Ao finalmente chegar em casa, o que pareceu demorar uma eternidade, abriu uma caixa que não esperava abrir tão cedo. Ainda podia ouvir a voz de sua médica, seus conselhos, e antes de fazer o que ia fazer, pegou seu celular e discou seu número.

— Mônica? – ela atendeu no segundo toque. – Está tudo bem?

— Não.. Eu.. – Não conseguia formar uma frase em sua cabeça. – Emergência.

— É aquilo? – Perguntou e recebeu um grunhido como resposta. – Pode usar, Mônica, sem medo. Vai aliviar um pouco.

Aquilo foi tudo que precisava para tirar a embalagem de dois adesivos de nicotina e colar em seus braços. Andou com dificuldade até o sofá e se jogou, ainda sem fôlego.

O que muita gente não sabe são os tipos diferentes de crises de abstinência. Para Mônica, o mais fácil de se lidar era a bebida. Sabia os sintomas, a sede que sentia. Também sabia a do cigarro: não conseguia ficar parada e seus dedos instintivamente formavam um V, tentando sentir a sensação de puxar a fumaça.

Não sabia quanto tempo não tinha uma crise de abstinência de heroína. Os primeiros meses na clínica foram parecidos com o que estava sentindo, mas muito pior. Odiava seu passado e tudo que vinha com ele: drogas, decepção e reabilitação. Sabia que quase tinha estragado sua vida, tinha plena consciência disso.

Mas conseguiu. Graças a sua mãe, seu pai e a sua médica. Era muito grata, mas sua vida não era simples. Sua mão ainda tremia enquanto tentava pegar seu celular. Não conseguia pensar direito quando tudo ficou escuro.

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— E aí! – Nimbus entrou em seu quarto. – A mamãe vai voltar amanhã.

— O que eu tenho com isso? – DC ignorou Nimbus e voltou a mexer em seu computador.

—Você podia ser um pouco mais carismático. – Revirou os olhos. – Ela não vai gostar do seu humor.

Dc pegou seu celular, vendo que Mônica não tinha recebido suas mensagens. Franziu o cenho em preocupação. Não estava com um pressentimento bom.

— A namorada não te dá atenção? – Nimbus tentava espiar por cima do ombro de DC, que levantou de supetão. – Nossa.

— Estou com um mal pressentimento. – disse preocupado.

— Mano, um conselho meu: não fica com tanta neura assim. Você vai acabar assustando a garota. – Nimbus parecia sincero e isso fez DC sentar-se de novo na cadeira.

— Eu devo estar enlouquecendo.

— É. – ele disse ao sair do quarto. – O amor tem disso.

Do Contra colocou as mãos na cabeça enquanto tentava se concentrar, mas o sentimento não saía dele de jeito nenhum. Estava em um impasse terrível, e a cada minuto que passava seu instinto era de pegar a chave da moto e ir vê-la.

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Ainda estava com os olhos fechados, mesmo depois de acordada. Sentia a presença de outra pessoa por perto, mas aquilo podia ser uma ilusão de sua mente. Era como se estivesse tão dopada que não tinha capacidade de abrir os olhos. Tinha plena consciência que estava parada, mas a sensação de que estava rodando era real e cada vez mais forte.

Sentiu um toque em sua mão e tentou abrir os olhos. Tudo parecia estar em câmera lenta.

— Calma, calma. Vai ficar tudo bem.

A voz feminina a fez se acalmar um pouco, mas ao reconhecer quem era tentou sorrir.

— Mãe! – a abraçou pela cintura. – Você veio até aqui?

— Tudo por minha filha. – Luísa sorriu e passou a mão pelo cabelo de Mônica. – A sua médica me ligou, e eu fiquei um pouco desesperada.

— Não precisava ter vindo até aqui.

— Claro que precisava! – sorriu. – A gente mal se fala por telefone, se eu deixar a gente só se fala de verdade nas férias.

— Desculpa, mãe. – riu sem graça.

— Não tem problema. – Luísa se ajeitou no sofá. – Fiquei com medo de você fazer alguma besteira, mas quando chego aqui você está apagada.

