorda. Nat está me acompanhando todos os dias. Fui injusto com ela também. Talvez o Stark tenha razão...não dou uma dentro!

— Calma! – Nat chama minha atenção – Daqui a pouco vai abrir um buraco no chão.

— Não tem como Nat! – olho desesperado e a ruiva se levanta me abraçando.

— Não adianta ficar assim ok? Ela vai acordar, calma!

— GENTE! – Peter entra na recepção gritando.

— O que foi? Aqui é um hospital! – Nat ralha.

— Ela acordou! – fala animado.

— ACORDOU? – pergunto novamente para ter certeza que escutei direito.

— SIM! – Pit pula em cima de mim.

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— Senhorita? – a médica se aproxima de Milene calmamente para não assustá-la. Alguns minutos depois ela responde...

— Sim – responde lentamente

— Qual é o seu nome? – a médica pergunta preocupada. Não era para ter demorado tanto assim.

— Sim, Milene – responde como se fosse óbvio arrancando um sorriso do meu rosto. Minha Milene!

— Reconhece essas pessoas? – aponta para nós.

— Só uma – responde um pouco insegura.

— Quem? – a médica anota alguma coisa.

— Meu marido. Aquele loiro com cara de azedo – aponto para mim – Não tem como esquecer...por culpa dele estou aqui – explica friamente. Meu coração falha....entendi direito? MARIDO?

— HÃ? – pergunto tentando processar o que acabo de ouvir.

- e os outros?

—Desculpa, não sei quem são! – O choque percorre pelo meu corpo. Ela não se lembra deles? Milene faz uma careta de dor e fico em alerta.

— Você lembra o que aconteceu? – pergunto baixinho.

— Sim, estava indo embora e acabei tropeçando acho – ela parece estar confusa.

— Com isso você teve uma contusão que gerou uma concussão. Seus neurônios despolarizaram afetando sua memória – a médica explica – O Senhor é seu avó, Matteo D´Angelo Garth, a mulher sua tia Marie e o rapaz um dos seus primos, Henrico. A Senhorita não é casada, seu nome é Milene D´Angelo Garth.

— Senhora Rogers. Não sei nem como estou aqui. Eu moro em Manhattan...com ele – meu coração falha e não consigo encará-la.

— Não precisa se exaltar Senhorita Garth – a médica retira o soro.

— Por quanto tempo fiquei desacordada? – sua voz está tremula.

— Dois dias – respondo com a mão na cabeça. Não acredito que está acontecendo isso!

— O que? Meu Deus preciso voltar ao trabalho- Milene tenta se levantar, mas a médica impede.

— Acalma-se. Caso contrário terei que dar um sedativo – a doutora deita ela novamente na cama e me aproximo.

— Ok – sua voz está tão fraca.

— Vamos deixar ela descansar um pouco – a médica fala e me afastado em direção a porta.

— Senhor Rogers! – a médica me chama e paro no meio do caminho – Fique, ela vai se sentir mais segura! – me explica docemente.

— Tudo bem, eu fico! Por que ela pensa que somos casados? – pergunto confuso.

— Em casos assim o cérebro apresenta lacunas, espaços que podem ser preenchidos com desejos, sonhos – responde-me. Sonhos? Desejos?

— Quer dizer..que ela sonha em casar comigo? – pisco algumas vezes tentando entender.

— Ou teve – doutora pega o prontuário e sai do quarto. Sento no sofá e começo a lembrar de tudo que aconteceu....e a possibilidade de termos nos casamos. Tudo seria tão diferente! Tenho a sensação de estar sendo vigiado, olho para ela...seus olhos estão fechados.

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Pov. Fury

— Stark você não tem jeito! – tento levantá-lo. O cheiro de álcool está forte, acho que está bebendo sem parar a dias – O que aconteceu?

— Briguei com a Pepper - falo um pouco enrolado – Terminou!

— Aqui está! – Bruce aparece com um copo de água e alguns comprimidos. Pego e dou na mão de Tony que joga tudo no chão.

— Não quero! – resmunga – Quero a Pepper!

