Edward

— Olhe! – Isabella estava sorrindo vendo um pinheiro enorme sendo colocado por quatro empregados na sala principal. Todos os móveis estavam em outros lugares e ela usava um vestido mais grosso de inverno lindo. Ela estava linda e sorrindo.

— O que seria isso? – perguntei com Harry me ajudando a tirar o casaco e pegando minhas luvas.

— Uma árvore de Natal. – disse animada. – Chamei o Coronel e sua esposa para passarem conosco, junto com sua mãe é claro. – sorri vendo sua animação.

— E estava árvore...

— Na Alemanha era costume colocar os presentes embaixo das árvores e abrir eles pela manhã. Sempre quis fazer. – disse olhando os empregados empenhados em colocar a árvore perto da lareira.

— Acho que Albert faz isso, mas ele faz uma árvore para cada filho e eles pegam seus presentes embaixo da árvore. Não sabia de onde eles tiraram isso, mas parece que os costumes alemãs permanecem com ele.

— É lindo Edward! – disse sorrindo e me chamando com suas mãos. E como se fosse um imã eu fui. Todos olharam a árvore com admiração.

— Ficou linda. Como enfeita?

— Pedi para trazerem alguns objetos, uma amiga querida minha me enviou. – ela apontou para duas caixas no chão. Sim, tinha bolas e vários outros enfeites decorados.

— Podem deixar que ajudo a Duquesa.

Eles fizeram uma reverência e se foram. Ela me olhou surpresa e fui até a caixa sentindo os objetos de vidro balançarem, eram lindos e decorados.

— Nunca montou sua árvore? – perguntei entregando os objetos e a vendo colocar na árvore com muito delicadeza.

— Nunca passamos as festas no mesmo lugar. – ela deu os ombros – Mas sempre achei essa tradição tão linda. Pedi para fazerem uma guirlanda para colocar em vários lugares e vou pintar algumas velas que chegaram ontem.

— Isso parece elaborado. – falei sorrindo.

— É Natal. Eu amo essa época.

— Você não acredita na Igreja. – provoquei e ela parou me olhando.

— Não me impede de comemorar. E sua mãe me informou que temos uma Missa para ir. O que seria isso?

— Somos parentes direto da Rainha, ela geralmente gosta de promover uma missa com um pequeno almoço antes do Natal.

— Isso é muito bonito. Na Escócia papai também ia em uma missa, mas era na noite de Natal. Voltávamos congelados. – ela riu e eu ri com ela. – Era um absurdo de frio, mas mamãe era muito religiosa.

— Seu pai não?

— Papai dizia que a Igreja não era Deus, ela na verdade era algo que o homem criou para nos afastar de Deus.

Entreguei outro enfeite abismado com isso.

— Como assim?

— Bom, somos humanos. Todos somos pecadores segundo a Bíblia. Papai não entendia como a Igreja de Roma poderia ter tanto poder durante anos dizendo quem entra no céu ou não. Nunca pensou nisso? Se somos todos iguais perante Deus quem deveria avaliar isso seria Ele não?

Fiquei olhando para sem muito o que responder.

— Você e seu pai eram muito próximos?

— Muito. – falou sorrindo ainda – Mamãe sentia que Seth era sua salvação porque eu e papai estávamos perdidos.

Eu ri imaginando uma pessoa religiosa como sua mãe tendo que ouvir tudo isso.

— Mamãe não achava tão divertido. – ela disse olhando a árvore agora mais enfeitada com delicados enfeites. Peguei a outra caixa e fui entregando a ela.

— Como estão os cavalos?

— Muito bem, o tempo sempre é uma preocupação, mas estamos indo bem. Uma pena eles terem que ficar mais tempo confinados, mas a neve não é muito boa para eles. Não quero eles resfriados. Laurent sai com eles uma vez ao dia em dias bons.

— Mamãe contou que seu pai que deu eles.

Ela agora estava ajeitando a parte de trás.

— Sim, ele era apaixonado por cavalos e me ensinou a montar pessoalmente.

— Ele te ensinou mais que isso.

Ela me olhou por trás árvore sorrindo.

— Digamos que ele não queria que eu fosse uma donzela em perigo que precisasse ser resgatada de um castelo.

— Seu pai era um homem muito diferente.

— Ele te enlouqueceria. – falou estendo a mão e toquei suas mãos delicadas e lindas. Ela pegou o enfeite e colocou na árvore.

— Por quê?

— As fitas. – então olhei a caixa vendo as fitas de cetim lindamente decoradas com as cores do kilt dela. Entreguei a primeira – Jacob ficou meses para convencer ele a nos casarmos.

— Meses?

— Oh sim. Ele fez Jacob fazer todas as promessas inimagináveis.

Ela estava distraída arrumando a fita para não esbarrar nos enfeites.

— Jacob era amigo de uma amiga de mamãe. Ele foi para nossa casa um pouco fugido.

— Fugido?

— Ele não queria viver na França, ele realmente amava seus estudos. Papai ofereceu a ele uma temporada em nossa casa e isso foi visto como uma fuga da família tradicional dele. Para eles tudo era bailes, festas, bebidas e muitos gastos.