— Eu também estou surpresa. – disse um pouco receosa. – Normalmente não é assim, sabe.

— Sim, eu sei, filha. – Luísa levantou e olhou para Mônica. – Gostei do que você fez com o apartamento, ficou bem a sua cara.

— Ah, mas eu não fiz nada demais não.

— Mô, desde sempre seu estilo foi esse. – Andou pela sala e levantou os braços. – Minimalista.

— É verdade. – riu com a mãe.

Depois de um tempo, Luísa correu para a cozinha para fazer algo para Mônica comer. Ao entrar na cozinha, avistou os cigarros e sorriu de orgulho ao os ver lacrados. Levou algum tempo, mas tinha grande confiança que sua filha ficaria bem. Contanto que ficasse bem longe de más influências.

— Tenho que voltar ainda hoje. – comentou, ao pôr um prato de arroz e vegetais em cima da mesa. – Consegui fugir das reuniões para ter ver, mas eu imagino como seu pai ficou chateado.

— Mas por que ele ficaria chateado? – Mônica perguntou um pouco confusa.

— Ora, Mônica. – Luísa abriu lentamente um sorriso. – Ele é doido pra te ver. Aposto que deve estar uma pilha porque eu vim sozinha.

— Mas ele vai entender. – recebeu um aceno como confirmação.

— E como está a faculdade? – a pergunta fez Mônica arregalar os olhos e perder o fôlego. – Nossa, que foi?

Mônica levantou num pulo e colocou o celular para carregar. Mordiscou a unha do seu dedo enquanto ensaiava um sorriso para a sua mãe.

— Ah – sentou-se de novo. – Vai bem. A segunda metade do primeiro semestre vai começar. Semana que vem recebemos os resultados das provas. Acho que fui muito bem.

— Quero que saiba o quão feliz e orgulhosa eu fico por ouvir isso. – Segurou a mão da filha. – Não tenha dúvidas: você será bem-sucedida naquilo que escolher fazer.

— Obrigada, mãe. – as duas terminaram de jantar em um agradável silêncio.

Luísa pediu um táxi, um pouco triste por ter que deixar a filha sozinha de novo.

— Eu não estou mentindo, mãe. – Mônica sorriu orgulhosa enquanto as duas desciam as escadas. – Tenho amigas! Magali, Marina, Ana...

— Eu acredito em você – a risada dela reverberava pelo corredor.

Ao virar no corredor, Mônica viu no hall principal uma cena bastante incomum. Cebola e Do Contra se encaravam com raiva, prestes a brigar.

— O que é isso? – Luísa pareceu muito incomodada. – Isso ocorre com frequência, filha?

— Não, é... – xingou baixinho enquanto se amaldiçoava por ter dormido e não ter olhado as ligações e mensagens da tarde. – Eles são meus amigos.

— Amigos, hein... – Luísa encarava fixamente os dois. – Então vamos lá falar com eles.

— Eu preferia não fazer isso. – Mas sua mãe já estava na metade do caminho.

Mônica foi junto a contragosto. Quando era mais jovem, a única pessoa que era seu amigo era seu namorado, mais ninguém. Ela queria muito que sua mãe não fizesse uma cena, mas estava com um mal pressentimento.

— Mas o que é isso? – Luísa disse em bom tom. – Quem são vocês?

Ao entrar no meio da confusão, Cebola e DC pararam e observaram Luísa e logo depois Mônica, que chegava atrás. O silêncio se instaurou no hall e os olhos de Mônica encontraram com os de Do Contra, e pôde ver o alívio suavizar suas expressões.

— Me desculpe, senhora. – Cebola falou irritado. – Eu cheguei aqui para ver uma das inquilinas, mas fui impedido por esse cara aqui.

Do Contra deu um passo a frente, cruzando os braços.

— Foi ao contrário. – Do Contra quase cuspiu as palavras.

— Vocês vieram ver minha filha? – Luísa olhou para Mônica, perdendo a expressão surpresa dos dois.

— Sua filha? – Cebola deu um sorriso amarelo. “Não foi pra isso que vim aqui”, pensou, olhando para os lados.

— Sim. – Do Contra afirmou. – Ela não atendia minhas ligações, fiquei preocupado.

