Recomeços

Capítulo 6 - Complexo de Herói


A de cabelos acinzentados repentinamente, olhou para a mesma direção da irmã também notando que havia escurecido mais rapidamente que o normal, e estremeceu, sentindo uma energia bastante ruim tomando conta de seus arredores. Olhou para Dany, a qual estava com uma expressão bastante preocupada, e notou que a mesma estava arrepiada.

— Está sentindo isso, sis? - indagou a mais nova. A loira assentiu, olhando também para o céu.

— O que será? Sinto que vem de algum lugar da cidade. - falou ela.

A mais nova sabia que a irmã estava tão receosa quanto ela, porém também sentia que precisavam fazer algo. Virou-se para a porta sob a expressão confusa e questionadora da loira, então explicou:

— Tem algo estranho acontecendo, a gente precisa descobrir o que é.

A mais velha franziu a testa, se perguntando mentalmente se Alex havia enlouquecido, mas o pensamento a abandonou no exato momento em que se lembrou do que dissera a si mesma mais cedo naquele dia sobre ajudar a fazer as coisas serem diferentes.

Virou-se também, suspirando de maneira profunda e pedindo aos céus que não se arrependesse. Como se fosse uma afronta a seu pedido, um vento estranho e impregnado de magia negra começou a soprar na direção da cidade. Dany estremeceu novamente, assim como Alex, e falou, não muito convicta:

— Vamos de uma vez, antes que o arrependimento bata. - e saiu andando a passos rápidos na direção da porta, abrindo-a rapidamente, saindo logo em seguida sem se despedir de irmã mais velha e de seu cunhado. A mais nova logo a seguiu, fechando a porta com força e acompanhando o ritmo da loira.

Caminharam rapidamente, nenhuma das duas poderia explicar com exatidão de que maneira sabiam aonde deveriam ir, apenas seguiam a intuição, que parecia estar levando-as diretamente ao foco da magia.

Assim que chegaram ao centro da cidade, ficaram estarrecidas ao ver a destruição que ali havia sido causada: pedaços do asfalto arrancados, postes caídos com os fios de eletricidade espalhados pelo chão, detritos jogados e algumas espirais de vento erguendo folhas de árvores do chão, fazendo com que voassem seguissem a forma dos pequenos redemoinhos. Parecia que estavam no meio de uma tempestade.
Alex observava a extensão da bagunça, enquanto Dany se concentrava em tentar encontrar o que causara tudo aquilo e, quando o fez, sentiu seu coração parar. Lentamente puxou o braço da mais nova a fim de chamar sua atenção para o que estava enxergando: uma figura negra encapuzada, a qual parecia um dementador saído diretamente do maravilhoso universo de Harry Potter, que sobrevoava a cidade aparentemente à procura de algo. A criatura não olhava para os lados, mantinha seu foco no caminho à sua frente não se demorando a entrar na delegacia através da janela e fazendo com que a de cabelos acinzentados arregalasse os olhos e prendesse a respiração.

— Regina... - disse ela em tom baixo, o medo tomando conta de si. As duas irmãs se encararam, sabendo exatamente o que precisavam fazer: uma nova missão suicida para salvar a pele da prefeita.

Entraram no recinto com pressa e subiram as escadas, pulando dois degraus por vez (acredita-se que foi apenas pela adrenalina que a mais jovem não tropeçou ao fazer isso). Assim que chegaram ao escritório onde se encontravam as celas, Alex se jogou contra a porta para abri-la mais rapidamente e soltou uma interjeição de surpresa quando viu a figura encapuzada sugando a energia de Mills exatamente como um dementador faria. A jovem ficou estarrecida durante alguns segundos até que uma brilhante ideia tomou conta de sua mente. Usaria o feitiço do Patrono para espantá-lo, apenas precisaria conjurar a magia enquanto pensasse na lembrança mais feliz de sua vida. Considerava a ideia brilhante pois nos livros e filmes funcionara; a garota apenas pedia aos céus que na vida real também fosse dessa maneira. Não tinha certeza, mas tinha esperança.

