Red Moon

Visões


Sede temporária dos Cullen, Castelo Volturi, Volterra-Itália, 00:00 am

Jasper e Emmett agiram rápido quando viram Alice e Edward caindo no chão os pegando rapidamente. O empata sacudia um pouco a sua companheira e a chamava pelo nome e o moreno dava tapinhas no rosto do telepata tentando surtir algum efeito e nada acontecia, parecia que os dois haviam entrado em um transe após a visão de Alice.

— Carlisle, o que aconteceu? – perguntou Esme preocupada andando rapidamente até os seus filhos – Por que eles desmaiaram? Vampiros não desmaiam certo?

Carlisle olhava os dois tentando entender o que aconteceu, para ele era ilógico um vampiro desmaiar, ele indicou para Jasper e Emmett levarem Alice e Edward para os seus quartos para examiná-los. Com cuidado o médico examinou seus filhos que foram acomodados em suas respectivas camas e não detectou nada anormal isso o deixou ainda mais preocupado.

— Alice deve ter tido uma visão de grande impacto e Edward leu – falou Carlisle – Isso é o mais lógico que consigo pensar.

— Acha melhor chamar alguém? Os caçadores ou os Denali? – Rosalie perguntou

— Não, não vamos perturbá-los – negou Carlisle suspirando frustrado

— Vamos esperar para ver se eles acordam, Alice deve ter visto algo e se eles acordarem irão falar – a voz de Esme saiu do quarto de Edward

— Jazz, você sente algo? – Emmett olhou para o irmão que estava no batente da porta do quarto dele e de Alice

— Medo, horror, tristeza... – Jasper fez uma careta confusa – É tudo muito bagunçado...

O loiro passou a mão no rosto claramente irritado e frustrado

— Quero que isso acabe logo, ou melhor, que isso nunca tivesse acontecido – expôs – Primeiro sabemos que um demônio está comprando briga com os Volturi e eles chama todos nós para ‘’ vamos dar as mãos e brincar enquanto morremos’’

— Jasper – Carlisle repreendeu

— Não, Carlisle – Jasper tentou manter a voz controlada – Não tente se enganar, se ele matou a própria irmã vai fazer isso conosco para se proteger, ele está pouco se fudendo se vamos perder família, amigos, esposas, maridos, pessoas que nos importamos como se fosse uma parte de nossa alma. Caso aquele desgraçado viver e todos nós morremos até os caçadores morrem, o filho da puta que está lá embaixo vai fazer uma nova guarda para dar continuidade no que estava fazendo.

Rosalie e Emmett olharam de Jasper para Carlisle esperando uma represália que nunca veio. O patriarca não tirava a razão de Jasper, se não fosse esse pedido de ajuda de Aro, eles não estariam passando por isso, Alice e Edward não teriam desmaiado por uma visão, não teriam visto um vampiro vivo morrer carbonizado e tanta outras coisas que o cérebro dele não queria reviver, a única coisa boa que aconteceu foi ter reencontrado Bella, sua outra filha, a filha que completava a família.

O silencio reinou no recinto por horas e horas, Esme ficou ao lado de Edward como uma mãe preocupada, mas ia ver como estava Alice a vendo imóvel ao lado de Jasper que passava carinhosamente uma mão no cabelo dela. Rosalie olhava para o celular vendo as horas e os minutos, esperando algo acontecer assim como Emmett e Carlisle se encontrava pensativo intercalando olhares entre as portas dos dois quartos.

— Alice, amor – chamou Jasper depois de senti-la se mexer – Carlisle!

O médico entrou alarmado dentro do quarto sendo seguido pelos outros.

— Ela está acordando – o empata encarou o pai que se aproximou lentamente e se sentou na ponta da cama

Alice abriu os olhos lentamente, soltou um gemido de dor levando a mão a cabeça, se sentou sabendo que obteve ajuda de Jasper e olhou ao redor vendo Rosalie, Emmett e Carlisle.

— A Bella – a voz dela saiu fraca – Onde está a Bella?

— Alice, são cinco horas da manhã, ela está dormindo no andar de cima – respondeu Rosalie

— Não, não – Alice se desvencilhou de Jasper e se levantou – Eu preciso vê-la, eu preciso...

— Amor, respira – pediu Jasper lhe envidando uma onda de calma vendo que a esposa estava quase tendo um ataque de pânico – O que você viu? Você e Edward desmaiaram, estamos preocupados.

A vidente olhou para Rosalie quase entrando novamente em desespero, ela andou até a irmã e a segurou pelos ombros, Emmett deu um passo para perto das duas vendo a esposa encarar Alice sem entender nada.