— Nenhum de vocês tem que se preocupar. – Luísa disse, quase espantando os dois. – Será que ela não pode tirar um cochilo? Credo, hein.

Mônica tentava permanecer calma diante a cena, mas ficou aliviada ao ver que sua mãe colaborou com a história. Seu segredo ainda estava a salvo. Mônica se pegou imaginando se Cebola tivesse a visto no estado em que estava no começo da tarde, ou se Do Contra entrasse em seu apartamento e visse os dois juntos. Tudo isso a aterrorizava demais.

— Podem ir embora. – Luísa encarou Do Contra, após Cebola se despedir com um aceno. – Você também.

— Queria falar com a sua filha. – Os olhos de DC procuravam os de Mônica, um pouco preocupado.

— Você pode falar com ela na faculdade. – Luísa observava com atenção os movimentos de DC.

Mônica tinha muito medo do que Luísa poderia falar para Do Contra. Sua mãe, desde seu antigo relacionamento, tinha sido muito rigorosa com qual tipo de garoto a filha namorava ou poderia sair. Claro que com a distância, isso tinha ficado em segundo plano, mas ainda sim Luísa não era uma pessoa que conseguia segurar a língua.

— Isso não pode esperar. – ele permanecia no mesmo lugar.

— Se ela quisesse te ver, tinha retornado suas ligações. – Luísa sussurrou com raiva. – Eu não quero nenhum motoqueiro sem noção atrás da minha filha de novo!

O grito dela ecoou pelo hall de forma agressiva. Mônica pôs as mãos na boca em choque, mas entendia o lado de sua mãe. Porém, ela sabia DC não era nada como ele, nada.

— Mãe! – falou, sem conseguir olhar para DC. – Você está errada!

Luísa se virou e a segurou pelo braço.

— Se eu descobrir que você está namorando um cara que nem aquele outro... – sussurrou com raiva, vendo os olhos de Mônica encherem de água. – Você volta para a gente, filha. Eu não estou preparada para te ver daquele jeito de novo.

Ao olhar de volta para Do Contra, Mônica o viu de costas, indo em direção a porta. Luísa olhou de relance e soltou o braço da filha.

— No final, todos desse tipo vão embora. – disse, pegando a mão da filha. – Eu já vou agora, se não perco o meu voo. Se afaste dele, Mô, pelo seu próprio bem.

Mônica estava em conflito interno. Se tentasse defendê-lo, ela sabia que sua mãe iria pensar que estava como antigamente, então só a ouvia calada. A viu sair, então voltou para seu apartamento com a cabeça baixa.

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Passou a próxima semana ignorando completamente DC e Cebola. Era óbvio que o que tinha se passado com a mãe tinha feito Mônica mudar completamente seu comportamento. Suas amigas não tinham feito perguntas sobre isso, e agradecia muito por isso.

— Vamos! – Magali segurou Mônica e a empurrou pro banheiro.

— Quem era? – Mônica tentou espiar por cima dos ombros de Magali.

— Do Contra. – Magali olhou para fora e liberou a passagem. – Não sei por quanto tempo vai continuar fazendo isso, Mô.

— Quanto tempo eu conseguir.

— Tá bom. – Ela suspirou e olhou para Mônica. – E a festa da Carmen? Você vai?

— Ah, não sei... – Ela disse um pouco insegura. – Não acho que vou ser bem-vinda.

— Por favor. – Magali revirou os olhos. – Você tem que ir! Vai ter muita gente, cara nova. Ela conhece muita gente, vai fazer bem para você ver mais carinhas que esses daqui.

— Eu queria férias. – Mônica reclamou. – Viajar, sei lá.

— Falta uns dois meses e muitas provas antes disso. – Magali a lembrou, rindo de sua expressão.

— Af, que droga.

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Já tinha um mês que Joaquim tinha viajado, e Magali ainda estava chateada pois ele a estava ignorando. “Nem uma mensagem!”, pensava que os sete anos que eles passaram juntos não tinha o mesmo significado para os dois.