— Tony agora não dá – Bruce fala calmo – Precisa se recuperar!

— Sim! – bufo! Não acredito que tenho que aturar isso. Meu telefone começa a tocar..é Nat! Solto Tony e Bruce assume meu posto rapidamente.

— Sim? – atendo impaciente.

Fury temos um grande problema! – Nat fala desesperada.

— O que aconteceu? – chuto a cadeira do lado chamando atenção de Bruce.

Steve brigou com uma moça e ela perdeu a memória — fala tão rápido que quase não consigo entender.

— O QUE? – grito furioso.

Preciso desligar, tinha prometido que não ia te avisar. Mas as coisas saíram um pouco do controle — falou apressadamente.

— Estou indo! – comunico furioso.

Não precisa — escuto a voz de Pit longe.

— Até mais! – desligo e olho para Bruce que não está entendendo nada. Tony já está babando no ombro de Bruce.

— JARVIS! – grito e logo escuto sua voz.

— Sim Senhor Fury, em que posso ajuda-lo?

— Liga para a Pepper e fala para ela vir cuidar do Tony! Bruce e eu temos uma urgência para resolver – Bruce me olha espantado.

— Sim, senhor!

— Bruce deixa o Tony largado ai, precisamos ir – aponto em direção ao laboratório de Stark. Vou pegar um de seus carros, não posso chamar atenção com um dos jatinhos. Nossa moral não está das melhores.

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Pov. Natasha

Horas depois...

— Steve eu avisei o Fury – falou timidamente esperando a bronca. Steve me escara furioso.

— Eu pedi para não avisar Romanoff – responde-me enfurecido. Consigo ver até faíscas saindo de seus olhos.

— Foi necessário Steve, você sabe – respondo cabisbaixa.

— Ela vai ser investigada agora – conclui contrariado.

— Tem algo para esconder? – Pergunto desconfiada.

— É Capitão ela tem alguma coisa a esconder? – Fury nos interrompe. Olho para porta...ele está furioso. Sua mandíbula está travada, seus ombros tensos..

— Não, senhor! – Steve responde irritado.

— Então comece a explicar a merda que fez – olho para Bruce calado e ele lança um olhar de tranquilidade.

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Pov. Steve

— Então ela caiu sozinha? – Bruce pergunta calmamente.

— A madeira estava solta, ela desequílibrou e bateu a cabeça – explico novamente.

— Não sabia que tinha se envolvido rapaz – Fury me olha frustrado – Muito menos que o pirralho e você estavam escondendo algo tão importante. Como ela sabe sobre você?

— Não sei, ela não explicou fiquei surpreso também. A Nat estava comigo e viu minha reação – ela concorda com a cabeça fazendo Fury ficar pensativo.

— Ela lembra do que? – Bruce pergunta novamente.

— Só dele, ela acha que são casados – Nat se pronuncia – e do acidente também. Fury e Bruce arregalam os olhos com a explicação. Chefe começa a batucar a mesa.

— O que vamos fazer? – Bruce pergunta para Fury.

— Bom não posso deixar ela solta por ai vai que lembra de tudo. Além disso, ela só tecnicamente conhece o Steve, então vai morar com a gente.

— QUE? – Nat pergunta perplexa.

— Isso que escutou Romanoff.

— Acho que ela não vai aceitar Fury – falo desanimado – Ela me odeia.

— Vai passar a amar o marido então – responde-me sarcasticamente dando ênfase ao marido– Fale com a família dela, assim que ela tiver alta vamos embora. Bruce e eu vamos ficar aqui até tudo se resolver. Cadê o Peter?

—Ele está com a família dela -Nat responde.

— Bruce acompanha eles se apresente como irmão da Nat – ele concorda vindo em nossa direção.

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Pov. Peter

— ELA NÃO VAI COM VOCÊ A LUGAR NENHUM- Matteo berra no corredor do hospital.

— Creio que seja melhor para ela – Bruce se manifesta só aumentando à ira do velho.

— QUEM É VOCÊ? VOCÊS SURGEM COMO PRAGAS? - pergunta irado.