— Alice... – Rosalie iniciou

— Chame Bella, chame ela... Eu preciso falar com ela, eu preciso. – Alice sacudiu um pouco Rosalie enquanto falava

A loira olhou discretamente para Jasper, que andou para perto de Alice e tocou no ombro dela com carga máxima de calma a fazendo largar Rosalie e quase desmaiar novamente.

— Não sei por quanto tempo vai ficar essa calma – falou Jasper – Melhor ir chamar a Bella

Eles olharam para Carlisle que via o claro desespero de Alice, a visão que ela teve não foi nada boa pelo visto e Isabella estava envolvida nas visões o preocupando ainda mais, ele sabia que Alice não iria falar nada para eles enquanto a presença de sua antiga filha não estivesse presente.

— Rose, vá até o andar dos caçadores e chame Bella – instruiu o médico – Alice não irá falar nada até que ela esteja aqui.

— Tem certeza, Carlisle? Ela mesma falou que não quer se envolver em nossos assuntos – Rosalie falou parecendo um sussurro para que a irmã não a ouvisse

— Rose, se Alice está agindo assim é que é questão de vida ou morte – falou Emmett

Olhando mais uma vez para Alice que estava sentada na cama com Jasper a abraçando para mantê-la calma, Rosalie balançou a cabeça confirmando e saiu do quarto dando uma rápida olhada em Edward que continuava sem nenhuma reação e desapareceu porta a fora, subindo para o último andar.

Ela andou até a porta de madeira cravejada de runas e respirou fundo antes de bater na porta com força o suficiente para criar um barulho alto.

Sede temporária dos caçadores de sombras, 5:20 am

Acordei com um barulho ao longe, abri um pouco os olhos observando que o quarto ainda estava escuro, olhei para o relógio no criado mudo vendo que era cinco e vinte da manhã.

Soltei um bufo irritado, quem em nome da santa acorda uma pessoa a cinco e vinte da manhã? Enterrei a minha cabeça no travesseiro e tampei os meus ouvidos tentando voltar a dormir e sonhar com ovelhas pulando cercados, dei um sorriso sentindo o sono voltar, mas ele foi retirado novamente pelo barulho.

Dei um pequeno rosnado irritada, chutei as cobertas me levantando, porem o fator sono contribuiu para o meu desastre quando fui parar no chão por conta do meu pé ter enroscado no lençol, resmunguei e xinguei até a minha próxima encarnação e me levantei do chão.

— Já vai – falei quando ouvi novamente a batida na porta, vesti o roupão da camisola e sai do quarto

Caminhei até a porta principal e a abri dando de cara com Rosalie, suprimi a vontade de revirar os olhos, abri a boca para mandá-la de volta para o andar dela, mas algo em seu olhar me impediu.

— Preciso que você venha comigo, Isabella – ela pediu

— Por quê? – cruzei os meus braços

— Alice teve uma visão, ela e Edward desmaiaram, mas apenas Alice acordou – soltou um suspiro preocupado – Ela insiste em falar com você.

Vi que Rosalie ficava cada vez mais preocupada e olhava constantemente para o chão, fiquei me perguntando se eu deveria mesmo ir, mas resolvi tacar um foda-se e agarrei a preocupação que foi gerada em meu coração. Por mais que Alice não tivesse dito adeus, ela ainda fazia parte da minha história mundana.

— Vamos – falei finalmente saindo porta a fora e a fechei atrás de mim – Me explique essa história direito.

Rosalie me explicou tudo nos mínimos detalhes enquanto nos encaminhávamos para o andar de baixo, ela foi na frente para abrir a porta e eu hesitei mordendo os lábios, essa seria a primeira vez que estaria sozinha com eles sem a companhia de Izzy.

— Isabella – chamou Rosalie me puxando de volta

— Desculpe – pedi e respirei fundo passando pela porta

Emmett abriu um sorriso deixando as suas covinhas nas bochechas aparecerem quando me viu passar pela porta, dei um pequeno sorriso em retribuição.

— Bellinha, ouvimos um barulho de algo caído lá em cima, pelo visto sua falta de coordenação não desapareceu – ele aumentou o sorriso quando revirei os olhos e me segurei para não lhe dar o dedo do meio presando pela minha educação

— Onde está Alice? – perguntei

— Está no quarto dela – a voz de Carlisle surgiu de uma das portas – Obrigado por ter vindo, Isabella

— Eu me preocupo com a Alice – falei sinceramente – Não a odeio por ter feito aquilo comigo.