No ensino médio, achava que os dois formavam o casal perfeito. Passou a acreditar tanto nisso, que não via problema em continuar com ele mesmo ele tão longe. Mas depois de tanto tempo, talvez ele não quisesse mais ela. O que, para Magali, era totalmente compreensível.

Se encarava fixamente, observando seus traços. Estava na hora de ir para a festa, a primeira sem ele. Se sentia estúpida por sentir tanto, odiava sua personalidade chorona. Vestiu um vestido preto com uma abertura nas costas que revelava toda a sua extensão de pele. Era a peça mais ousada que tinha.

Não queria mais pensar em Joaquim. Estava decidida a não pensar mais nele, então, decidida, passou uma maquiagem e soltou os cabelos. Observou que ele tinha crescido bastante, suspirando ao lembrar que tinha que cortar logo.

Magali sempre adorou os cabelos longos, mas com a piscina e a touca de natação, preferia deixá-los não tão longos, mas agora eles passavam da metade de suas costas. Pegou seu babyliss e fez cachos, sorrindo ao se olhar no espelho.

— Nossa, filha. – seu pai adentrou o quarto. – Você está linda.

— Obrigada, pai. – Magali sorriu e se levantou. – Já vou indo, então.

— Juízo, filha. – Ele disse e a fez rir. – Quem vai te levar?

— A Ana.

— Ela ainda está com o Titi?

— Acho que sim. – Magali revirou os olhos. – Aqueles dois são complicados.

— Quando as pessoas se gostam muito, as vezes fica complicado.

Sorriu para o pai e ouviu a buzina. Deu um beijo em seu rosto, pegou sua bolsa e saiu em direção a Hilux de Titi. Ela não teve dificuldades ao subir na caminhonete, pois era alta e estava usando saltos que a deixavam pelo menos dez centímetros mais alta.

— Mas o que é isso? – Ana se virou para encarar Magali. – Nunca te vi tão linda. Terminar com Joaquim realmente te fez bem, hein...

— Ana... – Titi olhou para trás se desculpando, porém ela ignorou. – Está bonita, Maga.

— Obrigada, gente.

— Quem você tá querendo impressionar? – Ana perguntou passando rímel enquanto Titi saía com o carro.

— Acho que eu mesma. – Magali sorriu. – Fazia muito tempo que não me arrumava.

— Seu cabelo está tão grande! – Ana comentou sorrindo. – Você normalmente só anda com ele preso, nem dava para ver o tanto que ele tinha crescido.

— Eu também fiquei surpresa. – Magali segurou seu cabelo com as mãos.

— Você devia deixá-lo solto mais vezes.

Acenou para Ana e continuaram o caminho em silêncio. Magali estava absorta em pensamentos quando chegaram, mas a casa de Carmen a fez esquecer tudo que estava pensando.

— A filha da puta é rica. – Ana falou baixinho fazendo Magali rir.

A mansão de Carmen se estendia por uma rua inteira e tinha pelo menos quinze quartos. Se lembrava de quando era mais nova e ia brincar na casa dela com as meninas, como elas morriam de inveja por Carmen ter a melhor casa de todas. “Ainda bem que nosso julgamento mudou”, pensou Magali.

— Sabe se Mônica e Marina vem? – perguntou Ana quando as duas entraram.

A festa já estava bem animada, com pelo menos cinquenta pessoas lá dentro. Magali observou ao seu redor pessoas que ela nunca tinha visto, e ficou satisfeita com isso.

— Chamei a Mô, mas ela estava tão desanimada. – Magali disse. – Marina deve vir com certeza, desde quando ela perde uma festa da Carmen?

— É verdade. – Ana riu e apontou para esquerda. – Olha lá ela. Ainda não me acostumei com o quão linda ela fica com o cabelo curto.

E era verdade. Marina estava dançando junto com Isadora e Maria Mello, que tinha voltado de viagem fazia alguns dias. Ao ver Denise parada observando alguma coisa, Magali andou em direção a ela e acenou.

— Tá de olho em quem, Denise? – Magali pôde ver que ela rapidamente desviou o olhar.

— Ninguém. – abriu um sorriso que não convenceu Magali. – A festa já está bombando, né?

— Sim! – Magali concordou, pegando uma cerveja. – Quem são aqueles caras?