— Ele não era pobre, vinha de uma família rica, qual o problema?

— Já andou a cavalo por sua propriedade? Já sentiu a paz que ela emana? Como parecemos uma coisa só: a natureza e nosso corpo. Como todos os dilemas e problemas parecem ser levados para longe quando voltamos de um simples passeio. Não conseguimos isso em bailes Edward.

Sim, eu sabia disso. E por alguns instantes ela pareceu mais velha e mais experiente que eu.

— Então conseguiram se casar?

— Sim, voltamos para França. Casamos. Vivemos ali por um tempo até ajeitar nossos planos.

— Viajar?

— Conhecer o mundo. – disse animada. – Ver cores, flores, pessoas interessantes, cientistas, inventores, médicos, escritores...

— Por isso conhece tantas pessoas?

— Sim. – falou sorridente – Cada um trouxe a nós algo que nos ampliava a visão de mundo.

— E seu pai não se incomodou em saber que viveria isso?

— Edward... enquanto as mães falavam de casamento, eu lia sobre a Grécia antiga, papai achava isso muito mais construtivo.

E ri imaginando a mãe de Isabella tentando fazer o contrário.

— Divertido não? – ela falou sorrindo e pegando outra fita.

Ela envolvia as fitas e falava das universidades que visitaram, dos mestres que conheceram, pintores e artesões.

— Deve ter sido fantástico. – falei olhando ela admirar de longe sua obra de arte. Olhei para trás vendo as empregadas encantadas igualmente. Leah segurava uma bandeja e não disfarçava a surpresa. Sim, isso não era comum.

— Lindo senhora. – ela disse entrando e colocando na mesa o chá. – Seus ajudantes já foram servidos como pediu e a estufa está indo bem. Laurent pediu para avisar que Solar está muito bem com a caminhada de hoje pela manhã.

— Que notícia maravilhosa. – quando ela ficava feliz todos ao seu redor sorriam com ela. – Por favor abra o quarto que deixei os quadros, vou tomar um chá com Edward e vamos ver onde colocar todos eles. Abriram o espaço que pedi no escritório?

— Sim. Harry mesmo estava olhando isso agora pouco.

— Agradeça a ele. Podem ir, todos devem estar exaustos.

— Estamos bem senhora. – uma empregada disse e ela sorriu. – Pedi uma sopa para Lauren, vamos todos jantar algo quente.

Elas fizeram uma reverência e saíram.

— Qual seria o chá?- falei indo sentar na mesa e admirar ela servir em uma porcelana dourada decorada com flores.

— Pedi um de flores indianas. Espero que goste.

— Vamos provar. Linda louça.

— Emmett que enviou como presente. Temos que pensar no presente deles de casamento, somos padrinhos.

— Verdade, mas temos meses não? Eles se casam no meio do verão.

— Queria dar algo especial...

O chá era algo impressionante forte e gostoso. A mistura perfeita.

— Muito gostoso. – falei e ela sorriu. – Pensou em algo?

— Queria dar a ela um colar para ela usar no casamento.

— Um presente muito bonito. Mas o seu ourives demora meses para entregar algo. – falei um pouco decepcionado.

— Olhe isso.

Ela levantou, foi até uma mesa e pegou uma folha grande. Olhei para ela fazer tudo graciosamente e voltar me mostrando. Era um desenho lindo de um colar muito bem desenhado.

— Ele fica mais perto do pescoço, imaginei diamantes pequenos e delicados que combinassem com qualquer roupa que ele tivesse.

— Não tem flores. – falei observando o desenho.

— Se usam flores no cabelo... não sei se combinariam.- falou em dúvida. – Pensei em algo que a colocasse em grande estilo, mas com delicadeza.

— Gostei. Vou mandar fazer. Será um ótimo presente. – falei admirando ainda o desenho. Devolvi depois de algum tempo e fiquei a vendo guardar. – Desenha desde quando?

Ela voltou a sentar e continuou seu chá.

— Mamãe achava que isso era importante para uma dama. Não sei com qual idade ela começou a me ensinar ou contratar tutores, mas eu desenho desde nova. Eu amo desenhar.

— Vi seus desenhos na estufa.

Ela ficou me olhando e senti que segurou a respiração.

— É você. – falei calmo. – Assim como sua amiga usa um nome falso para publicar você usou Jacob.

— Edward... – disse assustada.

— Eu pesquisei sobre os estudos de Jacob. Todos eles sobre botânica, ervas para fins medicinais, artigos longos sobre o cuidado de plantas e novas espécies. Todos eles incluem um pouco de plantas pouco conhecidas e exploradas. Novas variações de flores a partir de misturas complexas que ainda não entendo muito bem, mas todos os livros muito bem ilustrados, muito bem escritos e praticamente disputados por todos. A cada nova publicação universidades brigam para ter. Sem contar com o fato de que a editora que os publica envia seus direitos autorais diretamente para a firma de seu primo.

— Eu... isso...

— Jacob apenas aceitou isso ou era um colaborador?

Ela se acomodou na cadeira quase perdida em suas lembranças, e eu sabia que naquele momento eu conheceria minha esposa.