Edward

O frio deu um ar nunca visto a nossa casa. Isabella conseguiu transformar essa estação em algo com vida e colorido. Tínhamos velas enfeitadas com fitas vermelhas, verdes e douradas. Guirlandas que ela e Leah passaram dias fazendo com muito esmero e que estavam por todos os lados.

As lareiras receberam sua total atenção com uma decoração verde muito bonita e as empregadas estavam numa correria enorme tentando agradar ela o máximo possível para o banquete de natal. Eu olhava a neve cair preocupado, tenso e receoso. Não sabia o que esperar de nosso futuro e por mais que eu pensasse em várias saídas todas elas machucavam cada vez mais a mim e a ela. Me senti arrependido, mas amava como ela transformava minha vida em uma calma e serenidade que eu nem sabia que queria.

— Edward. – olhei para trás a vendo com um vestido de baile e cabelos soltos, mas enfeitados discretamente. O escritório estava quente, mas mesmo assim ela fazia questão que Harry providenciasse roupas quentes.

— Tenho uma surpresa. – sorriu e fui até ela como se apenas isso fosse necessário para seguir ela. Então ali no salão de entrada estavam meus amigos e suas noivas, damas de companhia, mamãe, Alexander e uma senhora muito bonita.

— Uma pequena recepção... – disse para ela sorrindo. Fomos receber nossos amigos com alegria, sucos, biscoitos e pães foram servidos. Ela estava sendo uma ótima anfitriã. Presentes foram colocados debaixo da árvore por Alexander e sua esposa, parecendo perceber que isso a deixava mais bonita e fizemos o mesmo com ela explicando que isso era um sonho.

O Capitão chegou mais tarde com minha surpresa particular para ela.

— Mary! – ela disse indo até a amiga e abraçando com muito carinho. Liz sorria delas esquecendo do mundo ao redor e fui até o Capitão agradecer pessoalmente por ele ter trago Mary Ann e deixar o pai dela aos cuidados de uma enfermeira muita capacitada que enviei.

— Edward essa casa ganhou uma vida indescritível. – Liz falou admirando a decoração que Bella passou dias empenhada.

— Tenho uma esposa muito talentosa. – disse orgulhoso e a fazendo corar diante de todos.

Nossa porcelana mais antiga foi usada para o jantar com todos bem acomodados, empregados servindo com fartura e as conversas fluindo. Nunca tive um natal tão agradável, Isabella sorria ouvindo Alice e Rose contar como os pais ficaram horrorizados com o convite tão repentino, mas emocionados.

— Você está bem?

Mamãe perguntou tomando um cálice de vinho e vendo a mesma cena que eu. Todos ao redor da árvore ouvindo Isabella explicando cada elemento.

— Eu não sei descrever mamãe o que está acontecendo. – confessei querendo apenas tirar de mim as diversas emoções que estava sentindo.

— Ela é uma pessoa especial não é?

— Como podemos descrever ela apenas com essa palavra mamãe? Ela torna nossos dias tão agradáveis, um pequeno passeio se torna uma verdadeira aula e ela consegue viver entre os que ama e odeia com a mesma graça. – falei olhando ela sorrir para Ângela e mostrar um pinheiro. Pinheiros, ela tinha achado na propriedade e feito deles verdadeiros enfeites.

— Ela está feliz. – falou sorrindo e satisfeita. – Não sei meu filho se você está.

Seu olhar de preocupação era genuíno e tocante.

— Ficarei mamãe.

Não fazia ideia de como, mas eu achava que ficaria. A estadia de todos se estendeu por dias e tivemos várias atividades que Isabella providenciou harmoniosamente. Os presentes foram entregues na manhã de Natal com todos surpresos como ela pensou em cada um. Um livro para Alice e Rose, uma versão muito bonita de Sonho de uma noite de Verão, Jasper e Emmett ganharam igualmente garrafas de vinho do porto e charutos Partagas. Ela me deu um abridor de cartas personalizado com nosso brasão. Alexander e Ângela ganharam uma foto de nosso casamento numa moldura muito bonita, não tinha como ser mais emocional para eles. O Coronel e sua esposa também ganharam uma lembrança assim, mas a deles tinha um adicional de um pote de ervas da própria estufa dela. Ângela a abraçou sorrindo e agradecendo.

Ela ficou surpresa com meu presente, eu dei a ela uma linda pena de ouro com seu nome completo. Ficava numa caixa moldada para guardar. Ela era sim uma mulher de muitas letras e merecia esse reconhecimento. Também dei um livro que pedi para Alexander trazer de uma biblioteca particular na Suíça, isso a emocionou tanto que demos nosso primeiro abraço na frente de todos. Ela me abraçou e senti o cheiro mais gostoso de toda minha vida. Poderia passar o dia sentindo esse cheiro.

Igualmente nossos amigos a presentearam com diversas lembranças engraçadas e elegantes. Rose e Alice ficaram após os festejos olhando os tecidos que Isabella tinha e agora elas sabiam que seus tecidos eram personalizados por mulheres indianas que faziam a pintura com a seda vinda do oriente. Isso explicava como ninguém tinha algo nem ao menos parecido. Rose foi com Alice para casa de mamãe ver suas bodas e ter a organização iniciando para a próxima estação enquanto Jasper comprava uma propriedade próxima a nossa para que Alice tivesse uma casa no campo como Isabella tinha. A notícia dele tendo esse cuidado deu aos pais dela mais confiança ao meu querido amigo e a felicidade se instalou finalmente com o casamento.

— Senhor, outra carta. – o olhar de Harry dizia tudo. Mais uma sem que eu pudesse nem ao menos ler. O conteúdo me assombrava.

— Conseguiu resolver tudo? – perguntei me deixando sentar na cadeira abatido. Isabella estava cuidando de sua estufa, os cavalos estavam tendo seu passeio matinal com Laurent e as empregadas estavam a todo vapor com a limpeza e arrumação.

— Pelo menos tentei, mas ela não me deixa mais entrar na casa. Sua empregada pessoal me recebe. Ela disse querer se mudar para o exterior. – falou pesadamente.

— Sim... seria uma saída. – fechei meus olhos sentindo a dor dentro de mim.

— Posso providenciar tudo. Ela pede mais dinheiro senhor.

— Dê o que ela bem entender. – falei desgostoso. – Apenas a deixe confortável.

Dispensei ele e quis chorar pela primeira vez em anos. Minha presença em Londres não era requisitada, todos os convites rejeitados por motivos de compromissos e mamãe ocupada com as bodas de Alice e Rose. E eu calado com meus próprios demônios. Isabella apareceu conversando com um empregado em frente a fonte e pela primeira vez vi que ela estava florescendo ainda mais, com cores diferentes e formatos que exaltavam a beleza da fonte. A fonte de Afrodite. Como se fosse uma ironia do destino, somente um amava, e eu Isabella.