Red Moon

Aprecie uma ópera


Turim – Itália, 03:00 am

Após aqueles demônios levarem as duas, fiquei imersa em meus pensamentos e sorria abertamente ao ver que conseguia perturbar claramente o meu irmãozinho querido.

Ao voltar do Vazio, meu dom de ‘’aura de felicidade’’ quase desapareceu por completo já que minha eternidade foi alterada por Aro ao me matar, a única coisa que restou de felicidade foram as lembranças de Marcus, meu eterno companheiro.

Jane me falou que Marcus gerou uma fama de antipático com o passar dos séculos e ele passou a não ligar muito para o que acontecia a sua volta, não falava muito, não interagia somente existia. Isso atingiu o meu coração parado em cheio, imaginá-lo dessa forma me feria de várias maneiras que chegavam a ser uma tortura intensa.

Olhei para a janela vendo a vampira ruiva voltar acompanhada de seu capacho, lembro-me quando Victoria veio me procurar a mando de Lilith, a vampira estava desesperada atrás de uma vingança pela morte de seu companheiro. Pelo que entendi, um clã havia o matado após caçar uma das mulheres pertencente a esse clã, aparentemente essa mulher era humana e companheira de um dos vampiros o que soava irônico já que uma das leis impostas pelos Volturi era de manter segredo e ninguém do mundo humano poderia em hipótese alguma saber de nós.

Claro que dei a ela um apoio a sua causa já que perder um companheiro era praticamente perder um pedaço de sua alma ou ter um dos membros do seu corpo arrancados brutalmente, entramos em um estado de depressão eterna, na eternidade de um vampiro encontramos apenas um companheiro e este é para sempre.

Pedi a Jane para investigar melhor essa história para conseguir dar um suporte maior a Victória e o que descobri foi maravilhoso. O clã em questão eram os Cullen e eles tinham matado James por ter caçado e quase ter tirado a vida da humana que era companheira de Edward, um leitor de mentes mais habilidoso que Aro devo acrescentar, mas a humana que descobri que se chama Isabella se separou de Edward e que ela é uma caçadora de sombras.

Jane me informou que esse clã tinha um vampiro, Carlisle, que trabalhou ao lado dos Volturi por uns bons séculos atrás de conhecimento. Torci o nariz ao lembrar que esse líder e consequentemente esse clã se alimentavam de animais além de conviverem pacificamente com os humanos.

— Pensando novamente, Didyme? – uma voz feminina soou vinda da porta

Me virei apenas para ver Lilith se mover para dentro da sala de jantar. Lilith usava um vestido cor vinho, salto alto nos pés, com alguns adornos nos braços e no lugar de seus olhos havia duas serpentes, mas com uma leve ilusão essas serpentes viram dos olhos completamente pretos.

— Sim – dei de ombros e tomei o último gole do sangue na taça – Estava pensando na história de Victória.

— Ah, a vampira que quer vingança – Lilith se sentou em uma das cadeiras seu tom era entediado – Ela descobriu que a garota que ela quer matar é uma caçadora?

Vi a demônio enrugar o nariz, suprimi uma risada, da última vez ela foi derrotada por um vampiro com a marca de Caim junto com os caçadores

— Não, ainda não avisei – coloquei a taça em cima da mesa – Quero que seja uma surpresa para ela.

— Didyme, você ofereceu ajuda a vampira.

— Ofereci, mas não quer dizer que iriei ajudá-la totalmente, tenho os meus propósitos.

Ficamos em silencio por um tempo até Lilith soltar uma risada.

— Eles encontraram os seus diários – comentou fazendo um círculo na mesa de madeira – Descobriram que Aro a matou ou pelo menos tentou matar, pelo tanto que conheço aqueles ‘’anjinhos’’ eles irão matar o seu irmão por violar uma lei.

— Isso acabaria com os meus planos – falei – Aro é responsabilidade minha, ele vai morrer em minhas mãos, como dizem: Olho por olho, dente por dente.

— Foi ideia sua colocar os diários lá – Lilith sorriu ironicamente

— Mandei Jane desenhar as runas demoníacas – comuniquei dando de ombros – Volterra tinha uma proteção magica e que felizmente será inútil. Pelo menos liberei para você poder atormentar Aro, umas visões minhas serão capazes de enlouquecê-lo.

Percebi que o meu tom de ironia agradou Lilith, realmente não sentia a menor pena do meu antigo clã ou dos outros que estão atados a ele, exceto Marcus, iria salvá-lo de lá.

— Bem – Lilith passou a mão em seu cabelo preto e se levantou – Vou fazer uma visita a Victória tenho um presente para ela.

— Posso perguntar qual presente seria esse? – a olhei

— Saberá quando a caçadora morrer – o sorriso que ela deu era totalmente demoníaco antes de desaparecer

Ouvi um barulho vindo de fora, sorri amplamente ao constatar que era um trovão e imediatamente começou a chover, amanhã será um grande dia começaremos os sete dias de terror. Sete. Um número de sorte e plenitude e essa seria um momento sublime de glória.

Sete dias de ataques e sete dias de loucura para Aro, confiava em Lilith para deixá-lo louco e completamente entregue quando eu o matar, seria isso a palavra justiça?