Olhou para a irmã uma última vez antes de inspirar fundo, correr até ficar a uma pequena distância da criatura e lembrar-se do dia em que reencontrou Dany após terem sido separadas. A jovem fixou o olhar no dementador e gritou a plenos pulmões, com as mãos apontadas em sua direção:

— EXPECTO PATRONUM!!

A loira aparentemente tivera a mesma ideia e gritou junto da mais nova, porém o que esperavam não aconteceu. A criatura parou o que fazia e olhou para trás, encarando as duas jovens com os olhos vermelhos e sem expressão.

As garotas se entreolharam bastante assustadas e com grande preocupação pois não sabiam o que fazer, tinham entrado na delegacia à própria sorte sem ter plano algum. Alex olhou na direção da cela da prefeita, apenas naquele momento notando que as grades haviam sido arrancadas. A garota tinha um pedido silencioso de ajuda em sua expressão. A mulher encarava-as com o semblante bastante confuso, que logo foi substituído pela habitual carranca. Ela dirigiu-se às meninas em tom sério:

— Luz e calor são suas fraquezas.

Novamente as irmãs se encararam, decidindo que era hora de tentarem usar o que tinham aprendido nos livros traduzidos.

Dany fechou os olhos, concentrando-se, tentando canalizar sua energia para que pudesse produzir magia e soltá-la pelas mãos, assim como sua irmãzinha. O suor começou a escorrer pelos rostos de ambas, não tinham ideia de que aquilo seria tão difícil. Começaram a ofegar e finalmente a loira sentiu algo saindo de suas mãos. Abriu os olhos e viu raios contínuos de magia rosa indo na direção do dementador, ao passo em que a de cabelos acinzentados atirou duas bolas de fogo com o mesmo destino. A criatura fez um barulho estranho e saiu voando pela janela.

As duas jovens se entreolharam, ambas respirando fundo com o intuito de recuperar o fôlego e sorrisos simultâneos apareceram em seus rostos, afinal haviam conseguido afugentar o dementador. Elas, então, olharam na direção de Regina, que tinha as sobrancelhas erguidas e não foi capaz de esconder a expressão surpresa em sua face.

— Como? - a mulher indagou, saindo da cela a passos lentos.

— Encontramos alguns livros de magia na biblioteca. - respondeu Dany dando de ombros. Alex limitou-se a olhar para a mulher, que revirou os olhos antes de falar alto o suficiente para as garotas ouvirem:

— Gold.

Novamente as meninas se entreolharam, porém foram impedidas de seguir o assunto por conta da chegada de Emma, Mary e David, completamente esbaforidos. Os três olharam surpresos para as garotas, que deram o mesmo sorrisinho amarelo, como crianças as quais os pais pegaram no flagra.

— O que estão fazendo aqui? - indagou Snow, olhando de uma para a outra e depois para Regina, porém Emma interrompeu qualquer resposta que pudesse ser dada.

— Mais importante que isso: o que era aquela coisa que saiu voando daqui? - indagou ela, de olhos arregalados.

— Um espectro, um sugador de almas. - respondeu a prefeita.

Dany e Alex se entreolharam, sabendo exatamente o que se passava na mente uma da outra: a verdadeira semelhança com os dementadores.

— Será que nós...? - a White mais velha perguntou após voltar sua atenção à morena mais velha, que a encarou e falou:

— O mataram? Não. Ele se regenera e vai voltar. Ele não vai parar até conseguir devorar sua presa. - a expressão de Regina era de grande preocupação - Eu.

Emma parecia um tanto atordoada ao indagar:

— Então como o matamos?

A prefeita passou uma das mãos no cabelo, o nervosismo cada vez mais estampado em seu rosto e linguagem corporal.

— Não tem jeito. Não se pode matar uma coisa que já está morta. - foi a resposta da mulher, completamente amarga. Swan suspirou, correndo o olhar por todos os presentes ali.

— Então temos um problema. - falou simplesmente.

