Realeza em tanto

Capítulo 26


Selena foi levada para a ala hospitalar pelo príncipe Adam. Ela bem que tentava convencer todos de que estava bem e só queria regressar ao quarto mas o príncipe Adam, como bom príncipe que é, não permitiu que isso acontecesse e fez questão de a levar ao colo. O amor realmente é lindo.

Ethan também me obrigou a ir para ver se eu estava totalmente bem. Eu tentei contestar (assim como a Selena fez) mas foi em vão. Mas ao contrário do que eu pensava não foi Ethan que veio comigo mas sim Killian. A razão era simples, Ethan tinha de seguir a sua conduta de guarda e levar o príncipe Philip até à máxima de Lusitana, ou seja, até aos reis para assim saber o seu destino.

Eu e Killian seguimos o caminho em silêncio. Caminhávamos tão próximos a ponto das nossas mãos se tocarem a cada passo que dávamos e o meu coração acelerava só com esse simples toque. Era impressionante como me consegui apaixonar por Killian tão rapidamente. Quando me inscrevi para trabalhar no palácio nunca imaginei que uma coisa dessas fosse acontecer. A verdade é que nem sei quando é que isto aconteceu. Num momento eu ouvia Alison contar todas aquelas mentiras e imaginava Killian mesquinho, uma pessoa que se aproveitava de quem era inferior a ele. Noutro momento eu descobria que o que Alison falara era mentira e afinal Killian era uma pessoa decente. E assim nos tornamos amigos. E agora somos muito mais que amigos. Se me pedirem uma definição exata do que nós somos, eu não sei responder. A única coisa que eu sei é que eu sou apaixonada por ele e ele por mim e que ele está disposto a deixar a noiva para ficar comigo.

Mas agora aqui estávamos nós caminhando num completo silêncio. Não tínhamos o que dizer depois da troca de acusações que fizemos um ao outro. É verdade que agimos juntos para encontrar Selena mas isso não fez com que nós estivéssemos realmente bem. Só fez com que nós tivéssemos de interagir um com o outro apesar do que se passou.

Eu não estava a aguentar muito mais ficar lado a lado com Killian e não fazer nada. Mas eu ainda estava magoada com ele. Não sabia o que pensar. Ele insinuara que eu cairia na cantiga de alguém tão facilmente. Ele devia conhecer-me minimamente bem para saber que eu não era desse tipo.

Olhei de relance para ele e reparei que ele me observava sem ser nada discreto. Nos olhos dele podia ver-se que ele queria resolver aquilo. Acho que os meus transmitiam o mesmo. E Killian entendeu perfeitamente, tudo com um simples olhar. Agarrou na minha mão e entrou na primeira porta que viu levando-me para lá. Fechou a porta, fazendo questão de a trancar, e só depois largou a minha mão. Apesar de não haver qualquer contacto entre nós, a proximidade era muita. Nós estávamos a centímetros um do outro. Afastei-me para mais tarde não me arrepender. Aquele assunto precisava ser resolvido.

Dirigi-me à janela daquele pequeno espaço. Estávamos no primeiro andar o que queria dizer que estávamos perto da enfermaria. Esta era uma das salas que não eram utilizadas porque sim haviam diversas salas que não eram usadas no palácio. Não digo que antigamente ninguém lhe desse uso mas atualmente não serviam para nada.

–Alexia. – chamou Killian assustando-me. Levei a mão ao coração. Voltei-me para ele e vi que estávamos novamente próximos. – Nós temos que resolver isto. Eu não consigo estar assim contigo.

–Foste tu que provocaste isto. – alfinetei. É verdade que eu também queria resolver aquela situação mas ele tinha de perceber que eu tinha razão em estar assim. Killian desviou o seu olhar do meu. Percebi pelo simples gesto que fez que me dava razão.

–Eu sei Alexia. Mas eu pedi desculpas não pedi? – perguntou Killian desesperado.

