Remember

A Recepção


Ao chegar na porta de minha casa, estava suuuuper ansiosa para rever a todos! Toco o interfone e a empregada atende. Assim que eu disse meu nome, ela abre o portão para mim.

Entrei carregando minhas malas. Quando olho para frente, avisto Mariana, minha irmã, que é três anos mais velha que eu. Ela é veterinária e tem uma clínica aqui em Belo Horizonte e não mora com nossos pais, apenas vem pra cá alguns finais de semana e todas as vezes eu venho.

Assim que me viu entrando, veio correndo tão rápido pelo jardim para me abraçar, que nós caímos juntas na grama.

– Que saudaaaaaaaaaaaaaade de você, sua feia! – ela me abraça, apertando. Estava praticamente em cima de mim.

– Eu também... – digo com dificuldade. – Mas agora será que dá pra você sair de cima de mim?!

– Ok, ok... Desculpa! – ela ri. Em seguida se levanta e estende a mão para me ajudar.

Gosto muito da minha irmã. Fico com muita saudade dela, ainda mais quando passo muito tempo sem vir, como dessa vez que fiquei quatro meses fora. É sempre bom vê-la e sempre que dá, conversamos pela internet.

– Onde estão papai e mamãe? – pergunto, pegando as malas caídas no chão.

– Eles estão em um churrasco de um amigo do papai... Devem voltar só à noite. – ela faz uma pausa. – Vamos, vou te ajudar com isso. – ela pega uma das malas e anda em direção à casa.

– Obrigada.

– Mas então, eu sei que você está cheia de novidades pra contar!

– Tenho várias! – me sento no sofá da sala e dou um suspiro, me sentindo relaxada.

– E eu quero saber de tudo! Principalmente como que os caras do Tokio Hotel saíram dos posters do seu quarto e foram parar dentro da sua vida! – ela ri.

– Vai começar! – balanço a cabeça.

Aposto que você queria agarrar todos!

– Não sei se a senhora se lembra, mas eu não tenho mais 16 anos!

– Vai saber se mudou alguma coisa desde lá, não é?

– Aposto que você já viu a nota mentirosa que publicaram sobre mim e o Bill, por isso que está falando isso!

– Vi sim... Mamãe me ligou histérica dizendo que você não podia ter trocado o Bruno por ele. Eu disse que isso era mais uma mentira da imprensa, mas quem disse que ela acreditou?

Na maioria das vezes, ela me entende muito mais do que minha mãe. Além disso, sempre me defende, já que não é influenciada pelas mentiras inventadas pela mídia.

– Ela também me ligou pra dar o típico sermão de boa conduta, como se eu já não o tivesse decorado. – cruzo os braços e olho para o lado. – Você sabe se ela conversou com o Bruno?

– Acredito que não, porque do contrário teria comentado comigo... – ela me olha. - Ahh, mas deixa isso pra lá! Conte-me, como foi de viagem?

– Bem, tirando é claro as turbulências... Dessa vez eu não consegui dormir quase nada, estou morta!

– É, eu percebi! Então sobe, toma um banho bem relaxante pra gente poder almoçar. Depois vê se dorme um pouco pra você se renovar. Quero te ver novinha em folha, porque hoje nós vamos pra um barzinho colocar o papo em dia! Eu deixo você escolher. – ela se levanta do sofá e me puxa junto.

– Mas eu mal cheguei e...

– Não interessa! – me interrompe. - Você vai sair comigo e ponto final! Agora vai, não quero ninguém reclamando de sono mais tarde. – diz, subindo as escadas e me puxando junto.

– Vou lá, mas eu não te prometo nada! – entro no meu quarto, empurrada por ela.

– Isso é o que veremos! – ela sai e fecha a porta.

Tomei um banho super longo e desci logo em seguida para o almoço. Diva, a empregada dos meus pais, fez uma comida tão deliciosa que eu até repeti. Esperei um tempo e subi para dormir. O meu cansaço me fez desmoronar na cama.

***

Dormi que nem uma pedra. O único barulho que ouvi foi o de Mary me acordando.

– Alicia, já está na hora de acordar!

– Que horas são? – esfrego os olhos, sonolenta.

– Sete. Comece a se arrumar, vamos sair às nove!

– Tudo bem... Papai e mamãe chegaram?

– Ainda não... – ela sai do quarto.

Assim que saiu, fui para o banheiro arrumar meu cabelo e me maquiar. Não demorei nem uma hora, peguei um vestido em uma das malas, troquei de roupa e saí no corredor para procurá-la.

