Will estava caído em algum lugar escuro, não conseguia enxergar nada em sua volta, parecia estar sozinho.

– Halt? – Perguntou pelo mestre, pois era sua última lembrança, mas não recebeu uma resposta.

Decidiu se colocar de pé, o lugar era muito quente, podia sentir o suor de sua testa escorrendo pelo seu rosto. Esticou os dois braços em busca de algum objeto ou parede para se encostar, porém não conseguiu chegar em nada. Era como se estivesse perdido no espaço.

– Will? – O rapaz se assustou com a voz de Alyss ecoando subitamente pelo ar.

– Alyss?! Onde você está? – Começou a andar rapidamente pelo lugar onde estava e apenas então conseguiu reparar que o chão estava molhado e seus pés descalços. – Alyss!

– Will!? – Era Horace que o chamava, desta vez, com um tom de desespero, como se estivesse preocupado com algo. Antes que conseguisse responder, outra voz feminina gritou, parecia estar sendo atacada.

– Will! – Evalyn pedia ajuda e chorava.

O aprendiz se pôs de joelhos tampando os ouvindo com as mãos.

– Ah Will... – A voz de Henry, quase sussurrando. – Tão fraco...tão manipulável. Caiu tão facilmente em minha armadilha que chega a ser hilário. – Soltou uma risada histérica semelhante a que havia feito em seu último encontro com o arqueiro. – Acha que eu deixaria meus planos a mostra fácil daquele jeito? Não seja tão ingênuo, deixe isso pra Halt. Eu queria que ele encontrasse os papéis, eu queria que vocês aparecessem, eu queria matar aquelas pessoas em Riverwood.

Will se colocou de pé novamente, e em uma explosão de raiva começou a gritar olhando para cima, esperando estar olhando no fundo dos olhos de Henry.

– Quem você pensa que é? Acha que tudo isso é apenas um jogo? São vidas inocentes que se perderam por sua culpa! Você é só mais um louco que não deveria estar solto por aí, um maldito psicopata que deveria estar preso ou morto.

Porém, as palavras do rapaz não fizeram efeito nenhum em Henry que agora gargalhava ainda mais alto.

– Loucos somos todos, meu caro amigo, afinal, você é bem espirituoso! Mais eu preciso que você entenda uma coisa: Em uma guerra, precisamos escolher lados, e eu lhe aconselho que faça uma boa escolha, rapaz. Ou então, bem, não vai gostar de onde irá parar.

Will começou a sentir um cheiro podre no ar, e um vento frio lhe batia na nuca. Subitamente, um pequeno fio de luz surgiu entre a escuridão, foi então que o garoto percebeu onde estava.

Era Araluen, conseguiu notar o restaurante de Jenny não muito longe dali, mas seu coração quase parou ao olhar para baixo. Havia sangue para todo o lado, em seu rosto, vestes, mãos, pés... mas principalmente no chão. Pior ainda, aquele sangue não lhe pertencia.

– Mas o que...? - O raio de luz começou a se expandir revelando corpos caídos no chão, sem vida. Will congelou ao reconhecer Horace, Gilan, Crowley, Halt, Alyss,... todos os seus amigos estavam mortos a poucos passos de distância, e à medida que a luz ficava maior e mais forte, mais corpos apareciam. Araluen fora dizimada.

Will começou a andar para trás, assustado com o que via, levou as mãos ensanguentadas até o rosto e esfregou os olhos enquanto gritava esperando que tudo aquilo desaparecesse. A luz chegou ao seu ponto máximo de intensidade quando o rapaz ouviu a voz de Halt.

– Will! Se acalme! – Quando o garoto abriu os olhos se percebeu em uma cama grande, com lençóis de seda, feita de mogno. Seu mestre estava do seu lado segurando seus braços.

– O que aconteceu? – O aprendiz tinha a voz rouca e sentia uma dor forte no ombro esquerdo.

– Você começou a gritar e se debater de repente. – Halt respondeu enquanto soltava o rapaz devagar.

– Não agora, antes...

– Você desmaiou quando eu arranquei a flecha. Mas agora está tudo bem, estamos em um reino próximo de Riverwood, se chama Akasun. O rei ficou feliz em nos receber, ser um arqueiro também tem suas vantagens.

