Remember

Me sente te chamando


[Tom Narrador Mode-On]

Já se passaram dois dias e Alicia não dava sinal de vida. Eu já estava ficando louco! Não aguento mais esse pesar da ausência dela, ecoando por todo lugar onde quer que eu esteja. Que droga é essa que estou sentindo?

Eu odeio isso.

Esse sentimento de perda que aumenta a cada segundo mais e sufoca todas as minhas sensações… Eu o odeio! Odeio muito, muito mesmo. Odeio porque dói, machuca, corrói. Odeio porque me faz perder todo ânimo que consegui resgatar depois de tanto esforço para lhe dizer o que realmente sinto por ela. Odeio porque me traz angustia, ódio, raiva, tristeza… Me traz tudo, só não me traz o mais importante: ela.

Continuava com a sensação de estar cercado por um grande vazio. Havia uma náusea em meu estômago, que se embrulhava todo. Tô sentindo tanto a falta dela, que só lembro de mim de vez em quando. Ela está ocupando totalmente os meus pensamentos.

Eu só queria não te querer tanto assim. Eu só queira te tirar da minha mente, e do meu coração. Só queria não pensar em você as 24 horas do dia. Queria não ficar com um sorriso bobo no rosto ao lembrar de você. Eu só queria ter conseguido me afastar de você enquanto ainda era tempo. Eu só queria não ser tão seu. Eu só queria não imaginar um futuro ao teu lado. Eu só queria nunca ter me apaixonado por você. Eu só queria ter trancado meu coração, como havia prometido a mim mesmo. Mas o que eu realmente quero é que você realmente me queira, da mesma intensidade que eu sempre te quis.

— Tom? – Bill abre a porta do meu quarto, onde eu estava deitado na cama. Olho para ele. – Você vai ficar aqui nesse quarto por mais quanto tempo? Não tem se alimentado direito... Estou preocupado, não gosto de te ver assim. - ele franze a testa.

— Eu só quero que ela apareça, Bill!

— Ela aparecerá, pode ter certeza. – diz, para me animar e senta-se na cama. – Dê tempo ao tempo que as coisas com certeza entrarão nos eixos.

— Eu tinha medo de gostar de alguém, de me envolver, de me mostrar sem disfarces. Amar sempre me deu medo danado. De perder a liberdade, a identidade, de me machucar, de não saber mais voltar. Mas isso tudo mudou depois que ela apareceu na minha vida... As coisas pareciam ir tão bem, até que tomei um balde de agua fria desse... – faço uma pausa. – Afinal de contas, amar é isso? Me diga, Bill!

— Isso o quê?

— Esse sentimento que me dói por dentro, em que me sinto completamente incapaz... Se for assim sempre, eu não quero amar alguém nunca mais na minha vida!

— Tom, o amor tem dessas coisas, seus altos e baixos! Você não pode perder as esperanças e sim criar forças aí dentro para digerir esse amor de forma que não lhe faça mal e nem lhe sufoque! – ele vem mais para perto de mim e me abraça. – Tudo passa, meu irmão! Momentos ruins são seguidos de coisas boas. – ele faz uma pausa. – Agora vai, toma um banho, troca essa roupa e vamos dar uma volta!

— Não estou no clima, Bill...

— Pois trate de criar esse clima aí! Vamos passear com o Scott e o Pumba. Em meia hora quero você na sala!

— Tá bom, tá bom... – levanto-me da cama.

[Tom Narrador Mode-Off]

***

[Narrador Mode-On]

Bill desceu as escadas e foi rumo ao jardim, para garantir que seu irmão não suspeitasse de nada. Pegou o celular para ver se tinha alguma mensagem de Alicia, mas se deparou com a ligação de uma outra pessoa: Gabriella.

Ele decide ligar de volta.

— Bill! Já estou sabendo tudo que aconteceu entre Alicia e o Tom.

— Você teve notícias dela? Ele está aqui arrasado e eu, tendo que fingir que não sei de nada!

— Sim! Na verdade essa ligação foi para dizer que ela está aqui em New York, na minha casa.

— Ainda bem! E como ela está?

— Confusa, ainda sem se lembrar de nada...

- Ela precisa voltar, Gaby! Posso falar com ela?

— Agora não, está dormindo... Consegui acalmá-la, pois desde que chegou aqui a pego chorando e inconformada por não conseguir se lembrar...

— Tom também está péssimo, você não acredita no quanto...

— Eu posso imaginar! Bom, mas assim que eu tiver mais notícias te aviso! Vai dar tudo certo no fim, tenho certeza!

— Muito obrigado, minha querida! Tenho que desligar, um beijo!

— Beijos, Bill! – ela desliga o celular.

Tom vem se aproximando do irmão, com os dois cachorros.

— Estou pronto e esses dois garotões também! Com quem você falava?

— Er... Eu... Eu falava com a Gabriella.

— Ela sabe onde Alicia está?

— Foi por isso que liguei, mas infelizmente ela também não faz ideia. – mente.

— Preciso falar com ela! – ele vai retirando o celular do bolso.

— Não, Tom! – ele o impede. – Não vamos incomodá-la de novo, ela está terminando de arrumar o seu apartamento com Brad em NY. Além do mais, disse que se souber de alguma coisa sobre Alicia, nos avisaria imediatamente... – olha para o irmão, que mostrava uma expressão de decepção.

— Então vamos logo, Bill. – sai andando em direção à um dos carros. – Você dirige.

Ambos entram no carro e Bill dá partida. Tom Vira pro lado, fecha os olhos… E lhe deu saudade dela. Lhe deu muita saudade!

Me liga Alicia, por favor me liga! Eu só preciso ouvir sua voz dizer que está tudo bem, que tudo não passou de um mal entendido... Dá pelo menos um sinal de vida! Me sente te chamando, onde quer que você esteja... — ele diz, em pensamento.

***

Gaby olha para a amiga, que dormia profundamente no sofá.

— Ahhh, Alicia! – suspira fundo. – Você vai se lembrar, tenho certeza que irá! – vai para o quarto.

Nesse momento a guitarrista muda de posição. Ela estava sonhando. No meio do sonho, ouve a voz de Tom chamá-la e, do nada, como um flash ela acorda assustada.

— Meu Deus! Agora eu me lembro, eu me lembro!

[Narrador Mode-Off]