— Eles são da reserva. – Denise disse, passando os olhos rapidamente por eles.

Eram garotos de mais ou menos vinte anos, todos vestidos quase do mesmo jeito. Um deles chamava mais atenção que os outros, com o corpo musculoso e alto. Ele encarou Magali por um segundo e ela sentiu uma onda de nostalgia.

— Nossa, aquele cara me lembra alguém.

— Sabia que eu pensei a mesma coisa? – Denise falou animada. – Só não sei quem.

Concordou e voltou a observar a festa. Bebia a cerveja enquanto via Nimbus e Do Contra conversando, procurando alguém. Magali riu baixinho, imaginando quem eles estavam procurando. Já pegava a sua segunda quando sentiu uma mão segurando seu pulso.

— Não acha que está indo rápido demais? – Era Cascão quem falava, e olhou para o próprio pulso. – Ainda são dez horas, gatinha.

— Eu sei que horas são. – puxou o pulso e deu de ombros, pegando a cerveja.

— Não precisa ser bruta comigo. – Cascão disse honestamente.

— Desculpa, Cas. – Magali disse e sorriu. – Eu quero aproveitar hoje, okay?

— Okay, gatinha. – Cascão deu um sorriso de lado. – Se precisar de mim, estarei com o Cebola e os outros.

— Obrigada. – Magali sussurrou e depois se repreendeu ao vê-lo se afastando.

“Obrigada? Quem é que diz isso?” Terminou outra cerveja e decidiu parar por aí, pois já estava bem animada. Foi para a pista de dança, sentindo vários olhos a acompanhando. Dançou ao lado de Marina e Ana, rebolando ao som que tocava.

— Maga! – Marina disse no intervalo das músicas. – Tem tipo uns três carinhas te observando.

— Que olhem! – Magali riu e continuou dançando. – Eu só quero me divertir!

— Cheguei bem na hora! – uma voz conhecida disse, fazendo Magali se virar.

— Mô! – Magali abraçou a amiga. – Não acredito que veio!

— Pois acredite. – Mônica riu, cumprimentando todas.

— Vamos dançar!

Dançaram durante muito tempo, até Magali ter que ir pegar uma água, deixando o grupo. Resolveu antes ir ao banheiro, arrumando a maquiagem e os cabelos que estavam um pouco embaraçados. Antes de abrir a porta, conseguiu ouvir vozes e prendeu a respiração.

— Mano, não acredito que não superou! – era definitivamente a voz do Cebola.

— Superei, Cebola. – Cascão disse. – Eu vim hoje pra me divertir. Não pesa minha vibe.

— Você não pegou nenhuma menina depois que levou chifre. – A voz dele irritava Magali. – É bom que tenha esquecido mesmo.

— É sério.

Magali estava parada com as mãos na porta, com a respiração curta. Não conseguia explicar o que estava sentindo, nem fazendo, talvez fosse efeito das cervejas, mas ela sabia que não tinha bebido tanto assim. Mordeu os lábios com força, e abriu a porta, vendo que agora que Cascão estava só.

— Finalmente. – ele soltou uma risada. – Pensei que tivesse morrido aí dentro.

Cascão deu um passo a frente, esperando Magali sair de dentro do banheiro, o que não aconteceu.

— Que foi? – ele perguntou um pouco confuso.

— Eu... – não sabia o que dizer.

Antes de pensar nas consequências, Magali deu um passo e deu um selinho em Cascão, que ficou bastante perplexo. Ela passou os braços, abraçando-o e beijando sua nuca.

— Magali? – a voz dele saiu muito forçada. – Acho que você bebeu muito.

— Xiuu...

Ela colocou um dedo na boca dele, fazendo ele se calar e puxando-o para dentro do banheiro. Cascão entendeu isso como permissão para beijá-la, o que fez com prontidão. Os dois se beijaram em pé no banheiro e Magali entrelaçou as pernas dela nas dele, fazendo ele encostá-la na parede com força. Ela soltou um gemido baixinho e Cascão olhou para ela com admiração.

Continuaram se beijando até Magali empurrá-lo para a privada, fazendo-o se sentar. Cascão viu o que ela estava fazendo, porém não achou forças nem vontade para impedi-la.