Will sentou-se na cama e começou a analisar o quarto a sua volta. Era enorme, possuía janelas decoradas com largas cortinas vermelhas, mesas de mogno com frutas e um majestoso lustre enfeitando o teto.

– Impressionante. – O rapaz comentou, mas sua atenção rapidamente desviou para o seu ombro ao sentir uma pontada de dor.

– Mandaram um médico para tratar o seu ombro, ele disse que vai ficar tudo bem, porém, pode ficar dolorido por um tempo indeterminado. É melhor você ficar um tempo sem usar o arco.

O rapaz olhou para Halt com um olhar alarmado.

– Quanto tempo? Eu sou um arqueiro, não posso ficar sem o arco!

– Eu sei, mas sua saúde precisa estar boa para usá-lo. Não se preocupe, vamos ficar aqui por um tempo, pelo menos, até encontrarmos mais pistas de onde Henry pode estar. – Halt possuía um semblante de preocupação.

– Ele escapou? – Will sentia-se culpado, não deveria ter saído da função de diminuir o fogo das casas, deveria ter confiado no plano de seu mestre.

– Por hora. Mas acredito que logo irá surgir de novo, afinal, você é o alvo dele.

– Obrigado por me lembrar disso. – Ambos trocaram sorrisos até que Halt se colocou de pé, ao lado da cama.

– Bom, eu tenho assuntos para resolver com o Rei, estarei na sala de acordos reais, se precisar falar comigo.

– Tudo bem. – Halt assentiu e se retirou do quarto, Will também decidiu sair, queria conhecer melhor o local em que estava hospedado.

Era um castelo realmente grande, parecia ter o triplo do tamanho de Araluen, Will estava quase perdido em meio àqueles longos corredores, quando ouviu um barulho de metais caindo, pareciam talheres.

O garoto se adiantou em direção ao som e viu um rapaz loiro com o cabelo espetado, pegando facas e colheres douradas do chão freneticamente. Quando o rapaz percebeu a presença do arqueiro, levantou uma das facas e apontou para ele.

– Quem é você? – Will apenas levantou as mãos mostrando que não estava armado.

– Tudo bem, eu apenas estou hospedado aqui, não vou lhe fazer mal, quer ajuda?

O rapaz parecia ter sua idade, tinha olhos negros, algumas sardas espalhadas pelo nariz e em baixo dos olhos e vestia uma roupa completamente negra. Tremia de nervosismo ao encarar o arqueiro, que não esperou sua resposta e se adiantou para ajudá-lo a recuperar os talheres.

– Então... – Will voltou a falar. – Aqui é a cozinha?

– Aqui é o depósito. – Respondeu o rapaz. – A cozinha fica mais adiante deste corredor.

– É sempre bom saber. – Comentou com um sorriso na tentativa de convencer o rapaz de sua inocência. – E qual o seu nome?

O garoto pareceu hesitar, mas falou mesmo assim.

– Aeron. Eu comecei a trabalhar neste castelo a pouco tempo, todos me acham um desastre por aqui, então, se possível, poderia não comentar sobre...isso?

– Claro, sem problemas, Aeron. Eu não vi nada!

– E qual o seu nome?

– Ah desculpe, prazer, eu me chamo Will. Will Tratado. – Ambos deram as mãos e se cumprimentaram.

– Prazer, você é arqueiro há muito tempo?

– Como sabe disso? Eu nem estou com meu arco.

– Percebi pelas suas vestes e com a proteção em seu braço. – Will ainda utilizava o equipamento que o protegia de se ferir com as flechas.

– Muito observador. Porém, ainda sou um aprendiz, acompanho Halt já faz alguns anos, talvez consiga meu colar de prata em breve. – Respondeu abrindo um largo sorriso. - E você trabalha aqui há quanto tempo?

Aeron deu de ombros.

– Desde que me entendo por gente, até onde eu sei. Meus pais tinham essa profissão, eu apenas estou seguindo seus passos.

– Entendo, bom, foi um prazer conversar com você Aeron, mas imagino que esteja atarefado.

– Um pouco, foi um prazer. Will. – Ambos se cumprimentaram novamente e seguiram caminhos oposto pelo corredor.

Foi então que o arqueiro se deu conta de um detalhe, ao reparar, cessou o seu andar e olhou para trás procurando ver Aeron, mas ele não estava por perto.