David negou com a cabeça e disse com grosseria:

— Não, não temos. Regina tem.

A atenção das mulheres ali presente voltou-se para o homem, todas tentando entender o que aquela afirmação significava.

— O quê? - a prefeita indagou em tom incrédulo.
— Vai deixá-la morrer? - perguntou Emma, tão incrédula quanto ela. David apenas deu de ombros antes de questionar, em um tom maldoso:

— E por que não?

Alex, que até aquele momento mantinha-se calada, sentiu o sangue ferver com a insinuação do homem e não se conteve; expeliu as palavras conforme elas vinham em sua mente:

— Por que não? POR QUE NÃO? - a mais nova indagou, aproximando-se do loiro, sua expressão raivosa era vista por todos ali - Vocês não deveriam ser supostamente os heróis? Um Príncipe Encantado que quer simplesmente deixar uma mulher em apuros se virar sozinha? Não, eu não ligo para o que ela fez ou deixou de fazer! É um ser humano como todos nós e merece ser tratada como tal! Não falo isso apenas por ela nos ter dado a nossa melhor chance com essa maldição, mas também porque todos merecem respeito, independente de classe social ou título! Pouco me importa a rixa de vocês, mas é uma vida e eu não vou deixar de protegê-la!
Ao final de seu pequeno discurso, a jovem encarou Dany, que tinha as duas sobrancelhas erguidas em surpresa, afinal nunca havia presenciado um rompante por parte de sua caçula e também nunca vira a alteração dos olhos da mesma a qual acabara de presenciar.

A loira aproximou-se dela e de Regina, que não conseguira esconder seu espanto e estava boquiaberta, dizendo:

— Estou com minha irmã, não vamos deixar aquele dementador de araque tocar nela. - o tom de voz da moça era firme, mostrando sua coragem e determinação.

Emma olhou para o pai e deu de ombros, também tomando seu lugar ao lado das meninas.

— Ninguém vai morrer. Fiz uma promessa ao Henry. - falou, sorrindo levemente às White. Logo Snow aproximou-se delas também, porém não disse nada, apenas olhou feio para David, mostrando por completo a desaprovação às suas atitude e palavras.

O mesmo manteve-se calado, aparentemente percebera que ninguém tomaria seu lado na discussão. Mary voltou sua atenção para Regina novamente.

— Se não podemos matá-lo, o que você sugere? - perguntou.
A prefeita, saindo do torpor no qual se encontrava, encarou a mulher e respondeu:

— Mandá-lo para um lugar onde não possa ferir mais alguém.

Após se entenderem, os integrantes daquele estranho grupo tomaram seu rumo em direção à prefeitura, local no qual a ex-Rainha dissera ter algo para ajudá-los a se livrar do espectro.

A prefeita pegou uma caixa e a apoiou sobre a mesa, de lá tirando um chapéu. Alex e Dany se entreolharam, perguntando silenciosamente uma a outra como um chapéu gigante seria útil para dar um jeito no dementador, porém deram de ombros simultaneamente, imaginando que Regina teria um plano. David e Mary entraram logo depois no recinto carregando vassouras. Alex foi obrigada a morder a língua para se impedir de questionar se a ideia deles era varrer o monstro para fora dali e Dany fez o mesmo, porém não conseguiu segurar uma risadinha, a qual logo transformou em um acesso de tosse para disfarçar.

Mills encarou as duas jovens, a expressão facial por pouco não denunciando a vontade que tinha de rir, e logo chamou todos para o aposento ao lado.

— A ideia é enviá-lo por este portal para nosso reino. - falou a mulher, indicando o chapéu, ajoelhando-se e colocando-o no chão com a abertura para cima - Só precisamos mandar o espectro para lá. - concluiu.

Snow franziu a testa e falou:

— Não entendo, pensei que nosso reino tinha se acabado.

— Acabou. - Regina concordou - Mas se o mandarmos para um lugar que não existe mais, vamos condená-lo ao esquecimento. - o tom da mulher era sério e ela se concentrou no objeto que tinha nas mãos, girando-o.