–Pediste mas isso não me impede de ficar magoada. Killian, tu insinuaste que eu era fácil simplesmente porque estava a sorrir para o teu primo. Que tipo de pessoas tu achas que eu sou? – Killian ia responder mas eu não deixei. Estava na hora de deitar tudo cá para fora – É cruel ouvir isso da pessoa que estamos apaixonadas. Eu tenho de aturar tu andares aí com a tua noiva e não digo nada mas tu vês apenas uma conversa entre mim e o Lorenzo e podes dizer o que quiseres. Isto não é assim. – concluí.

–Alexia, eu já te expliquei a situação da Eva…

–Mas isso não impede que eu fique com ciúmes pois não? Não impede que surjam dúvidas sobre tudo o que nós estamos a viver pois não? Mas a diferença Killian é que eu confio em ti e não te digo nada quando estás com ela. Tu dizes que estás apaixonado por mim e eu acredito…

–E tu sabes que isso é verdade. Porra Alexia! – Killian socou a parede ao meu lado para soltar toda a sua frustração – Eu amo-te. – confessou Killian e eu olhei para ele sem qualquer reação. Ele tinha dito que me amava. Todas aquelas borboletas que ultimamente assolavam o meu estomago estavam a remexer-se na maior das forças. Killian disse que me amava. Que me amava...eu não sabia o que fazer, paralisei completamente. Aquelas palavras atingiram-me em cheio. Então mais uma vez eu respondi com ações. Acabei com a distância que havia entre nós. Beijei-o como se fosse a última coisa que eu fosse fazer na vida. E era realmente a última coisa que eu queria fazer na vida. Se, neste momento, me perguntassem isso eu dizia que queria beijar Killian. Porque beijar Killian é tudo. É sentir-me apaixonada mas mais que tudo é sentir-me amada. Killian dissera que me amava. Eu não podia desejar mais nada.

Eu beijava-o sem parar e Killian retribuía com o mesmo fulgor. Estávamos completamente envolvidos. Killian abraçava a minha cintura e eu agarrava os seus cabelos. Eles eram macios. Começamos a dar passos para trás e caímos em cima de um sofá que havia naquela divisão. Killian largou a minha cintura e apoiou os braços no sofá, um de cada lado da minha cabeça, para que o seu peso não me atingisse. Killian sorriu antes de voltar a beijar-me fulgurosamente. Eu sabia que aquilo estava a sair do nosso controlo mas eu simplesmente não queria parar. Killian colocou a sua mão por baixo da minha blusa havendo assim contacto com a minha barriga. Mas, diferente da última vez, eu não impedi que ele continuasse. E assim eu fiquei sem blusa. E assim como eu fiquei sem blusa também Killian ficou sem a sua camisa porque eu fiz questão de lha tirar. Killian fixou os seus olhos nos meus para perceber se devia perseguir com o que nós estávamos a fazer. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ouvi alguém falar do outro lado da porta. E o pior é que eu conhecia aquela voz. Era a Rainha Isabella. Provavelmente ia saber como a filha estava.

Rapidamente soltei-me de Killian. Procurei a minha blusa achando-a perto da porta. E só aí é que me apercebi completamente da situação em que nos encontrávamos. Ambos sem camisola. Eu apenas de soutien e Killian com o peitoral à mostra. E que peitoral! Realmente só agora é que me dei conta da situação em que estávamos porque se me tivesse apercebido mais cedo já teria reparado na grande estrutura física de Killian. Agora eu já conseguiria explicar muito bem o que era um bom abdominal. Killian apercebeu-se que eu o olhava com desejo e sorriu debochado.

–Para! – pedi sem conseguir conter um sorriso e atirei-lhe a minha blusa para a cara. Killian riu ainda mais com a minha reação. Pegou na blusa que eu acabara de atirar e cheirou-a, provocando-me. – Killian dá-me a blusa.

–Anda cá buscá-la. – continuou a provocar Killian. Eu, como inteligência rara que sou, fui até lá e resultado foi o Killian conseguir-me prender, outra vez. Os nossos olhares estavam presos um no outro e Killian preparava-se para me beijar mais uma vez. Mas antes que ele concluísse o pretendido, interrompi-o.

–É melhor pararmos, isto já está a sair do nosso controlo.

–E quem disse que eu não quero que isto saia do nosso controlo? – perguntou Killian.