— É meu irmão Senhor D´Angelo – Nat responde impaciente.

— ENTÃO FALE PARA SEU IRMÃO NÃO METER – se afasta um pouco puxando o ar. Beth se aproxima de Matteo.

— Tudo bem? – sua voz está tensa.

— Sim, querida – responde fraco sentando no banco.

— Pai creio que seja melhor para a Mi – escuto um soluço – Ela não lembra de nós, só dele. Ele pode ajudar a lembrar das coisas, e tomar conta dela.

— Também acho – falo e me aproximo devagar – Sei que não conhecem o Steve a muito tempo...mas a minha família sim. Sabem quem eu sou – olho estreitamente para Nat – prometo que vou cuidar bem dela.

- Para onde vão leva-la? – Matteo analisa cada palavra dita.

— Acho que Manhattan é melhor – falo baixinho.

— Mas vocês não moram lá – responde-me contrariado.

— Vamos nos mudar então – tia May se manifesta – Matteo prometo que vamos cuidar bem dela. O Senhor me conhece desde pequena. Confie em mim, ok? – Matteo olha para os lados.

— Pai! –Beth chama sua atenção.

— Tudo bem! – aceita contrariado – Quero informações todos os dias.

— Pode deixar Senhor – respondo um pouco mais aliviado.

— Vamos contar para ela então – tia May olha para Steve.

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Pov. Milene

— Ir com você? Nem morta! Acabo de falar que sou casada com você e todos negam. Quem é você? – respondo incrédula com a sua proposta absurda.

— Pense bem senhorita – a médica tenta me convencer novamente.

— Não! – cruzo os braços – com ele não vou nem na esquina! – olho para Steve que respira fundo.

— Por favor Milene...colabora – Steve pede mais uma vez!

— Não! – respondo secamente.

— Como não? Você lembra de alguma coisa por acaso? Lembra onde mora? Só lembra de mim, da queda, que somos casados e de onde trabalha. Só isso! Como vai se virar por ai Milene? Larga mão de ser teimosa e vem comigo – sua voz é dura comigo. Sinto algumas lágrimas caindo em meu rosto, limpo delicadamente.

— Culpa sua! – acuso tocando em sua ferida – Não sei quem sou...não sei o que é realidade ou fantasia.

— Falar que a culpa é minha não vai ajudar em nada? Vai?

— Não! – respondo frustrada.

— Então? – Steve me olha com esperanças.

— Tenho outra opção doutora? – pergunto para médica - Não posso ficar internada? Ir para uma casa de repouso?

— Não querida! – ela me olha carinhosamente.

— Tudo bem então...eu vou! – Steve abre um sorriso e sussurra um obrigado.

Retiro o cobertor e sento na cama chamando atenção dos dois. Viro e coloco o pé do chão, uma pontada na cabeça surge, mas ignoro.

— O que vai fazer? – Steve se aproxima me segurando.

— Vou ao banheiro, não posso? A Milene casada com o fantasma não pode ir ao banheiro?– falo ofendida.

— Claro – a médica responde – Te acompanho.

— Não precisa,não sou inválida – respondo grosseiramente retirando a mão de Steve do meu braço. Ando mais depressa possível até o banheiro, entro e deixo a porta destrancada. Olho para o espelho me assustando com minha aparência, olheiras, olhos inchados e com um curativo em minha cabeça. Abro a torneira e começo a lavar um pouco meu rosto, algumas lembranças invadem meus pensamentos.

FLASHBACK

— Milene D´Angelo aceita casar-se com Steven Rogers? – olho para Steve um pouco tremula. Ele aperta de leve minha mão e pisca.

— Sim! – respondo sorrindo e ele se aproxima.

— Declaro marido e mulher! – o padre fala e todos começam a bater palmas. Encostamos nossas testas, sinto Rogers segurar minha cintura, fecho os olhos e me entrego ao beijo.

...

— Onde vai amor? – pergunto para Rogers que desce apressado as escadas,

— Preciso ir ao trabalho – responde-me dando um beijo.

...