No instante em que isso aconteceu, as luzes do ambiente começaram a piscar e todos olharam de maneira instintiva para a porta. A temperatura começou a cair e as irmãs deram um passo a frente, preparando-se para enfrentar o dementador. Olharam para os lados e viram os integrantes da família Charming com vassouras acesas como tochas em suas mãos. Agora fazia um pouco mais de sentido o fato de terem levado os objetos. A White loira cutucou a mais nova e falou:

— Sem tentar conjurar um patrono dessa vez, vamos recorrer ao que vimos nos livros.

Alex apenas assentiu com um sorriso de canto de boca e ambas aguardaram a chegada da criatura, o que não demorou muito.

A porta da frente abriu-se com um estrondo seguido de um forte vendaval. O espectro entrou, olhando para os lados, procurando por seu alvo. Alex havia se preparado para lançar mais algumas bolas de fogo na criatura, porém o Príncipe tomou a dianteira, tentando atacar com sua tocha. A jovem negou com a cabeça e se aproximou dele, começando a atirar as esferas flamejantes no “dementador”. A garota não tinha muita habilidade e falhava com frequência, mas não deixava de tentar, afinal estava decidida a não permitir de maneira alguma que aquilo se aproximasse da prefeita.
Dany estava ao lado da mulher, que ainda tentava fazer com que o portal se abrisse. A morena encarou a loira, gotículas de suor correndo por sua face.

— A magia... É diferente aqui. - falou, como se estivesse se justificando.

Naquele instante ouviu-se o barulho de um corpo caindo ao lado da ex-Rainha e ambas olharam, notando que Alex havia caído por ali. A White mais velha ergueu as duas sobrancelhas em completa surpresa ao ver Regina esticando um dos braços na direção da mais nova, como se oferecesse ajuda. A mulher parecia não ter notado o que fizera, pois continuava concentrada na magia que estava tentando produzir. A mais nova segurou a mão oferecida e, para o total espanto das presentes ali, uma luz roxa começou a emanar do chapéu, demonstrando que o portal estava aberto.
A garota de cabelos acinzentados levantou-se do chão com a ajuda da prefeita e se colocou ao lado de Dany, ambas bastante confusas com o que havia acontecido, porém não conseguiram pensar muito sobre o assunto, uma vez que escutaram David gritando alguma coisa e logo o espectro apareceu, voando diretamente na direção da morena. A White mais jovem, sem conseguir sequer pensar em utilizar magia, jogou-se na direção da mulher, tirando-a do caminho e logo mais sentiu uma mão agarrando seu tornozelo, puxando-a na direção do chapéu. Alex gritou em desespero pela irmã, uma vez que não queria morrer.

A loira, vendo que aquela criatura asquerosa segurava sua irmãzinha e tentava carregá-la para o esquecimento, sentiu a fúria tomando conta de si e usou toda a força que tinha para puxar o braço da mais nova, soltando-a do aperto do espectro e jogando-a na direção da prefeita.

— MINHA IRMÃZINHA NÃO! - gritou Dany ao virar-se para encarar a criatura, observando com gosto a mesma sendo carregada pelo redemoinho criado pelo portal. Por poucos segundos parecia que tudo tinha se acabado, porém uma mão negra e pútrida saiu de dentro do chapéu e segurou a loira, puxando-a para dentro do vórtice sem que sua irmã conseguisse alcançá-la pois a ex-Rainha a abraçou por trás, segurando-a e a impedindo de seguir a loira. A jovem se debateu, tentando se soltar do aperto da mulher, porém foi em vão; Regina não afrouxava. Em seu campo de visão, Alex notou que Emma pulou atrás de Dany e logo Snow também o fez, dizendo que não iria perder sua filha novamente. Charming até tentou alcançar o portal, porém o mesmo se fechara antes que pudesse fazê-lo.

