Relíquias de Sangue

Capítulo 4 - As coisas parecem estranhas


– Mesa pra dois, por favor! – Disse ao garçom, que nos guiou até a mesa.
– Ahn... Então, o que vai pedir? –Disse Melinda.
– Não quero nada agora. – passei minha mão em seu rosto.
Ela sorriu meio envergonhada: - Tudo bem. Eu não vou pedir nada agora também.
– Então, você tem algum irmão ou irmã? –Disse a ela escondendo minha curiosidade.
– Tenho sim. Um irmão mais velho, Mason. Ele é um daqueles irmãos, super-protetor e... Isso realmente me irrita!
– É, eu sei como é isso.
– Então novato... – eu senti como se ela tivesse curtindo com a minha cara – quantos anos você tem?
– Eu tenho 17... Me faz um favor? NÃO me chama mais de novato. – Falei a ela bem arrogante.
– Tá... Mas porque você ta falando assim comigo? O que eu fiz pra você?
– Eu só acho que você não deve sair por aí falando das pessoas sem saber sobre elas. – agora sim eu estava agressivo com ela – Olha, eu perdi a cabeça. Foi mal.
– Não... Foi péssimo! Eu nunca devia ter saído com você. – eu a interrompi – Mel, espera.
– É Melinda pra você. Agora to indo – Deu os ombros e saiu.

Decidi não ir atrás dela, Eu estava estressado – Só ia piorar as coisas.


POV Melinda.
Saí daquele restaurante indignada com a arrogância de Jake. Encontrei meu namorado no caminho de casa.
– Melinda?
–Tom? O que você ta fazendo aqui?
– O que você está fazendo aqui?
– Eu tava apenas dando uma volta por aí, esfriando a cabeça e pensando nas coisas.
– Sabe... Eu também andei pensando muito esses dias que a gente deu um tempo e... – eu o interrompi.
– E aí que eu te amo. Que eu não consigo ficar longe de você, eu sei que a gente tem as nossas brigas, mas faz parte né. – eu sorri. – eu aceito voltar com você – disse a ele.
Ele sorriu e nos beijamos.
– Quer que eu te deixe em casa? – Ele disse.
– Se você quiser.
– Por mim, você voltava comigo pra minha casa e – eu o interrompi novamente – para de brincadeira Tom, me deixa em casa sim – sorri.

Então, eu entrei no carro. Nós ficamos conversando até chegarmos em minha casa. Eu estava feliz. Pelo menos uma parte de mim. Enfim chegamos, nos beijamos outra vez, saí do carro e entrei em casa.

– Sai com um e volta com outro é? – Disse Mason num tom sarcástico.
– Mason, para com isso.
– Eu só fico preocupado com você.
– Own, o irmãozinho preocupado com sua irmãzinha – disse a ele com uma voz melosa e apertando suas bochechas. – que lindo – interrompi a mim mesma dando uma tapa de leve em seu rosto – mas pare. Eu sei muito bem me cuidar sozinha!
– Você tem apenas 16 anos. – Ele disse a mim com uma cara de deboche.
– Não precisava jogar na cara né. – saí de sua frente sentei-me no sofá.
– Desculpa Mel. É só que desde aquele dia terrível, eu sinto uma responsabilidade de proteger você. Eu não quero que nada de ruim aconteça com você. – Disse ele com um olhar preocupado.
– Nada de ruim vai acontecer de novo. Nem comigo, nem com você. – o abracei forte e deitei em seu colo.
– Quer me contar algo? – ele disse. Tirando meu cabelo de meu rosto.
– Você é um garoto. Não iria entender. – sorri.
– Eu posso tentar não posso?
– Tudo bem... Digamos que você tem uma namorada, e aí vocês dão um tempo. Depois disso você fica arrasado e conhece outra garota e sente uma atração por ela, uma coisa... Inexplicável, que parece que vocês se conhecem há muito tempo atrás. Daí vocês saem juntos e na mesma noite vocês têm uma discussão e você sai dali com raiva, estressado e então, encontra sua namorada novamente e... Voltam. Ficam juntos mas você não consegue tirar aquela garota que conheceu da cabeça.
– Peraí Mel... Você ta gostando de duas garotas? – disse a mim com uma cara estranha. Então joguei a almofada nele – claro que não Mason. São dois garotos que estão confundindo a minha cabeça.
– Ahhh... Bom... Acho que você deve seguir seu coração.
– Obrigada Mason. Mas, não sei se isso ajudou! Obrigada mesmo assim. – saí de seu colo e fui para meu quarto dormir.
Na manhã seguinte, acordei com uma buzina de carro. Olhei pela janela e era o Tom com uma rosa na mão.
Já estou descendo. – disse a ele mesmo sem saber se ouviu.
Vesti apenas um casaco e desci. Mason ainda estava dormindo. Destranquei a porta e fui falar com Tom.
– Bom dia meu amor! – Tom disse. Me beijou e entregou-me a tal rosa.
– Ai que linda! – dei um selinho nele novamente – Então, o que faz aqui tão cedo?
– Só queria te ver e saber se quer ir sair hoje. Quer?
– Claro! – eu disse animada – Espera só um momento, tenho que me arrumar.
– Então tá – ele disse e me beijou.

Entrei em casa e me arrumei. Tive uma sensação estranha de que hoje seria um dia maravilhoso. Tom parecia mais atraente. Enfim, controlei meus pensamentos e tomei um banho. Quando estava pronta, desci e o vi dentro do carro esperando por mim. Entrei e disse:
– E aí, aonde vamos? – perguntei.
– Você está linda – ele disse.
– Obrigada – eu corei – mas então, aonde vamos?
– Que tal ao parque? Lá é tranquilo.
– Parece bom – eu disse.