“Não pode ser.“ pensou consigo mesmo enquanto colocava o capuz e caminhava calmamente pelas sombras, de volta ao depósito.

Não havia mais ninguém por lá, no entanto, quando abriu a gaveta de talheres em um dos móveis, estava completamente vazia. “Eu não acredito” saiu do lugar em busca de Aeron, porém não o encontrou em lugar nenhum.
“Como esse lugar pode ser tão grande?!” Pensava enquanto vasculhava todos os cômodos e corredores do castelo.

– Sr. Will Tratado! – Um homem alto, de nariz empinado que carregava um bigode pontudo logo abaixo, o interceptou em meio a sua busca.

– Sim? – Respondeu de prontidão.

– Vossa Majestade o Rei Marcos III, convoca sua presença na sala de refeições para discutirem negócios. Por favor, me acompanhe. – Will assentiu e seguiu-o.

A sala de refeições deveria ter o mesmo perímetro de Araluen, era a maior que Will já havia visto em sua vida. Possuía uma larga mesa feita de ouro, e naquele momento, estava cheia das mais diversas comidas, de diferentes culturas.

O Rei estava sentado na ponta, era um homem forte, com uma barba acinzentada, vestes vermelhas com detalhes em dourado, olhos negros e um sorriso receptivo.

– Este deve ser o tão falado, Will Tratado! Ora, finalmente nos conhecemos! Aproxime-se, rapaz. – Halt estava ao seu lado, parecia igualmente intimidado com toda a estrutura que o cercavam.

– É um prazer, Vossa Majestade. – Respondeu Will, com uma referência.

– Claro, claro. Vamos, puxe uma cadeira, temos alguns assuntos a tratar. - Will assentiu e sentou-se do outro lado do rei, ficando de frente a Halt. – Muito bem! Halt, estava me contando os detalhes desta missão de vocês. Realmente muito intrigante.

– De fato, senhor. – Concordou Will.

– Por isto, quero que saibam que podem ficar o tempo que for preciso aqui nas limitações do meu castelo, seria uma honra para mim e para todo o reino, ter arqueiros como vocês sob este teto. – Foi então que Halt tomou a dianteira da conversa.

– Não ficaremos por muito tempo, Rei Marcos, apenas o necessário para que Will se recupere e para que nossa segunda equipe encontre novas pistas para a próxima viagem.

– Segunda equipe? – Will indagou.

– Horace e Gilan estão à procura do próximo local. – o rapaz segurou para não soltar uma risada.

– Essa eu pagaria pra ver, Gil vai ter que ser paciente. De qualquer forma, Vossa Majestade, aprecio o seu apoio, não será em vão.

– Eu sei que não, rapaz. – Exclamou Rei Marcos III – Agora vamos comer alguma coisa. Chamem aquele garoto, para servir-nos.

Foi então que Aeron surgiu na sala de refeições com um conjunto de pratos de prata e talheres dourados, serviu para os três e se retirou. Will manteve seu olhar no rapaz, porém hesitou em se retirar da mesa e acabar ofendendo ao Rei. Acabou apenas encontrando o olhar curioso de Halt que havia notado a reação de seu aprendiz ao ver Aeron. Will apenas balançou a cabeça deixando o assunto para mais tarde.

Depois de comer algumas frutas e pães de diferentes áreas e culturas, o aprendiz agradeceu.

– Majestade, estava tudo impecável. Será que eu poderia ir até a cozinha para parabenizar o cozinheiro por esta refeição?

O Rei, grato, concedeu a permissão ao rapaz, que se despediu e seguiu em direção à cozinha. Porém não buscava o cozinheiro.

Ao chegar até o lugar, haviam muitas pessoas trabalhando de forma rápida e eficiente, alguns lavavam os pratos, outros ferviam água, cortavam legumes.... Apenas um rapaz estava sozinho em um canto mais escuro, olhando por cima do ombro para certificar-se de que ninguém o notava colocando o saleiro de cristal dentro do bolso.

“Então é isso.” Pensou Will, indo diretamente até Aeron. Que rapidamente notou e entrou em desespero, correu entre os cozinheiros e saltou por cima de uma grande mesa de madeira, deixando o arqueiro para trás e os chefes bem irritados. Correu para fora da cozinha, desviando de guardas e nobres que passavam, o arqueiro se apressava logo atrás do garoto, teria que pegá-lo com as mãos, pois era proibido andar armado pelo castelo se não fosse um guarda.