Alex piscou duas vezes, tentando evitar que as lágrimas se formassem; não acreditava no que havia acabado de acontecer: perdera sua irmã e estava, a partir daquele momento, sozinha. Não, com certeza aquilo não podia estar acontecendo! Justamente quando ela e Dany começavam a fazer planos para o futuro… Isso estava errado, afinal, que tipo de ser humano era capaz de sentir prazer em destruir os finais felizes justamente quando as pessoas estavam prestes a vivê-los?

A jovem, em algum momento, parou de lutar contra o aperto da prefeita e agarrou-se ao braço dela como se sua vida dependesse daquilo. A garota começou a estremecer, não demorando para que os tremores aumentassem. Ela já não tinha mais capacidade de segurar o choro.

Ao longe Alex escutou o Príncipe gritando algo para Regina, porém não conseguiu identificar o que ele dizia, estava perdida demais em si para isso. A única coisa foi capaz de perceber foi que a morena demorara para soltá-la, mas em algum momento o fez e afastou-se da jovem, que ficou mais perdida que nunca.
Um calor estranho tomou conta de seu peito e se espalhou pelo corpo todo; não era uma sensação boa como havia sido mais cedo, mas sim proveniente da raiva e da dor que estava sentindo. A jovem estava com uma grande dificuldade de raciocinar, apenas voltou a si quando sentiu alguém chacoalhando seu corpo e uma voz feminina chamando seu nome. Piscou, a silhueta da prefeita tomando forma à sua frente.

— Senhorita White, controle-se! - a voz da mulher era firme e alta, o que fez com que Alex recobrasse a completa consciência do que a rodeava, porém não encontrou sua voz para concordar, apenas balançou a cabeça afirmativamente com o intuito de demonstrar que estava entendendo.
Logo o pequeno e curioso Henry apareceu ao lado da prefeita, olhando fixamente para Alex.

— Você está bem? Cadê a Dany? - indagou ele. À menção da irmã, os olhos da jovem White marejaram novamente e o garoto pareceu entender, uma vez que não falou mais nada e a abraçou. Bastante surpresa, Alex retribuiu o abraço com vontade, respirando fundo para se acalmar e também adormecer aquela sensação estranha que havia tomado conta de seu âmago. Quando se separaram, o pequeno a encarou, sua testa estava um pouco franzida. - Está melhor?

A de cabelos acinzentados não conseguiu evitar um pequeno sorriso, assentindo calmamente, apesar de não estar muito melhor do que estava havia poucos instantes, apenas não queria que o menino se sentisse mal.

— Depois do abraço de um pequeno príncipe, como não melhorar? - perguntou ela, fazendo com que Henry também sorrisse brilhantemente. O olhar da jovem cruzou com o de Regina, que assistia à cena com a expressão branda.

A morena, então, chamou o garoto para voltarem à mansão, porém o mesmo negou, dizendo que a mulher era a Rainha Má e exigindo que ela trouxesse Emma, Mary Margaret e Dany de volta de onde as mesmas estavam. Dito isso, o garoto foi correndo até David e Ruby, a qual a jovem White não havia notado a presença até aquele instante. A garçonete fez menção de se aproximar, porém olhou para a mulher mais velha e não o fez. Os três saíram dali quase que rapidamente.

Alex balançou a cabeça negativamente, soltando um longo suspiro e levantando-se de onde estava sentada. A jovem tocou levemente o braço da prefeita, chamando sua atenção. Por uma fração de segundo ela pôde notar nos olhos da mulher o quanto a atitude do garotinho a magoara, porém a mesma logo vestiu a máscara de frieza novamente.

— Dê um tempo a ele, esse mundo é bastante novo... Mesmo que tenha lido as histórias, vivê-las é completamente diferente. Você é uma ótima mãe e o criou muito bem, ele ainda não notou isso, mas logo irá. - falou Alex com um pequeno sorriso, a mão ainda no braço da mulher.

Regina não a encarava, estava olhando para um ponto qualquer da prefeitura pois certamente não era habituada a demonstrar qualquer resquício de fraqueza na frente das pessoas.

