Raios De Luz

Amedrontada, Doente, Cega pela falta da Lua


- Fox, eu preciso fazer umas coisas esse final de semana.

Falkon decidiu que era a hora certa de falar sobre isso enquanto eu cozinhava.

Quase cortei meu dedo fora.

- O que? – Me virei para ver sua expressão.

Ele tinha dor em seu rosto.

- Preciso ir a uma ilha, preciso comprar alguns livros, medicamentos, preciso saber mais sobre você, como seu guardião.

- E quanto tempo irá durar?

- O final de semana. Volto domingo de manhã.

Engoli em seco.

- Onde seria essa ilha?

Falkon se aproximou e tirou a faca de minha mão, puxou um banco para mim e sentou-se em outro.

- As vilas que Edmund citou se localizam em reinos, que ficam em ilhas. Cada ilha tem seu reino e cada reino tem sua especialidade: busca, medicina, Luz, Sombras... – Falkon prosseguiu. – Irei no reino do conhecimento, onde possui uma pequena exposição de medicamentos.

- Você voltará, certo?

Falkon suavizou sua expressão. Passou a mão pelo topo de minha cabeça e a foi descendo pela mecha de meu cabelo vermelho.

- Não posso mais viver longe de você, lembra? – Ele olhou nos meus olhos, sendo completamente sincero.

- Promete voltar o mais rápido possível? – Segurei sua mão enquanto ela escapava dos meus fios.

- Talvez eu até esqueça algumas coisas por causa da pressa. – Ele sorriu.

Eu sorri de volta.

- Não esqueça nada.

Me levantei e continuei a cozinhar.

- Conte-me mais sobre os reinos. As pessoas sabem das ilhas? Não ficam surpresas com os focos?

- As ilhas são protegidas, não existem nos mapas. Os barcos que guiam os focos de dentro para fora da ilha, e de fora para dentro são exclusivos as criaturas magicas.

- É isso que somos? Criaturas magicas? – Olhei por cima do ombro.

Falk riu.

- Não temos nome melhor, estamos procurando ainda.

- Essa frase infringe um “nos”. Já faz parte dos bonzinhos, Falkon? – Sorri debochada.

- Bom... Não é oficial, mas agora sou. – Ele riu. – Não sou mais seduzente como era, não é mesmo? As garotas gostam dos malvados.

Me virei e mostrei minha língua para ele.

- Não sei, não sou uma garota. Sou um foco, uma criatura magica. – Me virei de volta à bancada.

Falk gargalhou da minha birra.

- Não seja boba.

- Você vai sair amanha de manhã? – Perguntei descascando a cebola.

- Sim, você não vai estar acordada.

Falk veio para o meu lado e se sentou na bancada.

- Traga algo legal para mim, tá?

- Fox, você está chorando? Não chore, você vai ficar bem. Eu também vou ficar bem, ninguém vai me reconhecer, juro.

Falk desceu da bancada e secou minhas lágrimas.

- Seu bobo! É a cebola! – Tirei suas mãos de meu rosto com a faca na mão.

Quando ele passou sua mão pelo meu rosto foi tão bom, os arrepios foram intensos e confortáveis.

- Ah... – Ele juntou suas mãos.

Falk voltou a sentar-se na bancada e virou para mim.

- Não saia daqui. Sei que eu disse que você veria sua mãe no final de semana, mas não saia daqui. Você pode dormir na sua casa no domingo, mas não saia daqui.

- Entendi! Por quê?

- Não quero que saia sozinha. Estou achando estranho não terem enviado ninguém para te caçar.

- Se está tão preocupado por que não me leva com você?

- Porque é muito mais perigoso lá.

Fritei a cebola e o alho juntos.

- Não abra a porta para ninguém, não vá ao bosque, não saia dessa casa. Aqui tem tudo o que você precisa. Evite cozinhar também, não quero que se machuque.

Virei para Falkon com os olhos cerrados. Lancei a faca para cima, ela deu alguns giros e voltou com a ponta virada para a palma de minha mão, a peguei no ar com a mão esquerda e a girei entre os dedos. Voltei a cozinhar no fogão.

