Red

“Porque amá-lo era vermelho

Nós queimamos vermelho.”

Amá-lo é como dirigir

Um Maserati novo numa rua sem saída

Mais rápido que o vento, apaixonado como o pecado

Acabado tão de repente

Amá-lo é como tentar mudar de ideia

Uma vez que você já está voando em uma queda livre

Como as cores no outono, tão fortes

Antes de esmaecerem

– Eu posso ser infantil Senhorita Ramirez, mas, pelo menos, eu admito meus sentimentos. Pelo menos eu não tenho medo de dizer que te amo. Ao contrário de você eu não me prendo ao passado. – Ralhou Leo saindo. – Mas se você não consegue fazer isto, sinto muito, mas nós terminamos aqui.

Reyna se sentiu desnorteada por um instante. Ela estava novamente brigando com Leo Valdez. As brigas dos dois sempre foram freqüentes. Ela o achava um idiota, infantil, acéfalo, imbecil, imaturo, chato, irritante, ignorante e mais outras “qualidades” deste tipo.

Ela poderia muito bem tê-lo ignorado depois da guerra e seguir com sua vida. Mas não ele tinha que se apaixonar por ela e não deixá-la em paz. E ela simplesmente se apaixonou por ele aos poucos.

Mas isto não quer dizer que as qualidades que Leo tinha haviam se transformado em pó. A maioria das menininhas por aí ignora esses defeitos, – e sim, ela sabia que também tinha defeitos – porém Reyna não.

A paixão não deixa as pessoas idiotas. As pessoas é que de repente passam a se comportar feito criançinhas. Exatamente como Leo neste exato momento. Qual era o problema dela não querer sair aquela noite? Certamente não era porque Jason estaria lá nem por causa de Piper.

E sim. Ele havia tocado no assunto e ela havia descartado esta hipótese. Ela só não queria estar lá e esperar que Hazel, Thália, Dakota e tantos outros amigos romanos – e até mesmo gregos – aparecerem. Só que eles não iriam aparecer.

Mas Leo insistia que ela devia ir. Insistia, insistia, insistia. E por mais que ela parasse de respirar por um segundo cada vez que o olhasse, que todos os pelos do seu corpo de repente arrepiasse quando ele se aproximava, que ela corasse a cada vez que ele fazia um elogio a ela não iria conseguir passar por aquilo agora. Todo mundo precisava de um tempo para se acostumar a perdas. E Reyna nunca havia tido o seu. E ela só queria que ele entendesse isto.

Porém apesar de sentir raiva dele neste instante ela continuava amando-o profundamente. Mesmo que esse amor parecesse inconstante. A cada vez que eles saiam juntos ela sentia como se dirigisse estivesse num táxi das três irmãs que Annabeth havia pegado. Era esquisito e você provavelmente morreria se não ficasse atento as coisas que aconteciam ao seu redor. Mas a sensação era incrível.

E sentir que ele a amava era melhor ainda. Era como se as cores do outono. Quentes. Fortes. Só que as folhas de outono caíam e secavam. Elas perdiam todo o seu brilho e se espalhavam pelo chão onde todos podiam pisar em cima.

Perdê-lo era azul, como se eu nunca conheci

Falta dele era cinza escuro, sozinho

Esquecendo ele era como tentar conhecer alguém que você nunca conheceu

Mas amá-lo era vermelho

Amá-lo era vermelho

Mas quem se importava? Sentir que poderia perdê-lo era horrível. E saber que a este momento ele provavelmente estaria se consolando com Piper a enojava. Não por causa de Piper em si, mas saber que o havia deixado mal simplesmente porque se recusara a participar de uma reunião inútil qualquer.

E agora que finalmente percebera isto ela não se sentia mais com raiva e sim... Triste. Se sentia triste porque o queria com ela neste exato instante. Mas eles não estavam mais juntos porque ela não iria naquela festa.

O que ela iria fazer lá afinal? Chorar?

Ela poderia tentar se divertir, mas no final da noite ela estaria chorando porque não conseguia suportar a ideia de não ter conseguido salvá-los. Ela era a pretora afinal não era? Era seu dever proteger a todos e dar sua vida por eles.

