Os dias passaram e a cada dia eu simpatizava mais com Selena. Ela podia ter o seu lado maluco, mas é um amor de pessoa. Neste momento eu caminhava de volta aos aposentos de Selena com o seu lanche e ao chegar à porta dou de caras com o príncipe.

–Vossa Alteza. – digo fazendo uma reverência.

–Senhorita Alexia, vejo que ainda continua por cá. Espero que a promessa que fez ainda esteja a ser cumprida. – respondeu-me sorridente o príncipe. E que sorriso, corei instantaneamente. Para além de o príncipe ainda se lembrar do meu nome após um mês, ele lembra-se da minha promessa sobre não andar pelo palácio de madrugada.

–Claro, eu nunca quebro uma promessa. E também preciso muito deste emprego e não é a minha curiosidade que me vai fazer perdê-lo.

–Não me importava de volta a esbarrar em si. – sussurrou o príncipe. Eu devo ter ouvido mal, ele não disse isso. Foco Alexia, ele é o PRÍNCIPE e tu uma mera criada. Trabalho a mais dá nisto, alucinações.

–Desculpe Vossa Alteza que disse? – pedi muito inocentemente para ter a certeza do que ouvira. Mas como eu sou uma pessoa de muito azar, Selena abre a porta do quarto nesse momento. Mau timing Selena, mau timing.

–Ah Alexia estás aqui, estava a ver que nunca mais chegavas. Anda, estou cheia de fome. – interrompeu Selena.

–Claro princesa, vou levar a bandeja para dentro. – respondi a Selena. Voltei-me para o príncipe - Com a sua licença, Alteza. – e entrei no quarto colocando o tabuleiro em cima da mesinha de cabeceira ao lado da cama. Entretanto Selena já tinha voltado ao quarto.

–Alexia porque estavas a demorar tanto?

–Desculpe… - Selena olhou-me com uns olhos de morte e eu não entendia o porquê…ah claro o tratamento por você. – Desculpa, a cozinha estava uma confusão por causa do jantar. Mas está aqui tudo o que pediste.

–E só demoraste por causa da confusão na cozinha? Alexia, eu não sou parva, tu estavas à porta do meu quarto a falar com o meu irmão.

–Claro prin… - olhar de morte novamente - Selena, sabes muito bem que sempre que um criado passa por um membro da família real tem de fazer uma reverência e era exatamente isso que eu estava a fazer lá fora com o príncipe Killian.

–Estas regras de etiqueta são uma treta. Qualquer dia ainda ficas corcunda. HORA DO LANCHE! – e com isto, Selena correu até à comida para a devorar. Eu fiquei no meu canto pensando quanta sorte eu tive por Selena não fazer mais perguntas sobre a minha conversa com o príncipe, ainda bem porque era perguntas que eu não queria responder.

Mas com isto tudo ficou uma pergunta no ar. O que realmente tinha respondido o príncipe. Porque ele tinha que ter falado tão baixo. Num diálogo normalmente as pessoas falar num tom considerável para a outra pessoa ouvir. Ele é príncipe devia saber isto.

Enquanto Selena lanchava, eu dava um jeito neste quarto. Para princesa, Selena é muito desorganizada. Deixa tudo espalhado pelo chão. Recolhi os vestidos espalhados pela cama, cadeiras e até um em cima do piano havia e coloquei-os no closet. Quando acabei, Selena também já havia acabado de lanchar. Peguei no tabuleiro e fui levá-lo à cozinha. No retorno acabei encontrando Ethan.

–Olá pequena.

–Olá. – abracei-o. Eu sei que ambos estávamos na hora de serviço mas foi mais forte que eu.

–Eu sei que não vives sem mim mas não podes reagir assim quando estou em serviço.

–Eu sei, mas foi mais forte que eu. Logo à noite estás de serviço?

–Sim, estou. Não me digas que querias um encontro escaldante comigo? – brincou Ethan e eu dei-lhe um murro de leve no ombro.

–Não é nada disso, tonto. Tenta ver se podes passar no sétimo andar, assim podemos falar mais um bocado. Eu tenho de volta para o quarto da Se…da princesa Selena. – quase me enganei. Está a ficar muito difícil conciliar isto dos tratamentos por princesa ou só por Selena.