- Isso não é problema para mim.

- Certo...

...

Eu e Falkon ficamos conversando a noite sobre a vila onde minha família morava: a vila da Luz.

Ele me contou que usávamos nossos dons para fazer tudo e que nenhum dia lá era feio, só os dias onde pessoas eram enterradas e havia os funerais, nesses dias chuviscava e o sol não aparecia, todos ficavam de luto.

Ele me disse que a vila era toda feita de ouro e luz, as pessoas não eram só alegres, elas tinham sentimentos, sim. Todos eram verdadeiros com todos, a dor causada pelos outros não existia.

Dormi com ele me contando histórias de quando a vila era atacada.

...

Acordei me sentindo horrível. A cama estava quente demais, eu estava suada demais e as coisas pareciam rodar. Gemi.

Levantei da cama e fiquei tonta, fechei os olhos e senti minha cabeça girar. Me sentei e olhei para o lado, onde Falk deveria estar. A cama estava perfeitamente ajeitada do lado onde ele estava deitado, nem deve ter dormido ao meu lado.

Eu sentia um torpor horrível, procurei Falkon pela casa, reunindo os últimos pedaços da minha voz e gritando, mas ele já havia saído. Eram 14h quando eu acordei e já fazia uma hora que eu procurava Falk. Sentei no sofá e liguei a TV, acabei deitando e dormindo, não sei por quanto tempo eu fiquei lá, mas quando acordei senti muito frio, por sorte, Falk tinha um armário pequeno na sala, onde ele mantinha cobertores e travesseiros, peguei um coberto bem grande e um travesseiro, deitei no chão e fiquei vendo um programa de comédia e lacrimejando.

À noite, meu estomago roncou, fui até a cozinha e comi as sobras do jantar de ontem, estava uma delicia e acabei comendo mais do que devia. Acabei jogando tudo para fora no vaso sanitário do segundo andar. Rastejei até a minha cama, mas parecia muito quente, decidi tomar um banho, mas mudei de ideia, não ia conseguir ficar em pé e poderia acabar caindo no box e sofrendo um acidente. Troquei o pijama por uma calça de moletom e o casaco certo.

- Ele disse que voltaria amanha... Eu aguento.

Decidi escrever uma carta a Falk, eu não conseguia enxergar direito e todo aquele esforço estava me matando, eu suava frio.

“Falk,

Não sei o que aconteceu, mas eu estou me sentindo muito mal. Provavelmente estarei dormindo, me leve ao hospital quando chegar.

Foxi”

Não consegui escrever o “e”, desmaiei antes disso. Com a caneta na mão e o corpo jogado na cama.

...

Acordei de madrugada me sentindo melhor, eu estava com tanto sono que meus olhos teimavam a ficar abertos e se fechavam sozinhos, me levantei da cama de uma vez, para não resistir a voltar a dormir. Esta noite tinha sido pior do que a anterior, eu me sentia mais pesada, me apoiei no poste da cama e esperei um pouco, minha respiração estava acelerada e entrecortada, mas eu não queria continuar naquele quarto, eu estava paranoica, queria sair dali, algo ia acontecer se eu continuasse lá, algo ia me pegar. Senti um vento nas minhas costas e me virei rápido, rápido demais, cai no chão, o assoalho fez um baque surdo.

Me arrastei com força até a porta, consegui abrir com a ponta dos meus dedos, me apoiei no corredor e tentei não dormir, parecia que eu tinha sido drogada, estava amanhecendo, alguns raios de sol entravam pela janela do corredor e me cegavam.

...

Acordei, pois levei um susto. Não sei o que me assustou, nem se foi real, mas acordei sobressaltada. Eu me sentia estranhamente melhor, minhas costas estavam doendo, mas eu me sentia melhor.

Ouvi – mesmo com a televisão ligada – o barulho da grama lá fora. Os pés de alguém roçavam na grama, alguém extremamente cuidadoso. Esse mesmo alguém não pisou em nenhum degrau, pulou direto na varanda do lado de fora da casa. Falkon.