A casa estava completamente silenciosa, com a maioria das luzes apagadas e nenhum sinal de ninguém além de mim. Desci as escadas e chamei pelo nome da minha irmã várias vezes, mas ela não respondeu. Fui até a cozinha e quando retornei à sala, ouvi sua voz dizendo que estava lá fora, na parte de trás da casa e me pedindo para ir até lá.

Foi o que eu fiz.

Quando abri a porta de vidro coberta com cortinas que dava para o gramado do local, uma multidão começou a gritar e bater palmas. Era uma festa surpresa de boas-vindas!

Minha família toda estava lá, inclusive vários que eu não via faz tempo! Todos eles juntos vieram me abraçar. Fiquei suuuuuuuuper feliz com a surpresa! Meus pais prepararam uma super festa recheada das coisas que eu mais gostava, tanto de bebida quanto de comida além é claro de música boa!

***

No outro dia pela manhã, acordei e fui direto para a cozinha tomar café. Lá estava minha mãe.

– Bom dia, mãe! – dou um abraço nela e um beijo no rosto.

– Bom dia, meu amor! – ela retribui o abraço e o beijo. – Dormiu bem? Na noite anterior não paramos para conversar direito e nem matar as saudades!

– Pois é... – digo, abrindo a geladeira e pegando um iogurte.

Sei bem o que ela quer conversar...

Sento-me na bancada da cozinha.

– Então, agora que você já chegou e está descansada da viagem, quero falar sobre aquela nota publicada sobre você na internet...

Não estou dizendo? Vai começar...

– Não, pelo amor de Deus! – digo com raiva. - Você não precisa nem começar com essa história novamente, até mesmo porque tudo que eu tinha pra dizer, eu já lhe falei por telefone aquele dia. – me levanto e vou saindo da cozinha, para não render assunto.

Nesse momento, meu pai aparece.

– Bárbara, você quer parar de encher a Alicia com esse assunto chato?

– Mas... – mamãe faz cara feia.

– Ela já disse que é tudo mentira e ponto final, assunto acabado! – ele a interrompe. - Que mania de ficar remoendo essas coisas! – vira-se para mim. – Bom dia, minha filha! Dormiu bem?

– Dormi sim, papai! Muito obrigada por aquela festa de boas vindas que vocês fizeram pra mim ontem, eu adorei!

– Você merece o melhor! – ele me dá um beijo no rosto.

Ainda bem que meu pai chegou na hora e cortou esse assunto. Do contrário, iria gerar uma briga feia e eu com certeza não ficaria no mesmo teto que ela por mais nenhum minuto.

***

Fiquei em Belo Horizonte por mais um dia. Minha mãe não fez mais nenhum comentário sobre aquele desagradável assunto. Até mesmo porque, ela vibrou quando eu disse que iria para São Paulo encontrar o Bruno, porque ele queria falar algo comigo. Ficarei lá até sexta-feira, depois eu e Gabriella voltaremos juntas para Los Angeles. Ela irá me encontrar para embarcarmos juntas.

Quando foi quarta-feira pela manhã, segui direto para o aeroporto. Meus pais me levaram até lá. No caminho, liguei para Bruno e avisei que estava quase saindo de BH. Ele ficou feliz, e disse que iria me esperar chegar ao aeroporto.

Eu estava ansiosa para vê-lo, pra poder matar as saudades.

O vôo durou cerca de 50 minutos. Enquanto estava dentro do avião, mandei uma mensagem para o Bill, que dizia:

“Bill, que saudade!
Cheguei bem no Brasil e fui recepcionada com uma festa pela minha família!
Agora estou dentro do avião rumo a São Paulo, onde irei encontrar o Bruno para a nossa conversa.
Mande um beijo para o Tom e diga à ele que também estou com saudades.
Aguarde mais notícias!

Beijos, Alicia.”


Enfim, o avião aterrissou. Foram os 50 minutos mais longos de toda a minha vida. Desci e fui em direção ao aeroporto, pelo portão indicado. Peguei minhas malas e andei para ver se avistava o Bruno.

Alguns passos depois, lá estava ele em pé, lindo e com um sorriso no rosto me esperando.

Sem pensar duas vezes, larguei as malas no chão e saí correndo em sua direção dando-lhe um abraço. A saudade era maior do que eu mesma imaginava e ao vê-lo parado lá daquela forma, me fez ter mais certeza disso.

Que saudade desse abraço bom, de seu perfume viciante e de seus beijos.