— Exceto Edward – indagou Rosalie

— De certa forma sim – concordei – A onde fica o quarto dela?

Carlisle apontou para a segunda porta e andei até lá, encontrando Jasper tentando conversar com Alice, mas eles pararam quando pegaram o meu cheiro e me olharam.

Alice saltou de sua cama correndo para me abraçar o que me pegou de surpresa, ela me abraçava fortemente com uma força humana para não me machucar.

— Alice – chamei – O que houve? Rosalie me falou que você teve uma visão, que visão foi essa?

Ela me soltou e olhou para Jasper pedindo silenciosamente para que ele saísse, ela a olhou preocupado, mas acatou o pedido da esposa saindo do quarto e fechando a porta.

— Pode colocar o escudo em volta? Não quero que eles nos ouçam – pediu com a voz baixa

Assim que a avisei que o escudo estava a nossa volta, ela me arrastou até a cama nos sentando de frente uma para a outra.

— Vejo que o seu gosto para moda melhorou – comentou apontando para a minha camisola de seda azul marinho

— Convivo a cinco anos com Isabelle, peguei essa mania dela, sem contar os dois anos que... Bem, você esteve ao meu lado – dei minimamente de ombros

— Perdão, Isabella, sério – Alice olhou para baixo arrependida – Edward me forçou a não fazer nada, ele me impediu de ir falar com você, não podia nem ver o seu futuro. Isso me machucou profundamente, tivemos que controlar Jasper que estava se culpado todos os dias, Emmett parou de fazer piadas, Esme ficava olhando para a janela perdida em pensamentos sofrendo pela perda de sua filha, Carlisle lhe dava força, mas estava tão quebrado quanto ela e Rosalie sentia a sua falta por incrível que pareça. Sei que não posso mudar o que já aconteceu, só posso lhe pedir perdão.

Ficamos em silencio, não posso mentir que isso ainda machucava, mas eu tinha um coração fraco minha mente falava para não a perdoar de maneira alguma enquanto o meu coração clamava para dar uma segunda chance, poderia me arrepender depois, mas achei melhor ouvir o meu lado emocional pela segunda vez.

Me aproximei um pouco dela e peguei as suas mãos geladas e as apertei.

— Pode me chamar de Bella, Lice – falei dando um sorrisinho

Ela olhou para cima em um rompe, abriu um sorriso enorme e me abraçou novamente e dessa vez retribui.

— Agora me conte a sua visão – pedi – Ela foi tão forte assim para você e ele desmaiarem?

Alice reparou que não falei o nome de Edward, mas ela não comentou nada o que agradeci.

— Sim, na verdade foi uma sequência de visões uma atrás da outra e eram tão rápidas que era difícil pegá-las com todos os detalhes – respondeu – Apenas a última foi na velocidade normal.

— Como elas eram?

— A primeira veio com a lua se tornando vermelha e as ruas de Volterra tomadas por pessoas vestidas com capas vermelhas fazendo a procissão, já a segunda mostrou criaturas horrendas saindo de bueiros, entrando por todas as entradas da cidade e atacando as pessoas que gritaram desesperadas – Alice colocou as mãos nos ouvidos e fez uma careta como se ainda estivesse as ouvindo gritar – Em sequencia nos vi lutando contra essas criaturas que apareciam mais e mais, e nessa na terceira apareceu... Victória.

Fiquei tensa, sabia que ela viria atrás de mim algum dia, mas não sabia que ela iria aparecer assim junto com demônios.

— E quando ela apareceu outros vampiros recém-criados saíram das florestas correndo pelas entradas e atacaram contribuindo para a matança, havia sangue, gosma ou sai lá o que pelo chão junto com corpos de humanos, vampiros e dessas coisas bizarras. – continuou Alice – Na quarta visão vi Aro jogando coisas no chão e rindo com um louco curtindo a sua loucura e então a visão pulou para o lado de fora que ficou pior do que já estava a fonte de água aqui da frente adquiriu a cor vermelha por conta do sangue tinha corpos jogados dentro dela, não sei distinguir quem ganhava ou quem perdia na visão e por fim a última...

Alice soltou um som engasgado e senti um arrepio em minha nuca como se algo soprasse nela e o meu corpo reagisse com medo, me lembrei do que havia prometido a Isabelle que ninguém iria morrer que era para ela não sentir medo de repente essa promessa pesou em meus ombros.

