Reinado das flores
Capítulo 27
Edward
— Não entendi essa viagem as pressas. – Bella disse me olhando curiosa. Eu queria sorrir para ela querendo contar tudo. Mas prometi a mim mesmo que faria isso por ela.
— Você não é uma mulher curiosa. – sorri quando ela ficou um pouco inquieta. – Mary Ann disse que foi convidada para nossa casa em Londres na sua carta, ela vai estar lá?
— Já deve estar instalada. – sorri mais abertamente de sua expressão.
— Sua mãe pediu que Leah levasse alguns itens. Vamos a corte?
— Vitória gosta muito de você. – falei sendo bem evasivo.
— Edward! – ela falou mais alto e gargalhei. – Isso não tem a menor graça.
Peguei em sua mão.
— Me deixe te agradar querida.
E então ali somente nós dois na carruagem eu tive o momento que levaria para todo o resto da vida. Ela suavizou a expressão e então me olhou calma novamente.
— Claro.
A viagem se seguiu com conversas sobre um livro que ela estava lendo em alemão e eu em inglês, cada dia mais seu mundo entrando no meu sem que isso se tornasse forçado. Ríamos de algumas explicações dela sobre palavras e expressões alemãs e como Mary poderia traduzir isso sem dificuldade alguma enquanto ela levaria dias pensando nas palavras certas.
Lembrei dela me mostrando em sua escrivaninha a pena de outro dentro da caixa aberta que ela deu uma visibilidade elegante e linda quando todos se foram. Mary Ann me deu a foto dela que o pai citou na carta de presente de natal. Uma foto dela ajoelhada supostamente rezando com terço lindo nas mãos, um anjo. Coloquei no meu quarto querendo vê-la sempre de noite.
— Está conseguindo dormir melhor? – perguntei preocupado. Leah comentou que ela estava tendo insônias e andava muito cansada.
— Sim, acho que o clima quente vai me deixar mais confortável.
— Penso que sim, gostaria de ir a Lorne? Podemos ir com a primavera chegando. Alexander me disse que casa está reformada e pronta para nos receber.
— Ofereci ela no verão para Rose e Emmett passarem sua lua de mel.
— Quanta generosidade.
— É linda no verão.
— Agora fiquei com inveja do meu amigo. – ela sorriu tímida.
— Podemos ir sim daqui a um tempo.
Ela parecia ter uma data específica, mas não quis pressionar. Eu a queria calma e feliz.
Nossa chegada em Londres deu uma certa agitação, logo convites para passeios, chás da tarde e festas nos jardins começaram a aparecer, mas Isabella recusava todos com muita atenção aos detalhes. Eu apenas olhava ela e mamãe conversando enquanto esperava o emissário Real olhando com ansiedade para a porta.
— Edward o que acha...
Harry entrou e logo me levantei.
— Um emissário Real.
Elas levantaram se olhando e estranhando. Ele entrou e logo a carta foi entregue diretamente para Isabella.
— A Duquesa foi convidada para um jantar intimido com seu marido.
Ela pegou a carta e leu ficando surpresa.
— Vitória a chamou querida. – mamãe disse sorrindo.
— Não posso... – ela disse em dúvida e verdadeiramente querendo negar. Ela me olhou pedindo ajuda, mas não estava entendendo o que ela queria dizer.
— Não se recusa um convite desses querida. – mamãe disse calmamente.
— Sim... Edward o que ela pode querer?
— Vamos ter que descobrir esta noite.
Eu vi seus olhos implorando para que eu arrumasse uma desculpa convincente, mas não conseguia entender sua recusa. Isabella estava mais do que adaptada a tudo e íamos embora a seu pedido no outro dia. Ela não queria estar longe da estufa logo no início da primavera, eles estavam testando um novo composto e ele seria testado agora. Eu entendia seu nervoso, aos poucos ela estava conseguindo organizar os artigos que iriam para as universidades e estava muito ocupada com as orquídeas.
— Vai ser íntimo. – ela respirou fundo e sorriu sem muita animação.