A jovem se afastou, tentando pensar no que faria dali para frente, porém a voz da morena logo chamou sua atenção:

— Acredito que elas estejam vivas, senhorita White. - seu tom era calmo e sério, porém foi o suficiente para que Alex sorrisse de maneira sincera e um peso fosse tirado do coração da garota. Lá no fundo sabia que sua irmã não poderia estar morta, ela com certeza sentiria isso, mas as palavras da prefeita acalentaram-na, pois lhe deram a certeza de que ainda havia esperança.

Nenhuma palavra a mais fora trocada entre as duas e a jovem de cabelos acinzentados saiu dali um tanto sem rumo, completamente incerta do que fazer. Não queria voltar para o apartamento que dividia com a irmã; também não queria procurar Ella e pedir espaço para ficar em sua casa, afinal a mesma agora possuía sua própria família e não precisaria de mais uma preocupação. A jovem de cabelos acinzentados queria ser útil de alguma forma para que pudesse trazer Dany e as outras de volta a Storybrooke. A garota sabia que Mills se esforçaria para isso, afinal a mesma prometera a Henry, porém sabia que a mulher possuía muito mais a pensar e a fazer, então faria o que pudesse para ajudar. Em segundos sua mente clareou, a menina tendo a certeza de aonde deveria ir: a biblioteca.

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Dany abriu os olhos e logo foi assolada por uma sensação grande de tontura. O que havia acontecido? Não se lembrava do que ocorrera depois que o espectro a puxara pelo portal. A loira sentiu algo tocando suas costelas de uma forma não muito amigável e tentou se mexer, porém sentiu que algo prendia suas mãos. Piscou, tentando dar-se conta de onde estava, porém a única coisa que entrou em foco foi o rosto nada gentil de uma oriental a qual aparentava estar gritando com ela. White chacoalhou a cabeça, finalmente voltando à plena consciência. A jovem que vociferava fazia perguntas sem parar, sobre quem era ela, sobre como havia chego ali com as outras e sobre o por quê de terem trazido consigo o espectro que causara a morte do príncipe. Dany negou com a cabeça, dizendo que aquilo havia sido obra do Dark One, que estavam apenas querendo proteger sua família quando o mandaram para a Floresta Encantada, visto que a informação que tinham recebido era de que o reino não existia mais.

A expressão no rosto de sua captora era de puro ódio, o qual também transpareceu no momento em que a mesma a ergueu, ordenando que começasse a andar. A loira a encarou assustada, olhando ao redor, buscando pela ajuda de Emma e Snow, porém notou que elas também estavam de mãos atadas, presas a um cavalo, assim como ela própria estava a outro. Não tinha noção de qual local do reino era aquele, uma vez que árvores e caminhos no meio da floresta eram as coisas que mais existiam naquele local. Dany notou a presença de outra mulher ali, ruiva e com trejeitos de realeza, imaginou que fosse a princesa, já que a oriental havia dito algo sobre a morte de um príncipe. A loira tentou argumentar com a mesma, afinal não era culpa delas, porém ela não quis ouvir, apenas mandou-a se calar e seguir andando. White suspirou e encarou suas companheiras, que deram de ombros. Nenhuma delas aparentava saber o que fazer para livrar-se da situação.

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Enquanto isso em Storybrooke, Alex continuava sua pesquisa. Estava sentada ao chão rodeada de livros antigos e empoeirados. A jovem sentia-se bastante frustrada pois até aquele momento não encontrara nada que pudesse ajudar a trazer sua irmã de volta. O mais próximo que achara foram feijões mágicos, porém onde em Storybrooke acharia um? Era bastante impossível. Ela pensou em levantar-se a fim de buscar mais uma pilha de livros para seguir com sua busca, porém sentiu as pálpebras pesando e logo bocejou. Tateou os bolsos à procura do celular para verificar a hora, porém lembrou que o havia deixado no apartamento antes de correr para evitar que os habitantes da cidade assassinassem Regina Mills.

