Edward

— Não entendi essa viagem as pressas. – Bella disse me olhando curiosa. Eu queria sorrir para ela querendo contar tudo. Mas prometi a mim mesmo que faria isso por ela.

— Você não é uma mulher curiosa. – sorri quando ela ficou um pouco inquieta. – Mary Ann disse que foi convidada para nossa casa em Londres na sua carta, ela vai estar lá?

— Já deve estar instalada. – sorri mais abertamente de sua expressão.

— Sua mãe pediu que Leah levasse alguns itens. Vamos a corte?

— Vitória gosta muito de você. – falei sendo bem evasivo.

— Edward! – ela falou mais alto e gargalhei. – Isso não tem a menor graça.

Peguei em sua mão.

— Me deixe te agradar querida.

E então ali somente nós dois na carruagem eu tive o momento que levaria para todo o resto da vida. Ela suavizou a expressão e então me olhou calma novamente.

— Claro.

A viagem se seguiu com conversas sobre um livro que ela estava lendo em alemão e eu em inglês, cada dia mais seu mundo entrando no meu sem que isso se tornasse forçado. Ríamos de algumas explicações dela sobre palavras e expressões alemãs e como Mary poderia traduzir isso sem dificuldade alguma enquanto ela levaria dias pensando nas palavras certas.

Lembrei dela me mostrando em sua escrivaninha a pena de outro dentro da caixa aberta que ela deu uma visibilidade elegante e linda quando todos se foram. Mary Ann me deu a foto dela que o pai citou na carta de presente de natal. Uma foto dela ajoelhada supostamente rezando com terço lindo nas mãos, um anjo. Coloquei no meu quarto querendo vê-la sempre de noite.

— Está conseguindo dormir melhor? – perguntei preocupado. Leah comentou que ela estava tendo insônias e andava muito cansada.

— Sim, acho que o clima quente vai me deixar mais confortável.

— Penso que sim, gostaria de ir a Lorne? Podemos ir com a primavera chegando. Alexander me disse que casa está reformada e pronta para nos receber.

— Ofereci ela no verão para Rose e Emmett passarem sua lua de mel.

— Quanta generosidade.

— É linda no verão.

— Agora fiquei com inveja do meu amigo. – ela sorriu tímida.

— Podemos ir sim daqui a um tempo.

Ela parecia ter uma data específica, mas não quis pressionar. Eu a queria calma e feliz.

Nossa chegada em Londres deu uma certa agitação, logo convites para passeios, chás da tarde e festas nos jardins começaram a aparecer, mas Isabella recusava todos com muita atenção aos detalhes. Eu apenas olhava ela e mamãe conversando enquanto esperava o emissário Real olhando com ansiedade para a porta.

— Edward o que acha...

Harry entrou e logo me levantei.

— Um emissário Real.

Elas levantaram se olhando e estranhando. Ele entrou e logo a carta foi entregue diretamente para Isabella.

— A Duquesa foi convidada para um jantar intimido com seu marido.

Ela pegou a carta e leu ficando surpresa.

— Vitória a chamou querida. – mamãe disse sorrindo.

— Não posso... – ela disse em dúvida e verdadeiramente querendo negar. Ela me olhou pedindo ajuda, mas não estava entendendo o que ela queria dizer.

— Não se recusa um convite desses querida. – mamãe disse calmamente.

— Sim... Edward o que ela pode querer?

— Vamos ter que descobrir esta noite.

Eu vi seus olhos implorando para que eu arrumasse uma desculpa convincente, mas não conseguia entender sua recusa. Isabella estava mais do que adaptada a tudo e íamos embora a seu pedido no outro dia. Ela não queria estar longe da estufa logo no início da primavera, eles estavam testando um novo composto e ele seria testado agora. Eu entendia seu nervoso, aos poucos ela estava conseguindo organizar os artigos que iriam para as universidades e estava muito ocupada com as orquídeas.

— Vai ser íntimo. – ela respirou fundo e sorriu sem muita animação.

