Edward

Eu desci as escadas para tomar café da manhã mais animado do que nos dias anteriores. Harry estava no final da escada com Isabella. Ela estava falando algo com ele e tentei não parecer muito afoito ao descer.

— Entendo. – ela disse.

— Mas eles mandaram algo parecido com o pediu. – ele disse entregando a ela uma caixa pequena.

Ela abriu e suspirou. Ela estava usando um vestido bem mais caseiro, liso e preto. Ela voltou ao preto? Respirei e me aproximei.

— Bom dia.

Isabella me olhou e fez uma reverência.

— Bom dia senhor.

— Algum problema Harry?

— A senhorita recebeu uma encomenda, mas foi informada que não era como ela queria, precisou de algumas adaptações. Mas informei que posso pessoalmente ver com um joalheiro confiável o seu pedido.

— Deve ter acontecido algum problema. – disse ela apenas olhando.

Mamãe chegou e a viu, não se surpreendendo com o preto.

— Querida Leah disse que você recebeu uma encomenda.

— Sim, acabou de chegar. – ela mostrou a caixa e mamãe suspirou. – Faltaram as rosas como meu anel.

— Oh querida... tenho certeza que podemos encomendar algo...

— Posso ver?

Ela me entregou e vi. Era um anel de ouro discreto, tinha uma pedra negra no meio arredondada e um trabalho de ourives muito bem feito.

— A senhorita pediu flores em vez desses detalhes. – Harry explicou.

— Um anel de luto. – falei abismado.

— Sim. – ela disse ainda parecendo insatisfeita olhando o anel em minhas mãos. Parecia pequeno, mas seus dedos eram delicados e finos. Muito bonitos.

— Encomendou com quem? Posso resolver isso. – falei firme.

Ela me olhou por alguns segundos e ficou me encarando com seus olhos azuis. Uma lagoa azul.

— Deixe assim. Vai demorar mais para refazer e este serve bem ao seu propósito. Tenho as flores no outro anel. – disse conformada e eu devolvi o anel a vendo pegar colocando em seu dedo experimentando.

— Muito bonito querida.

— Ficaria lindo com as flores, vou enviar uma carta avisando que ele veio com esta falta.

Então ela subiu parecendo um pouco apressada.

— Ela voltou ao preto. – disse para minha mãe.

— Não, era azul.

— Azul?

— Azul. – disse firme.

E saiu.

— Harry avise a senhorita me encontrar no escritório às 15 horas por favor.

E então fui resolver algumas coisas na propriedade a cavalo, passei pelas vilas e almocei com um de nossos vizinhos. Eu sabia que se ficasse em casa mamãe iria me interrogar e eu não queria ser neste momento questionado. Ela era muito protetora e eu estava muito satisfeito com meus pensamentos, tranquilo com minha postura.

Voltei e fui direto para me arrumar para encontrar Isabella, estava um pouco empoeirado do passeio a cavalo e também fiz algo que achei que não faria em um bom tempo. Desci às escadas com mamãe parada no final me olhando firme.

— O quer quer com Isabella?

— Mamãe nada demais, ela será sua protegida. Logo estarei indo para Londres, não posso deixar nada a resolver pelo caminho.

Ela me olhou fixamente.

— Seu pai era um péssimo mentiroso. Você é tão ruim quanto ele.

— Penso que isso deveria ser um elogio não? – sorri para ela.

Ela se virou e vi Isabella descer as escadas com o mesmo vestido. Ela apenas tinha um ar mais sereno. Mamãe sorriu ao vê-la. Ela usava o anel em vez dos anéis. Combinavam tão bem com todo o conjunto que daria para suspirar.

— Está bem querida?

— Sim. Leah é sempre muito atenciosa.

— Que bom que está gostando.

— Vamos para o escritório. – disse e ela me acompanhou. Não olhei para mamãe. Ela tinha suas próprias ideias e talvez as minhas não fossem tão ruim.

— Sente-se por favor.

Falei indo até a cadeira de frente a ela. Ela se sentou e mais uma vez em sua postura impecável cruzou as mãos no colo.

— Espero que tudo esteja do seu agrado.

— Sim, está.

Até aquele momento eu pensei que sabia que o fazer ou falar, mas tudo me fugiu da mente.

— Aceita uma bebida?

— Eu não bebo. – disse calmamente.

— Percebi isso... Por que não aceite nem ao menos um cálice?

— O álcool ao longo prazo leva o corpo a um limite irreversível. Apesar da fruta não ser o mal, se a cada baile, festa, alimentação ou evento tomássemos menos bebidas com esse teor de álcool provavelmente metade da população vivesse mais.

— Então reprova esse hábito?

Ela deu os ombros.

— Cada uma faz suas escolhas, eu não bebo porque não acho que seja necessário para ter um momento agradável ou uma conversa como esta. – isso me fez olhar surpreso.

— Se sente intimidade?