–Eu dou um jeito pequena. Até logo. – deu-me um beijo na testa e seguiu pelo caminho oposto ao que eu ia. Cheguei ao quarto de Selena e vi que ela estava uma pilha de nervos. O que se poderia ter passado no espaço de dez minutos para ela ter ficado assim.

–Que se passa Selena? – perguntei a medo.

–A família real de Navarra vem fazer-nos uma visita na próxima semana.

–E? – eu realmente não estava a entender. É normal a realeza visitar-se umas às outras.

–E? E? Eu odeio o filho deles, Philip, anda sempre atrás de mim, a dizer que gosta muito de mim e assim e o pior nem é isso. Sempre que vem cá ele diz que vai convencer o pai que um compromisso com a princesa de Lusitana é o melhor para eles e eu não quero. Eu recuso-me a casar com aquela mosca morta. Prefiro ser deserdada.

–Eu entendo que estejas chateada com isso mas tens de manter a calma e…

–Eu estou calma, aliás eu estou MUITO CALMA. Aquela mosca morta que nem se atreva a chegar perto de mim.

–Ignora-o. E se por acaso o teu pai falar contigo sobre essa proposta de casamento sê honesta com ele e fala sobre o que sentes sobre o príncipe Philip.

–O problema da realeza Alexia é que nós não temos poder praticamente nenhum sobre com quem nos vamos casar e isso é uma treta. Às vezes dava tudo para ser uma simples camponesa.

–Mas a vida de camponesa não é tão fácil assim. – contraponho.

–Mas podem-se casar com quem quiser e ser livres, fazerem o que quiserem sem quebrar as leis.

–Não é bem assim. É verdade que nos podemos casar por amor e não por um casamento arranjado. Em termos de liberdade, é relativa a liberdade que o povo tem. As regras são muito rigorosas mas tu melhor que ninguém sabe-las.

–Adorava casar-me por amor e não por um casamento arranjado. E é um sonho que eu vou conseguir realizar. Agora Alexia, preciso que vás tratar do meu vestido para a receção da família real de Navarra. Vou descer para o jantar. Trata disso e estás dispensada por hoje. Boa noite Alexia.

–Boa noite Selena. – despedi-me dela que em seguida saiu para jantar.

Fui tratar com as costureiras pessoais de Selena por causa do vestido. Depois fui jantar, onde encontrei Malia mas não consegui falar com ela pois ela estava muito atarefada.

Após terminar a minha refeição, dirigi-me para o quarto, estava exausta. Ao aproximar-me notei que a porta estava entreaberta, o que era estranho, normalmente as portas dos dormitórios estão sempre fechadas mesmo estando pessoas dentro do quarto. Cheguei perto da porta e conseguia a ouvir as vozes de Alison e Yara. Ia empurrar a porta para entrar mas detive-me pois não estava a acreditar no que ouvia.

–…agarrou-me e beijou-me. O príncipe. – ouvi Alison dizer. Não percebi direito sobre o que ela estava a falar, eu não era de escutar as conversas das outras pessoas mas naquele momento a curiosidade falou mais alto.

–Desculpa Ali, repete só para eu ter a certeza se estou a ouvir bem. – pedia Yara e eu nunca fiquei tão agradecida a ela, assim podia saber sobre o que elas falavam. Maldita curiosidade!

–Ouviste bem Yara. Hoje estava eu, linda e maravilhosa, a acabar de arrumar os aposentos do príncipe sozinha, porque a pindérica da Sophie sentiu-se mal, quer dizer ela disse isso mas cá para mim ela não quer é trabalhar. Mas parando de divagar. O príncipe apareceu, sem camisa, ele tem uns músculos, eu babei naquele momento. Ele apercebeu-se disso, agarrou-me e beijou-me. Eu claro, não resisti, correspondi. Ele é insaciável.

Eu estava chocada. Como é possível o próximo rei de Lusitana fazer isto, mulherengo, ele é comprometido. No dia em que eu esbarrei contra ele e mesmo hoje pensei que ele tinha sido simpático comigo por ser esse o jeito dele mas provavelmente ele estava a tentar algo mais. Meu Deus, o príncipe é um imbecil.