— Qual foi a última visão? – perguntei suavemente vendo a pequena vampira fazer uma expressão de dor

— O céu tinha uma coloração mais escura que o normal, não haviam nenhuma estrela apenas a lua totalmente vermelha e enorme, ainda havia os gritos, rosnados e sons de morte por todos os lados, as criaturas horrendas subiam pelas paredes como fumaça... Volterra parecia que não existia mais, tudo substituído pelo caos e então tudo em volta ficou borrado quando a visão se virou para você que era mantida refém por uma mulher de cabelos pretos e...

— Ela tinha cobras saindo pelos olhos? – questionei a interrompendo

— Não – Alice negou com a cabeça – Ela tinha olhos vermelhos.

— Uma vampira – murmurei – Continue

Senti Alice apertar as minhas mãos fortemente antes de continuar.

— Ela... Ela tinha uma espécie de adaga na mão esquerda, então ela abriu um sorriso e desceu a adaga em uma velocidade inumana apunhalando você diretamente no coração, depois só me lembro de ouvir um estrondo ensurdecedor e um clarão – finalizou Alice soluçando

Eu esperava ouvir tudo exceto ouvi como iria morrer, os soluços sofridos de Alice ficaram mais altos.

— Eu não quero te perder novamente Bella – a voz dela saiu engasgada

O peso da promessa pesou ainda mais, eu não falei nada apenas a abracei nem senti o meu escudo caindo e voltando para mim como elástico, tive consciência de que Jasper entrou no quatro, mas não larguei Alice assim com ela não me soltou. Não sei quanto tempo ficamos abraçadas, só a soltei quando percebi que ela tinha se acalmado.

— Conte aos outros as quatro visões – falei deixando subentendido que a quinta não era permitida – Vou dar uma olhada no seu irmão para ver se Clary possa fazer algo por ele.

A baixinha concordou com a cabeça, suspirando me levantei e andei para fora do quarto dando um tapinha no ombro de Jasper no processo, Rosalie apontou para o último quarto e segui para lá encontrando Esme sentada na cama segurando a mão do filho que estava imóvel.

— Ele não voltou? – perguntei me fazendo presente

— Não, acho que a visão de Alice foi forte e ele ainda está absorvendo tudo – respondeu Esme voltando o seu olhar para mim – Ela te contou o que viu?

Balancei a cabeça em afirmação me aproximando um pouco para observar o vampiro de olhos dourados deitado na cama, vi que ele respirava quase de forma imperceptível como se estivesse dormindo após um desmaio.

— Uma hora ele volta, as visões de Alice foram fortes – comentei – Se ele não voltar talvez Clary tenha uma runa que possa acelerar o processo de retomada de consciência.

Ficamos em silencio apenas observando Edward até que me virei para ir embora e Esme voltou a falar.

— Você faz falta, Bella – falou – Nossa família fica incompleta sem você.

— Infelizmente, Esme não foi escolha minha desaparecer – a amargura apareceu na minha voz

Eu saí do quarto a deixando sozinha com Edward novamente, olhei para os outros que me olharam de volta.

— Vou deixá-los agora, irei subir e deixar os outros a par das suas visões Alice – informei a olhando

— Muito obrigado, Isabella – agradeceu Carlisle que me acompanhou até a porta

— Imagina, Carlisle – dei um sorrisinho – Nos vemos mais tarde já que teremos um longo dia.

Ele devolveu o sorriso fechando a porta assim que comecei a andar para voltar ao meu andar, assim que entrei e fechei a porta levei um susto quando vi os quatro de pé com os braços cruzados me encarando.

— Que porra aconteceu? – pergunto Jace – Caiu da cama, acabou varando o chão e indo parar lá no andar das purpurinas?

— Jace, não seja tapado – Alec deu um tapa na cabeça de Jace – Estavam batendo na porta e Bella foi verificar o que eles queriam.

— E o que eles queriam? – questionou Isabelle

Olhei para eles esperando uma nova rodada de perguntas ou conversas.

— Vão me deixar falar? – perguntei os vendo concordar com a cabeça – Alice conseguiu ver o futuro, quatro visões uma atrás da outra e ela desmaiou

— Explica isso direito – pediu Clary se sentando no sofá puxando Jace junto

Comecei a contar as visões em todos os detalhes, vendo suas expressões se tornando assustadas a medida em que eu avançava.

— Tá, vamos ter que ligar para a Clave e pedir que mais caçadores venham ou mais seres do submundo para ajudar – declarou Alec

Concordamos com a cabeça e logo ele foi fazer a ligação enquanto eu ia para o meu quarto tomar um banho para esfriar a cabeça e foi lá que me permiti chorar desesperada ao pensar na última visão.

— Que o anjo impeça isso – rezei ainda chorando me agarrando a minha última esperança