A carruagem parou e nem mesmo eu percebi que estava adiando isso o máximo que podia. Respirei fundo não querendo sair e não querendo de forma alguma enfrentar o que quer que fosse isso, mas as cartas não pararam de chegar e Harry estava incomodado já com a forma como tinha que esconder elas.

Saindo percebi que ela também não pediu que guardassem a sua carruagem, ela estava ali parada e a porta se abriu assim que me aproximei, sua empregada pessoal abriu e a vi parada com um vestido carmim revelador demais, seus cabelos muito penteados e com uma presilha que a presenteei em um de nossos encontros. Parecia agora exagerada e pouco elegante apesar de ser uma joia.

Ela se virou mostrou seu completo desgosto.

— Por que fez isso? – ela disse com uma raiva que primeiramente me assustou. – Você me humilhou diante de todos!

— Tânia eu não poderia continuar com tudo aquilo. Todos saberiam...

— Você me humilhou! – disse histérica. E eu sabia que tinha sim humilhado. – Londres inteira fala de mim com total desprezo porque o grande primo da Rainha percebeu o erro que estava cometendo.

Não tinha palavras. Não tinha o que dizer. Eu sabia que isso repercutiria.

— Você nunca foi de ligar para fofocas. – disse num tom calmo que não tinha dentro de mim.

— Porque elas não afetavam meu círculo social! Eu estou a margem tudo e todos Edward! Não sou mais que uma mulher usada por um Duque que achou a esposa perfeita!

— Tânia...

— Ela é perfeita! – disse com os olhos cheios de mágoa – Ela é tudo que aquilo que você não queria.

— Não Tânia. Ela é apenas ela mesma.

Então ela me olhou com seus olhos cheios de mágoa e lágrimas que não caíam.

— E eu sou a trocada. Eu sou o resto. Que vive de sua esmola.

— Não abandonei minha proteção sobre você.

— Você jurou me amar. – disse agora deixando as lágrimas caindo, mas me olhando fixamente – Você disse que se casaria apenas para agradar a sociedade. E olha! – disse abrindo os braços. – Estou escondida como algo sujo, estou afastada de tudo que conhecemos como amigos e estou vivendo de esmolas.

— Não sou avarento com você. – falei firme, mas entendo a dor em seus olhos.

— Mas não tenho mais você.

E doeu não poder contradizer. Me doeu olhar nos olhos da mulher que tive tantos momentos bons e não poder consolar como ela esperava. Me doeu saber que ela não me tinha mais. E nem ao menos sabia quando isso aconteceu.

— Você disse que amava. – sua expressão de total dor me dilacerava.

— Não vou tirar de você minha proteção, Harry mesmo cuidará de tudo. Apenas peça que...

— Eu quero você! Eu quero meu Edward!

E então ela não ligando para nada foi ao chão e corri para segurar ela, mas apenas pude abraçar ela e vê-la chorar. E queria me juntar por ela por muitos motivos, principalmente por não me sentir mais aquele Edward.

— Você vai encontrar outra pessoa Tânia. Alguém...

— Ninguém será você. – falou entre soluços e muitas lágrimas.

—É tão nova para pensar assim. Não precisa ficar assim.

— Não preciso.... eu queria apenas nosso amor.... Ela é tão perfeita assim?

E ela me olhou me surpreendendo com sua dor. Me deixando sem chão porque eu não tinha como negar como admirava Isabella. Como amava ver seus cabelos ao sol, como sua graça e inteligência contagiam todos ao redor.

— Ela nunca vai te amar. – Tânia disse como se fosse uma maldição. – Ela sabe de mim. Ela aceitou o acordo. Ela saber que é um acordo. – falou se ajeitando e se afastando de mim, mas mesmo assim estávamos no chão. No lugar que mais cabia naquele momento.

— Sim, ela sabe. – disse arrasado e derrotado.

— Ela é perfeita como uma boneca que nunca poderá ter. Ela é apenas um enfeite. E desejo que você seja muito infeliz com sua perfeição.

Dizendo isso ela se levantou e se foi. Abaixei a cabeça entendo que ao casar estava me amaldiçoando. Eu estava sendo atraído por uma mulher inatingível. Levantei olhando a casa que deveria ser meu refúgio, a casa que foi projetada para uma mulher que eu amava. E pensar em Tânia no passado era tão estranho como saber que Isabella nunca me veria como alguém que a poderia fazer feliz porque ela era um acordo. Na verdade, eu era um acordo. Eu era sua porta para uma vida tranquila.

Andei pela casa sentindo falta da felicidade que tínhamos em nossa casa afastada da sociedade, dos empregados andando satisfeitos. Das coisas dela espalhadas pelos lugares mais improváveis, um livro perto da lareira, tinteiros e papéis a disposição como se ela fosse a qualquer momento precisar usar eles. Isabella tinha esse dom de nos conquistar mesmo quando pensávamos que não precisávamos ser conquistados.

Saí e entrei na carruagem pedindo para me levarem para Londres, eu não poderia voltar para casa e encarar Isabella com essa dor e palavras em minha mente. Percebi como estava fugindo. Mas era fugindo da verdade.

Alguns dias depois Harry entrou no escritório e me olhou como nos últimas dias. Preocupado.

— Isabella foi passar uns dias com sua mãe. – disse sabendo que a primeira coisa que fazia era perguntar por ela. Ele sempre sabia dela mais do que eu. Respirei fundo e me ajeitei na cadeira.

— Ajeitou os quadros como pedi?

— A Duquesa disse que não queria fazer isso sem o senhor, deixou tudo em uma sala.

Olhei o tempo frio e pensei em seus cavalos.

— Penso que seja a hora de voltar senhor. – Harry disse e eu apenas o olhei. – Posso ajudá-lo a parecer mais composto.

Eu estava mesmo com uma aparência desleixada e um pouco desalinhado. Tinha bebido como uma covarde que papai dizia que os homens se tornavam quando não tinham coragem para enfrentar seus medos e o escondiam no copo de uma bebida.

— Sim. – disse pensando que voltar seria um pouco refrescante de todas as preocupações.

— A senhorita Tânia me avisou que ficará na casa que comprou por uma temporada.

O olhei estranhando. Tânia tinha sido mesmo rebaixada a uma mulher que não era tão bem vista, Jasper esteve aqui ontem e falou como minha rejeição tinha percorrido toda Inglaterra e como Vitória e Albert exaltavam meu casamento. Sendo assim, ninguém queria apoiar ela com medo da moralidade de nossa Rainha e minha prima. Propus a Tânia uma viagem por meio de Harry, achava que novos ares poderiam dar a ela uma nova perspectiva da vida. No entanto, a resposta veio em forma de um pedido que a deixassem em paz.

A volta foi demorada, o inverno se aproximava com sua força. Todos agora deveriam estar se preparando para as festas, longas temporadas de festas mais familiares e pensei como seria olhar para Isabella e saber que eu era apenas um acordo. Pareceu adequado o tempo ao meu humor. E tive medo do meu futuro.

Não queria que as coisas entre Tânia e eu terminassem assim, não queria perceber o que todos viram antes de mim e reconhecer que ela nunca seria minha. Eu nunca seria Jacob. Ela o amou e ele a amou, todos que a conheciam tinham essa admiração que a protegeu durante amos e neste momento tive raiva e inveja de Jacob. Quis lutar com ele por sua mão. Quis gritar de dor e de arrependimento. Eu queria apenas que ela me olhasse.

— Chegamos senhor. – Harry disse e olhei a casa tentando me animar.

What do you want to do ?

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