Edward

Eu ajeitei minha roupa e fui até a sala principal para receber a protegida de minha mãe, via no rosto dos empregados a expectativa de receber uma amiga de mamãe. Ela não era uma mulher de receber visitas além do necessário e nem de ter protegidos.

Elas entraram com Isabella tirando o chapéu preto e discreto. Seu cabelo estava muito bem arrumado apesar da viagem e ela entregou para uma empregada que pegou sorrindo e fazendo uma reverência desnecessária, ela não tinha título inglês.

— Bella conheça meu filho Edward.

Me aproximei de forma respeitosa e calma.

— Edward Anthony Cullen, Duque de Devon.

— Pelo amor de Deus Edward! – mamãe brigou. Isabella fez uma reverência muito bonita e discreta.

— Um prazer Vossa Alteza. – sua voz era doce e calma, não havia sotaque francês como imaginei. Ela tinha a pele branca que se destacava no seu luto.

— Pelo amor de Deus! Vamos viver juntas, se vamos ficar nessa formalidade vou hoje mesmo vou para bem longe de seu título querido. – Isabella me olhou. Seus olhos eram de um azul diferente, fiquei abismado como ela parecia ser ainda mais nova.

— Não tem problema Esme, só de me receber já fico muito agradecida. O Duque foi muito gentil em me receber em sua propriedade.

— É um prazer ver mamãe tão feliz. Isso me traz um conforto.

Ela olhou para mamãe trocando palavras silenciosas, pensei ter visto a dor nos olhos das duas, mas ela logo sorriu para mamãe.

Os empregados subiram com baús e malas. Percebi que ela olhava com atenção e preocupada.

— Gostaria de se instalar senhorita? – Perguntei.

— Pensei em tomarmos um chá enquanto os empregados arrumam suas coisas querida.

— Desculpa... – ela disse ainda olhando para o que subiam. – Pensei que poderia arrumar minha bagagem e descansar.

— Claro! Teremos tempo para me contar tudo.

— Obrigada.

Ela fez uma reverência e subiu as escadas com certa pressa olhando tudo que carregavam com atenção. Fiquei atento aos seus gestos silenciosos.

— Ela não é uma beleza? – mamãe disse sorrindo. – Faz anos que não a via.

— Ela parece ser mais nova do que é.

— Puxou a beleza do pai. Charles e ela eram tão parecidos que chegava a assustar.

— Não tem irmãos? Primos?

Mamãe me olhou com pesar.

— Morreram todos numa viagem querido. Eles estavam indo para Espanha visitar uma prima de Renée. Foi algo muito trágico. Isabella estava recém casada.

— Viúva e sozinha agora.

— Sim.

Uma empregada se aproximou de mamãe.

— Sim, ela não gosta que mexam em suas coisas. Se ela pedir ajuda ajude, mas fora isso avise aos empregados que o quarto será limpo as nove horas em ponto enquanto tomamos chá.

A empregada saiu e olhei para mamãe.

— Ela não precisa de ajuda? Contei uns cincos baús fora as pequenas bagagens.

Mamãe torceu as mãos um pouco nervosa.

— Ela aprendeu a ser sozinha querido, vamos lhe dar espaço.

— Como quiser, você que sabe.

Era tão intrigante ter alguém como ela em minha casa, ela apenas surgiu com seu luto e beleza. Não queria ajuda para arrumar nada, Tânia tinha duas empregadas apenas para ajudar com suas coisas e ela não queria nenhuma. Lembrei de outra dama de companhia que ela tinha, a ajudava nas menores coisas.

Eu tinha ainda muita coisa para resolver antes do jantar e fiquei a tarde no escritório vendo tudo com meu secretário. Não vi mamãe ou mais ninguém, me arrumei para um jantar mais formal. Esperava que mamãe fizesse um pequeno jantar para receber Isabella, desci as escadas indo tomar um vinho antes do jantar.

— Ela arrumou tudo sozinha. – ouvi uma empregada falar para outra enquanto arrumava a mesa. Elas não me viram e fiquei ali parado ouvindo.