Me levantei, ainda tonta, mas tomada pela alegria dele ter retornado. Tateei as paredes enquanto balançava no vento. Do outro lado Falk correu também, ele abriu a porta quando eu tinha segurado o corrimão.

- Foxie! – Ele gritou lá de baixo.

Primeiro, seu rosto se contorceu de alegria, seguido pela preocupação. Falk subiu as escadas tão rápido que quando chegou até mim, um vento me empurrou para o chão, aquilo não foi natural.

- Fox! O que aconteceu?!

Falkon me recolheu no chão e me apoiou em seu peito. Eu estava tão zonza, mas me sentia muito melhor.

- Ah... Falk... Que bom que chegou. – Recolhi a voz que tinha.

Fechei os olhos.

- Foxie! O que aconteceu?! Porque você está assim? Porque esta doente?!

Balancei a cabeça.

- Venha, tome um banho.

Falk me pegou no colo. Segurou minhas costas e pressionou meu corpo contra o dele, meu peito contra o dele. Abracei seu corpo com as minhas pernas, mas era força demais para eu aguentar. Eu me sentia como uma orquídea, absorvendo a energia dele, mas sem afeta-lo. A única diferença, era que parecia que eu o deixava mais forte também.

Ele me levou para o banheiro e me colocou sentada em cima da pia. Ele tirou meu casaco e olhou meus olhos, passou a mão em meu rosto e testou minha temperatura.

- Você está ardendo em febre, Foxie. O que andou fazendo?

Neguei com a cabeça novamente. Falk suspirou e se separou de mim, abriu a torneira do box e virou para mim novamente.

- Tome um banho frio, vai abaixar sua febre.

Ele olhou para o meu corpo.

- Quer que eu a ajude a tirar suas roupas?

Balancei a cabeça negativamente.

- Certo. Mas vou ficar olhando o banheiro, certo? Não quero que se machuque.

Falkon envolveu minha cintura e me pôs no chão. Ele saiu do banheiro e deixou a porta entreaberta.

Tirei minha roupa muito devagar, querendo não provocar sensações desagradáveis ao meu corpo. Parecia um livro velho, daqueles que nunca foram lidos. Quando se abre as páginas elas estão duras e rangem, mas foram intocadas.

Entrei embaixo do chuveiro frio de uma vez, rangendo os dentes.

- Fox... Eu... Vou entrar, só para deixar roupas, eu juro que não vou olhar.

Espremi-me no canto do box e alguns minutos depois, Falk entrou no banheiro de costas e de olhos fechados, eu podia ver seu rosto pelo espelho.

- Não demore.

Acabei o banho e corri para a toalha, meu corpo estava se movendo com um pouco mais de facilidade, mas mesmo assim ainda estava dolorido. Falk tinha pego uma calça jeans skinny para mim e um casaco bem grande, que obviamente não era meu. Era azul com um bolso na frente. Também tinha um sutiã e uma calcinha do mesmo par.

- Você... Abriu minha gaveta de roupas intimas? – Falei sussurrando, sabia que ele estava me ouvindo.

- Foi uma emergência. – Ele falou devagar.

Vesti as roupas rápido e sai correndo do banheiro, Falkon estava sentado no chão, apoiado na parede oposta ao banheiro.

Ele se levantou e me pegou quando eu o abracei. Meus dentes tilintavam de frio e meu coração batia rápido. Falk se deixou cair, se arrastando na parede, cai com meu corpo entre suas pernas, ele me abraçou mais, passando seu calor para mim.

- Meias.

Ele tirou das mãos um par de meias verdes e as colocou em meus pés.

- Deveríamos ir para o meu quarto.

- Porque não aqui?

- Por que seus lençóis devem ser trocados.

Falk me pegou no colo da maneira que estávamos sentados, ele me levou para o quarto dele e me sentou na cama, estava muito escuro lá, apesar de ser de manhã, por tanto fechei os olhos.

- Espere um pouco aqui?

- Espero.