— De forma alguma. – ela sorriu.

— Bom, estamos começando a temporada em Londres e como deve saber muitos que vieram estão interessados em lhe propor um pequeno gracejo que seja.

— Sim, eu entendi isso. – disse quase divertida.

— Mas a senhorita tem interesse?

Antes de me responder ela olhou seu mais novo anel e ficou olhando por uns segundos.

— Eu fui casada com um homem único senhor. Ele me deu meus melhores anos. Jacob tinha algo que poucos homens têm, não pretendo me ater a um homem que espere de mim algo que eu não posso dar. Seus amigos são muito alegres e jovens, querem uma vida agitada e emocionante. Suas esposas serão com certeza mais do que um enfeite, mas mulheres alegres e vivas. Eu posso me corresponder por anos sem qualquer envolvimento. Entenda senhor...

— Edward por favor.

Pedi e acho que pela primeira vez a surpreendi.

— Eu não sou uma menina romântica esperando o grande amor. Eu tive meu amor. Tudo que quero agora é um pouco de calma. Viver bem meus dias com minhas lembranças de um casamento feliz. Porque eu queria que entendesse isso, eu tive o privilégio que poucas mulheres terão. Eu fui amada e respeitada. O que Jacob me deu vai além dessas palavras, o diminuiria em muitos sentidos.

Essas palavras ditas com tanta firmeza, sem nenhuma hesitação ou qualquer mentira me chocaram. Isabella foi muito feliz.

— Por isso a chamei aqui. Eu penso que não conseguirá essa calma. Infelizmente nossos amigos falarão de você e será inevitável que em algum momento outros se interessem e isso a faça perder todo seu ar pacífico.

Ela entendeu. Eu sabia que ela tinha entendido.

— Então acha que devo voltar para minha casa Edward?

— Não. Você e mamãe se dão muito bem, seus pertences estão em Berkshire. A maioria pelo menos, pelo que Harry me contou.

— Sim.

— Eu proponho que nos casemos senhorita.

Quando a frase saiu eu mesmo fiquei chocado como falei, mas Isabella ficou apenas me encarando serena. Sua serenidade e calma em um auge que não entenderia jamais diante de uma proposta tão inesperada.

— Isso resolveria apenas os meus problemas? – ela disse depois de um tempo sorrindo um pouco. – Não apenas o seu com sua amante?

— Senhorita...

— Seu escritório cheira a L'amour éternel, é um perfume muito caro e específico. Somente fabricado na França e escolhido por homens que desejam expressar a sua amada seu eterno amor. Ele tem um cheiro adocicado devido a flor que é feito, ela brota apenas no inverno e é colhida exatamente pela manhã na primeira manhã de inverno no sul da França, antes da nevasca. Seu perfume precisa preservado em garrafas específicas e muito caras também porque seu fornecedor não faz mais que cinquenta por ano. Ele não é borrifado como a maioria dos perfumes, sua tampa é de ouro e ele é posto ao esfregar nos pulsos para que seu cheiro dure mais e também seja percebido. No pescoço ele não tem esse efeito. Você tem alguém senhor Cullen que não pode casar e uma viúva como eu seria conveniente ao seu problema não?

Como ela poderia imaginar isso apenas entrando uma vez no meu escritório.

— Isso é um assunto muito pessoal. – me ajeitei tossindo um pouco.

— Delicado por que sou mulher ou por que eu não posso ou deveria saber de suas intenções ao me propor em casamento?

— Não acho conveniente. – disse assustado com suas palavras.

— Pois acho adequado já que está me propondo casar para viver seu grande amor. E eu prezo muito pela verdade Edward. Acho que uma verdade dita vale mais que mil mentiras contadas e vamos ser sinceros. Eu seria apenas a esposa.

— Isso te incomoda?

— Nem um pouco, como já disse eu vivi meu grande amor.

— Isso está ficando repetitivo. – disse irritado. Ela me encarou segurando um riso, ela queria rir.

— Você é uma pessoa contraditória. Ama essa mulher como um homem pode amar e não consegue me ouvir falando que eu fui amada?

— Pois foi amada senhorita, precisamos tratar de seu futuro. Casando comigo teria a tranquilidade que tanto preza porque eu não a incomodaria em nada. Poderia viver com minha mãe pacificamente sem pretendentes indo e vindo. Eu manteria meu...hum..

— Seu grande amor. – ela disse quase em tom sarcástico.

— Eu a manteria mais discretamente e poderíamos viver bem. Você é muito jovem...

— Sim, e o senhor tem quantos anos mesmo?

— Trinta. – disse me ajeitando.

— Sim. Temos dez anos de diferença.

Ela fazia contas rápido.

— Isso me torna alguém mais tranquilo em relação a muitas coisas.

Ela parou de mexer no anel e me olhou.

— Não pretende ter filhos?

Isabella era uma mulher muito diferente.

— No devido tempo... você não... por acaso...

