Red

I - State Of Grace


State Of Grace

O amor é um jogo cruel

A não ser que você o jogue direito.”

Estou caminhando rápido pelas luzes do tráfego

Ruas e vidas ocupadas

Tudo que sabemos é arriscado

Estamos sozinhos, com nossas mentes em transformação

Nos apaixonamos até doer, sangrar ou passar com o tempo

Reyna andava apressada pelas ruas da cidade. Ela havia visto Leo e não queria se encontrar com ele. Não depois de ontem. Não depois de terem discutido mais uma vez sobre o mesmo motivo: Jason e Piper.

Os dois haviam começado a se encontrar, mas mesmo depois de Reyna dizer periodicamente que não nutria nenhum sentimento por Jason. Leo não acreditava. E sinceramente... Ele até conseguia entender o motivo da raiva de Leo. Afinal acontecia o mesmo com ela e Piper.

E então é ai que acontece. De repente ela resolve atravessar a rua e um carro buzina. Ao mesmo tempo que ela se assusta Leo a puxa e a faz olhar em seus olhos.

Leo simplesmente não acreditava no que havia acontecido ontem. Ela havia simplesmente comentado que Jason era um grande amigo. E ele tinha dito que Piper era incrível com ele.

Arg, os dois brigavam por coisas tão idiotas. Eles chegaram a acordos na Guerra, matado milhares de monstros juntos, e ele conseguiu até mesmo convencê-la a não matá-lo quando ele destruiu o acampamento romano. E mesmo após Afrodite ter dito que Reyna ficaria com quem destruiu o seu lar – e de fato ele sabia disso porque ela mesmo o contara – ele sentia que ela não o amava. Não o amava tanto quanto amou Jason.

E então Leo a viu passando em frente à cafeteria onde ele estava. Ele não conseguia dizer se ela o havia visto, mas não tinha tempo para pensar nisto, ele precisava ir atrás dela. E foi isto que ele fez.

E eu não vi você se aproximando

E eu nunca serei a mesma


Reyna ficou estática por um momento. Só o som da respiração dos dois – e das buzinas dos carros – é ouvido por um momento. E então Leo quebra o silêncio:

– Você está sendo descuidada dulzura.

– Eu sei me cuidar Valdez. – Rebate irritada, mas sem desviar de seu olhar.

Leo ri e Reyna franzi as sobrancelhas. Ela lança um olhar congelante para ele, mas isso só o faz rir mais.

– Acéfalo.

– Me perdoe querida se depois de ver você em situações tão constrangedoras – tipo quando os Stoll’s jogaram tinta azul no seu cabelo – eu não consigo estremecer ao você me dar esse olhar gelado.

Você chega e a armadura cai

Atravessa o quarto como uma bola de canhão

Agora, tudo que sabemos é não soltar

Estamos sozinhos, só você e eu

No seu quarto e estamos em pratos limpos

Só sinais de fogo iguais, quatro olhos azuis


Reyna começa a rir com ele e em poucos instantes os dois estão andando lado a lado. Mas a tensão da briga anterior ainda paira no ar. E ela se sente uma idiota por ter brigado com ele novamente.

Eles voltam para a cafeteria a qual Leo estava e Reyna observa que enquanto Leo fala sobre amenidades consegue fazê-la relaxar. Só ele tem essa habilidade de fazê-la sorrir quando ela está prestes a chorar. Porque era isso que ela queria fazer ao ver as olheiras pela falta de sono e os olhos vermelhos de tanto chorar dele.

Leo tagarelava abertamente mesmo que ele soubesse que Reyna não escutava nenhuma palavra do que ele dizia. Eles estavam sozinhos e aparentemente bem. Ou nem tanto. Ele havia passado a noite inteira chorando por se considerar um idiota por ter brigado novamente com ela. E isto o havia rendido boas olheiras, mas ao contrário dela ele não podia disfarçar isto com base, pó e blush.

E quando Reyna morde os lábios e passa as mãos nos cabelos pelo nervosismo ele sente que está pegando em fogo e que haverá um incêndio, mas não há. Porque só ela tem essa habilidade de acalmá-lo com um único sorriso. Com o sorriso dela. Ela sorri por um instante e inala o ar. Mas ela ainda tem algo a falar. Ela é uma verdadeira romana e não deixa nada incompleto.

