- Acooooorda Alicia, acorda! – Gaby me sacode.

- O que aconteceu? – abro os olhos sonolenta, percebendo sua felicidade.

- Ontem eu não levei meu celular pra B-P, então nem olhei se tinha alguma chamada perdida ou mensagem... Ai hoje quando acordei, vi que o Brad me ligou e ainda tinha deixado um sms! – ela cai na cama.

- Sério? – me sento, bocejando. – E o que estava dizendo a mensagem?

- Vou ler pra você! – olha pro celular. - Diz assim: “Acho que estou devendo um jantar a uma bela moça que conheci no VMA... Que tal sairmos amanhã? Quero muito te ver! (ênfase nessa parte!) Me ligue para combinarmos tudo direitinho, pode ser? Vou ficar esperando ansiosamente. Um beijo, Brad Takashi.” – suspira.

- E é claro que você vai ligar, não é? – sorrio.

- Vou, agora mesmo! – vira-se. - Será que ele está acordado?

- Ué, não sei... Que horas são?

- Dez e meia. – olha para o relógio em cima do criado.

- Ah, então ele já está de pé. Liga pra ele e coloca no viva-voz que eu quero ouvir!

- Ok... – Gaby sorri, animadíssima. - Está chamando! Ai meu Deus! – sussurra.

- Alô? – Brad atende.

- Brad? Aqui é a Gabriella Valzac, tudo bem?

- Oi Gaby! – hmm senti a intimidade! – Tudo ótimo, melhor agora que ouvi a sua voz! – ouvindo isso, nós vibramos em silêncio. – Te liguei ontem antes de mandar o sms, mas você não atendeu...

- Ah sim, eu vi. Tanto que queria lhe pedir desculpas por não ter atendido. Fui para uma festa no estúdio e acabei esquecendo o celular em casa. – faço um sinal de positivo, pra indicar que ela está indo bem na conversa.

- Não precisa se explicar, linda! – ela fica vermelha enquanto seguro a gargalhada. – O importante é que nós vamos sair, ou você me ligou pra falar que não vai poder? – brinca ele.

- Pelo contrário, Brad! Estou ligando pra combinar tudo direitinho. – ri de nervosismo

- Ufa! Ainda bem! Por um momento pensei que você tinha me deixado pra lá... Então, o que você acha de sairmos amanhã à noite?

- Acho uma ótima idéia! Aonde iremos?

- Quanto a isso, quero manter um suspense! – faz uma pausa. – Será surpresa...

- Hmm... Adoro surpresas! – sorri.

- Então às oito eu passo na sua casa pra te buscar, pode ser?

- Combinado! Ah, pegue papel e caneta para anotar o endereço!

- Nossa, é mesmo! Estava me esquecendo de pedir o endereço! Vou lá pegar, não demoro.

- Ai, ele é tão meu! – diz Gaby, sussurrando.

- Shhh! Ele pode te ouvir. – alerto.

Ela coloca a mão nos lábios.

- Pronto, linda! – Brad volta. – Pode falar.

Enquanto ela vai ditando o endereço pra ele, eu vou à cozinha pegar algo pra comer, já que estou faminta.

Quando volto, Gabriella já tinha desligado o telefone e estava deitada na cama, olhando pro teto e sorrindo, com uma cara de apaixonada. Acho que dessa vez, o cupido a fisgou pra valer! Nunca presenciei minha amiga tão “in love” com alguém dessa forma. Brad conseguiu mesmo arrematar seu coração e eu espero que ele saiba cuidá-lo da forma como ela merece.

Quanto a mim, preciso encontrar um rumo pro meu.

- Hmmm, então a senhora Gabriella Valzac enfim encontrou o amor de sua vida!

- Ai amiga... – solta o ar com força. – Deus queira que sim! O Brad é tudo que eu sempre sonhei: lindo, alto, suuuper atencioso, tem uma barriga de tanquinho, enfim, é lindo!

- Barriga de tanquinho? – gargalho. – Ahh sua safada! Como você sabe?

Ela me olha.

- Como eu sei? Fotos! Pode procurar aí no Google Brad Takashi que você vai encontrar um mooonte de fotos dele sem camisa e tal... – viaja nos pensamentos por uns segundos e volta ao normal, continuando o que estava dizendo. – Só não vale babar nele! Você já tem o seu.

- Sei, sei... Pode deixar que eu não vou babar em ninguém! E eu não tenho tanquinho nenhum. O Bruno é magricelinha, você sabe disso! – exclamo.

- É, nessa parte você tem razão... Mas enfim, o que vale é o sentimento! – brinca.

- Nem pense em começar com esse papo de sentimento a essa hora da manhã!

- Ok, ok! Já parei. Estou com fome, vamos tomar café na rua? – pergunta.

- Vamos sim, só vou tomar um banho antes.

- Tudo bem.

Andamos pelas ruas durante a manhã. O passeio até rendeu compras! Como já era quase na hora do almoço, decidimos ficar por lá mesmo e almoçar em um de nossos restaurantes preferidos.

Na entrada, avistamos um paparazzi tirando algumas fotos de nós.

- Já estava achando estranho o sumiço desses fotógrafos. – comenta Gabriella.

- Eu também. Eles nunca tiram férias! – brinco.

- Pois então... Deve ter saído algum boato relacionado a você.

- Será? – pergunto.

- Vamos procurar na internet depois pra confirmar. A imprensa brasileira adora um boato, você sabe. Qualquer coisinha dá uma capa dessas revistas de fofoca.

- Assim que chegarmos ao restaurante, eu darei uma olhada pelo celular.

Andamos mais alguns quarteirões, parando em algumas vitrines. O fotógrafo nos acompanhou até a entrada do restaurante, e permaneceu lá de fora, até que saíssemos. Pra mim, com certeza ele estava achando que alguém de interessante iria nos encontrar ou, sei lá, que teria o maior furo de reportagem de sua vida.

Muito estranho isso. O que eu, Alicia Liecht poderia fazer que rendesse boatos e outras coisas mais? Na certa ele recebeu alguma ligação do Brasil, de alguém falando pra ficar na minha cola já que tem muito tempo que eu não apareço por lá.

Ou será que foi o Bruno? Ai meu Deeeeeeus! Não quero nem pensar nisso. Imagine só, se ele mandou esse paparazzi me seguir? EU MATO OS DOIS! Só vai me faltar essa agora! Mas também, isso não importa. Não estou fazendo e nem farei nada de errado aqui em L.A. Se não fiz até hoje, sendo que tive várias oportunidades pra isso, não farei mais.

Não sou esse tipo de pessoa.

Voltei com Gaby pra casa. Não sei se o paparazzi nos seguiu até lá, mas não duvido nada. É bem do feitio deles.

Não encontrei nada na internet. De certo, ele só estava afim de descolar algo interessante mesmo, o que não aconteceu.

Gabriella dormia. São exatamente 3 da tarde e eu, como estou sozinha em casa, resolvo ir no supermercado comprar sorvete e alguns chocolates. Não existe nada melhor no mundo, não é mesmo?

Pego minhas chaves de casa e, como moro no centro da cidade, vou a pé.

Entro no supermercado e vou direto para o corredor de doces. Observo com atenção todos da prateleira e vou colocando alguns Kinder Buenos dentro da cesta de compras.

- Aqui, definitivamente é o último lugar em que pensei encontrar você! – ouço uma voz familiar vinda da minha direita e quando viro-me para olhar, tenho uma surpresa.