Há quanto tempo estava ali não sabia dizer, porém certamente era bastante. A garota bocejou novamente, espreguiçando-se, e decidiu que não faria mal tirar um cochilo antes de continuar a sua busca. Não demorou para que a jovem deitasse ali mesmo, fazendo um “travesseiro” com dois dos livros e em questão de segundos pegou no sono.

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Dany não tinha noção do quanto havia caminhado, porém seus pés doíam bastante. Pela mudança na posição da luz do sol por detrás das nuvens, com certeza já haviam atingido a metade da tarde. A jovem olhou para o lado e notou que Swan cambaleava um pouco conforme andava e não tentava mais esconder isso. Certamente a loira mais velha não estava habituada a caminhadas tão longas e sem paradas.

A garota suspirou, tentando imaginar uma forma de escapar, porém estava literalmente de mãos atadas e não tinha o que pudesse fazer para se libertar. Após mais alguns minutos andando avistou o mar e isso fez com que sentisse um aperto forte no peito, a tarde de liberdade que passara com sua irmã se fazendo presente em seus pensamentos.

A loira sentiu a frustração tomando conta, afinal nada tinha saído como planejara. Ela deveria estar com Alex naquele momento, fazendo planos para as viagens que fariam, deveriam estar juntas aproveitando a liberdade recém-conquistada, mas não... Estava novamente presa!

Não! Ela se negava a estar presa novamente e começou a pensar com mais afinco em como sair daquela situação, mas todos os planos, no fim, necessitariam de um milagre ou um pouquinho de magia.

Magia!! Claro! Era essa a solução! Como havia sido tão estúpida e não pensara nisso antes? Ela podia usar a magia para soltar as amarras, simples! Após esse pensamento e nova injeção de ânimo ela começou a se concentrar para tentar usar seus poderes, ainda que fossem um tanto precários, afinal tinha conseguido combater o dementador antes e não tinha razão para não conseguir executar um feitiço básico como aquele (ou assim ela pensava).

Após várias tentativas a jovem ainda não havia conseguido, estava tendo muita dificuldade. Primeiramente por ser um lugar diferente daquele no qual ela aprendera a usar magia e isso era algo que realmente fazia a diferença pois a energia se comporta de formas distintas nos reinos. A outra razão era o fato de estar ficando frustrada e irritada. Era de conhecimento geral que boa parte dos feitiços de magia branca só funcionaria se a pessoa estivesse em paz e relaxada, o que era o oposto da forma como ela sentia naquele momento.

A jovem sentia-se cada vez mais desapontada pois não estava sendo capaz de se libertar das correntes as quais prendiam-na e nada parecia funcionar. Quanto mais tentava, menos se aproximava de alcançar seu objetivo. O que se seguiu a esses instantes foi algo que ela não pôde de prever, apenas sentir: uma pancada forte em sua cabeça e em seguida a visão ficando turva até escurecer de vez; Dany havia perdido a consciência e não viu o que a atingira.

Assim que despertou novamente, a loira sentiu a cabeça latejando de uma maneira que nunca havia sentido antes; o que a atingiu com certeza não havia sido de maneira carinhosa. A jovem resmungou algo e começou a se mexer, logo sentindo alguém tocar seu braço. Abriu os olhos e o rosto de Emma entrou em foco. A mais velha demonstrava preocupação ao questionar se Dany estava bem, ao que a garota apenas concordou, balançando levemente a cabeça pois a mesma doía muito.

Swan sentou-se ao seu lado e a ajudou a sentar também, contando-lhe que a mãe de Regina estava ali presa com elas e que estavam em uma ilha que os captores delas pensavam ser um refúgio.

Não demorou muito para que uma mulher mais velha se aproximasse das duas, dizendo estar aliviada por a loira mais nova ter acordado. Dany não teve tempo de responder pois Snow apressou-se e se colocou à frente das duas, encarando a mais velha e dizendo que por mais malvada que achassem que Regina era, aquela mulher era pior.