Então você nunca foi santo

E eu amei em tons errados

Aprendemos a viver com a dor

Mosaico de corações partidos

Mas este amor é colérico e selvagem

Reyna iria falar algo, mas não podia. Não com ele ali esperando com isto. Porém ela não tinha escolha. Ele a conhecia muito bem e sabia que ela faria isto. E então ele parou de falar por um minuto e ela começou:

– Eu não devia ter falado sobre o Jason. Mas ele é meu amigo. E você é amigo dele. Que mal há nisso afinal?

– A Piper também é minha amiga, mas você vive implicando com ela! – Exclama Leo irritado.

Leo não queria discutir ali, mas eles não iriam adiar. Ou melhor, ela não iria adiar esta conversa. Ele sentia ela se retorcendo para não mandá-lo calar a boca e deixá-la falar. E então ele parou de falar e no outro instante ele já havia rebatido o que ela dissera.

– A diferença Leo está que eu não sou amiga da Piper. Mas você é amigo do Jason. – Fala ácida.

– Se for só por isso a minha amizade com o Jason está acabada amor. – Retruca no mesmo tom observando que o olhar irritado de Reyna se ameniza.

E eu não vi você se aproximando

E eu nunca serei a mesma

Reyna não esperava esta reação dele. Esperava que ele esfregasse na sua cara que só não gostava de Piper porque ela era namorada de Jason. E então ela explicaria com toda a sinceridade que isto não era verdade. Ela não gostava de Piper porque não confiava nela. Não confiava nela porque via que apesar de amar Jason ela parecia tentada a ficar com Leo a qualquer instante.


– Não faça isso!

– E porque eu não deveria?

– Porque eu me sentiria culpada. Aliás, eu já me sinto culpada. Parece que a culpa dessa briga idiota é minha!

– Desculpa ressaltar isso. – Começou Leo num tom mais calmo só para a voz subir numa oitava quando resolve continuar.

Leo faz uma pausa dramática por um instante e então continuou:

– Mas foi você que começou ‘Ah Jason isso. Jason aquilo.’ – Proferiu zangado.

– E você continuou dizendo que ‘A Rainha da Beleza’ é linda, maravilhosa, perfeita e blá blá blá.

– Eu não disse isto. – Defendeu-se, porém na verdade nem ele mesmo se lembrava se havia dito ou não. – Não que ela não seja, claro, mas mesmo assim.

Isto é um estado de graça

Esta é uma briga pela qual vale a pena lutar

O amor é um jogo cruel

A não ser que você o jogue direito

Estas são as mãos do destino

Você é meu calcanhar de Aquiles

Esta é a era de ouro de algo bom

E certo e real

Reyna reza silenciosamente para Bellona dar paciência a ela neste momento. Porque ela sentia que mataria o garoto dos reparos naquela cafeteria normal a qualquer momento. E então num momento de impulso ou de extrema consciência – ela nunca vai saber ao certo – Reyna se levantou da cadeira e saiu rua a fora procurando descontroladamente seu carro num estacionamento próximo.

Enquanto andava ela pensava no quanto Afrodite/Vênus havia brincando com sua vida amorosa. E mesmo com ela prestes a chorar novamente ela sentia que aquele era um estado de graça. Algo maravilhoso que ela queria preservar. Porque ela queria Leo. Mesmo com todas as brigas, as piadinhas irritantes e tudo o mais ela o queria. Mesmo que tudo parecesse idiota aquilo era tudo o que ela queria.

Porém ela era uma mulher forte – ou orgulhosa como preferir – e não admitia que Leo fosse seu calcanhar de Aquiles. E ao mesmo tempo sua imortalidade.

Leo tinha sido idiota ao dizer aquilo. Ele sentia isto. E mais idiota ainda quando só foi perguntar-se o paradeiro dela depois de alguns minutos. Ele pagou o café intocado e o chocolate quente de Reyna que estava do mesmo estado de seu café e foi atrás dela.

Não foi preciso andar muito. Ela estava passando com o carro perto dali e quando parou no sinal vermelho ele foi atrás dela. Reuniu toda a sua coragem, bateu no vidro e quando ela o desceu e olhou para ela, perguntou:

– Posso entrar?

Ela assentiu rapidamente e ele entrou no carro. Ele via o esforço dela para não chorar na frente dele. E ao mesmo tempo pensava na proximidade entre o amor e a morte: ambos o faziam sofrer. E o destino parecia se encarregar que ambas as situações entrassem em sua vida a todo instante. Só que não era apenas ele sofrendo. Reyna também sofria e ele percebeu o quanto ele era importante para ela quando uma lágrima solitária correu por sua bochecha.