— Sou perfeitamente saudável. – disse apenas.

— Então não teve filhos com seu primeiro marido por quê?

— Posso responder que Deus não quis nos presentear, a resposta padrão. Ou dizer que não tínhamos interesse em crianças. – disse firme. – Isso deve ser algo pensado com muita calma. Viajávamos muito, não queríamos que isso fosse um empecilho.

— Vocês escolheram não ter filhos?

— Sim. – ela respondeu como se isso não fosse algo um pouco atípico.

— Ele não quis... pelo menos um.

— Não. Éramos felizes assim.

— Sim. Eu imagino. – disse um pouco amargo – Penso que precise de tempo...

— Posso aceitar agora.

A olhei surpreso.

— Você acha isso bom então?

— Eu não quero casar Edward, mas também não quero ficar sendo cortejada até que se cansem. Só tenho um pedido.

—Um pedido. Acho aceitável.

— Eu tenho minha vida. Isso independe do seu ducado. Eu gosto dos meus afazeres e fiquei muito feliz com o lugar que sua mãe descreveu.

— A propriedade é muito grande.

— Ela é ideal. – disse sorrindo.

— Ideal para mim está ótimo. Eu não te aborreceria. Eu tenho meu próprio espaço, é claro que teríamos que fazer um quarto conjugado. Os empregados estranhariam, mas isso é apenas para...

— Entendo de quartos conjugados.

Disse apenas.

Minha mãe entrou e nos assustou.

— Edward não é de bom tom que fique tanto tempo com Isabella aqui. – disse firme.

Eu levantei e sorri para ela.

— Que bom que está aqui. Eu e Isabella temos um comunicado.

— Comunicado? – seus olhos expressavam o medo.

— Eu a pedi em casamento e ela aceitou.

Por alguns segundos pensei que minha mãe fosse desmaiar. Mas logo ela se recuperou e olhou para Isabella.

— Sabe que não precisa disso não é mesmo?

— Mamãe! – a repreendi.

— Claro que sei. – ela disse indo até mamãe e pegando em sua mão. – Mas conversamos, nos entendemos e penso que seja uma ótima ideia. Edward é um homem honrado e muito respeitado. Ficaria segura com ele.

Os olhos de mamãe se encheram de lágrimas que eu não entendi.

— Quando engravidei de Edward, sua mãe me visitou. Ela disse que se um dia tivesse uma menina adoraria que ela fosse uma Cullen. – Isabella pegou um lenço da manga do vestido e enxugou as lágrimas de mamãe com delicadeza. Percebi naquele momento que não haveria para ela nora mais adorável. – Eu fico muito feliz de ter você na família querida. E aceito isso porque eu sei como a faremos feliz.

— Eu sei que sim.

Faremos ela feliz. Essa frase soou estranha, como se eu não estivesse incluso nela. Como se esse nós fosse algo apenas delas e de mais alguém. Quem por Deus seria esse mais alguém?

— Dito isso. – falei as fazendo virar para mim. – Escolhi este anel.

Tirei do bolso a caixa. Ela pegou a caixa e mamãe estava tão ansiosa.

Ela abriu a caixa e se surpreendeu.

— O anel de sua bisavó. – mamãe falou.

— Rubi. – ela disse olhando o anel de rubi com diamantes ao redor. Era cortado em formato quadrado.

— Seus cabelos no sol ficam avermelhados. – expliquei e ela me olhou surpresa.

— Ficam... – ela tirou da caixa e Esme a ajudou a colocar. Coube tão perfeitamente.

— Obrigada. – ela disse olhando a joia ainda sem acreditar.

— O bisavô de Edward mandou fazer ele na Espanha. Tem o brasão da família pequeno na parte interior.

— Quanta gentileza.

— Ela usou até seu último nesta terra. Nunca mais foi usado.

— Nunca mais? – ela olhou para Edward.

— Achei que rubi fosse ficar bem em você. Combinaria com seus cabelos ao sol.

— E são lindos seus cabelos ao sol querida. Lembra tanto seu pai que chego a me emocionar.

— Poderíamos marcar então algo discreto para daqui a três semanas.

— Três semanas?

— Sim mamãe, eu vou para Londres amanhã. Casamos aqui na capela mesmo. Isabella é viúva, não precisamos...

— Esme eu gostaria apenas de algo simples.

— Sim... mas...

— O Coronel poderia me levar até Edward? Gostaria muito.

— Perfeito! – falei. – Chamaremos apenas os mais íntimos, vou para Londres apenas para fazer os papéis correrem. Entregue seus documentos para Harry Isabella que ele irá comigo enquanto você e mamãe fazem tudo. Mamãe não poupe uma libra. O que desejarem.

— Claro querido. Vamos querida... acho que temos que fazer alguns ajustes em nossos planos...

Então elas saíram. Planos? Quais eram os planos iniciais?

What do you want to do ?

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