— Vou me preparar.

Ela subiu e então Harry saiu com o Emissário.

— Por que ela agiu dessa forma? – perguntei a mamãe estranhando sua reação.

— Não sei querido. – ela olhava preocupada – Ela não pareceu esses dias confortável aqui. Será que não poderia explicar..

— O Convite foi feito para ela. Eu vou de acompanhante, não pode ser recusado a não ser que ela estivesse doente. Ela está?

— Claro que não. – mamãe disse rapidamente. – Ela está ótima.

— Mas não tem dormido bem. Leah me contou.

— Deve ser a estação. – falou pensativa. – Os pais dela morreram na primavera. Ela não comentou nada?

— Não. Acha que pode ser isso?

— Edward eu não sei. Teria que perguntar a sua esposa. – disse nervosa.

Esposa. Ela era minha esposa e então subi indo até seu quarto. Bati na porta ouvindo seu tom baixo permitindo minha entrada. Seu quarto arrumado apenas com o básico, ela não trouxe muita coisa.

— Vamos embora amanhã não?

— Sim...

— Quem vai estar nesse jantar?

— Você está bem? – perguntei me aproximando. Ela me olhou nos olhos como se implorasse por algo. – Vamos pela manhã, prometo não passar mais um dia aqui. Pedirei a Harry para providenciar tudo.

E então ela relaxou e eu abracei querendo tirar dela todo medo, insegurança ou qualquer coisa que a estivesse incomodando. Senti sua respiração ir se acalmando aos poucos e fiquei feliz por diversos motivos. Ela me deixou abraçar ela novamente, senti seu cheiro e sua calma voltando.

— Obrigada.

Nos olhamos ainda abraçados.

— Prometo me esforçar o máximo para nunca mais te ver assim. – falei sabendo que essa promessa seria a meta de minha vida.

— Obrigada.

E tinha no seu agradecimento várias palavras não reveladas, mas que estavam ali.

Saí do quarto aliviado com Leah entrando com um chá e dizendo que a Condessa estaria pronta na hora certa. Harry me ajudou a me arrumar, entre nós pairava o clima pesado das cartas, mas ele tentou como eu viver o momento. Desci as escadas para esperar Bella, mas foi o contrário. Ela estava linda com um vestido vermelho, sua faixa azul e seu broche. Brincos de pérola e sua tiara que fazia conjunto. Linda e magnífica.

— Está linda querida.

Sua faixa no mesmo tom que o meu.

— Obrigada. – disse corando.

Fomos na carruagem nova, com nosso brasão e nossas iniciais do outro lado. Ela ficou encantada quando viu que pedi para pintarem de dourado a carruagem preta com as iniciais que ela fez. Fomos recebidos na sala azul, mas o clima estava agradável. Vitória não poderia estar mais bonita com suas joias reais oficiais. Isabella estranhou tudo arrumado para uma cerimônia, mas tinha apenas ela e Albert.

— Viu? Algo íntimo. – falei baixo. Mas ela ainda estranha. Principalmente pelo clima forma.

Fizemos uma reverência aos dois e beijamos o anel de Vitória que sorriu quando estávamos mais a vontade.

— Um prazer tê-la conosco Isabella. – disse Albert sorrindo.

— Eu que agradeço o convite. – ela disse polida. Olhou para os lados discretamente vendo que havia apenas nós ali. Eu estava estranhando essa atitude dela, mas sabia que o resultado final agradaria ela.

— Bom. – disse Vitória sorrindo – Eu tenho algo para te dar querida. Um presente.

Isabella ficou olhando para ela surpresa e em seguida para mim. Sorri deixando o espetáculo com Vitória e Albert.

Ela foi até um pequeno sino toca e suas damas entraram com caixas em mãos se posicionando uma do lado da outra, elas estavam vestidos com cores e joias iguais mostrando sua responsabilidade real.