Ele me colocou na cama e eu deitei, me encolhi como uma semente e esperei. Logo ouvi Falk abrir a porta e tornar a fecha-la. Ele se sentou na cama e me trouxe para perto dele. Deitei em seu peito. Ouvi um “clic” próximo e através de meus olhos pude ver que ficou mais claro, abri os olhos. O quarto de Falkon era parecido com o meu, a mesma cama, porém maior, a mesma cômoda no mesmo lugar, mas ao lado tinha uma longa estante com livros grossos, perto da janela tinha uma mesa com um laptop e cortinas nas janelas. As paredes, o teto e o chão eram de madeira. Tinham dois criados mudos dos lados da cama e vários quadros nas paredes, alguns pôsteres. A cama tinha seis travesseiros e tudo era preto, a estampa predominante no quarto era um listrado vermelho e azul, bem rustico.

- Gostei.

Falk sorriu pequeno.

Ele virou minha cabeça para o seu peito e passou algo em meu cabelo: uma escova. Desembaraçou meu cabelo com muito cuidado, como se eu pudesse quebrar, depois o secou com uma toalha e esperou.

Levantei o rosto para poder vê-lo e ele estava olhando para mim com uma expressão preocupada.

- Você vai ficar bem.

Assenti com a cabeça. Falk me ergueu e me passou para o seu lado, me pediu para esperar e saiu do quarto, voltou exatamente 3 segundos depois segurando uma caixa com um x torcido na frente. Se aproximou de mim e sentou-se na cama, ao lado de onde eu estava deitada. Tirou da caixa um pequeno remédio redondo.

- Eu preciso que você tire o casaco, vou passar isso nas suas costas.

- Tá.

Virei de costas para Falk e tirei o casaco. Peguei meu cabelo das costas e olhei para ele por cima do ombro.

- Pode passar.

Falk estava me olhando meio embasbacado, o que foi engraçado.

- Certo.

Ele passou o remédio nas minhas costas, bem acima, onde meu pulmão ficaria. Foi extremamente bom sentir o aloe vera e seu toque ao mesmo tempo, fiquei até meio bamba. Falkon segurou meus ombros e perguntou se estava tudo bem, assenti com a cabeça e ele continuou.

- Agora... Você pode passar no seu peito. – Falk me passou o remédio.

- Oh, obrigada.

Ele assentiu com a cabeça. Mergulhei a mão no vidro e passei acima de meus seios, a sensação era refrescante. “Obrigada” disse, joguei o vidro por cima dos ombros e coloquei o casaco novamente. Deitei de costas na cama e fechei os olhos.

- Como está se sentindo? – Falk revirava a caixinha.

- Bem melhor. Eu fiquei com tanto medo ontem à noite, foi horrível. – Sussurrei a última frase.

- Deve ter sido... – Falk me olhou.

Ele deu um sorrisinho e voltou a procurar. Pegou um termômetro e colocou na minha boca, embaixo de minha língua. Virei de lado e ficamos esperando.

- Já está bom. – Falk se aproximou e puxou o termômetro de minha boca.

Falk desviou o olhar do termômetro e olhou para mim.

- Ainda está alto, 38ºC.

- Merda...

- Vou te dar um remédio que vai fazer sua febre subir e depois abaixar, mas você tem que ficar embaixo do cobertor.

Acenei com a cabeça positivamente. Passei as pernas doloridas por baixo do coberto e o puxei até o meu queixo. Falk me cobriu com outro cobertor e saiu do quarto. Voltou em alguns segundos com uma colher e um vidro de xarope. Ele despejou o líquido na colher até ela ficar cheia, depois lentamente guiou-a até minha boca. Engoli o remédio e fiz uma careta, tinha um gosto horrível.

- Amargo, não é? – Falk riu.

Consenti com a cabeça.

- Você já ficou doente?

Falk riu.

- Claro, eu sou humano. Durante o meu treinamento eu ficava muito doente. – Falk riu. – Acho que deveria dormir, você deve ter dormido muito pouco, Fox.

Reparei em como Falk se preocupou comigo quando chegou, ao ponto de me chamar de “Foxie”.

- Claro...

Bocejei. Uma onda de arrepios subiu pela minha coluna.

- Estou com frio.