Enquanto ele estava dirigindo, eu ainda estava pensando em Jake. Em como ele foi rude, no modo como ele me deixa nervosa, mas segura. Mas foi como em um estalar de dedos ele saiu de minha mente. Comecei a pensar em como Tom me faz sentir... Viva!
Quando estávamos a menos de 1 km do parque, consegui ver tudo aquilo. Realmente era tranqüilo, quase deserto. Gosto de lugares assim. Ele estacionou.
Estávamos de mãos dadas no parque, ele começou a tentar me beijar. Senti como se todos ali não existissem. Quando ele tentou colocar a mão por baixo de minha blusa, eu o parei.
– Aqui não Tom – eu disse.
– Por quê? – ele disse.
– Não é óbvio? Estamos em um parque!
– Tá... Tá – ele disse, parecia entediado. Mas não me importei.

Quando estávamos comprando algo pra comer vi uma mulher, estava nos olhando. Eu a vi rapidamente. Estava parada na frente dos arbustos. Era loira e magra, com um rosto delicado, mas ainda assim era misteriosa. Virei e chamei Tom, pedi para ele olhar para os arbustos. Apontei meu dedo naquela direção, mas não havia mais ninguém. Senti-me uma boba. Ela não poderia ter saído dali correndo ou voando, muito menos ser apenas minha imaginação.
Ficamos por mais duas horas naquele parque apenas explorando tudo o que havia lá. Já estava anoitecendo e fomos para o apartamento dele. Chegando lá ele me levou para seu quarto. Sentei na ponta de sua cama, enquanto ele trancava a porta. Ligou o som, estava tocando uma musica lenta, era minha musica favorita “You give me something” do James Morrison. Ele me chamou pra dançar. Eu aceitei. Enquanto dançávamos, ele beijava meu pescoço. E eu tirava a jaqueta dele. Ele me conduziu até a cama novamente, tirando sua camiseta.
Ficou em cima de mim, e tentou colocar a mão por baixo da minha blusa novamente, mas eu o impedi. De repente eu vi o rosto de Jake como se ele realmente estivesse lá.
– Para Tom. Agora não!
– Porque Mel? – ele me olhou desconfiadamente.
Não respondi, empurrei tom e levantei. Ele perguntou mais uma vez furioso
– Por que Mel?
– Porque eu não quero! – respondi furiosa também.
– Você não vai a lugar algum! – ele falou agressivo e me puxou pelo braço.
– Me solta, agora! Ta me machucando. – gritei.
– Cala essa boca! – e me jogou na cama.
– Tom... Você nunca foi assim comigo.
– É porque eu sei em quem você está pensando e não é em mim!
– O que? Como assim? – me fingi de desentendida.
– Não se faça de idiota. Eu sei muito bem a sua historia com aquele tal de Blackburn!
– Como você soube disso? Eu mal o conheço! – estava furiosa, mal conhecia Jake e ele já sabia disso. Nada está acontecendo. Eu não tenho nada com ele e Tom insiste em falar isso.
– Não importa como eu soube! – ele gritou.
– Quer saber? Eu já vou Tom. Não vim aqui pra ficar ouvindo as suas besteiras! – eu estava furiosa, não conseguiria ficar ali por mais nem um minuto.
– Você não pode ir! – ele estava apreensivo.
– Como assim não posso ir? Eu vou e você não vai me impedir. Não pode me dizer o que fazer e não pode me julgar por algo que ainda nem fiz! Tchau Tom! – saí do quarto e bati a porta.

Fui andando para casa, por sorte, minha casa não é tão longe. Fiquei pensando em como pude deixar as coisas chegaram àquele ponto. Eu realmente estava tão furiosa com ele quanto estava comigo mesma. Eu me odiava naquele momento por passar o dia todo com ele, só não consigo imaginar o porquê. Quando entrei na rua de minha casa, tudo estava escuro, a rua estava deserta, acho que realmente já passava das onze horas. Eu estava morrendo de frio, talvez já fosse a hora de mudar-me para outro lugar. Polônia era tão fria. Sei que Mason iria adorar essa idéia, nesse país já passamos por muitas coisas ruins. Mas com certeza ele iria me chamar de dramática.
Quando cheguei em casa, vi Mason parado esperando por mim. Parecia furioso. Eu não agüentaria brigar com ele agora também. O mais irônico foi que saí de casa com uma sensação de que o dia seria ótimo, nunca mais irei confiar na minha intuição!
– O que foi Mason? – eu disse com um tom de cansaço.
– Aonde você foi? Não poderia ter pelo menos me avisado?
– Você estava dormindo!
– Poderia ter me acordado Mel! Você sabe como fico preocupado. O pior foi que você saiu de manhã e só voltou agora!
– Tá Mason... Da próxima vez eu te acordo, não importa o quão bom esteja o seu sono, eu te acordo. Feliz?
– Muito!

Subi para o meu quarto já estava estressada demais. Sentia como se minha cabeça fosse explodir! Agora mais do que nunca sinto saudade de minha mãe, ela iria me ajudar não importa o tamanho dos meus problemas, se são bobos ou não. Ela provavelmente iria pedir pra eu deitar em seu colo depois de ter feito um chocolate quente. Sei que Mason sente falta também, ele só não age como tal. Deitei em minha cama e tentei pensar em qualquer coisa, menos no meu dia ou em Jake. Mas quanto mais eu tentava não pensar em tudo isso, mais eu pensava.