— Vou me preparar.
Ela subiu e então Harry saiu com o Emissário.
— Por que ela agiu dessa forma? – perguntei a mamãe estranhando sua reação.
— Não sei querido. – ela olhava preocupada – Ela não pareceu esses dias confortável aqui. Será que não poderia explicar..
— O Convite foi feito para ela. Eu vou de acompanhante, não pode ser recusado a não ser que ela estivesse doente. Ela está?
— Claro que não. – mamãe disse rapidamente. – Ela está ótima.
— Mas não tem dormido bem. Leah me contou.
— Deve ser a estação. – falou pensativa. – Os pais dela morreram na primavera. Ela não comentou nada?
— Não. Acha que pode ser isso?
— Edward eu não sei. Teria que perguntar a sua esposa. – disse nervosa.
Esposa. Ela era minha esposa e então subi indo até seu quarto. Bati na porta ouvindo seu tom baixo permitindo minha entrada. Seu quarto arrumado apenas com o básico, ela não trouxe muita coisa.
— Vamos embora amanhã não?
— Sim...
— Quem vai estar nesse jantar?
— Você está bem? – perguntei me aproximando. Ela me olhou nos olhos como se implorasse por algo. – Vamos pela manhã, prometo não passar mais um dia aqui. Pedirei a Harry para providenciar tudo.
E então ela relaxou e eu abracei querendo tirar dela todo medo, insegurança ou qualquer coisa que a estivesse incomodando. Senti sua respiração ir se acalmando aos poucos e fiquei feliz por diversos motivos. Ela me deixou abraçar ela novamente, senti seu cheiro e sua calma voltando.
— Obrigada.
Nos olhamos ainda abraçados.
— Prometo me esforçar o máximo para nunca mais te ver assim. – falei sabendo que essa promessa seria a meta de minha vida.
— Obrigada.
E tinha no seu agradecimento várias palavras não reveladas, mas que estavam ali.
Saí do quarto aliviado com Leah entrando com um chá e dizendo que a Condessa estaria pronta na hora certa. Harry me ajudou a me arrumar, entre nós pairava o clima pesado das cartas, mas ele tentou como eu viver o momento. Desci as escadas para esperar Bella, mas foi o contrário. Ela estava linda com um vestido vermelho, sua faixa azul e seu broche. Brincos de pérola e sua tiara que fazia conjunto. Linda e magnífica.
— Está linda querida.
Sua faixa no mesmo tom que o meu.
— Obrigada. – disse corando.
Fomos na carruagem nova, com nosso brasão e nossas iniciais do outro lado. Ela ficou encantada quando viu que pedi para pintarem de dourado a carruagem preta com as iniciais que ela fez. Fomos recebidos na sala azul, mas o clima estava agradável. Vitória não poderia estar mais bonita com suas joias reais oficiais. Isabella estranhou tudo arrumado para uma cerimônia, mas tinha apenas ela e Albert.
— Viu? Algo íntimo. – falei baixo. Mas ela ainda estranha. Principalmente pelo clima forma.
Fizemos uma reverência aos dois e beijamos o anel de Vitória que sorriu quando estávamos mais a vontade.
— Um prazer tê-la conosco Isabella. – disse Albert sorrindo.
— Eu que agradeço o convite. – ela disse polida. Olhou para os lados discretamente vendo que havia apenas nós ali. Eu estava estranhando essa atitude dela, mas sabia que o resultado final agradaria ela.
— Bom. – disse Vitória sorrindo – Eu tenho algo para te dar querida. Um presente.
Isabella ficou olhando para ela surpresa e em seguida para mim. Sorri deixando o espetáculo com Vitória e Albert.
Ela foi até um pequeno sino toca e suas damas entraram com caixas em mãos se posicionando uma do lado da outra, elas estavam vestidos com cores e joias iguais mostrando sua responsabilidade real.