Só que quando as lágrimas grossas rolando por seu rosto ela não estava mais preocupada com seus amigos. Ela estava preocupada consigo mesma. Porque não iria conseguir esquecê-lo. Porque tentar esquecê-lo era como tentar conhecer alguém que você nunca conheceu.

Tocá-lo foi como perceber que tudo o que eu queria

Estava na minha frente

Memorizá-lo foi tão fácil quanto saber todas as palavras

Da sua velha canção favorita

Brigar com ele foi como tentar resolver palavras-cruzadas

E perceber que não há resposta certa

Lamentar por ele foi como desejar

Que você nunca tivesse descoberto

Que o amor pudesse ser tão forte

Encostada na parede da sala Reyna só percebeu que Leo havia entrando quando ele estava agachado ao seu lado e havia sussurrado seu nome. E então quando ela levantou a cabeça e pensou que havia perdido sua sanidade ele estava ali na sua frente.

Reyna se apertou mais forte contra a parede e Leo segurou sua mão. Ela fechou os olhos lentamente aguardando o que ela faria a seguir. Ele iria abraçá-la. E ela sabia disto porque o conhecia bem, porém não queria que ele fizesse isto agora.

Ela queria ficar sozinha. Não queria que ele a visse chorando.

Só que era inútil ficar se espremendo mais contra a parede porque ela não iria se mover para trás.

Leo a abraçou e após isso sentou-se ao seu lado. Sem perceber Reyna encostou sua cabeça no ombro de Leo e ele passou seu braço protetoramente pelas costas dela.

Perdê-lo era azul, como se eu nunca conheci

Falta dele era cinza escuro, sozinho

Esquecendo ele era como tentar conhecer alguém que você nunca conheceu

Mas amá-lo era vermelho

Queimando vermelho

– Eu te amo Reyna mesmo que você não queira ir aquela festa. É só que... seria bom ver eles antes que alguém vá numa missão e não volte mais.

– O problema não é ver eles. É lembrar-se de quem se foi. – Retruquei.

– Eles estão no Elísio. Assim como eu e você vamos algum dia, então porque você se preocupa tanto?

– Porque era meu dever protegê-los. Eu era a primeira pretora! – Exclamo cansada.

– Não foi você quem os matou. Foi Gaia. Não se culpe. – Fala beijando meus cabelos.

Perdê-lo foi azul, como se eu nunca tivesse conhecido

Sentir a sua falta foi cinza escuro, completamente sozinha

Esquecê-lo foi como tentar saber sobre alguém

Que nunca conheci

Mas amá-lo foi vermelho

Amá-lo foi vermelho

Reyna, que ainda estava com os olhos fechados, acabara se lembrando de quando Hazel havia morrido na sua frente. Ela realmente não queria ir à festa, mas ela não estava chorando por cada de Hazel nem de tantos outros, mas sim pelo o que Leo havia dito a ela.

Embora parecesse clichê, romântico, idiota e sei lá mais o que isso era verdade. No fundo a garota tinha algo de romântico por dentro. E Leo estava certo afinal. Isto não era uma coisa que ele gostava de demonstrar.

– O problema não é este Leo. O problema é que você estava certo quando disse aquilo.

– Oh. – Leo exclamou surpreso retirando seu braço das costas de Reyna. – Sobre qual parte?

– Que eu sou insensível. – Respondeu calmamente.

Oh, perdê-lo foi azul, como se eu nunca tivesse conhecido

Sentir a sua falta foi cinza escuro, completamente sozinha

Esquecê-lo foi como tentar saber sobre alguém

Que nunca conheci

Porque amá-lo foi vermelho

– Isso significa que a segunda parte pode ser anulada RaRa? – Pergunta Leo.

– Sim. Mas não me chama de RaRa. – Finaliza torcendo o nariz.

Leo ri por um instante e a beija logo em seguida.

O beijo é quente. Enquanto eles sugam a língua um do outro com veracidade ficam com a respiração ofegante.

E é por isso que ele está rodando na minha cabeça

E volta para mim, vermelho ardente

Sim, sim

O amor dele foi como dirigir

Um Maserati novo numa rua sem saída

– Eu não me importo que você seja Rey. Apenas não me deixe ir embora novamente okay?

– Você acha que eu lhe deixaria ir? – Brincou Reyna.

– Não, mas eu só queria ter certeza.