Encarei a taça vazia e me lembrei que tenho três damas para cuidar, sai andando rapidamente da sala de jantar sentido os olhares dos bestiais me encarando enquanto andava, lidar com demônios realmente era um porre, mas a males que vem para o bem.

Parei em frente a uma pequena porta no corredor inabitado da mansão e ouvi barulhos, respirei fundo e abri um sorriso sentido o meu poder entrando em cena, abri a porta e a fechei assim que entrei.

— Olá cunhadas e Renata – saudei sorrindo amplamente

Observei o meu dom atingindo Athenodora e Sulpicia facilmente, apenas Renata resistiu obviamente já que meu talento era físico e não mental e essa vampira em especial era um escudo físico além de ser o braço direito de Aro.

— Fique tranquila minha querida, não vamos fazer nada com você – minha voz transpareceu calma e continuei sorrindo – Vim buscá-la para tomar uma taça de sangue comigo.

— Não a conheço, nem sei se devo confiar em você – falou Renata na defensiva

— Acho que meu irmão não fala muito sobre minha pessoa – soltei um falso suspiro triste – Sou Didyme Volturi, esposa de Marcus Volturi e irmã mais nova de Aro.

Renata arregalou os olhos entrando em choque o que acabou deixando que eu encontrasse uma brecha em seu escudo e fiz o meu dom entrar por aquela brecha automaticamente a vampira relaxou e sorriu contente.

— Permita-me fazer a pergunta – me aproximei um pouco nunca deixando de dar um sorriso – Gostaria de tomar uma taça de sangue comigo? Assim posso deixá-la fazer quantas questões quiser para sanar a sua curiosidade, minha criança.

Pelo canto do olho vi as reações de Athenodora e Sulpicia, as duas estavam imensas em seus momentos felizes e nem prestavam atenção em Renata, falando nela, ela parecia um pouco relutante, mas eu sabia que a curiosidade iria falar mais alto.

— Er... Claro, senhora – aceitou Renata

Como pegar uma pessoa, teste o nível de curiosidade dela pensei andando até a porta e a abrindo deixando Renata sair primeiro, olhei para as outras duas e dei um sorriso macabro desligando temporariamente o meu dom, senti a aura de felicidade das duas se esvaindo e fechei a porta rapidamente a trancando.

— Vamos – me virei sorrindo para Renata que concordou com a cabeça

Respondi algumas perguntas dela no caminho, não dando muitos detalhes, a conduzi diretamente para uma área que era bem conhecida pelos vídeos carinhosos que enviei para Aro, sabia que tinha de certa forma conseguido um pouco da confiança da escudo.

Ela continuava com o seu interrogatório quando ofereci uma taça a ela assim que chegamos, tentei ser evasiva na maior parte das respostas era uma pena que Renata seria morta, mas sua morte era a melhor opção não podia correr riscos.

Vou conseguir eliminar dois vampiros poderosos da guarda e Jane trabalhando para mim era um golpe estratégico eu diria, seria ligeiramente mais rápido em acabar com o meu antigo clã.

— Pode se sentir segura comigo, minha querida – lhe assegurei me aproximando dela – Eu a deixarei voltar aos Volturi, não foi intensão nossa lhe trazer para cá contra a sua vontade.

— Muito obrigada, Didyme – agradeceu Renata

Dei um sorriso tranquilo a ela, espalmei as minhas mãos na sua bochecha estilo italiano de ser e lhe dei um beijo na testa. Lilith estaria rindo se estivesse presente e falaria que esse beijo era digno de Judas.

— Vou lhe dar um conselho, criança – murmurei a olhando nos olhos sem afastar as minhas mãos

— Que conselho? – perguntou

Quanta ingenuidade pensei reprimindo uma risada

Aproximei a minha cabeça de seu ouvido e sussurrei

— Não confie em uma pessoa, principalmente quando você acaba de a conhecer. Adeus, Renata.

E de forma rápida e ágil arranquei a sua cabeça sem dar a chance dela se tocar do que iria acontecer.

— Eu te falei que iria voltar aos Volturi, só não lhe disse como – sorri e olhei para o relógio no meu pulso vendo que eram exatamente quatro horas da manhã – Uh, é um excelente horário para uma música.

Peguei o seu corpo o jogando por cima do meu ombro, o segurei com uma mão já que a outra estava ocupada com a cabeça dela, e a levei até outra sala que continha uma mesa completamente limpa e lisa ao lado de uma lareira que estava em pleno funcionamento. Depositei o corpo dela lá e a cabeça coloquei em outro lugar, andei até uma caixa de som e apertei o play, logo a voz de Carmen cantando Habanera preencheu a sala.

Cantarolando comecei o meu trabalho arrancando os braços e os depositando ao lado, parti para as pernas dando uma leve rodopiada e as arranquei uma de cada vez, e por fim seguindo o ritmo da ópera queimei tudo deixando apenas a cabeça que a coloquei em uma caixa de presentes junto com um bilhete para não perder o costume.

Entreguei a caixa a um demônio inteligente e o instrui sobre a entrega, Aro terá um belíssimo presente em seu quarto.

— Sete dias de ataque, sete dias de delírio – murmurei sorrindo vendo o demônio desaparecer com a caixa

Voltei novamente para dentro da sala apenas para apreciar a ópera até o seu fim.