— Maga... – ele gemeu quando ela se sentou em seu colo, rebolando em cima de seu membro.

Magali não conseguia pensar em mais nada a não ser ficar com Cascão. Estava com tanto tesão que transaria ali mesmo, mas sabia que não ia deixar isso acontecer, por mais que quisesse muito.

Cascão passava as mãos pelo cabelo e costas de Magali, a deixando com arrepios. Soltou outro gemido quando ele segurou seus seios com as mãos. Deu um sorriso quando ele começou a apertá-los.

— Você gosta disso? – ele perguntou, e Magali mordeu os lábios acenando que sim. – Então fala.

— Eu gosto disso.

— Disso o que? – ele se divertia com as expressões de vergonha dela.

— Quando você me toca assim. – em resposta, ele suspirou e continuou com o movimento.

— Não fala assim. – Cascão beijou o pescoço de Magali. – Senão você vai me deixar mais duro ainda.

Só a menção fez ela rebolar mais um pouco, e Cascão fechou os olhos suspirando. Acordaram do transe quando alguém bateu na porta. Magali arregalou os olhos e se levantou rapidamente.

— Ai.Meu.Deus. – ela sussurrou em reação ao seu reflexo.

— Você está linda. – Cascão a abraçou por trás, puxando uma mexa de seu cabelo, mostrando o roxo que estava em sua nuca.

O choque estava estampado em seu rosto, que estava vermelho. Cobriu seu pescoço com o cabelo, e tentou se acalmar. Cascão a observava com uma expressão engraçada.

— O que vamos fazer? – ela perguntou baixinho.

— Continuar isso lá em cima? – Cascão perguntou.

— Estou falando sobre essa situação. – tentou ignorar a pergunta de Cascão. – Tem gente lá fora.

— Bom, eu posso sair por ali. – Ele apontou para uma grande janela. – Aquela janela dá na entrada, ou...

— Ou? – Magali perguntou ansiosa, ouvindo mais batidas na porta.

— Podemos sair juntos. – Porém Cascão sabia que aquilo não aconteceria. – Do mesmo jeito que entramos.

Magali já estava abrindo a janela e apontando para Cascão ir. Ele sentou na janela e puxou Magali entre suas pernas.

— Não quero que se esqueça disso. – Ele a beijou de novo. – Por favor.

— Não vou. – deu um sorriso.

Viu Cascão descer da janela e a fechou. Suspirou e abriu a porta do banheiro, vendo uma Carmen muito irritada. Ela estava com o cabelo bastante liso, diferente do usual babyliss exagerado.

— Que demora! – Carmen disse quase a puxando lá de dentro. – Esqueci que deixei minha bolsa aqui.

Ela abriu uma gaveta e pegou sua bolsa enquanto Magali se afastava para o centro da festa. Provavelmente agora tinha mais de cento e cinquenta pessoas, e Magali se pegou procurando por Cascão na multidão.

Viu Cascuda parada conversando com as meninas do time de natação, porém não a encarou. Analisou o local, procurando por Mônica e a viu junto com os caras da reserva. “Que estranho.” Pensando que a amiga pudesse estar com problemas, se aproximou e entrelaçou seu braço no dela.

— Magali. – Mônica sorriu e apontou para o cara que ela tinha encarado mais cedo. – Esse é meu primo! É o Chico.

— Prazer. – ele disse e sorriu.

— Sabia que você era parecido com alguém! – Magali agora via claramente que Chico era muito parecido com Mônica, até mesmo na postura e sorriso.

— Todo mundo diz isso. – Mônica riu.

— Estou surpreso que você está aqui, Mô. – ele comentou. – Não imaginei que ia te ver em uma festa.

— Pois é, né. – Mônica pareceu um pouco desconfortável com o comentário. – As coisas mudam, Chico.

— Mudam mesmo. – ele bebeu um pouco do líquido roxo em seu copo. – É para eu ficar de olho em você?

Mônica sorriu e se afastou um pouco, levando Magali junto.

— Eu estou bem. – e ela foi sincera consigo mesma. – Não se preocupe.