–Killian…pode aparecer alguém…

–A porta está trancada. – respondeu mais uma vez Killian aos meus argumentos. Como é que ele consegue?

–Killian… - chamei sem saber mais o que dizer. Mas mais uma vez não foi preciso ser dito mais nada. Mais uma vez, Killian compreendeu tudo com um simples olhar. Aquele não era o local nem o momento certo para o que possivelmente iria acontecer até eu ouvir a Rainha quando esta passou pelo corredor.

Rendido, Killian levantou-se permitindo que eu também me colocasse em pé. Voltei a procurar a minha blusa, que encontrei facilmente e olhei disfarçadamente para Killian que ainda procurava a sua camisa. Realmente o corpo dele era bem definido. Ele tinha um corpão.

Por fim acabamos por fazer aquilo que inicialmente estava planeado. Fomos até à enfermaria e eu fui observada para além de ter feito análises para verificar se estava tudo bem.

Pouco depois o doutor Granger disse que eu estava liberada. Estava tudo bem comigo. Já Selena teria que passar ali a noite. Só acalmou quando o príncipe Adam disse que ficaria com ela a noite toda. Eles são muito fofos juntos.

Caminhei até à cozinha onde acabei por encontrar o Ethan e a Malia. Eu e Ethan contamos a Malia tudo o que aconteceu. Desde que tinha sido o príncipe Philip a raptar a Selena até ao momento em que Selena e o príncipe Adam confessaram que gostavam um do outro. Malia ficou eufórica com a notícia. Ela sempre gostou e admirou toda a família real e o simples facto de ver alguém feliz a deixava feliz. Tão feliz ao ponto de ela começar a comentar como seriam os casamentos de Killian com a princesa Eva e da Selena com o príncipe Adam. Confesso que quando ela começou a falar do casamento de Killian, senti-me muito desconfortável, afinal estávamos a falar do homem que eu estava apaixonada. Ethan percebeu o estado em que eu estava a ficar por aquela simples conversa e, disfarçadamente, mudou de assunto.

Assim ficamos por algum tempo, a conversar de diversos assuntos. Uma coisa era verdade, entre nós os três o silêncio nunca estava presente, havia sempre algo para falar.

Quando reparei nas horas já era quase meia-noite. Estava na hora de nos irmos deitar porque no dia seguinte havia mais um dia de trabalho.

Seguimos até aos nossos quartos, separando-nos de Ethan quando ele teve que ir para a ala masculina.

Entramos em silêncio no quarto para não acordar a Yara e a Alison. Mas, para minha surpresa, a Alison não se encontrava no quarto. Deveria de estar a trabalhar, essa era a explicação mais plausível para a sua ausência.

Não liguei muito a esse facto, afinal não gostava mesmo dela e deitei-me. Adormeci rapidamente. Mas assim como adormeci rapidamente, também rapidamente fui acordada. Alguém me abanava para que eu acordasse. Abri levemente os olhos e vi que era um guarda.

–A Rainha Isabella quer falar contigo imediatamente. – disse o tal guarda. O problema é que a frase dele ainda mais confusão gerou na minha cabeça. O que será que a Rainha queria comigo a estas horas da madrugada?

Fui escoltada pelo Richard, que descobri ser o nome do guarda, até ao escritório onde o Rei tratava dos assuntos reais. Mas na poltrona quem se encontrava era a Rainha e não o Rei.

–Alexia Gomez, finalmente nos encontramos. – disse a Rainha friamente.

–Vossa Majestade. – cumprimentei, fazendo uma reverência. – Qual é o assunto que Vossa Majestade tem a tratar comigo?

–Para de ser sonsa! – praticamente gritou a Rainha. Já era do meu conhecimento que a Rainha não gostava de mim mas mesmo assim eu não percebia o porquê de ela me estar a insultar.

–Desculpe Vossa Majestade mas eu não estou a entender.

–Eu sempre soube que pessoas da tua laia eram assim. – eu ia protestar, mesmo que não devesse, mas a Rainha não me deixou – Vamos então clarificar o teu pequeno cérebro. Que tal mencionar que estás aqui por andares, às escondidas, a seduzir o meu filho?