Aeron desceu uma longa escadaria que dava em um hall de mármore. Para o azar dos dois, havia sido recém-higienizado e estava muito escorregadio, assim que Aeron e Will saíram das escadas, caíram no chão, e por consequência um vaso raro de porcelana com detalhes em ouro se estilhaçou. Funcionários enlouqueceram, porém, a confusão não cessou com a perseguição.

Os dois desceram novas escadas que levavam as masmorras do castelo, passaram como um raio pelos guardas que as protegiam, mal conseguiram reagir aos rapazes, e se apressaram em correr atrás deles. Agora eram quatro em uma corrida interminável. Aeron agarrou umas das tochas em chamas e arremessou para trás numa tentativa de acertar Will, que com reflexos de um verdadeiro arqueiro, conseguiu desviar a tempo, os oficiais não tiveram a mesma sorte, porém, conseguiram apagar o fogo antes que suas vestes se queimassem por completo. Mas não a tempo o suficiente de dar continuação a perseguição dos dois rapazes. Em meio a corrida, passaram pelo corredor onde haviam prisioneiros, aquilo chamou a atenção de Will que começou a andar um pouco mais lento, dando uma vantagem a Aeron. Aqueles homens não pareciam ser guerreiros capturados, eram fracos, cansados e velhos, pareciam ser simples camponeses.

O fugitivo alcançou uma nova escadaria para sair das masmorras, mas Will encontrou uma escada grudada a parede que parecia ser o atalho ideal. Escalou o mais rápido que pôde e removeu a tampa de proteção, revelando um vasto jardim. Repleto de nobres admirando a paisagem e muitas árvores.

Como que por instinto, Will agarrou um par de pernas que passaram correndo por ele, derrubando-as no chão. Havia pego Aeron. Colocou-se em cima do rapaz, impossibilitando que se movesse.

– Quem... é ... você?! – Perguntou enquanto tentava recuperar o fôlego. Aeron tentava se desvencilhar de Will, mas não conseguia, apenas cuspiu no rosto do rapaz e franziu o cenho sem responder à pergunta. – Me responda!

Em seguida, Will e Aeron foram agarrados por dois pares de braços. Eram guardas.

– Quem são vocês? Não me lembro de já ter visto vocês no castelo antes! – Comentou um deles, tinha uma voz forte que colocava medo em qualquer um que a escutasse. Will tentou explicar que era um hóspede do Rei, porém ainda não havia recuperado totalmente o fôlego.

– São dois arruaceiros. – Respondeu o comparsa – Vamos tirar esses vermes daqui!

– Não... – Aeron tentava se explicar, mas os guardas não deram atenção, carregaram os dois para fora do castelo e os jogaram para a vila.

– E fiquem contentes. – O guarda voltava a dizer. – Que não matamos vocês de uma vez!

As portas do castelo se fecharam e ambos ficaram ali caídos do lado de fora. Will buscou forças de dentro de si para avançar em Aeron novamente e lhe dar um soco no rosto.

– Me diga... quem... é ... você! – Voltou a dizer, até que o garoto finalmente respondeu.

– Está bem... está... bem! Só saia de cima de mim! – Will assim o fez e ambos se sentaram, encarando um ao outro. – Mas não aqui, tudo bem? Vamos até uma taverna e eu lhe explico tudo.

Will assentiu e ambos seguiram em silêncio até a taverna. Haviam muitas pessoas rindo e cantando com um trovador ali presente, outros caíam de bêbados perto do bar e riam das desgraças da própria vida.

– Lugar animado... – O arqueiro comentou, e Aeron concordou.

– É sempre assim, as pessoas daqui bebem para esquecer os problemas, que não são poucos.

Os dois escolheram uma mesa, pediram uma cerveja e se sentaram frente a frente, sem desviar o olhar um do outro, como se esperassem um súbito ataque mortal.

– E então? Comece a falar. – Will ordenou.

– O que você quer saber?

– Quero saber por que mentiu para mim dizendo que trabalhava no castelo.

– Eu não...

– Primeiro você me disse que era novo por ali e depois que trabalhava lá desde sempre. Quero ouvir alguma verdade.

– Eu não trabalho no castelo. – Will bateu uma palma e abriu os braços ironicamente.

– É difícil?