Cora (a loira mais nova ouvira o nome) implorou que a morena acreditasse nela, dizendo não saber o que Regina lhe contara, mas que nada era verdade, falando ainda que queria ajudá-las. Dany encarou-a com desconfiança, algo no discurso e na atitude da mais velha não lhe passava sentimentos bons. Emma disse querer ouvir o que a mulher tinha a dizer. Sua mãe até tentou alertá-la, mas a loira não concordou, argumentando estarem dentro de um buraco e não terem opção melhor, logo completando que Henry estava em Storybrooke com Regina. Cora questionou sobre quem era Henry, e Emma alegou ser filho dela e de Regina. Dany levou uma das mãos ao rosto, escondendo-se pela vergonha alheia. Swan realmente não tinha jeito com as palavras.

A jovem não entendia como a “Salvadora” podia ser tão burra às vezes. Era óbvio que Snow sabia muito mais que ela e ainda assim a mesma não escutava sua mãe! Que tipo de herói não escuta os mais experientes? Até Harry Potter escutava Dumbledore!!! O garoto era tapado em muitos momentos também, mas a loira mais velha aparentava ser pior em termos de teimosia.
Snow esbravejou com Emma para que a mesma não falasse com Cora porém logo foi interrompida por um homem que jogou uma corda, dizendo que sua líder desejava uma audiência com as 3 forasteiras. Emma e Snow foram discutindo o caminho todo e Dany não prestava muita (praticamente nenhuma) atenção no que era dito entre elas, apenas desejava que as duas se calassem. O homem o qual as tirou do buraco pediu que elas esperassem ali. Novamente Dany isolou seus ouvidos para que continuasse a não escutar as outras e seus problemas, até o momento em que um cavaleiro de pele negra se aproximou delas, abraçando Snow aparentemente com bastante carinho. Tanto Emma quanto Dany se encararam antes de observar a interação entre os dois.

Emma questionou incrédula: “Lancelot? Sério?” Snow disse que poderiam confiar no homem e as apresentou a ele. Logo o cavaleiro levou-as para um local um tanto mais reservado e sentaram-se à uma pequena mesa para desfrutarem de uma refeição de quimera. Snow questionou sobre como as pessoas ali haviam sobrevivido à maldição e Lancelot disse ser um mistério. Conversaram um pouco a respeito disso e o homem disse que o refúgio era seguro. Dany negou com a cabeça, pronunciando-se pela primeira vez desde a aparição do Cavaleiro, dizendo que não podiam ficar, que sua irmã mais nova estava sozinha. Mary concordou, dizendo que o marido e o neto também estavam lá, e também pediu que o homem as ajudasse a encontrar um portal. O moreno disse que ir embora era bastante arriscado, que o reino não era mais como ela se lembrava, que os ogros haviam retornado. Dany suspirou, certamente as coisas não poderiam ser mais fáceis, tinha sempre que haver uma complicação.

Lancelot pediu que ficassem pois não existiam mais portais e Snow disse que sabia onde existia um, questionaram onde, e Snow disse que não queria falar de seus planos com Cora por perto. Lancelot dissera que ela já não era mais poderosa, porém Snow negou, pedindo que ele as deixasse ir embora. O Cavaleiro concordou, com a condição de que levassem Mulan com elas. Cada uma escolheu sua arma. Dany acabou ficando com uma espada, afinal tivera aulas com Alex havia muito tempo e com certeza saberia se virar. A loira odiava a postura arrogante de Mulan, (preferia a mesma no filme da Disney). A mulher tentou assustá-las em relação aos ogros, e disse que deveriam ir andando. Dany apenas revirou os olhos, porém a seguiu, desejando secretamente que ela se perdesse no caminho e nunca mais retornasse. Se Alex estivesse ali, com certeza desejaria que a mesma virasse comida de ogros. A loira sorriu um pouco com pesar enquanto caminhava, o coração apertado por conta da falta que sentia da irmã. A jovem prometeu a si mesma que faria o possível para voltar, não desistiria por razão alguma.