— Eu, Alexandrina Vitória, Rainha de todo Reino Unido e suas colônias. Concedo A Duquesa de Lorne, Isabella Marie Cullen, a Ordem de Vitória e Albert – uma das damas se aproximou com uma caixa. – Como agradecimento pelo seu maravilhoso trabalho na área das ciências naturais.
Eu vi como Isabella ficou surpresa. Ela me olhou e não pude sorrir mais de orgulho. Vitória fez um gesto tímido e ela se aproximou deixando Vitória colocar o lindo laço enfeitado com diamantes e a pintura dela e Albert.
— Uma honra saber que uma dama de minha corte é alguém tão inteligente e que trás ao nosso País tais colaborações ao mundo da ciência, mesmo após a morte de seu marido. Isso a torna digna da Ordem que pertence agora e se torna um exemplo a todas às viúvas que mesmo após o seu luto conseguem seguir com uma produtiva e muito feliz.
— Vossa Majestade. – ela fez uma revência muito bonita. E Albert se aproximou a fazendo levantar.
— Pelos seus trabalhos em conjunto com seu primeiro marido e todos os estudos que ainda estão por vir eu Príncipe Consorte do Reino Unido lhe concedo uma cadeira na Academia de Ciências Inglesa. – Uma das damas se aproximou e ele pegou um papel dentro a entregando. – Quero acrescentar que o senhor Darwin foi um fervoroso defensor de sua cadeira. E que todos estão ansiosos para ler seus próximos artigos baseados nos estudos de seu marido.
— Mas agora de sua autoria. – disse orgulhosa.
Então muito emocionada ela recebeu o papel que dava a ela entrada na Academia Real de Ciências.
— Por último, mas não menos importante. – Vitória disse animada e a última dama se aproximou. – Esse é um presente que ganhei de uma grande amiga que admirei muito, mas nunca usei porque não saberia nem ao menos como usar, mas nossa Duquesa parece que o usará perfeitamente.
Ela entregou a caixa de madeira pequena par Isabella e eu peguei o papel de sua mão a ajudando. Ela me olhou agradecida e vi que suas mãos tremiam um pouco, mas ela estava com sua melhor postura.
Assim que abriu a vi ficar muito emocionada.
— Um buquê... – ela disse e me aproximei para olhar a joia mais linda que já tinha visto. Era um broche de diamantes, rubis e pérolas que formavam um perfeito buquê de flores.
— Ganhei da Imperatriz francesa Carolina, nunca entendi o que mais me chamou sua atenção. Os detalhes perfeitos ou as flores. – Vitória mais uma vez pegou colocando em Isabella com muito cuidado. – Quero que use sempre que vier a corte como demonstração de nosso orgulho pela sua posição na Academia e agradecimento por sua corajosa força de vontade em ajudar o mundo a ser um lugar melhor com seus estudos.
— Oh Deus... Eu não tenho como agradecer. – ela fez outra reverência muito bonita.
— Esperamos grandes feitos. – Albert disse muito feliz.
— Edward nos contou como é tímida então apenas fizemos uma pequena cerimônia com minhas damas, mas amanhã mesmo sairá um comunica Real e a Academia já está ciente de sua presença. Pode ser que a chamem de tempos em tempos... Eu não entendo muito bem como eles funcionam querida. Mas sei que Edward estará lá para te ajudar certamente.
— Com certeza prima.
— Obrigada por virem. – ela estendeu a mão e beijamos o anel e fomos embora com Isabella lendo o papel pelos corredores.
Entramos na carruagem e ela me olhou demonstrando todas as emoções.
— Isso parece um sonho. – disse olhando o papel.
— Qual será o primeiro artigo que pretende publica Duquesa?
Ela sorriu feliz.
— Sobre a diversidade de feitos medicinais das ervas indianas... ou sobre a reprodução das Orquídeas e a influência climática em suas cores? - disse com dúvida.
— Tem todo tempo do mundo para fazer isso querida.
Olhei carinhoso e senti pela primeira vez que ela me olhou carinhosamente. Ela corou e eu sorri entendendo ela perfeitamente.
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