– Você não entenderia meu dever neste mundo... – Aeron começou a falar, porém se calou quando as cervejas chegaram e foram servidas. – Obrigado.

– Seu dever? – Indagou Will retomando a conversa.

– Eu sou....

– Um ladrão. – O arqueiro interrompeu olhando no fundo os olhos de Aeron que ficou em silêncio.

– Eu sou bem mais do que isso.

– Tem certeza? Por que a única coisa que eu vi você fazendo até agora é roubar e correr, se parece muito com um ladrão para mim. – Aeron deu um soco na mesa, por sorte, havia muito barulho na taverna, por isso chamou pouca atenção.

– Droga, Will, olhe a sua volta! Já visitou Akasun alguma vez na sua vida?

– Do que está falando? – Will franziu o cenho, aquela era a sua primeira vez naquele reino, mas não entendia como isso poderia estar ligado a conversa que estavam tendo.

– Estou falando do povo que sustenta esse reino sozinho e não ganha nada em troca! Se você ao menos tivesse saído um pouco daquele conto de fadas que é aquele castelo, teria percebido do que estou falando. – Aeron deu um longo gole no copo de cerveja ao dizer aquilo. – O Rei Marcos III aumentou os impostos sobre o povo de uma forma assombrosa. Muitos ficam o dia todo trabalhando e não conseguem dinheiro suficiente para alimentar sua família no fim do dia. Você tem ideia de quantas crianças perdemos para a fome só por causa desse infeliz?!

Will ainda processava toda aquela informação, já deveria ter suspeitado de tudo aquilo, havia se impressionado com a grandiosidade do castelo, mas não havia parado para pensar de onde o Rei havia tirado tanto dinheiro.

– Então você rouba para conseguir alimentar estas pessoas? – Will questionou.

– O povo percebeu que estava sozinho nessa luta e decidiu se unir. Criamos um grupo de pessoas para reivindicar o que é nosso por direito... seja em forma de copos de ouro, taças de cristais, talheres de prata...

– Um grupo de ladrões? – Aeron revirou os olhos e tomou outro longo gole de cerveja.

– Sim, Will, um grupo de ladrões. Mas entenda, não somos novos no que fazemos, essa tradição de reis corruptos vem de gerações atrás, na história de Akasun, nosso grupo cresceu, e hoje somos a maior corporação de ladrões que já existiu. Chamamos de APP.

– APP?

– Ação em prol do povo. – Will balançou a cabeça.

– Eu nunca ouvi falar.

– Por isso somos tão bons. Mas ultimamente, viemos tendo problemas com outras corporações.

– Outros ladrões? – Will indagou franzindo o cenho.

– Não, pior ainda... assassinos.

– Assassinos?!

– Sim. Parece que houve algum engano com um contrato que recebemos.

– Vocês recebem contratos? Achei que só fizessem tudo em prol do povo.

– Recebemos, analisamos, e vemos o que podemos fazer dependendo do quanto recebemos. Nunca roubamos pobres, Will.

– Roubam dos ricos para dar aos pobres... – O rapaz segurava a risada nos cantos da boca.

– É, eu sei como isso soa... A velha história de Robin Hood, mas o que eu posso fazer? Simplesmente funciona! Bom, como eu ia dizendo, recebemos um contrato para roubar uma pintura antiga de um nobre podre de rico, porém ali estava bem claro que não poderia haver nenhum tipo de assassinato, ou não receberíamos o pagamento. Já consegue imaginar o que aconteceu, não? – Will assentiu.

– Os assassinos receberam um contrato. – Concluiu.

– Exato. Com ordens claras, dizendo que deveriam exterminar o homem que deveríamos roubar sem matar. – Aeron respirou fundo. – Este contratempo rendeu uma guerra sem fim entre as nossas duas corporações, e ultimamente, esta guerra se tornou ainda mais acentuada, com esse novo membro, uma sede de sangue insaciável tomou conta daquelas pessoas.

Will parou o seu gole na cerveja no meio ao ouvir as últimas palavras de Aeron, foi então que decidiu fazer uma pergunta, na qual temia friamente pela resposta.

– E quem é esse membro, Aeron? – O arqueiro mantinha o punho fechado diante nervosismo que sentia, e então suas suspeitas foram confirmadas.

– Um rapaz novo chamado Henry. Henry Phoenix.