— Ela não tem dama de companhia, a Duquesa colocou Leah para ser sua ajudante.

— Leah? Mas ela não era ajudante da Duquesa?

— E a que menos fala! – a empregada disse com desgosto. – Para quê tanto mistério em cima de uma viúva pobre?

— Pobre? Jéssica disse que ela trouxe mais baús do que uma carruagem poderia carregar, como ela pode ser pobre?

Isso era uma boa pergunta, será que mamãe a ajudou? Iria revisar as notas com cuidado amanhã.

—Vamos beber algo filho? – mamãe apareceu sorridente com um vestido vermelho discreto.

— Isabella se juntará a nós?

A levei para sala de braços dados como papai fazia. Ela sentou numa poltrona e fui servir o porto.

— Ela já jantou, Leah a serviu e a essa hora deve estar dormindo. A coitada fez a viagem mais longa para não precisar passar pelo centro de Londres.

— Ela não quis repousar em nossa casa?

— Ela não gosta de agitação querido. Isabella é uma mulher muito discreta.

Servi minha mãe e fiquei observando como ela falava com carinho de sua mais nova protegida.

— Tudo certo para a caçada neste final de semana? – sentei em frente querendo mudar de assunto.

— Jane e o marido confirmaram. Isso será insuportável! – ela tinha aversão a Duquesa de Kent e seu marido. – Ela vai reclamar de tudo mesmo estando de seu agrado e vai nos fazer correr atrás de seus caprichos, fora sua postura absurda de arrumar amantes como se o marido não estivesse presente. Isso é intolerável.

— Eles são nossos amigos mamãe. O marido dela era um grande amigo de papai, seria rude não convidá-los.

— Poderíamos ser rudes uma vez ao ano pelo menos. – eu sorri de suas expressão.

— Vi que o Coronel e sua esposa estarão aqui. Me senti honrado, ele e a esposa tem um grupo muito seleto de pessoas que visitam.

— Sim, também me surpreendi. Já negaram tantos convites, mas eles sempre foram muito agradáveis e gosto deles. A esposa dele gosta de uma vida mais quieta e detesta as fofocas da corte.

— A Rainha gosta muito deles. É um casal muito presente nas cortes de todo mundo, soube que esse ano ela irá pessoalmente dar um lugar na ordem para ele.

— Rumores, ele não confirma. Mas seu trabalho nas novas terras foi brilhante, a Rainha ficou encantada com seus relatórios, com os resultados comerciais e com a ordem que ele colocou em seus guardas. Homem muito viajado também. Viaja muito pela Coroa.

— Como sua esposa aguenta? Ela deve se sentir solitária.

— Ela viaja com ele querido, não sabia?

Essa informação era nova, viajar para Índia ou Rússia? Não conseguia visualizar isso.

— Seus amigos também confirmaram presença. Por favor, temos visita.

Sorri lembrando de Jasper, Emmett e James. Mamãe os culpava por ainda não ter dado netos a ela. Mas na verdade eu amava Tânia, ela não era apropriada, eu sabia. Mas era a mulher que eu queria como minha Duquesa e entrar na corte da Rainha Vitória mostrando suas joias, sorridos e sua simpatia natural. Ela era tão linda e calorosa. Não conseguia me imaginando casando com alguém inexperiente e que quisesse minha atenção o tempo inteiro, sem aceitar Tânia como minha acompanhante. Isso deveria ser resolvido, eu sei, mas queria ganhar um pouco mais de tempo. Prometi a Tânia que arrumaria alguém que não afetasse nosso relacionamento e pretendia cumprir essa promessa.

— Vamos jantar querido.

O jantar foi calmo e fiquei tranquilo com toda organização de mamãe sobre a caçada. Era uma boa temporada e todos os empregados estavam empenhados em receber todos muito bem.

Por que essa sensação estranha de que isso faria muitas coisas mudarem? Era apenas uma caçada, fazíamos isso todos os anos antes de eu voltar para Londres. Era um evento para nossos amigos mais íntimos e toda Londres queria ser convidada. Por que estava me sentindo incomodado?

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