Falk nem esperou, ele se meteu embaixo do cobertor ao meu lado e me abraçou por trás.

- Melhor? – Ele se ajeitou.

- Sim... – Fechei os olhos.

Os arrepios vinham misturados, mas eu ainda diferenciava o prazer, da dor.

- Falkon...

- Sim? – Falk levantou a cabeça para me olhar, pude ouvir.

- A luz.

- Ah, sim!

Falk se inclinou sobre mim e desligou a luz, abri os olhos, para ver o quarto se tornar breu novamente. Apenas alguns reflexos escapavam da janela, projetando sombras que dançavam nas paredes. Me encolhi.

Ele me abraçou mais forte, me trazendo para mais perto dele. Minhas costas coladas em seu peito.

- Não precisa ter medo, eu estou aqui.

Aquela era a frase que eu queria ouvir a muito tempo. Não dele, mas de uma figura paterna. Não que Falkon o fosse – muito pelo contrário -, mas ele é um homem, aquilo me aconchegou, me acalmou.

Quando percebi, eu já dormia.

...

Ao acordar, já tinha luz, uma pequena fresta estava aberta na cortina, apenas o suficiente para Falk que estava sentado na mesa, em frente à janela, com um grande livro.

Me sentei na cama e cocei os olhos.

- Ah, Fox... Você acordou. – Falk falou calmamente.

Ele se ajoelhou do outro lado da cama e se aproximou lentamente, me abraçou e me fez deitar em seu peito.

- A febre abaixou bastante, está com quase nada agora.

- Que bom... – Minha voz saiu manhosa.

- Eu descobri algumas coisas, quer saber?

Assenti.

- Certo.

Falk levantou e pegou o livro, voltou para a cama e se sentou na minha frente.

- Li que quando guardiões e focos se afastam, eles sentem uma dor no interior, no interior de si mesmo. Como se te afetasse psicologicamente, isso explica o medo. Mas essa dor pode afetar o físico também, explicando a febre. Só é abatida com a aproximação dos dois. – Falk explicou, com o livro sobre as pernas. – Não há muitos casos de morte, eles precisam ficar muito tempo afastados para isso acontecer...

- Mas você não sentiu nada, só eu.

- Pois fui eu que me afastei. – Falk franziu as sobrancelhas, demonstrando... Culpa.

Voltei a deitar sobre os travesseiros.

- Isso explica.

- Desculpe.

- A culpa não é sua. – Olhei para Falk.

Falk fechou o livro e sorriu fraco para mim.

- Está com fome?

Minha barriga roncou em resposta, rimos. Falk levantou.

- Acho que isso responde. Volto em alguns minutos.

Deitei na cama e virei para a parede. Eu estava deitada mais perto da janela, imagino que Falk não dormia quase nunca, mas quando dormia o fazia do lado direito, o lado perto da porta, pois era onde suas coisas estavam.

Agora, vários livros se postavam em cima da mesa onde Falk estivera, eles pareciam capazes de dar a qualquer um uma alergia intensa.

O livro que Falk estava lendo, era mais limpo que os outros. Arrestei-me até alcança-lo e o puxei. Na capa dizia “Os Magníficos feitos de um Guardião e um Foco”, um título um tanto quanto petulante, devo dizer.

- Fox? – Falk gritou do corredor.

Me assustei, coloquei o livro de lado e olhei para a porta. Falk surgiu, trazendo uma bandeja com comida.

- Obrigada, Falk.

- Só meu dever.

Falk colocou a bandeja ao meu lado. Tinha coisa demais ali, um prato avantajado de ovos mexidos, outro prato com bacon, suco de laranja, um pão pequeno, iogurte e um queijo quente.

- Você vai comer comigo, né? – Apontei para a bandeja.

- Não...

- Falkon, é muita comida.

Falk riu.

- Coma. – Empurrei para ele a bandeja.

Falk sentou-se e tomou café comigo.

Algumas horas depois eu já me sentia muito melhor. Já estava sem febre e queria aprender mais, porém Falk estava muito protetor e não deixou, disse que me levaria na casa de minha mãe. E para lá fomos.