Afrodite sabia o quanto ele se sentia mal e o quanto Reyna se sentia mal e foi por isso quando Reyna estacionou no seu apartamento e saiu do carro com ela disse:

– O amor é um jogo cruel. A não ser que você o jogue direito.

E eu não vi você se aproximando

E eu nunca serei a mesma



E eu não vi você se aproximando

E eu nunca serei a mesma


Reyna sabia que ela a deusa do amor. Pelo simples fato de assim que ao vê-la seu visual ficar mudando a todo instante. E então teve certeza quando ela disse:

– O amor é um jogo cruel. A não ser que você o jogue direito.

Ela queria discordar. Retrucar com ela e dizer que ela não se metesse da minha vida, entretanto ela desaparece e a deixa sozinha com ele.

Leo não tinha certeza do que aquilo queria dizer. Mas o que quer que fosse ele queria fazer isso direito e foi por isso que mesmos com os protestos de Reyna ele subiu para o apartamento dela.

Quando os dois entraram Leo se assustou. Ela sempre fora tão controlada e o apartamento estava uma bagunça.

– Eu sempre soube que você tem um probleminha com a sua raiva, mas isto aqui é demais. – Fala seriamente.

Não era uma brincadeira. Não era uma ironia. E ele também não queria que fosse, mas ela riu. Riu na cara dele. E ele não tinha dito nenhuma piada.

Leo se sentiu estranho naquele momento. Ela nunca ria das piadas dele. E quando ele simplesmente a criticara por seu comportamento agressivo ela ri? Vai entender.

– Você ta realmente rindo?

– Não, não. Eu estou chorando. Você não está vendo as lágrimas caindo? – Ironiza Reyna tirando os saltos e jogando-os.

Isto é um estado de graça

Esta é uma briga pela qual vale a pena lutar

O amor é um jogo cruel

A não ser que você o jogue direito

Reyna se sentia estranha. Ela estava estranha.

E sabia que Leo sentia aquilo nela. Foi por isso que enquanto ela se sentava no sofá ele andou no seu apartamento e viu o estrago que havia feito.

Ela havia feito um grande estrago. Todos os vasos da casa estavam quebrados, as roupas reviradas e ela nem sabia sequer como tinha achado um sutiã. Porém valeu a pena. Ela extravasou seus sentimentos. Coisa que ela não fazia há muito tempo.

E então Leo voltou. Sentou-se ao seu lado e agiu como se ela não estivesse louca. E agora ela sabia que valia a pena lutar por ele. Na verdade, ela sempre soube. Mesmo com todas as idiotices dos dois. Mesmo com isso.

E ai seu orgulho se quebrou e ela percebeu o quanto o amava. E principalmente que ela estava sendo idiota ao sentir ciúmes de Piper. Leo estava com ela agora. E isto será eterno para ela enquanto durar.

Leo estava totalmente surpreso ao encontrar o estado do apartamento do Reyna. Mas também estava orgulhoso dela. De como ela conseguiria demonstrar seus sentimentos daquela forma. Mas também estava triste porque ela nunca fazia isto com ele.

E foi por isso que quando ele se sentou ao lado dela ficou calado. Ele não tinha nada há dizer.

– Você sabe que eu não vou pedir desculpas né? – Reyna falou calmamente.

– E você sabe que eu também né? – Falou Leo no mesmo tom.

– Isto é ridículo. Estamos parecendo criançinhas que estão brigando por causa de um brinquedo.

– Estamos assim porque somos idiotas.

– Okay. Cansei deste joguinho idiota. – Resmungou passando a olhar diretamente para mim. – Eu sou insegura e eu não estou dizendo que tudo o que eu disse antes é mentira, mas eu não deveria ter dito aquilo daquele jeito.

– E eu sou infantil. Eu não deveria sentir ciúmes do meu melhor amigo, mas você gostava dele. E não que a Piper não seja maravilhosa, mas Rey é você quem eu amo. – Falou Leo.

Leo sentiu que ela ficou tensa ao ouvir o final do que ele disse. Mas ela sempre ficava. Só que desta vez, ao invés de desviar de assunto, ela murmurou um ‘Eu te amo’ e o beijou.

E finalmente Leo descobriu que não deveria ter ciúmes de Jason. Porque ele não se importava de não ser o primeiro, mas sim de ser o último.

E enquanto eles se beijavam descobriram que no jogo do amor tudo pode dar certo. Basta apenas que você não siga as regras.