— Eu, Alexandrina Vitória, Rainha de todo Reino Unido e suas colônias. Concedo A Duquesa de Lorne, Isabella Marie Cullen, a Ordem de Vitória e Albert – uma das damas se aproximou com uma caixa. – Como agradecimento pelo seu maravilhoso trabalho na área das ciências naturais.

Eu vi como Isabella ficou surpresa. Ela me olhou e não pude sorrir mais de orgulho. Vitória fez um gesto tímido e ela se aproximou deixando Vitória colocar o lindo laço enfeitado com diamantes e a pintura dela e Albert.

— Uma honra saber que uma dama de minha corte é alguém tão inteligente e que trás ao nosso País tais colaborações ao mundo da ciência, mesmo após a morte de seu marido. Isso a torna digna da Ordem que pertence agora e se torna um exemplo a todas às viúvas que mesmo após o seu luto conseguem seguir com uma produtiva e muito feliz.

— Vossa Majestade. – ela fez uma revência muito bonita. E Albert se aproximou a fazendo levantar.

— Pelos seus trabalhos em conjunto com seu primeiro marido e todos os estudos que ainda estão por vir eu Príncipe Consorte do Reino Unido lhe concedo uma cadeira na Academia de Ciências Inglesa. – Uma das damas se aproximou e ele pegou um papel dentro a entregando. – Quero acrescentar que o senhor Darwin foi um fervoroso defensor de sua cadeira. E que todos estão ansiosos para ler seus próximos artigos baseados nos estudos de seu marido.

— Mas agora de sua autoria. – disse orgulhosa.

Então muito emocionada ela recebeu o papel que dava a ela entrada na Academia Real de Ciências.

— Por último, mas não menos importante. – Vitória disse animada e a última dama se aproximou. – Esse é um presente que ganhei de uma grande amiga que admirei muito, mas nunca usei porque não saberia nem ao menos como usar, mas nossa Duquesa parece que o usará perfeitamente.

Ela entregou a caixa de madeira pequena par Isabella e eu peguei o papel de sua mão a ajudando. Ela me olhou agradecida e vi que suas mãos tremiam um pouco, mas ela estava com sua melhor postura.

Assim que abriu a vi ficar muito emocionada.

— Um buquê... – ela disse e me aproximei para olhar a joia mais linda que já tinha visto. Era um broche de diamantes, rubis e pérolas que formavam um perfeito buquê de flores.

— Ganhei da Imperatriz francesa Carolina, nunca entendi o que mais me chamou sua atenção. Os detalhes perfeitos ou as flores. – Vitória mais uma vez pegou colocando em Isabella com muito cuidado. – Quero que use sempre que vier a corte como demonstração de nosso orgulho pela sua posição na Academia e agradecimento por sua corajosa força de vontade em ajudar o mundo a ser um lugar melhor com seus estudos.

— Oh Deus... Eu não tenho como agradecer. – ela fez outra reverência muito bonita.

— Esperamos grandes feitos. – Albert disse muito feliz.

— Edward nos contou como é tímida então apenas fizemos uma pequena cerimônia com minhas damas, mas amanhã mesmo sairá um comunica Real e a Academia já está ciente de sua presença. Pode ser que a chamem de tempos em tempos... Eu não entendo muito bem como eles funcionam querida. Mas sei que Edward estará lá para te ajudar certamente.

— Com certeza prima.

— Obrigada por virem. – ela estendeu a mão e beijamos o anel e fomos embora com Isabella lendo o papel pelos corredores.

Entramos na carruagem e ela me olhou demonstrando todas as emoções.

— Isso parece um sonho. – disse olhando o papel.

— Qual será o primeiro artigo que pretende publica Duquesa?

Ela sorriu feliz.

— Sobre a diversidade de feitos medicinais das ervas indianas... ou sobre a reprodução das Orquídeas e a influência climática em suas cores? - disse com dúvida.

— Tem todo tempo do mundo para fazer isso querida.

Olhei carinhoso e senti pela primeira vez que ela me olhou carinhosamente. Ela corou e eu sorri entendendo ela perfeitamente.