— Onde você estava? – falo baixinho segurando o choro.

— Trabalhando princesa – ele se aproxima e desvio. Pego sua camiseta e encontro um fio ruivo.

— COM UMA RUIVA? – grito e a ira percorre em meu corpo.

FIM DO FLASHBACK!

...

Começo a bater em meu rosto....são lembranças..fantasias? Quem eu sou? Qual a minha história? Olho para janela em desespero...não é tão alta, dá certinho para fugir. Escuto alguns passos se aproximando.

Tudo bem ai Senhorita? – escuto a voz da médica abafada pela porta.

— Sim, mais 5 minutos, por favor! – peço gentilmente indo até a janela.

Ok! – Abro devagar e sento no batente da janela colocando as pernas para fora, olho devagar não tem ninguém. Ótimo! Dou um mísero pulo e rezo para que não tenham escutado nada. Ando cautelosamente e olho para todos os lados. Preciso sair daqui! Não posso ir pela rua, a pé e nem pela pequena floresta ao lado...e agora? Olho para o lado e vejo um carro parado. Me aproximo e vejo que a chave está no contato. Dou uma disfarçada entro e dou partida. Olho ao redor para ver se tem alguém pela última vez...nada! Ótimo!

—-

Pov. Steve

— Ela não está demorando muito? – pergunto para médica que me olha preocupada.

— Sim eu vou entrar – fala pedindo licença e vai até o banheiro.

— E ai Steve? – Nat entra no quarto hospitalar.

— Ela está no banheiro - explico com desgosto. Nat nunca me escuta!

— Desculpa ok? – Pergunta diretamente daquele jeito Nat de ser.

— Se eu não desculpar não vai fazer diferença né? – pergunto rindo.

— Não mesmo! – ela retribuiu com uma gargalhada.

— ELA FUGIU! - a doutora aparece desesperada. Entro em choque e só escuto os berros da Nat.

— COMO ASSIM?

— ELA FUGIU!

— STEVE! – Nat me sacode e acordo. Saio correndo pelos corredores!

— PETER, BRUCE! – chamo os dois que me fitam assustados.

— O que aconteceu cara? – Bruce pergunta tenso.

— Ela fugiu! – ambos arregalam os olhos e correm para fora do hospital. Sigo seus passos e Henrico corre também.

— MILENE! – Henrico grita procurando pela prima - AH NÃO! ELA PEGOU MEU CARRO! – berra batendo a mão em sua testa. Pego o celular e ligo para Fury....estou literalmente...ferrado!

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Pov. Milene

Dirijo tranquilidade tentando não chamar muito atenção. Leio as placas e sigo pela pista que me indica Manhattan. Se eu vou me perder? Possivelmente! O importante é vazar daqui! Não fico com Steve nunca! Escuto uma respiração do meu lado...acho que estou ficando louca. Olho de canto e não tem nada. Respiro tranquilamente. Sinto novamente, fecho meus olhos um pouco assustada e aperto o volante. Olho novamente e nada! É acho que estou ficando louca!

— Não está ficando louca! – escuto uma voz e olho para o lado. Um homem estranho todo de preto sentando ao meu lado.

— AHHH! – grito assustada freando bruscamente o carro – QUEM É VOCÊ? – tento soltar o meu cinto para correr, mas não consigo. Escuto o carro sendo trancando e meu pavor só aumenta.

— Loki ao seu dispor! – o homem dá um sorriso me fazendo arrepiar.

— O que você quer? –tento disfarçar meu medo..

— Te ajudar Milene! – responde-me olhando para frente – Você odeia o Steve..e eu também – me olha com um sorriso sacana em seus lábios - Estou aqui para te ajudar, é bom aceitar...ou em 5 minutos ele vai estar aqui –seu olhar é tentador.

— Qual é a proposta? – pergunto engolindo seco sem me desconectar de seus olhos.

— Você vai descobrir depois. Agora é só me dizer...sim ou não? – beija minha mão.

— Sim! – respondo rezando para não me arrepender depois, Bom..não tenho nada a perder mesmo!